Indefensável.

Por FratresInUnum.com, 31 de agosto de 2018

As revelações do arcebispo Viganò são simplesmente irrespondíveis. A confirmá-lo estão Francisco e seu Secretário de Estado, Parolin, ambos apelando à descarada desconversa e ao favor da mídia.

img-20171105-wa00041837118083.jpgSeguiram-se aos últimos acontecimentos exatamente aquilo que já se podia prever: a imprensa esquerdista partiu para a defesa fanática de Francisco, mediante uma operação de assassinato de reputações tanto de Viganò quanto dos papas anteriores. Tudo não passa, porém, de reverberações da mesma desconversa: quer-se mudar o foco do debate, da cumplicidade de Francisco para a eventual vingança de Viganò.

O normal, nesses casos, seria que a Secretaria de Estado do Vaticano “sugerisse” aos cardeais, às Conferências Episcopais e afins que emitissem “notas de apoio” a Francisco.  A vitimização da qual se utilizam como expediente para a desconversa se tornaria, então, apenas um método de submersão, afogando-se os protestos numa onda de “espontânea” solidariedade em torno do pontífice. Isso já começou a acontecer ontem!

Ocorre, porém, que toda técnica tem o seu limite e mesmo essa não conseguirá oferecer suporte contra aquilo que os olhos de todos já estão fartos de ver há mais de cinco anos: a verdadeira causa de todo este imbróglio é Bergoglio!

Não adianta mais continuar com uma representação em quem ninguém mais acredita. O fingimento deixou de convencer, tornou-se ofensivo, uma agressão não à razão, não ao bom senso, mas à vista.

A mídia secular não crê mais em Francisco, mesmo os seus defensores precisam fazer um esforço retórico imenso para encontrar malabarismos linguísticos e conjecturas que o defendam. Mas, não adianta mais. Hoje os leigos que acompanham os assuntos da Igreja não acreditam mais em Bergoglio e percebem sem necessidade de aparatos conceituais o circo que foi montado em torno de sua imagem. O abismo entre o que diz a mídia e a realidade continuará aumentando indefinidamente até alcançar o surrealismo. Infelizmente para ele, Bergoglio se tornou o papa indefensável!

A encenação se tornará cada dia mais flagrante, cada dia mais ridícula até que chegaremos à triste comédia. Ninguém o levará mais à sério e, a este ponto, a sua permanência consistirá apenas no prolongamento de um cansaço institucional insuportável, que manterá todos na perplexidade. É o reino do marasmo.

O maior problema de Francisco é Bergoglio, mesmo. Ele sempre atacou a sua Igreja, sempre perseguiu os católicos com os piores adjetivos, sempre atacou o seu povo e sempre defendeu os inimigos.

A crise que estamos presenciando não é senão uma crise de legitimidade.

Se Francisco realmente quisesse o bem da Igreja, ele renunciaria ao papado e a deixaria escolher um novo pontífice tranquilamente, um homem que fizesse as reformas que ele não quis fazer porque estava ocupado demais com as suas politicagens e por ser o líder da esquerda mundial. Mas, como todos os ditadores, ele não abdicará.

Enquanto isso, os católicos fieis continuam o bom combate, a luta pela verdade para que, passados esses dias tenebrosos, a Igreja possa recuperar a sua glória de outrora e, conduzida por homens íntegros e cheios de fé, veja a realização daquela promessa que nos sustém na batalha: “E, por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”!

“Eu não vou dizer uma palavra sobre isso”.

Por Roberto de Mattei, Corrispondenza Romana, 29 de agosto de 2018 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com – “Eu não vou dizer uma palavra sobre isso.” Com esta frase, pronunciada em 26 de agosto de 2018 no voo de volta de Dublin a Roma, o Papa Francisco reagiu às impressionantes revelações do arcebispo Carlo Maria Viganò, que o colocavam diretamente em causa. Para a jornalista Anna Matranga (NBC), que lhe perguntara se era verdade o que foi escrito pelo ex-núncio nos Estados Unidos, o Papa respondeu: “Li essa declaração esta manhã. Eu a li e sinceramente tenho que lhe dizer isso, para você e para todos aqueles que estão interessados: leia, cuidadosamente, a declaração e faça seu próprio julgamento. Não vou dizer uma palavra sobre isso. Eu acredito que a declaração fala por si, e você tem capacidade jornalística suficiente para tirar conclusões. É um ato de confiança: quando tiver passado algum tempo e você tiver tirado conclusões, talvez eu fale. Mas eu gostaria que sua maturidade profissional fizesse esse trabalho: vai te fazer bem, de verdade. Fica bem assim.”

Um arcebispo rompe o clima de silêncio e conivência e denuncia, com nomes e circunstâncias específicos, a existência de uma “corrente filo-homossexual favorável a subverter a doutrina católica em relação à homossexualidade” e a presença de “redes de homossexuais difundidas atualmente em muitas dioceses, seminários, Ordens religiosas, etc.”, que “encobrem o segredo e a mentira com o poder dos tentáculos de um polvo e esmagam vítimas inocentes, vocações sacerdotais e estrangulam toda a Igreja”. Diante dessa voz corajosa que rompe o silêncio, o Papa Francisco se cala e confia aos meios de comunicação de massa a tarefa de julgar segundo seus critérios políticos e mundanos, muito diferentes dos critérios religiosos e morais da Igreja. Um silêncio que parece ainda mais grave do que os escândalos revelados pelo arcebispo Viganò.

Esta lepra se desenvolveu após o Concílio Vaticano II, como resultado de uma nova teologia moral que negava os absolutos morais e reivindicava o papel da sexualidade fora do casamento, hétero e homossexual, considerada como um fator de crescimento e desenvolvimento da pessoa humana. A homossexualização da Igreja se espalhou nos anos setenta e oitenta do século XX, como testemunha o livro, meticulosamente documentado, do padre Enrique Rueda, The Homosexual Network: Private Lives And Public Policy [A rede homossexual: vidas privadas e políticas públicas], publicado em 1982.

Para se entender como a situação não fez desde então senão agravar-se, é essencial ler o estudo Homossexualidade e sacerdócio – O nó górdio dos católicos? (Poznań Theological Studies, 31, 2017, pp. 117-143), pelo Prof. Andrzej Kobylinski, da Universidade Cardeal Stefan Wyszynski de Varsóvia (https://journals.indexcopernicus.com/api/file/viewByFileId/261531.pdf). Kobylinski cita um livro intitulado The Changing Face of the Priesthood: A Reflection on the Priest’s Crisis of Soul [A face mutante do sacerdócio: uma reflexão sobre a crise de alma do sacerdote], de Donald Cozzens, Reitor do Seminário em Cleveland, Ohio, onde o autor diz que, no início do século XXI, o sacerdócio tornou-se uma “profissão”, eminentemente exercida por homossexuais, podendo-se falar de um “êxodo heterossexual do sacerdócio”.

Há um caso emblemático que Kobylinski recorda – aquele do arcebispo de Milwaukee (Wisconsin), Rembert Weakland, aclamado expoente da corrente progressista e “liberal” americana: “Weakland encobre, há décadas, casos de abuso sexual de padres, apoiando uma visão da homossexualidade contrária à do Magistério da Igreja Católica. No final do exercício episcopal, ele também deu um desfalque enorme, roubando quase meio milhão de dólares dos cofres de sua arquidiocese para pagar seu ex-parceiro que o acusava de assédio sexual. Em 2009, Weakland fez o seu ‘coming out’, publicando uma autobiografa intitulada A Pilgrim in a Pilgrim Church [Um peregrino em uma Igreja peregrina], na qual ele admitiu ser homossexual e ter tido durante décadas relações sexuais seguidas com muitos parceiros. Em 2011, a Arquidiocese de Milwaukee foi forçada a declarar falência, devido ao alto custo das indenizações devidas às vítimas de padres pedófilos”.

Em 2004 apareceu o John Jay Report [título baseado no nome da seção especializada em justiça penal da Universidade da Cidade de Nova Iorque, que o preparou], documento preparado a pedido da Conferência Episcopal Americana, no qual foram analisados todos os casos de abuso sexual de menores por padres e diáconos católicos nos EUA nos anos 1950-2002. “Este documento de quase 300 páginas tem um valor informativo extraordinário – escreve Kobyliński. O John Jay Report demonstrou a ligação entre a homossexualidade e o abuso sexual de menores pelo clero católico. De acordo com o relatório de 2004, na grande maioria dos casos de abuso sexual, não é uma questão de pedofilia, mas de efebofilia, ou seja, uma perversão que não consiste em atração sexual pelas crianças, mas por adolescentes na puberdade. O John Jay Report mostrou que cerca de 90% dos padres condenados por abuso sexual infantil são padres homossexuais”.

Portanto, o escândalo de McCarrick não é senão o último ato de uma crise que vem de longe. No entanto, na Carta do Papa ao Povo de Deus, e ao longo de sua jornada na Irlanda, o Papa Francisco nunca denunciou essa desordem moral. O Papa acredita que no abuso sexual pelo clero o principal problema não é a homossexualidade, mas o clericalismo. Referindo-se a esses abusos, o historiador progressista Alberto Melloni escreve que “Francisco finalmente confronta o crime no plano eclesiológico: e o confia àquele agente teológico que é o povo de Deus. Ao povo Francisco diz sem rodeios que é o ‘clericalismo’ que incubou essas atrocidades, não um excesso ou uma insuficiência de moral” (La Repubblica, 21 de agosto de 2018).

“Le cléricalisme, voilà l’ennemi!” – “O clericalismo, eis o inimigo!” A famosa frase pronunciada em 4 de maio de 1876 na Câmara de Deputados francesa por Léon Gambetta (1838-1882), um dos expoentes máximos do Grande Oriente da França, poderia ser adotada pelo Papa Francisco. Essa frase, no entanto, é considerada a palavra de ordem do laicismo maçônico do século XIX e foi por sua aplicação que os governos da Terceira República Francesa realizaram nos anos seguintes um programa político “anticlerical” que teve como etapas a laicização completa do ensino, a expulsão dos religiosos do território nacional, o divórcio, a abolição da concordata entre a França e a Santa Sé.

O clericalismo de que fala o Papa Francisco é aparentemente diferente, mas no final das contas ele corresponde àquela concepção hierárquica tradicional da Igreja, que foi combatida ao longo dos séculos pelos galicanos, pelos liberais, pelos maçons e pelos modernistas. Para reformar a Igreja, purificando-a do clericalismo, o sociólogo italiano Marco Marzano sugere ao Papa Francisco este caminho: “Pode-se, por exemplo, começar a retirar completamente dos párocos o governo das paróquias, privando-os das funções de governo (financeiro e pastoral) absoluto e monocrático das quais se beneficiam hoje. Introduzindo um elemento importante de democracia, poder-se-ia tornar os bispos elegíveis. Poder-se-ia fechar os seminários, instituições da Contra-Reforma nas quais o clericalismo como espírito de casta é ainda hoje exaltado e cultivado, substituindo-os por estruturas de formação abertas e transparentes. Pode-se, sobretudo, suprimir a regra sobre a qual o clericalismo na maioria das vezes se funda hoje (e que é também a base da grande maioria dos crimes sexuais do clero), que é o celibato obrigatório. É justamente a suposta castidade do clero, com todo o corolário de pureza e sacralidade sobre-humana que a acompanha, que estabelece a premissa principal do clericalismo” (Il Fatto quotidiano, 25 de agosto, 2018).

Quem quer eliminar o clericalismo, quer de fato destruir a Igreja. E se, em vez disso, se entende o clericalismo como o abuso de poder exercido pelo clero quando abandona o espírito do Evangelho, não há clericalismo pior do que o daqueles que renunciam a estigmatizar pecados gravíssimos como a sodomia e deixam de recordar que a vida cristã deve necessariamente terminar no céu ou no inferno.

Nos anos seguintes ao Vaticano II, grande parte do clero abandonou o ideal da realeza social de Cristo e aceitou o postulado da secularização como um fenômeno irreversível. Mas quando o Cristianismo se submete ao laicismo, o Reino de Cristo é transformado em um reino mundano e reduzido a uma estrutura de poder. O espírito militante é substituído pelo espírito do mundo. E o espírito do mundo impõe silêncio sobre o drama que a Igreja está vivendo atualmente.

Francisco-Viganò: novas revelações. Müller demitido por aplicar política de tolerância zero. Instalada a guerra entre Vaticano e Americanos.

Por FratresInUnum.com, 30 de agosto de 2018 – A imprensa americana continua divulgando novas revelações sobre a crise de abusos sexuais, envolvendo diretamente o Papa Francisco.

McCarrickO LifeSiteNews publicou, ontem, um novo furo de reportagem: o Cardeal Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, teria sido demitido por seu rigor com padres abusadores. Dessa vez, fonte confiável da Congregação para a Doutrina da Fé afirmou que o seu ex-prefeito, “Cardeal Müller sempre decidiu e agiu com mais clareza nesses casos de abuso e é por isso que ele foi demitido, assim como seus três bons colaboradores”.

Segundo a mesma fonte, contrariamente à decisão de Müller, o Papa teria vindo em defesa do padre Don Inzoli, condenado anteriormente por um tribunal eclesiástico pelo abuso de meninos de 12 anos. Francisco, contrariamente aos conselhos de Muller, buscou reabilitá-lo, reduzindo suas penas e permitindo, inclusive, que participasse de eventos eclesiais públicos, o que causou grande escândalo e comoção na Itália. Inzoli fora considerado culpado por mais de cem episódios de abuso. Apenas após a justiça italiana ter condenado o sacerdote a quase cinco anos de prisão, o Vaticano iniciou contra ele um novo processo canônico.

A mesma fonte teria ainda dito que vários “vários membros da Cúria, em postos de alto escalão, sabiam das sanções impostas a McCarrick por Bento XVI”.

O Papa Francisco teria também negado um apartamento no Palácio do Santo Ofício para um secretário do Cardeal Müller e cedido-o ao Padre Luigi Capozzi, secretário do Cardeal Coccopalmerio. Por reclamação dos vizinhos, o apartamento foi invadido pela polícia, que encontrou ali grandes quantidades de cocaína em meio a uma orgia homossexual. Francisco teria sido informado anteriormente sobre os problemas morais do referido sacerdote, mas, mesmo assim, garantiu-lhe um apartamento privilegiado no Vaticano. O Cardeal Coccopalmerio, por sua vez, é o mesmo que teria relevado “elementos positivos” nas relações homossexuais.

A reportagem recolhe também uma importante afirmação de Henry Sire, autor do livro “The Dictator Pope”, segundo o qual “a ênfase do papa na misericórdia criou um ambiente em que vários padres sob sanções canônicas impostas pela Congregação para a Doutrina da Fé imploraram com sucesso à sua clemência, através de poderosas conexões da Cúria”.

Enfim, a guerra está instalada entre os Católicos americanos e Francisco.

Diversos bispos diocesanos se manifestaram pedindo esclarecimentos ao Papa, dando credibilidade ao testemunho de Dom Viganò.

Por sua vez, entre os leigos, um grupo chegou a investigar por conta própria a localização da residência atual do Cardeal McCarrick para se colocar diante do local para protestar. Outros, fazem manifestações em frente à residência do Cardeal Wuerl, arcebispo de Washington.

Veremos como o Vaticano vai lidar com o ativismo dos americanos, que não costumam esquecer e encerrar problemas sem resolução.

Cardeal Burke: É ‘lícito’ pedir a renúncia do Papa Francisco.

Por Gerard O’Connel, America Magazine, 29 de agosto de 2018 | Tradução: FratresInUnum.com – Questionado se seria errado pedir a renúncia do Papa Francisco, como fez o antigo núncio nos Estados Unidos, Dom Carlo Maria Viganò, em sua carta de 11 páginas, o Cardeal Raymond L. Burke respondeu: “Eu não posso dizer que é errado”.

“Posso dizer apenas que, ao se chegar a este ponto, é necessário investigar e responder a respeito. O pedido de renúncia é, em todo caso, lícito; qualquer um pode fazê-lo diante de qualquer pastor que erra gravemente no cumprimento de seu ofício, mas os fatos precisam ser verificados”, afirmou ele em uma entrevista publicada nesta manhã no La Repubblica, o maior jornal diário da Itália.

[…]

“Fiquei profundamente abalado, porque todo o documento é gravíssimo”, disse o Cardeal Burke. “Tive que lê-lo diversas vezes, porque a primeira leitura me deixou sem palavras. Creio que neste ponto é necessário um relatório objetivo e completo da parte do Papa e do Vaticano”.

Quando observado que, enquanto Viganò contestava a atuação do Papa Francisco no caso McCarrick, ele ignorava a forma com que João Paulo II e Bento XVI trataram as alegações contra o ex-cardeal durante os seus pontificados, o Cardeal Burke respondeu: “Não posso fazer um juízo sobre o mérito. Apenas posso dizer que, aqui também, é necessária clareza, ao se debruçar por todos os documentos a fim de chegar à verdade”.

Comentando o fato de que a carta de dom Viganò afirma que há cardeais e bispos que desejam mudar a doutrina da Igreja acerca do homossexualismo, o Cardeal Burke declarou: “Sim, há tentativas de relativizar o ensinamento da Igreja segundo o qual um ato homossexual é intrinsecamente mau”. Ele recordou a primeira sessão do Sínodo dos Bispos sobre a Família, “onde foi apresentada a ideia de que a Igreja deveriam reconhecer os elementos positivos em uma relação homossexual”. Mas, ele acrescentou”, tudo isso não pode ter aspectos positivos”. Ademais, ele descreveu como “um problema” o “apoio que homens da Igreja dão ao jesuíta James Martin, que tem uma posição ‘aberta’ e errada sobre a homossexualidade”.

Ele prosseguiu, observando que “os dados mostram que a maior parte de abusos sexuais cometidos por padres são, na realidade, atos homossexuais cometidos contra jovens”.

O Cardeal Burke declarou: “Creio que uma pessoa homossexual não pode ser ordenada padre, porque ela não está apta a exercer profundamente a paternidade que isso requer. Ele deve possuir todas as características para ser um pai”.

Ele insistiu na entrevista que não é “um antagonista” de Francisco e que “não tem nada pessoal contra o papa”. Ele explicou: “Eu tento simplesmente defender a verdade da fé e a clareza da apresentação da fé”.

[…]

Ele reconheceu na entrevista que contesta o magistério do Papa Francisco, por exemplo, “no fato de que pessoas em pecado mortal se apresentem à Comunhão. Ou que não-católicos possam recebê-la em certas circunstâncias, além do que já é a disciplina da Igreja. Não é possível”.  […]

Amargurado.

FratresInUnum.com, 29 de agosto de 2018 – Amargurado. Assim estaria Francisco que, no entanto, não pretende renunciar, segundo informa a agência Ansa.

Hoje, na tradicional audiência de quarta-feira, pôde-se ouvir gritos de “Viganò, Viganò, Viganò!” na praça de São Pedro. Veja o vídeo a partir de 1h4min:

 

 

Exclusivo – Reflexões de Dom Athanasius Schneider sobre o caso Viganò.

Agradecemos a Sua Excelência Reverendíssima Dom Athanasius Schneider por disponibilizar suas reflexões para publicação em português exclusiva de FratresInUnum.com

Reflexões sobre o “Testemunho” de Dom Carlo Maria Viganò, de 22 de Agosto de 2018 

Dom Athanasius Schneider, bispo auxiliar de Karaganda, Cazaquistão.
Dom Athanasius Schneider 

É um fato raro e extremamente grave, na história da Igreja, que um bispo acuse pública e especificamente o Papa reinante. Em um documento recentemente publicado (de 22 de Agosto de 2018), o Arcebispo Carlo Maria Viganò testemunha que, desde há cinco anos, o Papa Francisco possui conhecimento de dois fatos: que o Cardeal Theodor McCarrick cometeu violações sexuais contra seminaristas e contra seus subordinados, e que havia sanções, que o Papa Bento XVI lhe tinha imposto. Ademais, Dom Viganò confirmou sua declaração por meio de um juramento sacro invocando o nome de Deus. Não há, portanto, motivo razoável e plausível para duvidar da veracidade do conteúdo do documento do Arcebispo Carlo Maria Viganò.

Católicos por todo o mundo, simples fiéis, os “pequenos”, estão profundamente chocados e escandalizados com os graves casos recentemente divulgados, nos quais autoridades da Igreja acobertaram e protegeram clérigos que cometeram abusos sexuais contra menores e contra seus próprios subordinados. Tal situação histórica, que a Igreja vive em nossos dias, requer absoluta transparência em todos os níveis da hierarquia da Igreja, e, em primeiro lugar, evidentemente, do próprio Papa.

É completamente insuficiente e nada convincente que as autoridades da Igreja continuem a formular apelos genéricos de tolerância zero em casos de abusos sexuais por parte de clérigos e pelo término de acobertamento desses casos. Igualmente insuficientes são os apelos estereotipados de perdão em nome das autoridades da Igreja. Esses apelos por tolerância zero e pedidos de perdão se tornarão críveis somente se as autoridades da Cúria Romana lançarem as cartas à mesa, dando nome e sobrenome de todos aqueles na Cúria Romana – independentemente de seu posto e título – que acobertaram os casos de abusos sexuais de menores e de subordinados.

Do documento de Dom Viganò pode-se chegar às seguintes conclusões:

(1) Que a Santa Sé e o próprio Papa começarão a expurgar da Cúria Romana e do episcopado, sem compromissos,  as cliques e redes homossexuais. (2) Que o Papa proclamará de maneira inequívoca a doutrina Divina sobre o caráter gravemente pecaminoso dos atos homossexuais. (3) Que serão publicadas normas peremptórias e detalhadas, que impedirão a ordenação de homens com tendência homossexual. (4) Que o Papa restaurará a pureza e a inequivocidade de toda a doutrina Católica no ensinamento e na pregação. (5) Que será restaurada na Igreja, pelo ensinamento pontifício e episcopal e por normas práticas, a sempre válida ascese Cristã: os exercícios do jejum, da penitência corporal, da abnegação. (6) Que serão restaurados na Igreja o espírito e a praxe de reparação e expiação pelos pecados cometidos. (7) Que haverá na Igreja um processo seletivo, garantido seguramente, de candidatos ao episcopado, que sejam comprovadamente homens de Deus; e que seria melhor deixar as dioceses vários anos sem um bispo do que nomear um candidato que não fosse um verdadeiro homem de Deus na oração, na doutrina e na vida moral. (8) Que se iniciará na Igreja um movimento, especialmente entre cardeais, bispos e padres, de renúncia a qualquer compromisso e flerte com o mundo.

Não surpreenderia se, a oligarquia da mídia mainstream internacional, que promove a homossexualidade e a depravação moral, começasse a denegrir a pessoa do Arcebispo Viganò e deixasse o núcleo do assunto de seu documento cair no esquecimento.

Em meio à difusão da heresia de Lutero e à profunda crise moral de considerável parte do clero e, especialmente, da Cúria Romana, o papa Adriano VI escreveu as seguintes surpreendentes e francas palavras, dirigidas à Dieta Imperial de Nuremberg, em 1522: “Sabemos que, por algum tempo, muitas abominações, abusos em assuntos eclesiais, e violações de direitos ocorreram na Santa Sé; e que tudo foi corrompido para pior. A corrupção passou da cabeça para os membros, do Papa para os prelados: todos nós nos desviamos; não houve um que agisse bem, não, nem um”.

Firmeza e transparência em constatar e confessar os males na vida da Igreja ajudarão a iniciar um eficiente processo de purificação e renovação espiritual e moral. Antes de condenar os outros, todo detentor de cargo eclesiástico na Igreja, independentemente do cargo e título, deve se questionar, na presença de Deus, se ele mesmo acobertou, de alguma forma, abusos sexuais. Descobrindo-se culpado, deveria confessá-lo publicamente, pois a Palavra de Deus o admoesta: “Não te envergonhes de reconhecer tua culpa” (Ecl. 4:26). Pois, como São Pedro, o primeiro Papa, escreveu: “chegou o tempo do juízo, a começar pela Casa (Igreja) de Deus”. (1 Pedro 4:17)

+ Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana

Os bastidores do testemunho de Viganò. “O único juízo que conta é o do bom Deus. Ele me perguntará o que eu fiz pela Igreja de Cristo e eu quero poder responder-lhe que a defendi e servi até o fim”.

Por FratresInUnum.com, 27 de agosto de 2018.

O experiente jornalista, antigo vaticanista da RAI, Aldo Maria Valli publicou em seu blog um relatório detalhado dos bastidores envolvendo as graves denúncias do ex-núncio apostólico dos Estados Unidos, o agora internacionalmente conhecido Mons. Viganò.

Dom Carlo Maria Viganò.
Dom Carlo Maria Viganò.

Entre os detalhes mais importantes de toda a narrativa, está a explicação de Mons. Viganò sobre o porquê de sua atitude.

“Tenho setenta e sete anos, estou no fim da minha vida. O juízo dos homens não me interessa. O único juízo que conta é o do bom Deus. Ele me perguntará o que eu fiz pela Igreja de Cristo e eu quero poder responder-lhe que a defendi e servi até o fim”.

Um pouco adiante, explicando melhor suas motivações, ele acrescentou que fazia isso “porque aquela brecha de que falava Paulo VI pela qual a fumaça de Satanás teria se infiltrado na casa de Deus se tornou gigante. O diabo está trabalhando com vantagem. E não admiti-lo, ou virar o rosto pro outro lado, seria o nosso grande pecado”.

Após combinar o dia e a hora de publicação do seu memorial, que seria simultaneamente lançado em inglês e espanhol, justamente em coincidência com a viagem de Francisco a Dublin, Aldo Maria Valli relata que Viganò lhe “disse que já adquiriu a passagem aérea. Irá para o estrangeiro. Não pode dizer para onde. Não posso procurá-lo. O velho número de celular será desativado. Nos saudamos pela última vez”.

Assim, Mons. Viganò sai de cena. Medo da vingança? Não o sabemos.

Segundo Aldo Maria Valli, Mons. Viganò teria dito: “não faço isso com o coração leve, mas penso que seja a única saída que restou para tentar uma reviravolta, uma conversão autêntica”.

O silêncio de Francisco em sua entrevista de ontem, porém, mostra que a bomba de Viganò não pode ser desmentida e que ele está de pés e mãos atados pelas alianças feitas justamente com essa gente corrupta que está na base do seu pontificado. Essa reviravolta não se dará sem uma reforma profunda, uma reforma que possivelmente não inclui a sua pessoa e a sua política permissiva.

Francisco, o papa do lobby gay.

Por FratresInUnum.com, 27 de agosto de 2018

“Quem sou eu para julgar?” — A frase, a este ponto antológica, é uma daquelas “pérolas” saídas da boca do papa argentino numa de suas espontâneas entrevistas aéreas. Um papa gay friendly, essa foi a conclusão a que chegou imediatamente a opinião pública.

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Cartaz da Parada Gay de Maringá, PR, utiliza imagem do Papa Francisco.

Ornando bandeiras e outdoors de marchas gays por todo o mundo, a foto de um papa e sua frase nunca foram tão solenemente citadas entre os depredadores da cristandade, os mesmos que cometem blasfêmias e sacrilégios com símbolos cristãos, atirando-os na latrina de suas orgias.

 

Ninguém imaginava, porém, que a frase fosse, de fato, programática. “Quem sou eu para julgar”? A omissão não era apenas relativamente a Mons. Ricca, conhecidamente homossexual, nem apenas em relação à Austrália e ao Chile – não esqueçamos que ele defendeu Barros, dizendo que não tinha provas contra ele e acusando as vítimas de caluniadores. Em sua carta testemunho, Mons. Viganò traz à tona toda a mentira da “tolerância zero” de Francisco: ele encobriu o caso McCarrick, protegeu acobertadores como Wuerl e o está atualmente fazendo com Maradiaga. Todos cúmplices, todos amigos.

“Quem sou eu para julgar”? De fato, ele se omitiu até quando pôde, quer dizer, até o ponto em que a mídia não o permitiu mais sem manchar a sua imagem… Ele não julgou, mas a justiça americana, sim. A América, e não o Vaticano, fez justiça às vítimas.

Ontem, na viagem de retorno de Dublin, os jornalistas não pouparam Francisco:

O ex-núncio Viganò sustenta que lhe falou sobre os abusos cometidos pelo cardeal McCarrick. É verdade?

Eu li esta manhã aquele comunicado de Viganò. Digo sinceramente isto: lede-o vós atentamente e fazei-vos o vosso juízo pessoal. Eu não direi uma única palavra sobre isso. Creio que o documento fala por si mesmo. Tendes a capacidade jornalística suficiente de extrair as conclusões, com a vossa maturidade profissional.

Imaginem se esta resposta fosse dada por Bento XVI… Ninguém perdoaria Ratzinger por dar uma evasiva tão descarada. É vergonhoso!

Um Papa que fala de todos os assuntos possíveis com a maior desinibição, dá inúmeras entrevistas a Scalfari, nunca esclarecidas, sobre as mais inimagináveis temáticas na boca de um Papa, agora se cala! Manda os jornalistas julgarem por si mesmos e, depois, só depois, ele se pronunciará! Transparência e tolerância zero, bem, só para os inimigos. “É sobre a viagem?”, interrompe, constrangido, Bergoglio a jornalista que mal consegue esboçar a pergunta.

Algumas pessoas se lamentam de que a lama venha para fora. Acham que comentá-lo é “expor” a Igreja. Mas não há outro modo. Para que seja curada, a ferida tem de ser exposta. São décadas de ocultação complacente, décadas de corrupção dissimulada. Aliás, foi esse pensamento de que “rouba suja se lava em casa” o argumento utilizado justamente pelos acobertadores, para encobrir a sua malícia e a de seus comparsas. Quando a casa é dominada por marginais, não há outro recurso senão gritar, e bem alto!

Mas, tudo isso não se produziu por geração espontânea. Ao contrário, foi fruto de uma engenharia, pois “além das questões referentes à grave imoralidade sexual, o ambiente do seminário apresenta um grande número de outros impedimentos ao seminaristas ortodoxo. O mais óbvio e talvez o mais insidioso deles é a heterodoxia – aberta ou sutil dissidência dos ensinamentos oficiais da Igreja. Diversos professores são avessos à transmissão daquilo que a Igreja ensina e alguns nem mesmo se dão ao trabalho de esconder seu desdém do catolicismo. (…) Ainda assim, as ideias que vêm sendo ensinadas nos seminários de hoje em dia vão muito além da esfera desses próprios erros ‘padrão’ da doutrina modernista. Agressivas teorias feministas, amiúde promovidas por irmãs religiosas devotas da teologia da libertação e de várias encarnações da psicologia junguiana, deixam claro que alguns docentes encarregados da formação dos futuros padres não apoiam o sacerdócio católico tal como a Igreja o define”. Este testemunho de Michael S. Rose, em seu conhecido livro Good bye, good men (“Adeus, homens de Deus”, Ecclesiae: Campinas, 2015, pp. 105-106) se torna ainda mais dramático quando passa a exemplificar as aulas de moral sexual dadas nos seminários, em que a postura dos autores dos livros usados nestes cursos “era contrária a que a sexualidade humana seja prioritariamente concebida para a reprodução” e, portanto, apresentavam “exercícios de masturbação”; sobre a homossexualidade, apresentavam “informação detalhada e ilustrações de sexo” e discutiam “a opção de ter uma relação aberta com um parceiro sexual principal e diversos outros parceiros auxiliares”, assegurando aos seminaristas que “era importante que eles se sentissem confortáveis quanto às suas orientações sexuais, ‘quaisquer que elas fossem’” (pp. 119-121).

Em outras palavras, o problema não é o enlouquecimento espontâneo de alguns clérigos, mas a estrutura de uma formação depravada que se espalhou por toda a Igreja desde que autores heterodoxos em teologia moral destruíram a consciência dos seminaristas, e continuam destruindo.

Não bastasse isso, o sistemático desmonte da devoção e da espiritualidade fez com que a piedade litúrgica fosse “usada como outra razão para a discriminação dos seminaristas ortodoxos” (p. 135) e, sendo a liturgia pública e a devoção, privada e pública, algumas das mais óbvias expressões de fé católica nos seminários, a perversão ou o impedimento de devoções legítimas e próprias é umas das principais causas de abandono do seminário pelos seminaristas ortodoxos” (p. 146).

Sem formação ética nem espiritualidade, com muita imoralidade e perversão sexual, será imprevisível que os seminários produzissem esses cúmulos de delinquência e criminalidade?

No Brasil, tivemos um caso bastante similar, cujos bastidores foram revelados por um infiltrado de uma sociedade secreta na Igreja Católica muito conhecido nas décadas de 70 e 80 chamado Neymar de Barros. Os seus dois livretes, A verdade sobre Neymar de Barros, volumes I e II (Editora Exodus, São Paulo: 1987), contam como ele forjou sua conversão para recolher dados do clero afim de que a sociedade secreta que lhe contratara difundisse a homossexualidade entre os padres. Ele chega mesmo a apresentar uma pesquisa que realizaram acerca da porcentagem de homossexuais no clero brasileiro por volta do ano de 1978 (vol. II, p. 70).

Contudo, a carta que Francisco escreveu ao povo americano, semana passada, apresentava como núcleo do problema o clericalismo, não o homossexualismo. Acontece, porém, que ele mesmo foi vítima de suas palavras: agora, após ter ele mesmo condenado McCarrick, a quem protegera nos anos anteriores, mostra o quanto o seu clericalismo foi justamente a ferramenta mais poderosa para a difusão exponencial do homossexualismo.

No entanto, esta reprodução não foi apenas prática. Ao contrário, só foi possível graças a um respaldo teórico, vale dizer, teológico.

É este relativismo moral, personificado por Francisco em seu trágico simulacro de magistério, que viabilizou esta desgraça cujas consequências amargas se fazem sentir nos Estados Unidos e no mundo inteiro. Não se trata apenas de um erro pontual, de um vacilo do primeiro papa latino-americano. É todo um modelo de Igreja, toda uma imensa e prevalente corrente teológica surgida na primeira parte do século XX que produziu este fenômeno.

Não, não bastam as desculpas de Francisco, nem mesmo a sua renúncia, nem mesmo a penitência alegada por Viganò em sua carta. É a Igreja que precisa renunciar Francisco e tudo aquilo que ele personifica. Como dizia o bispo de Madison, estamos cansados, estamos fartos, estamos exaustos dessa canonização teológica do pecado. Que a Igreja se levante, que os bispos se levantem (a exemplo do bispo de Tyler, Texas, EUA)!

De fato, o lobby gay internacional entendeu imediatamente o significado daquela infeliz expressão na boca do pontífice e soube extrair dela todo o seu alcance. Enquanto a Igreja americana gritava de dor pelos escândalos homossexuais, no mesmíssimo final de semana, o confrade jesuíta de Bergoglio, Pe. James Martin, fazia uma apologia às duplas gays no encontro mundial das famílias, em Dublin.

Não se trata de uma omissão, mas da promoção descarada do pecado! Não é possível mais esconder que, alegando furtar-se ao julgamento, na verdade, ele deixa aberto o caminho para o delito, eximindo-se de qualquer responsabilidade. Agora, a casa caiu, a máscara caiu! Francisco já não consegue mais dissimular o seu flagrante favorecimento à causa gay, da qual se fez padrinho. Já não lhe é mais possível esconder-se nem mesmo por trás de uma pergunta retórica, de uma resposta ambígua, de uma insinuação enigmática, de um “quem sou eu para julgar?”…

Bombástico! Antigo núncio nos EUA: “Papa Francisco sabia de tudo. Ele deve renunciar”.

Por Rorate Caeli, 26 de agosto de 2018 | Tradução: FratresInUnum.com


“Il papa si deve dimittere.” — O Papa deve se demitir,

São essas as palavras explosivas do antigo núncio apostólico (embaixador papal) nos Estados Unidos, de 2011 a 2016, o Arcebispo Carlo Maria Viganò.

Sua entrevista segue a publicação de seu explosivo testemunho escrito (leia íntegra aqui – tradução para o português sendo providenciada, se leitores puderem nos ajudar, enviem a tradução para fratresinunum@gmail.com) sobre como a máfia homossexual governa o Vaticano e ocupa os postos mais importantes nos EUA. Ela também trata de como Bento XVI tentou punir o ex-Cardeal McCarrick — e como o Papa Francisco, e o Cardeal Wuerl, embora cientes das sanções e razões, promoveram-no e honraram-no.

A passagem mais grave é a seguinte:

“Minha consciência exige que também revele fatos que experimentei pessoalmente, a respeito do Papa Francisco, que possuem dramático significado, que, como bispo, compartilhando a responsabilidade colegial por todos os bispos na Igreja universal, não me permitem ficar em silêncio, e eu declaro aqui, pronto a reafirmar tudo sob juramento, tomando a Deus como minha testemunha.

 

Nos últimos meses de seu pontificado, Bento XVI convocou um encontro de todos os núncios apostólicos em Roma, como Paulo VI e S. João Paulo II fizeram em diversas ocasiões. A data definida para a audiência com o Papa era sexta-feira, 21 de junho de 2013. O Papa Francisco manteve este compromisso marcado por seu predecessor. Claro, eu também vim a Roma, de Washington. Era meu primeiro encontro com o novo papa, eleito há apenas três meses, após a renúncia do Papa Bento.

Na manhã de quinta-feira, 20 de junho de 2013, fui à Casa Santa Marta para me juntar a meus colegas que estavam se hospedando lá. Tão logo adentrei o saguão, encontrei o Cardeal McCarrick, que vestia sua batina púrpura. Cumprimentei-o respeitosamente, como sempre fiz. Ele imediatamente me disse, em um tom tanto ambíguo como triunfante: “O Papa me recebeu ontem, amanhã irei para a China”.

À época, eu nada sabia acerca da sua longa amizade com o Cardeal Bergoglio e do papel importante que ele teve em sua recente eleição, como McCarrick mesmo revelaria em uma conferência na Villanova University e em uma entrevista ao National Catholic Reporter. Sequer havia pensado no fato de ele ter participado nos encontros preliminares ao conclave, e no papel que ele pôde desempenhar enquanto cardeal eleitor em 2005. Portanto, eu não compreendi imediatamente o significado da mensagem criptografada que McCarrick me comunicou, mas isso se tornaria claro para mim nos dias seguintes.

No dia posterior, ocorreu a audiência com o Papa Francisco. Após o seu discurso, que foi parcialmente lido e parcialmente improvisado, o Papa desejou cumprimentar todos os núncios, um a um. Em uma fila única, lembrei-me que estava entre os últimos. Quando chegou minha vez, somente tive tempo de dizer-lhe: “Sou o núncio nos Estados Unidos”. Ele imediatamente me atacou em um tom de reprovação, usando estas palavras: “Os bispos nos Estados Unidos não devem ser ideologizados! Devem ser pastores!”. Evidentemente, eu não estava em condições de pedir explicações sobre o significado de suas palavras e a maneira agressiva com que ele me repreendeu. Eu tinha em mão um livro em português que o Cardeal O’Malley enviou por mim ao Papa alguns dias antes, dizendo-me “então, ele poderá estudar seu português antes de ir ao Rio para a Jornada Mundial da Juventude”. Entreguei-lhe imediatamente e então me livrei daquela situação extremamente desconcertante e embaraçosa.

Ao fim da audiência, o Papa anunciou: “Àqueles que ainda estiverem em Roma no próximo domingo, convido-os a concelebrar comigo na Casa Santa Marta”. Eu, naturalmente, pensei em ficar para esclarecer, o quanto antes, tudo o que o Papa quis me dizer.

No domingo, 23 de junho, antes da concelebração com o Papa, perguntei a Mons. Ricca, que, como pessoa a cargo da casa, ajudava-nos a nos paramentar, se ele poderia pedir ao Papa para me receber por algum tempo durante a semana seguinte. Como poderia eu retornar a Washington sem esclarecer o que o Papa queria de mim? Ao fim da missa, enquanto o Papa cumprimentava alguns poucos leigos presentes, Mons. Fabian Pedacchio, seu secretário argentino, veio a mim e disse: “O Papa me pediu para perguntar se o senhor está livre agora!”. Naturalmente, respondi que estava à disposição do Papa e que o agradecia por me receber imediatamente. O Papa me levou ao primeiro andar em seu apartamento e disse: “Temos 40 minutos antes do Angelus”.

Iniciei a conversa, perguntando ao Papa o que ele quis me dizer com as palavras que me dirigiu quando o cumprimentei na última sexta-feira. E o Papa, de forma muito diferente, amigavelmente, em um tom quase afetuoso, disse-me: “Sim, os bispos nos Estados Unidos não devem ser ideologizados, não devem ser direitistas como o Arcebispo da Filadélfia (o Papa não me disse o nome do Arcebispo), devem ser pastores; e não devem ser esquerdistas — e ele acrescentou, levantando os dois braços — e, quando digo esquerdista, quero dizer homossexual”. Claro, a lógica da correlação entre ser esquerdista e ser homossexual me escapou, mas não acrescentei nada.

Imediatamente depois, o Papa me perguntou, de forma capciosa: “Como é a vida do Cardeal McCarrick?” Respondi-lhe com total franqueza e, se preferir, com grande ingenuidade:  “Santo Padre, não sei se o senhor conhece o Cardeal McCarrick, mas, se perguntar à Congregação para os Bispos, há um dossiê dessa grossura a respeito dele. Ele corrompeu gerações de seminaristas e padres e o Papa Bento ordenou-lhe que se retirasse para uma vida de oração e penitência”. O Papa não fez o menor comentário sobre essas palavras gravíssimas e não demonstrou nenhuma expressão de surpresa em sua face, como se já soubesse do assunto por algum tempo, e imediatamente mudou de Dtema. Mas, então, qual era o propósito do Papa em me perguntar: “Como é a vida do Cardeal McCarrick?” Ele claramente queria saber se eu era um aliado de McCarrick ou não.

De volta a Washington, tudo ficou muito claro para mim, graças também a um novo fato ocorrido pouco após o meu encontro com o Papa Francisco. Quando o novo bispo Mark Seitz tomou posse na diocese de El Paso, em 9 de julho de 2013, enviei o primeiro conselheiro [da nunciatura], Mons. Jean-François Lantheaume, enquanto fui a Dallas, no mesmo dia, para um encontro internacional sobre bioética. Quando voltei, Mons. Lantheaume disse-me que em El Paso ele encontrara o Cardeal McCarrick que, tomando-lhe de lado, disse-lhe quase as mesmas palavras que o Papa me dissera em Roma: “os bispos nos Estados Unidos não devem ser ideologizados, não devem ser de direita, devem ser pastores…”. Eu estava atônito! Era claro, portanto, que as palavras de repreensão que o Papa Francisco me dirigiu naquele 21 de junho de 2013 foram colocadas em sua boca no dia anterior pelo Cardeal McCarrick. Também a menção do Papa “a não serem como o Arcebispo de Filadélfia” poderia ser traçada a McCarrick, pois houve um duro desentendimento entre os dois a respeito da admissão à Comunhão de políticos pró-aborto. Em sua comunicação com os bispos, McCarrick manipulou a carta do então Cardeal Ratzinger, que proibia administrar-lhes a Comunhão. De fato, eu também sabia como certos Cardeais, como Mahony, Levada e Wuerl, eram muito próxims de McCarrick; eles se opuseram às mais recentes nomeações feitas pelo Papa Bento, para importantes postos como Filadélfia, Baltimore, Denver e São Francisco.

Não satisfeito com a cilada que me armara no dia 23 de junho de 2013, quando me perguntou sobre McCarrick, apenas poucos meses depois, na audiência que me concedeu em 10 de outubro de 2013, o Papa Francisco armou uma outra para mim, dessa vez sobre um outro protegido seu, Cardeal Donald Wuerl. Ele me perguntou: “Como é o Cardeal Wuerl, ele é bom ou ruim?” Respondi: “Santo Padre, não lhe direi se ele é bom ou ruim, mas lhe contarei dois casos”. São os que citei acima, que diz respeito à falta de cuidad pastoral de Wuerl a respeito dos aberrantes desvios da Georgetown University e o convite da Arquidiocese de Washington a jovens aspirantes aos sacerdócio para se encontrarem com o Cardeal McCarrick! Novamente, o Papa não demonstrou nenhuma reação.

Era também claro para mim, desde a eleição do Papa Francisco, que McCarrick, agora livre de todos as restrições, sentiu-se à vontade para viajar continuamente, dar conferências e entrevistas. Em um esforço conjunto com o Cardeal Rodriguez Maradiaga, ele se tornou o “fazedor de reis” para as nomeações na Cúria e nos Estados Unidos, e o conselheiro mais ouvido no Vaticano para as relações com a administração Obama. É isso que explica a substituição do Papa, na Congregação para os Bispos, de Burke por Wuerl, e a nomeação imediata de Cupich após este ser feito cardeal. Com essas nomeações, a Nunciatura em Washington estava era fora de cena no que diz respeito à nomeação de bispos. Além disso, ele nomeou o brasileiro Ilson de Jesus Montanari — um grande amigo de seu secretário pessoal, o argentino Fabian Pedaccio — como Secretário da mesma Congregação para os Bispos e Secretário do Colégio de Cardeais, promovendo-lhe em uma única canetada de simples oficial de departamento a Arcebispo Secretário. Algo sem precedentes para uma posição tão importante! As nomeações de Blase Cupich para Chicago e Joseph W. Tobin para Newark foram orquestradas por McCarrick, Maradiaga e Wuerl, reunidos por um iníquo pacto de abusos pelo primeiro, e ao menos por acobertamentos pelos outros dois. Os nomes dos designados não estavam entre os apresentados pela Nunciatura para Chicago e Newark.

A respeito de Cupich, não se pode deixar de notar sua ostensiva arrogância e a insolência com que ele nega a evidência que agora é óbvia a todos: que 80% dos abusos reconhecidos foram cometidos contra jovens por homossexuais que possuíam relação de autoridade com as vítimas. Durante a conferência que ele deu quando tomou posse da Sé de Chicago, na qual eu estava presente como representante do Papa, Cupich fez um gracejo dizendo que ninguém, certamente, esperasse que o novo arcebispo andasse sobre as águas. Talvez seria suficiente para ele poder manter seus pés no chão e não tentar virar a realidade de cabeça para baixo, cego por sua ideologia pro-gay, como ele afirmou recentemente em uma entrevista para a revista America. Louvando sua própria experiência no assunto, tendo sido Presidente do Comitê para Proteção de Crianças e Jovens da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, ele afirmou que o principal problema da crise de abusos sexuais pelo clero não era a homossexualidade, e que afirmá-lo é só uma forma de desviar a atenção para o problema real, que é o clericalismo. Para confirmar sua tese, Cupich “estranhamente” fez referência aos resultados de uma pesquisa realizada no ápice da crise de abuso de menores, no início dos anos 2000, enquanto ele “candidamente” ignorava que os resultados daquela investigação foram totalmente negados pelas pesquisas independentes feitas pelo John Jay College of Criminal Justice em 2004 e 2011, que concluíram que, nos casos de abuso sexual, 81% das vítimas eram homens. De fato, o Padre Hans Zollner, S.J., Vice-Reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, Presidente do Centro para a Proteção da Criança e membro da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, recentemente afirmou ao jornal La Stampa que “na maior parte dos casos trata-se de uma questão de abuso homossexual”. A nomeação de McElroy em San Diego foi orquestrada desde cima, com uma ordem criptografada peremptória para mim, enquanto núncio, feita pelo Cardeal Parolin: “Reserve a Sé de San Diego para McElroy”. McElroy também estava ciente dos abusos de McCarrick, como pode ser visto pela carta enviada a ele por Richard Sipe, em 28 de julho de 2016.

Esses personagens estão proximamente associados com indivíduos pertencentes, em particular, à ala desviada da Sociedade de Jesus, infelizmente, hoje, a maioria, que já havia sido uma causa de séria preocupação a Paulo VI e seus sucessores. Devemos apenas considerar o Padre Robert Drinan, SJ, eleito quatro vezes para a Câmara dos Representantes [parte do Congresso americano], um grande apoiador do aborto; ou Padre Vincent O’Keefe, SJ, um dos principais promotores da The Land O’Lakes Statement de 1967, que seriamente comprometeu a identidade católica das universidades e colégios nos Estados Unidos. Deve-se notar que McCarrick, então presidente da Universidade Católica de Puerto Rico, também participou naquela nefasta iniciativa que foi tão danosa à formação das consciências da juventude americana, muito próximo, como era, da ala desviada dos jesuítas. Padre James Martin, S.J., aclamado pelas pessoas citadas acima, em particular por Cupich, Tobin, Farrell e McElroy, nomeado consultor do Secretariado para as Comunicações, conhecido ativista que promove a agenda LGBT, escolhido para corromper os jovens que em breve estarão se reunindo em Dublin para o Encontro Mundial das Famílias, não é nada mais que um triste e recente exemplo daquela desviada ala da Sociedade de Jesus.

O Papa Francisco repetidamente pediu por total transparência na Igreja e, aos bispos e fiéis, que agissem com parrhesia. Os fiéis por todo o mundo também pedem isso a ele, de maneira exemplar. Ele deve honestamente afirmar quando ele tomou conhecimento dos crimes cometidos por McCarrick, que abusou de sua autoridade sobre seminaristas e padres.

Em todo caso, o Papa soube disso por mim, em 23 de junho de 2013, e continuou a acobertá-lo. Ele não levou em consideração as sanções que o Papa Bento impôs a McCarrick e lhe fez um conselheiro de confiança, juntamente com Maradiaga.

Este último é tão confiante da proteção do Papa que ele pode descartar como “fofoca” o doloroso apelo de diversos de seus seminaristas que tiveram coragem para escrever-lhe, após vários terem tentando suicídio por conta do abuso homossexual no seminário.

Agora, os fiéis compreenderam a estratégia de Maradiaga: insulte as vítimas para se salvar a si mesmo, minta para o amargo fim de acobertar um abismo de abuso de poder, de má gestão na administração dos bens da Igreja, e desastres financeiros mesmo contra amigos próximos, como no caso do Embaixador de Honduras, Alejandro Valladares, ex decano do Corpo Diplomático da Santa Sé.

No caso do ex bispo auxiliar Juan José Pineda, após um artigo publicado no semanário italiano L’Espresso no último mês de fevereiro, Maradiaga afirmou ao jornal Avvenire: “Foi meu bispo auxiliar Pineda que pediu por uma visitação, a fim de ‘limpar’ seu nome após ter sido submetido a tanta calúnia”. Agora, acerca de Pinada, o único fato que foi feito público foi de que sua renúncia foi aceita, fazendo, assim, toda responsabilidade dele e de Maradiaga desaparecer. Em nome da transparência tão louvada pelo Papa, o relatório do Visitador, o bispo argentino Alcides Casaretto, entregue mais de um ano atrás diretamente ao Papa, deveria ser publicado. Finalmente, a recente nomeação como Substituto [da Secretaria de Estado] do Arcebispo Edgar Peña Parra também tem relação com Honduras, isto é, com Maradiaga. De 2003 a 2007, Peña Parra trabalhou como Conselheiro na nunciatura de Tegucigalpa. Como delegado das Representações Pontifícias, eu recebi preocupantes informações a respeito dele.

Em Honduras, um escândalo tão grande como o ocorrido no Chile está para se repetir. O Papa defende o seu homem, o Cardeal Rodriguez Maradiaga, até o fim, como fez com o bispo chileno Juan de la Cruz Barros, que ele mesmo nomeou bispo de Osorno contra o conselho dos bispos chilenos. Primeiro, ele insultou as vítimas de abuso. Depois, somente quando foi forçado pela mídia, e por uma revolta das vítimas e dos fiéis chilenos, ele reconheceu seus erros e pediu desculpas, enquanto afirmava ter sido mal informado, causando uma situação desastrosa para a Igreja no Chila, mas continuando a proteger os dois cardeais chilenos, Errazuriz and Ezzati.

Mesmo no trágico caso de McCarrick, o comportamento do Papa não foi diferente. Ele sabia pelo menos desde 23 de junho de 2013 que McCarrick era um predador em série. Embora soubesse que era um homem corrupto, ele o acobertou até o fim; de fato, ele fez dos conselheiros de McCarrick seus, que, certamente, não foi inspirado por intenções sadias e pelo amor à Igreja. Apenas quando foi forçado pelas denúncias de abusos de menores, novamente por conta da atenção da mídia, ele agiu acerca de McCarrick para salvar sua própria imagem na imprensa.

Agora, nos Estados Unidos, um coro de vozes está se levantando, especialmente dos leigos, e recentemente unidas a de diversos bispos e padres, pedindo que todos aqueles que, por silêncio, acobertaram o comportamento criminoso de McCarrick, ou que se usaram dele para promover suas carreiras e intenções, ambições e poderes na Igreja, renunciem

Mas isso não será suficiente para curar uma situação de comportamento imoral extremamente grave pelo clero: bispos e padres. Um tempo de conversão e penitência deve ser proclamado. A virtude da castidade deve ser redescoberta no clero e nos seminários. A corrupção no mau uso dos recursos da Igreja e das ofertas dos fiéis deve ser combatida. A gravidade do comportamento homossexual deve ser denunciada. As redes homossexuais presentes na Igreja devem ser erradicadas, como Janet Smith, Professor de Teologia Moral no Seminário Maior do Sagrado Coração em Detroit, recentemente escreveu: “O problema do abuso do clero não pode ser simplesmente resolvido pela renúncia de alguns bispos, e menos ainda com diretrizes burocráticas. O problema mais profundo está nas redes homossexuais dentro do clero que devem ser erradicadas”. Essas redes homossexuais, agora difundidas em muitas dioceses, seminários, ordens religiosas, etc, agem sob a ocultação de segredos e mentiras com o poder de tentáculos de um polvo, e estrangulam vítimas inocentes e vocações sacerdotais, e estão estrangulando a Igreja inteira. Eu imploro a todos, especialmente aos bispos, que levantem suas vozes a fim de abater essa conspiração de silêncio que está tão disseminada, e a relatar os casos de abuso que souberem à mídia e às autoridades civis.

* * *

Francisco não deveriam estar se exibindo agora em Dublin: deveria estar assinando sua carta de renúncia. Ele se demonstrou absolutamente comprometido com a máfia pecaminosa que, liderada por conhecidos promotores do homossexualismo, tais como Dannels e posteriormente aderida por Bertone, elegeram-no. A presença de Bergoglio no topo da Igreja é uma indelével marca de vergonha e desonra.

Indelével, mas não inconsertável: Fora agora!