Cardeal Müller: Católicos não são obrigados a seguir a agenda eco-esquerdista do Papa Francisco.

Por Gloria.tv, 29 de julho de 2018 | Tradução: FratresInUnum.com – Católicos não são obrigados a seguir a agenda eco-esquerdista do Papa Francisco de se opor a combustíveis fosseis e de favorecer acordos acerca de assuntos ambientais, afirmou o Cardeal Gerhard Müller ao jornal australiano The Weekend (27 de julho).

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Cardeal Müller

Müller está em Sydney para discursar na conferência da Confraternidade Australiana do Clero Católico. “Não somos um partido verde”, acrescentou.

“Política ambiental não tem nada a ver com a fé e moral. Esses assuntos são para políticos e para o povo votar no partido ao qual adere”.

“Os bispos não são cientistas, especialistas em meio-ambiente ou políticos”. Müller recomendou que os líderes da Igreja deveriam se concentrar na religião.

Papa deveria combater “cisma”. 

Müller explicou que Francisco e os bispos precisavam “dar clareza, baseada na palavra de Deus” para curar o “cisma” existente entre “conservadores” e “progressitas” na Igreja.

Falsas compreensões de teologia estariam causando confusão doutrinal.

No entanto, as prioridades de Francisco seriam a justiça social e a eliminação da pobreza, acrescentou.

Colegialidade só no papel

Müller afirmou que muitos cardeais que elegerão o sucessor de Francisco encararão o problema de não conhecerem uns aos outros, pois Francisco não convoca um encontro geral entre cardeais há quatro anos.

A falta de tais encontros parecem contradizer o estilo consultivo ostensivamente favorecido por Francisco, que [supostamente] quer uma “abordagem sinodal”.

O Cardeal Müller afirmou que Francisco também ouvia “pseudo amigos, que nem sempre eram amigos”.

Coluna do Padre Élcio: “O que se eleva será humilhado, e o que se humilha será exaltado”.

Evangelho do 10º Domingo depois de Pentecostes – S. Lucas XVIII, 9-14

Por Padre Élcio Murucci, 28 de julho de 2018 – FratresInUnum.com

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

A Santa Madre Igreja coloca hoje para nossa meditação a parábola do fariseu e do publicano. São Lucas observa de início qual é a finalidade desta parábola: “Disse Jesus esta parábola a alguns que se tinham a si mesmos em conta de justos, e desprezavam os outros.”E, no fim, Nosso Senhor deixou bem claro o ensinamento da mesma parábola: “O
que se eleva será humilhado, e o que se humilha, será exaltado.”

fariseu publicanoPelos gestos e atitudes exteriores e pelas palavras, Jesus mostra as disposições interiores destes dois homens: o fariseu e o publicano. Ambos sobem a encosta do Mória, colina sobre a qual se encontrava o Templo. Vão orar. Entram no pátio dos gentios, o mais espaçoso, o mais concorrido de todos. O fariseu avança em atitude solene, como quem tem consciência do seu próprio valor e da sua importância social. O gesto grave, o andar majestoso, o manto amplo com as largas franjas de filactérias, coalhadas de textos de Moisés. O nosso homem caminha indiferente a todas saudações, chega ao pátio das mulheres, sobe os degraus da grande escadaria de mármore, que conduz ao Átrio de Israel, e pára por fim para dizer a sua oração. Está de pé, empertigado como se houvesse engessado a espinha dorsal, diante de todos, faz o sua oração: “Senhor, dou-vos graças, porque não sou como os outros homens: os outros afora eu, são ladrões, injustos, adúlteros… como este publicano… Jejuo duas vezes por semana, pago os dízimos de tudo o que possuo”. Que singular e estranha oração! Esse homem nada tem que pedir a Deus, não precisa de nada! Basta-lhe contar o bem que faz e o mal que não faz. Nada tem de que se acusar!… Lança os olhos em torno de si, com a satisfação de quem tivesse a consciência alvíssima como a neve, e encontra um publicano, um pecador, um miserável digno de todo o desprezo!

“O publicano, diz Nosso Senhor, pelo contrário, conservando-se à distância, nem ao menos ousava levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo – Meu Deus, tende compaixão de mim que sou um pecador”. Eis, caríssimos irmãos, o reverso da medalha. Colocado no último lugar, em atitude humilde e penitente, o publicano mantém-se longe do santuário, à entrada do pátio das mulheres, trêmulo não vê o que passa no Templo, não conhece o fariseu que ali está, na sua frente, cheio de orgulho e de supostas virtudes. Só pensa em Deus a fim de alcançar misericórdia para os seus pecados. E oprimido pela consciência de suas culpas, repete muitas vezes: “Senhor, tende
piedade deste pecador!”

Na verdade o fariseu não ora. Suas palavras não são mais que um alarde de suas virtudes e um inventário, sem dúvida exagerado, dos vícios dos demais. É possível que seja verdade o que diz: nunca roubou, nem cometeu adultério, nem quebrantou o mínimo ponto da Torah. Mas, deitou tudo a perder: aquela complacência na sua virtude e aquele desprezo pelos outros envenenavam todas as suas obras. Deus não o pôde ver nem ouvir e, pelo contrário, olha com complacência o pobre publicano, que talvez um dia tenha manchado as mãos com a rapina, mas agora entra na casa de Deus arrependido, humilhado, cheio de confusão e vergonha. É o que Jesus nos diz:  – Eu vos asseguro que, ao deixar o Templo, este publicano era mais agradável aos olhos de Deus do que aquele fariseu, porque o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado. Eis o comentário de Santo Agostinho: “Tanto mais agrada a Deus a humildade nas coisas mal feitas do que a soberba nas bem feitas!”

Nem todos os que vão para o Paraíso pregaram o Evangelho aos povos infiéis; nem todos derramaram o seu sangue ou perderam sua vida por amor de Cristo; nem todos têm a estola sacerdotal ou vêm do claustro. Mas todos, sem exclusão de nenhum, devem ter praticado a humildade, porque só será exaltado quem  se houver humilhado. E a razão está bem afirmada pelas palavras inspiradas das Sagradas Escrituras: “Deus resiste aos soberbos e dá a graça aos humildes” (1 S. Pedro V, 5). E S. Gregório escreveu uma palavra que deveria fazer tremer a todos aqueles que não são humildes: “O sinal mais evidente da reprovação é o orgulho”.

Caríssimos, quão necessário será, portanto, termos diante dos olhos o que os autores espirituais dizem sobre o orgulho. Primeiramente, toda a sua aspiração é distinguir-se, dar que falar de si. Assim vai rojar-se ante os grandes da terra; vai adular ignobilmente a multidão e mendigar aplausos. Não mede esforços e, por vezes intrigas, para suplantar um êmulo. Há facilidade de uma salutar vergonha apoderar-se daqueles que são dominados por outros vícios capitais, como a avareza, a luxúria, gula etc. O orgulho, porém, está contente consigo mesmo, não reconhece seus erros, não sente a necessidade de mudar de vida.

Assim, que terrível desregramento é o orgulho, quando, nunca combatido, se desenvolve ao ponto de merecer o nome de idolatria! É realmente idólatra de si mesmo, quem se constitui a si como centro de tudo, quem se compraz na contemplação de suas pretensas qualidades, quem julga severamente seus semelhantes, desprezando-os enquanto se considera superior a todos. Nada pode desiludi-lo; a sua arrogância, a sua néscia presunção inspiram horror a quem dele se aproxima, mas não deixa por isso de comprazer-se em si mesmo. Como o fariseu, nem sente necessidade do auxílio divino, tal é a confiança em seu próprio engenho, em seu talento. Saber que os outros pensam nele, que se preocupam com ele, é-lhe uma espécie de volúpia. Ao ver-se admirado, prezado, sua alegria aumenta, sem, todavia, ficar ainda satisfeito. Quer que todos se submetam a ele; tem sede de domínio, e, para sentir-se contente, deverá impor as leis de sua vontade e os decretos de sua grande inteligência. Em presença dos intelectuais, faz alarde de sua inteligência e habilidades.

O soberbo não procura a verdade, mas sim iludir o próximo com aparências sedutoras, tão preocupado está em agradar ou causar admiração. E é neste sentido que S. Pio X, põe o orgulho como causa do Modernismo. Para chamar a atenção sobre si, para granjear elogios e simpatias do mundo, tem que pregar novidades. Tudo, inclusive o dogma, deve seguir a lei da evolução. E o orgulhoso chega a convencer-se de que ninguém pode divergir do seu modo de pensar. Daí, tem inveja em relação a quem o poderia eclipsar; e sente até mesmo ódio contra quem não o admira, ou recusa submeter-se. O orgulhoso caindo no Modernismo, defende a liberdade religiosa do Concílio Vaticano II, mas não admite que alguém tenha a liberdade de discordar dele, mesmo quando este alguém segue, diante de Deus, os ditames de sua consciência bem formada. O orgulhoso domina os fracos, forçando-os a aceitar-lhe os erros, ou então, insinua-se pelas adulações. Todos os meios lhe convêm, contanto que faça partilhar suas falsas ideias, contanto que seja considerado como um doutor que merece ser ouvido, como um homem hábil, cujos conselhos devem ser seguidos. Desse modo arrasta em seus desvarios muita pobre gente que se deixa fascinar por ele.

Caríssimos, os heresiarcas foram sempre grandes orgulhosos. Na verdade, enfatuado de si mesmo, o orgulhoso, estará sempre na iminência de, a qualquer momento, abandonar a Nosso Senhor Jesus Cristo! Cada um deve dizer consigo mesmo: ainda que eu chegue a ter todas as virtudes, se não tiver a humildade, estou enganado; e, quando me julgo virtuoso, não sou mais que um fariseu soberbo. Jesus, manso e humilde de Coração! Fazei o meu coração semelhante ao vosso! Amém!

Comissão para Vida e a Família da CNBB mobiliza cristãos na luta contra a legalização do aborto.

Por CNBB, 27 de julho de 2018  – Mais uma vez, a legalização do aborto volta à pauta nacional em uma audiência pública convocada pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF) para os dias 3 e 6 de agosto. Na ocasião, será debatido a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, discutida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442.

Diante dessa realidade, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reafirma em nota a posição firme e clara da Igreja “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, condenando, “assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”. Afirmação emitida pela presidência da CNBB na Nota Oficial “Pela vida, contra o aborto”, publicada em 11 de abril de 2017.

A ação sustenta que dois dispositivos do Código Penal que instituem a criminalização da interrupção voluntária da gravidez afrontam a dignidade da pessoa humana, a cidadania, a não discriminação, a inviolabilidade da vida, a liberdade, a igualdade, a proibição de tortura ou o tratamento desumano e degradante, a saúde e o planejamento familiar das mulheres e os direitos sexuais e reprodutivos.

A Audiência Pública será realizada neste Supremo Tribunal Federal, Anexo II-B, sala da Primeira Turma, nos dias 03.08.2018 (sexta-feira) e 06.08.2018 (segunda-feira), das 8h40 às 12h50 e das 14h30 às 18h50. A CNBB apresentará sua posição, nesta audiência, no dia 6 de agosto, às 9h10, pelo dom Ricardo Hoerpers, bispo da diocese de Rio Grande (RS) e pelo padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da diocese de Osasco (SP).

Leia a nota na íntegra:

Brasília – DF, 25 de Julho de 2018

ABORTO E DEMOCRACIA

  1. Um perigo iminente

Nos últimos anos, apresentaram-se diversas iniciativas que visavam à legalização do aborto no ordenamento jurídico brasileiro.

Em todas essas ocasiões, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fiel à sua missão evangelizadora, reiterou a “sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, condenando, “assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil” (CNBB, Nota Pela vida, contra o aborto, 11 de abril de 2017).

Unindo sua voz à sensibilidade do povo brasileiro, maciçamente contrário a qualquer forma de legalização do aborto, a Igreja sempre assegurou que “o respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas”, lembrando que “urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil” (Ibidem).

As propostas de legalização do aborto sempre foram debatidas democraticamente no parlamento brasileiro e, após ampla discussão social, sempre foram firmemente rechaçadas pela população e por seus representantes.

A desaprovação ao aborto, no Brasil, não parou de crescer nos últimos anos, mas, não obstante, assistimos atualmente uma tentativa de legalização do aborto que burla todas as regras da democracia: quer-se mudar a lei mediante o poder judiciário.

  1. A ADPF 442

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 442, solicita ao Supremo Tribunal Federal – STF a supressão dos artigos 124 a 126 do Código Penal, que tipificam o crime de aborto, alegando a sua inconstitucionalidade. O argumento, em si, é absurdo, pois se trata de uma lei federal de 1940, cuja constitucionalidade jamais foi questionada.

O STF convocou uma audiência pública para a discussão do tema, a realizar-se nos dias 3 e 6 de agosto de 2018. A maior parte dos expositores representa grupos ligados à defesa da legalização do aborto.

A rigor, o STF não poderia dar andamento à ADPF, pois não existe nenhuma controvérsia em seu entendimento. Em outras palavras, em si, a ADPF 442 transcende o problema concreto do aborto e ameaça os alicerces da democracia brasileira, que reserva a cada um dos poderes da República uma competência muito bem delineada, cujo equilíbrio é uma garantia contra qualquer espécie de deterioração que degenerasse em algum tipo de ditadura de um poder sobre os outros.

O momento exige atenção de todas as pessoas que defendem a vida humana. O poder legislativo precisa posicionar-se inequivocamente, solicitando de modo firme a garantia de suas prerrogativas constitucionais. Todos os debates legislativos precisam ser realizados no parlamento, lugar da consolidação de direitos e espaço em que o próprio povo, através dos seus representantes, outorga leis a si mesmo, assegurando a sua liberdade enquanto nação soberana. Ao poder judiciário cabe fazer-se cumprir as leis, ao poder legislativo, emaná-las.

  1. O aborto da democracia.

“Escolhe, pois, a vida”. O eloquente preceito que recebemos da Escritura, “escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19), agora, reveste-se de importância decisiva: precisamos garantir o direito à vida nascente e, fazendo-o, defender a vida de nossa democracia brasileira, contra todo e qualquer abuso de poder que, ao fim e ao cabo, constituir-se-ia numa espécie de “aborto” da democracia. As democracias modernas foram concebidas como formas de oposição aos absolutismos de qualquer gênero: pertence à sua natureza que nenhum poder seja absoluto e irregulável. Por isso, é imensamente desejável que, diante destas ameaças hodiernas, encontremos modos de conter qualquer tipo de exacerbação do poder. Em sua evangélica opção preferencial pelos pobres, a Igreja vem em socorro dos mais desprotegidos de todos os desprotegidos: os nascituros que, indefesos, correm o risco do desamparo da lei e da consequente anistia para todos os promotores desta que São João Paulo II chamava de cultura da morte.

  1. Sugestões práticas.

O que fazer? Diante da gravidade da situação, pedimos a todas as nossas comunidades uma mobilização em favor da vida, que se poderia dar em três gestos concretos:

  1. Uma vigília de oração, organizada pela Pastoral Familiar local, tendo como intenção a defesa da vida dos nascituros, podendo utilizar como material de apoio os encontros do subsídio Hora da Vida 2018, sobretudo a Celebração da Vida, vide página 41. Ao final da vigília, os participantes poderiam elaborar uma breve ata e endereçá-la à Presidência do Congresso Nacional, solicitando aos legisladores que façam valer suas prerrogativas constitucionais: presidencia@camara.leg.br, com cópia para a Comissão Episcopal para a Vida e a Família: vidafamilia@cnbb.org.br.
  2. Nas Missas do último domingo de julho, os padres poderiam comentar brevemente a situação, esclarecendo o povo fiel acerca do assunto e reservando uma das preces da Oração da Assembleia para rezar pelos nascituros. A coordenação da Pastoral Familiar poderia encarregar-se de compor o texto da oração e também de dirigir umas palavras ao povo.
  3. Incentivamos, por fim, aos fiéis leigos, que procurem seus deputados para esclarecê-los sobre este problema. Cabe, de fato, ao Congresso Nacional colocar limites a toda e qualquer espécie de ativismo judiciário.

Invocamos sobre todo o nosso país a proteção de Nossa Senhora Aparecida, em cuja festa se comemora juntamente o dia das crianças, para que ela abençoe a todos, especialmente as mães e os nascituros.

Dom João Bosco B. Sousa, OFM
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família Bispo Diocesano de Osasco – SP

Comissão para a Vida e a Família, da CNBB, publica nota “Aborto e democracia”.

Continuam as manifestações de bispos contra a ADPF 442, que tramita no Supremo Tribunal Federal, visando descriminalizar o aborto no Brasil.

site cnbb
Site da CNBB em 26 de julho de 2018, às 11:01 – Nenhuma menção à nota de sua própria comissão, nem qualquer referência à questão do aborto em juízo no STF.

Dessa vez, trata-se de uma nota oficial da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, assinada por seu presidente Dom João Bosco B. Souza, OFM, bispo diocesano de Osasco, SP. A nota pode ser baixada aqui (só a encontramos em PDF, por isso não reproduzimos no corpo do post).

O site oficial da CNBB, por sua vez, até o momento, não possui em sua primeira página qualquer menção a esta nota, ou mesmo sequer uma mínima referência à questão altamente candente da tentativa de liberação do aborto por vias judiciais.

A via alemã para a subversão da Igreja.

Por Marco Tosatti, 24 de julho de 2018 | Tradução: FratresInUnum.com:  Uma conversa com um prelado americano traz à tona analogias entre a estratégia do Cardeal Marx, da Alemanha, e tudo que aconteceu nos Estados Unidos com a criação de grupos católicos a favor do aborto. Mas, aqui, a estratégia está diretamente apontada contra o coração da Igreja: a Eucaristia.

Há alguns dias, falava com um prelado estadunidense da Igreja sobre alguns desenvolvimentos de uma situação de crise e de confusão que se estão verificando, particularmente na Alemanha. O tema central era a intercomunhão, isto é, a possibilidade que os cônjuges protestantes pudessem participar [comungar] da Eucaristia, mas sem se converter ao catolicismo, permanecendo, então, na fé em que se encontravam.

Já assistimos as diversas fases do balé. A aprovação do subsídio pastoral por parte da Conferência Episcopal alemã, o apelo feito por sete bispos e cardeais a Roma, ao aparente “stop” da Congregação para a Doutrina da Fé, o adiamento de uma discussão para o outono, as declarações do Pontífice sobre as responsabilidades de cada bispo, as declarações a favor do experimento de alguns bispos, aos quais, porém, responderam sacerdotes de sua própria diocese… Enfim, uma situação de extrema confusão e de pouca clareza, em que se evidencia o impulso propulsionado dos bispos alemães, não adequadamente controlado e freado por quem, em Roma, teria autoridade de fazê-lo.

Mas, o amigo do outro lado do oceano me fez perceber algo interessante. Isto é, o modelo de estratégia posto em operação pelo Cardeal Marx e os seus colegas. Uma estratégia que ele conhece bem, porque a viu idealizada e posta em prática no seu país. Quando foi criado o Conselho Populacional para o controle do crescimento da população, nasceram as Católicas pelo Direito de Decidir, que são aquelas que se dizem católicas e, ao mesmo tempo, apoiam o aborto. Ajudadas pela Fundação Ford, foram cumpridos diversos passos.

O primeiro foi o de criar mudanças conceituais para quanto dizia respeito ao aborto e à regulação da natalidade. Uma vez lançadas as bases ideológicas e filosóficas da operação, passou-se ao momento sucessivo, em que se criavam discussões públicas para mover a opinião pública e colocar o problema em primeiro plano, nos tempos e nos modos queridos pelos organizadores da campanha. Na época, o objetivo era mudar, como de fato aconteceu em vários países, e como recentemente aconteceu na Irlanda, a lei civil sobre o aborto. E, não por acaso, Lifesitenews, um verdadeiro watchdog sobre estes temas, ainda recentemente denunciou como a Ford Foundation tenha distribuído milhões de dólares para organizações “católicas” que promovem o aborto na América Latina

Mas, fazia-me notar o prelado, o objetivo dos bispos alemães parece de alcance e gravidade muito maiores, enquanto a tentativa é de mudar a lei eclesiástica, e sob o ponto mais central e delicado, isto é, a Eucaristia. Uma verdadeira revolução na Igreja, desde dentro. E que prosseguiria, depois, outros objetivos, que já se estão delineando: o celibato eclesiástico, através dos “viri probati”, o diaconato feminino e a contracepção com métodos químicos ou mecânicos.

Igreja e gayzismo. FratresInUnum citado na Folha de São Paulo.

Publicamos apenas para registro. Vale a pena conhecer mais sobre o pensamento do padre Marcus Mareano, aqui e aqui.

Católicos LGBT organizam movimento para reivindicar mais espaço na Igreja

Anna Virginia Balloussier, Folha de São Paulo, 23 de julho de 2018 – Mulher com mulher é pecado? Os padres viviam dizendo a Cristiana Serra que sim. O coração dela indicava que não, mas quem ela era para bater de frente com o que lhe convenciam ser a vontade de Deus? “Só no final da adolescência pude finalmente chamar meu primeiro amor pelo nome certo. Até então, tinha sido um sofrimento inexplicável por causa da minha ‘melhor amiga’.” Cristiana é lésbica. Não vê isso como opção. É orientação sexual. Lésbica e ponto. É também católica praticante, do tipo que faz questão de comungar (receber a hóstia). Uma fé que, para ela, nunca esteve aberta a negociações.

Só que a homossexualidade é condenada pelo Vaticano, o que faria dela uma pecadora aos olhos de Deus. Ela já acreditou nesse papo. Não mais.

Hoje Cristiana, 44, não vê nada de errado em frequentar a missa e a Parada Gay. Presidente da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT, liderou em junho o segundo encontro do coletivo, numa casa franciscana em São Paulo.

Da reunião saiu um manifesto para difundir a proposta “com todas as pessoas que são excluídas da Igreja e/ou da sociedade em virtude de sua identidade de gênero e/ou orientação sexual”.

O grupo comemora pequenos avanços, como um texto do mês passado em que o Vaticano, pela primeira vez, usa a sigla LGBT (de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros). Trata-se de documento preparatório para um encontro de bispos que discutirá, em outubro, “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

Diz o texto: “Jovens LGBT desejam […] experimentar uma atenção maior por parte da Igreja, enquanto algumas conferências episcopais perguntam-se sobre o que propor aos jovens que em vez de formar casais heterossexuais decidem constituir casais homossexuais e, acima de tudo, desejam estar perto da Igreja”.

Luís Corrêa Lima, padre jesuíta e professor de teologia da PUC-RJ, apontou o ineditismo em artigo. “Francisco é o primeiro pontífice a utilizar publicamente o termo gay, dando-lhe também conotação positiva: ‘Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar’? Anos depois, ampliou a pergunta: ‘Quem somos nós para julgar?’ Ou seja, também os outros devem se abster de julgamento. Chamar o outro como ele (ou ela) quer ser chamado é sinal de respeito.”

Para Cristiana, essa “imagem progressista” do papa não é precisa. “Questionamos muito a atitude de esperar que o papa mude alguma coisa, como se tivéssemos de aguardar algum tipo de autorização vinda do alto da hierarquia para podermos ser Igreja. Isso nós já somos.”

Mas Francisco tem o mérito de defender uma Igreja que “se dirija às periferias existenciais”, diz. “Essa atitude tem mudado todo o clima da Igreja. Não à toa, de dois anos pra cá, surgiram oficialmente quatro pastorais da diversidade no país.”

Duas ficam em Belo Horizonte. Vigário na capital mineira, o padre Marcus Mareano, 34, afirma que a reação de conservadores foi feroz. “Esse grupos são maldosos.” Um deles, Fratres in Unum, publicou um texto intitulado “a agenda gayzista promovida a todo vapor na Arquidiocese”.

Inter-religioso, o encontro de junho teve convidados como Lilyth Ester Grove, antropóloga judia e transgênero, que disse que em seu caso “quando era bicha ok”, ao menos se comparado à “ousadia” de ser uma judia trans.

O reverendo Cristiano Valério, de fé protestante, rejeitou a imagem de “um Deus homem branco, cisgênero e velho”, ainda que pintado como “tão bonzinho que também aceita as bichas e os viados”.

Para Cristiana Serra, “não faz sentido” a Igreja excluir e ferir. “Cristo andava com os piores pecadores, os maiores párias da sociedade. Numa sociedade que acreditava que quem andasse com pessoas ‘impuras’ tornava-se ‘impuro’ também… Era com esses que Ele andava. Como será a Igreja desse Cristo? Uma que condena ou que acolhe e ama incondicionalmente?”.

Foto da semana.

nicaragua

Rezemos pela Igreja perseguida na Nicarágua. Segundo a ACIPrensa (créditos também da imagem, tirada na capital do país, Managua), “depois que a Conferência Episcopal da Nicarágua pediu pessoalmente ao presidente Ortega uma possível antecipação das eleições políticas para março, as forças paramilitares passaram a visar os fiéis e a hierarquia eclesiástica com ataques. Uma verdeira caça aos opositores e manifestantes que já deixou mais de 270 vítimas.

Coluna do Padre Élcio: Não desprezar a graça, porque, um dia, será a última!

Evangelho do 9º Domingo depois de Pentecostes – S. Lucas XIX, 41-47.

Por Padre Élcio Murucci, 21 de julho de 2018 – FratresInUnum.com

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

É o que nos ensina o santo Evangelho de hoje: Não desprezar a graça, porque, um dia, será a última!

Jesus bate a portaTrata-se da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. A última visita do Salvador a esta cidade, pois, naquela semana vai ser preso, condenado, sofrer e morrer numa cruz. Em Jerusalém, os inimigos do Salvador ouvem falar com desgosto do milagre da ressurreição de Lázaro, que é o assunto de todas as conversas, e que atrai tanta consideração Àquele cuja glória os ofusca; exaspera-os o contentamento que mostram os admiradores de Jesus, e sua diligência em sair da cidade para ir ao seu encontro. Há também os indiferentes, entregues aos negócios ou prazeres; estes ligam pouco importância às questões religiosas, quase não prestam atenção a tudo o que se diz.

Fora de Jerusalém, há numerosos grupos, que manifestam à porfia seu respeito e amor para com o glorioso filho de Davi que passou fazendo o bem. Imaginemos o contentamento dos Apóstolos, porque, afinal, se faz justiça ao seu bom Mestre; ei-Lo agora honrado como merece. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja presença causa este contentamento e a quem se dirigem todos estes cantos de triunfo, só Ele descobre um motivo de tristeza nestas aparências lisonjeiras. E, assim, vendo a cidade de Jerusalém, chora.

Caríssimos, Jesus chora sobre a cidade que vai crucificá-Lo, e nós sabemos que Ele anseia ver chegar a ocasião, em que nos há de batizar no seu sangue. Qual é a causa destas lágrimas, se Ele deseja a cruel morte, que se seguirá ao seu triunfo, dentro daquela mesma semana? É que este terno e generoso amigo ama os seus sofrimentos, porque nos salvam; mas os nossos males é que Lhe arrancam tantas lágrimas. Caríssimos, será que este amor e estas lágrimas não nos comoverão?

O Filho de Deus, lembrando-se de tudo o que fez pela cidade culpada, e do que ela vai fazer para encher a medida dos seus crimes, não se contenta com chorar sobre ela; mas para nos instruir, quer que todos conheçamos a causa das suas lágrimas. Jesus aflige-se porque prevê o novo abuso que Jerusalém vai fazer das suas graças, não se aproveitando desta última visita: “Se ao menos neste dia, que te é dado, conhecesses ainda o que te pode trazer a paz! Mas agora tudo isto está encoberto aos teus olhos! Porque virá um tempo funesto para ti: no qual teus inimigos te cercarão de trincheiras e te sitiarão; e te apertarão por todos os lados: e te arrasarão, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visita”. Não conclui: suas lágrimas, seu silêncio dizem o resto. Caríssimos, não há pecador que não possa voltar para Deus, mas é mister que queira. Si se obstina, os dias de ira substituirão os dias de misericórdia. Que pensar do réu, que despreza seu juiz, ainda quando este, chorando, parece dizer-lhe: “Evitai-me a dor de vos condenar, porque bem vedes que vos amo?”

E ainda não terá passado o tempo da misericórdia para aquele povo de Jerusalém? Não, mas passará brevemente; não falta senão um dia! E, caríssimos, uma vida inteira, comparada com a eternidade, não é mais do que um dia! Se durante este dia favorável, se diante desta graça definitiva, Jerusalém, abrindo finalmente os olhos à verdade, recebesse o seu libertador com a mesma boa vontade que a gente que formava seu cortejo; se todos os seus habitantes concorressem, como deviam, a esta ovação, o triunfo de Jesus teria sido completo. Ele manifestaria sua alegria, em lugar de derramar lágrimas. Mas, como profetizou Jesus: “Isto está encoberto aos seus olhos!”. Não pode haver castigo maior neste mundo do que este: a cegueira espiritual advinda do orgulho que não quer reconhecer a verdade! Jerusalém obstinara-se e endurecera-se. Não quer ver nem os bens que perde, nem os males que atrai sobre si, nem os crimes que cometeu, nem o que viria a cometer. Na verdade, deixou passar o tempo da salvação. Todos os castigos preditos por Jesus caíram sobre aquela cidade. No ano 70, Tito, imperador romano, sitiou e destruiu inteiramente Jerusalém. Basta lermos o que o historiador judeu Flávio Josefo nos descreve minuciosamente. E é este judeu renegado que nos diz que, uns meses depois da catástrofe, o imperador Tito, ao voltar do Egito para a Palestina, passou por Jerusalém “e, ao comparar a triste solidão que substituíra a antiga magnificência, deplorou o desaparecimento daquela grande cidade e, longe de se desvanecer por a ter destruído, apesar da sua fortaleza, como teria feito qualquer outro, maldisse os culpados que haviam iniciado a revolta e provocado aquele espantoso castigo”.

Mas isto era apenas o castigo material; pensemos nos castigos espirituais. Caríssimos, compreendei pelas lágrimas de Jesus, a desgraça da impenitência, a desordem das paixões, a malícia do pecado, a loucura das alegrias mundanas, a profanação dos templos, mas compreendei, outrossim, a caridosa compaixão do Coração de Jesus Aprendei desta profunda aflição a sua excessiva ternura para com todos os homens, e quanto lhe é dolorosa a perdição dos pecadores.

Supliquemos ao Divino Redentor a graça de chorar com Ele a triste sorte daquelas almas que Ele ama até morrer para as salvar, e que não salvará, nem mesmo morrendo por elas! Rezemos e façamos penitência pela conversão dos pecadores, porque Nossa Senhora ensinou em Fátima que muitos se condenam porque não há quem reze e faça penitência por eles.

Caríssimos, para todos nós, haverá também a última visita de Jesus, a graça definitiva. E profundamente tocados, meditamos nestas palavras de Santo Agostinho: “Timeo Jesum transeuntem et non redeuntem”, “Temo a Jesus que passa e não volta mais”. Deus nos faz diversas visitas na vida, visitas mais marcantes que aquelas que recebemos d’Ele todos os dias. Por exemplo: é a primeira comunhão, é a época do casamento ou, seguindo a vocação especial de Deus, a entrada para o seminário, o dia da ordenação sacerdotal, ou da profissão para os religiosos. Pode ser também um revés na fortuna, uma doença, a perda de um amigo, de um parente. É uma missão, um retiro espiritual, uma peregrinação, um sermão ou artigo tocante, ou mesmo uma possante moção interior da graça às vezes até sem causa exterior aparente. Caríssimos, felizes aqueles que sabem reconhecer este tempo da visita do Senhor! Sua salvação está assegurada; pois, ela dependia desta graça particular e que não ficou vã, mas foi aceita com generosidade. Assim foi a aparição da estrela para os Reis Magos! Por outro lado, quão infelizes aqueles que não reconhecem Jesus quando Ele vem a eles, quando Jesus bate a porta de seus corações e eles não Lha abrem e até o rejeitam como um estranho que nunca teriam visto. E Jesus passa adiante, e, algumas vezes, não volta mais; foi aquela a última visita, o último recurso de sua misericórdia. Não mais as graças de escol, não mais os apelos prementes, não mais os convites tocantes. O pecador se endurece, e se afunda mais e mais no mal. Seu coração ficou duro e frio como granito. Seus olhos se obscureceram. Não vê e nem gosta mais do bem! Ó que estado lastimável, que faz chorar a Jesus e aos seus fiéis ministros!!! O que Jesus disse a respeito de Jerusalém, com certeza diz em relação a tais pecadores que rejeitam suas graças: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes Eu quis juntar teus filhos como a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintainhos e tu não quiseste!” (S. Mateus XXIII, 37).

Oh! amantíssimo Jesus, fazei-me compreender que a verdadeira paz não consiste nem devo procurá-la na ausência de dificuldades, na condescendência com os meus desejos, mas na total adesão à Vossa vontade e na docilidade às inspirações do divino Espírito Santo! Amém!