Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 31 de maio de 2018
Sabemos que Deus nunca pode ser atingido em sua Felicidade por causa dos pecados dos homens. Para receber humilhações, sofrer e morrer, é que Se fez Homem o Filho de Deus. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo quis continuar conosco na Eucaristia, como Deus e Homem. Não podemos, porém, esquecer que Jesus ressuscitou imortal e impassível, e assim está presente na Eucaristia. Portanto não pode sofrer nem morrer.
Mas, sendo Deus, na sua Paixão e Morte já sofreu por todos os pecados desde Adão e Eva até a última blasfêmia do Anti-Cristo, até ao ultimo pecado que será cometido sobre a face da terra. À vista deste cortejo fúnebre de pecados que foi passando diante de seus olhos apavorados, e neste cortejo horripilante estavam os pecados cometidos contra a Eucaristia desde a sua instituição, Jesus Cristo sentiu no Getsêmani uma tristeza mortal a ponto de suar sangue em tanta quantidade que chegou a correr pela terra. O Salvador viu aí todas as profanações do Santíssimo Sacramento e do Santíssimo Sacrifício do Altar. Se não nos comovermos diante deste amor de Jesus instituindo a Santíssima Eucaristia mesmo prevendo as profanações e sacrilégios de que seria alvo, que mais nos poderá causar compaixão e amor?!
O que mais nos admira nesta “memória das maravilhas de Deus” (Cf. Salmo 110, 4), são as humilhações a que o Filho de Deus se sujeitou; e o que mais nos comove é o amor que nos mostra. Mas a ingratidão dos homens é tamanha que à estas humilhações que são da escolha de Jesus e que nos obtêm os maiores bens, acrescentamos ainda outras, que são fruto do nosso crime, e nos atraem horríveis desgraças, como doenças, incapacidades na alma e no corpo e mortes, como afirma S. Paulo em 1ª aos Coríntios XI, 30: “Examine-se, pois, a si mesmo o homem e assim coma deste pão e beba deste cálice, porque aquele que o come e bebe indignamente, come e bebe para si a condenação, não distinguindo o corpo do Senhor [do pão comum]”. É por isso que há entre vós muitos enfermos e sem forças(em latim” imbeciles” = sem força na alma e no corpo) e muitos que dormem (morrem)”.
Caríssimos, que faz então a Santa Madre Igreja? Preocupada com estas duas classes de humilhações, ela esforça-se hoje por nos fazer honrar as humilhações escolhidas por Jesus por nosso amor, justamente com um amor agradecido; e por nos fazer reparar as humilhações que fazemos a Jesus por nossos crimes, com um amor penitente.
1. Na verdade, em nenhum de seus mistérios Jesus Cristo é tão humilhado como na Eucaristia. Em qualquer outra parte, se a sua divindade se encobre, revela-se também de alguma maneira. Por exemplo no Calvário, por entre os opróbrios do Homem moribundo, se divisa o Filho de Deus: há uma tempestade e terremoto e as pedras do Calvário se fendem e muitos exclamam: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus”. Pelo contrário na Eucaristia, nem mesmo tem semelhança com o homem. Embora opere milagres, no entanto, são invisíveis e só muito raramente se manifestam como em Lanciano. Enquanto que os prodígios que se manifestaram no Nascimento de Jesus, durante a Sua vida e na Sua morte, eram destinados a patentear as suas grandezas, os que multiplica neste sacramento, são empregados em rodeá-las de uma obscuridade impenetrável. É um grande prodígio ficar a substancia do Corpo, Sangue, Alma e até a Divindade debaixo das aparências humildes do pão. Nem sequer estas aparências tomam alguma qualidade da Carne de Jesus como por exemplo a cor e o gosto. São puramente os acidentes ou aparências de pão comum e não do Pão descido do Céu! Caríssimos, se estas humilhações nos confundem, quanto nos deve comover o amor que as causa?
Na verdade, em nenhum dos outros mistérios Nosso Senhor Jesus Cristo se humilhou tão profundamente; e estas humilhações eram necessárias para o cumprimento dos seus desígnios a nosso respeito. Queria estar conosco, comunicar-se a nós com toda a efusão da amizade mais confiante, renovar incessantemente o seu sacrifício por nós, identificar-se, por assim dizer, conosco, dando-nos a sua própria Carne como comida e o seu Sangue como bebida. E cada um destes favores, máxime o último, obrigava-O a descer até a este abismo de humilhação, onde só a fé O reconhece. E, caríssimos, este mistério não é a humilhação das humilhações, senão porque é, segundo S. Bernardo, o amor dos amores. E aí temos a razão da Festa de Corpus Christi: quanto mais o Filho de Deus, na Eucaristia, se abate por causa de nós a sua infinita grandeza, tanto mais devemos exalçá-la com o nosso culto . Daí este triunfo público, universal, brilhante, que a Igreja Lhe tributa nesta
solenidade.
2. Mas a Igreja reconhece que esta só reparação não basta: a festa do Santíssimo Sacramento, não é somente um triunfo conferido a seu divino Esposo; é também a penitência pública de seus filhos. A Igreja emprega esta pompa pública e extraordinária para reavivar a nossa fé, pondo-nos de alguma maneira diante dos olhos aquela Majestade santíssima e tremenda, para nos incitar a aplacá-la, humilhando-nos na sua presença. Os padres zelosos não deixam de citar e levar o povo a meditar na terrível advertência do Apóstolo na sua Primeira Epístola aos Coríntios XI, 30, já supracitada. Não podemos ignorar que estão reservados os mais terríveis castigos aos que têm pisado aos pés o mesmo filho de Deus, e profanado o seu Sangue: “Imaginai vós quanto maiores tormentos merecerá o que tiver considerado como profano o sangue do testamento, com que foi santificado” (Hebr. X, 29).
Os verdadeiros adoradores devem aproveitar esta ocasião para honrar a Jesus Sacramentado; contribuir para a pompa do seu triunfo, alegrar-se das adorações que recebe, e forcejar para reparar as ofensas que Lhe são feitas principalmente nestes anos lúgubres e sem fé em que vivemos. Aproveitando o ensejo, não poderia deixar de agradecer do íntimo de minha alma, às mulheres e aos homens que por vários dias vêm trabalhando aqui no Carmelo, na preparação da procissão de Corpus Christi com dedicação, amor e alegria sobrenaturais. Que Deus lhes pague! A Santa Missa será às 12:00 h e logo após haverá a Procissão de Corpus Christi com três Bênçãos do Santíssimo Sacramento. Amém!
O Corpo de Cristo é suave e opera nas almas piedosas uma transformação silenciosa; tão suave que nem o próprio crente disso se apercebe. Mas tão importante quanto receber a Eucaristia é deseja-la de forma ardente. Devemos pedir para Jesus que Ele nos ensine a ama-lo, pois nem isso sabemos nem temos disposição para faze-lo.
Estou meditando nas figuras do livro Imitação de Cristo, que é uma excelente fonte de meditação para caminhar na presença de Deus.
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Devemos desejar ardentemente receber Jesus na Comunhão e, procurar ter todas as outras disposições necessárias para realmente recebê-lo sacramentalmente. Jesus disse: “Eu sou o Pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo” (S. João V, 51 e 52).
Quando, porém, o fiel não estiver em condições de receber a Comunhão sacramental, então, é sumamente recomendável que faça a comunhão espiritual, com um grande e ardente desejo de receber real e sacramentalmente a Jesus. E justamente levado por este desejo procurar o quanto antes ter a disposições necessárias e/ou a condição de o fazer. Pois, Jesus não disse simplesmente: “Quem DESEJAR ARDENTEMENTE comer a minha carne… mas disse: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna”.
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