EVANGELHO DO 3º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES
S. Lucas XV, 1-10
Haverá mais júbilo no céu por um pecador que fizer penitência

Representação primitiva de Cristo como Bom Pastor do terceiro século.
Caríssimos, era mui natural que os publicanos e os pecadores se aproximassem de Jesus para O ouvir. Pois, anunciava uma tão bela doutrina! Jesus pregava uma tão santa moral! Por ser pecadores, estes homens não deixavam de ser também sensíveis ao verdadeiro, ao justo e ao belo. Na verdade, esta doutrina era elevada e sublime; esta moral era grave e austera. Mas a doçura de Jesus, sua bondade, sua afabilidade temperavam tão bem o que sua doutrina e sua moral pudessem oferecer de severo! Os pecadores sabiam que Jesus era um médico que veio para curar nossas doenças, e eles não se iludiam sobre o lamentável estado de suas almas e sentiam que eram doentes; e justamente por isso vinham a Jesus do qual esperavam a sua cura. “E assim, diz Santo Ambrósio, toda alma deve aproximar-se de Jesus Cristo, porque Ele é tudo para nós. Tendes uma ferida a cicatrizar? Ele é remédio. Estais presos ao fogo da febre? Ele é uma fonte refrescante. Estais curvados sob o peso da iniquidade? Ele é a justiça. Tendes necessidade de socorro? Ele é a força. Temeis a morte? Ele é a Vida. Desejais o céu? Ele é o caminho que para lá conduz. Fugis das trevas? Ele é a Luz. Procurais alimento? Ele é um alimento” (Lib., III, de Virginibus).
escribas as três parábolas da misericórdia. Com a graça de Deus, meditemos um pouco sobre a primeira.
contente; e, indo para casa, chama os seus amigos e vizinhos, dizendo;lhes: Congratulai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha, que se tinha perdido”. A ovelha é um animal simples e tímido, que, procurando sua pastagem, afasta-se facilmente do caminho que ela deve seguir e do rebanho ao qual ela deve permanecer unida; e quando se perde é incapaz de reencontrar o seu caminho. É preciso, portanto, que o pastor a ajude e procure-a com cuidado. É bem a nossa imagem.
pelo atrativo da concupiscência, nós caímos nos abismos do mal, e não pensamos mais nem em Deus, nem na salvação, nem no céu. Eis porque
Jesus Cristo desceu do Céu. Deixou lá no alto as noventa e nove ovelhas fiéis, isto é, os anjos, para vir aqui em baixo, e correr em socorro da humanidade representada pela ovelha infiel.
castigar com seu bastão, fazendo-a caminhar à sua frente. Mas, ao contrário, o bom Pastor além de não a repreender, toma-a amorosamente em seus braços e coloca-a aos ombros, sobre seu pescoço, e leva-a até ao redil, isto é, da terra ao céu. Esta imagem da bondade de Jesus tocou de tal modo os cristãos dos primeiros séculos, que eles não
deixaram de O representar sob este tocante símbolo, um pastor levando sua ovelha; encontra-se este símbolo entre as pinturas que ornam ainda as paredes das catacumbas de Roma.
perdido”. Caríssimos, observai bem esta linguagem: congratulai-vos COMIGO, e não: congratulai-vos com a OVELHA. Explica são Gregório: “A nossa vida, faz Sua alegria. Esta alegria é tão grande que não a pode conter dentro de si. É mister que ela se manifeste para fora, é preciso que ela se expanda, é necessário que dela tome parte os seus amigos, os anjos, que gozam continuamente com sua vista e são mais vizinhos d’Ele que todas as outras criaturas”.
interessam por nós. Eles se alegram com a conversão dos pecadores. E Deus se compraz em lhes notificá-la como um bem que lhes toca de
perto. Na verdade, os anjos são amigos dos homens. Eles vêem em nós, amigos, criaturas de Deus como eles, espíritos inteligentes como eles,
embora mesclados aos corpos; eles sabem que nós somos chamados a participar um dia de sua glória, a ocupar os tronos que a deserção dos
anjos rebeldes deixou vacantes. É normal que eles fiquem felizes com o nosso retorno ao bem, com a nossa conversão. De um lado, amam a Deus
e desejam vivamente sua glória e congratulam-se com tudo aquilo que a pode procurar. E a conversão de um pecador é uma vitória alcançada por Deus sobre o mal, é uma alma arrancada às garras do demônio, é um cativo preso ao carro de Jesus que o conduz ao céu.
conversão dos pecadores e hereges. Jesus termina a parábola da dracma perdida com o mesmo ensinamento moral com que terminou a da ovelha tresmalhada. Esta repetição e esta insistência indicam bem a verdade, a sinceridade, a vivacidade da alegria causada aos anjos e a Deus mesmo pela conversão dos pecadores.
CÉU POR UM PECADOR QUE FAZ PENITÊNCIA”. Os Fariseus no tempo de Jesus e os Jansenistas em nossos tempos, não pensam em misericórdia para os pecadores. Só pensam em JUSTIÇA. Por outro lado, os progressistas em nossos dias, só pensam em misericórdia e esta de tal modo deturpada que vem a ser antes impunidade e parece que para eles não há Justiça. Querem acolher e abraçar os pecadores e hereges sem conversão, sem mudança de vida, ou seja, sem penitência. A “misericórdia dos progressistas” não visa tirar o pecado mas tranquilizar o pecador no mesmo. Devemos fazer como o Divino Mestre, procurar a conversão dos pecadores com um zelo cheio de bondade e mansidão; mas acolher com alegria, e admitir à mesa eucarística apenas os que realmente se convertem e fazem penitência. A parábola do filho pródigo que Jesus contou logo em seguida a estas duas, mostra bem isto. Amém!