Carta do Papa Francisco ao povo de Deus.

CARTA DO PAPA FRANCISCO
AO POVO DE DEUS

 

«Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele» (1 Co 12, 26). Estas palavras de São Paulo ressoam com força no meu coração ao constatar mais uma vez o sofrimento vivido por muitos menores por causa de abusos sexuais, de poder e de consciência cometidos por um número notável de clérigos e pessoas consagradas. Um crime que gera profundas feridas de dor e impotência, em primeiro lugar nas vítimas, mas também em suas famílias e na inteira comunidade, tanto entre os crentes como entre os não-crentes. Olhando para o passado, nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado. Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar uma cultura capaz de evitar que essas situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuadas. A dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar mais uma vez o nosso compromisso em garantir a protecção de menores e de adultos em situações de vulnerabilidade.

1. Um membro sofre?

Nestes últimos dias, um relatório foi divulgado detalhando aquilo que vivenciaram pelo menos 1.000 sobreviventes, vítimas de abuso sexual, de poder e de consciência, nas mãos de sacerdotes por aproximadamente setenta anos. Embora seja possível dizer que a maioria dos casos corresponde ao passado, contudo, ao longo do tempo, conhecemos a dor de muitas das vítimas e constamos que as feridas nunca desaparecem e nos obrigam a condenar veementemente essas atrocidades, bem como unir esforços para erradicar essa cultura da morte; as feridas “nunca prescrevem”. A dor dessas vítimas é um gemido que clama ao céu, que alcança a alma e que, por muito tempo, foi ignorado, emudecido ou silenciado. Mas seu grito foi mais forte do que todas as medidas que tentaram silenciá-lo ou, inclusive, que procuraram resolvê-lo com decisões que aumentaram a gravidade caindo na cumplicidade. Clamor que o Senhor ouviu, demonstrando, mais uma vez, de que lado Ele quer estar. O cântico de Maria não se equivoca e continua a se sussurrar ao longo da história, porque o Senhor se lembra da promessa que fez a nossos pais: «dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias» (Lc 1, 51-53), e sentimos vergonha quando percebemos que o nosso estilo de vida contradisse e contradiz aquilo que proclamamos com a nossa voz.

Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas. Nós negligenciamos e abandonamos os pequenos. Faço minhas as palavras do então Cardeal Ratzinger quando, na Via Sacra escrita para a Sexta-feira Santa de 2005, uniu-se ao grito de dor de tantas vítimas, afirmando com força: «Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta autossuficiência!… A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrieeleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt 8, 25)» (Nona Estação).

2. Todos os outros membros sofrem com ele.

A dimensão e a gravidade dos acontecimentos obrigam a assumir esse facto de maneira global e comunitária. Embora seja importante e necessário em qualquer caminho de conversão tomar conhecimento do que aconteceu, isso, em si, não basta. Hoje, como Povo de Deus, somos desafiados a assumir a dor de nossos irmãos feridos na sua carne e no seu espírito. Se no passado a omissão pôde tornar-se uma forma de resposta, hoje queremos que seja a solidariedade, entendida no seu sentido mais profundo e desafiador, a tornar-se o nosso modo de fazer a história do presente e do futuro, num âmbito onde os conflitos, tensões e, especialmente, as vítimas de todo o tipo de abuso possam encontrar uma mão estendida que as proteja e resgate da sua dor (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 228). Essa solidariedade exige que, por nossa vez, denunciemos tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa. Uma solidariedade que exige a luta contra todas as formas de corrupção, especialmente a espiritual «porque trata-se duma cegueira cómoda e autossuficiente, em que tudo acaba por parecer lícito: o engano, a calúnia, o egoísmo e muitas formas subtis de autorreferencialidade, já que “também Satanás se disfarça em anjo de luz” (2 Cor 11, 14)» (Exort. ap. Gaudete et exultate, 165). O chamado de Paulo para sofrer com quem sofre é o melhor antídoto contra qualquer tentativa de continuar reproduzindo entre nós as palavras de Caim: «Sou, porventura, o guardião do meu irmão?» (Gn 4, 9).

Reconheço o esforço e o trabalho que são feitos em diferentes partes do mundo para garantir e gerar as mediações necessárias que proporcionem segurança e protejam a integridade de crianças e de adultos em situação de vulnerabilidade, bem como a implementação da “tolerância zero” e de modos de prestar contas por parte de todos aqueles que realizem ou acobertem esses crimes. Tardamos em aplicar essas medidas e sanções tão necessárias, mas confio que elas ajudarão a garantir uma maior cultura do cuidado no presente e no futuro.

Juntamente com esses esforços, é necessário que cada batizado se sinta envolvido na transformação eclesial e social de que tanto necessitamos. Tal transformação exige conversão pessoal e comunitária, e nos leva dirigir os olhos na mesma direção do olhar do Senhor. São João Paulo II assim o dizia: «se verdadeiramente partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto daqueles com quem Ele mesmo Se quis identificar» (Carta ap. Novo millennio ineunte, 49). Aprender a olhar para onde o Senhor olha, estar onde o Senhor quer que estejamos, converter o coração na Sua presença. Para isso nos ajudarão a oração e a penitência. Convido todo o Povo Santo fiel de Deus ao exercício penitencial da oração e do jejum, seguindo o mandato do Senhor[1], que desperte a nossa consciência, a nossa solidariedade e o compromisso com uma cultura do cuidado e o “nunca mais” a qualquer tipo e forma de abuso.

É impossível imaginar uma conversão do agir eclesial sem a participação activa de todos os membros do Povo de Deus. Além disso, toda vez que tentamos suplantar, silenciar, ignorar, reduzir em pequenas elites o povo de Deus, construímos comunidades, planos, ênfases teológicas, espiritualidades e estruturas sem raízes, sem memória, sem rostos, sem corpos, enfim, sem vidas[2]. Isto se manifesta claramente num modo anômalo de entender a autoridade na Igreja – tão comum em muitas comunidades onde ocorreram as condutas de abuso sexual, de poder e de consciência – como é o clericalismo, aquela «atitude que não só anula a personalidade dos cristãos, mas tende também a diminuir e a subestimar a graça batismal que o Espírito Santo pôs no coração do nosso povo»[3]. O clericalismo, favorecido tanto pelos próprios sacerdotes como pelos leigos, gera uma ruptura no corpo eclesial que beneficia e ajuda a perpetuar muitos dos males que denunciamos hoje. Dizer não ao abuso, é dizer energicamente não a qualquer forma de clericalismo.

É sempre bom lembrar que o Senhor, «na história da salvação, salvou um povo. Não há identidade plena, sem pertença a um povo. Por isso, ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo» (Exort. ap. Gaudete et exultate, 6). Portanto, a única maneira de respondermos a esse mal que prejudicou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e corresponde a todos como Povo de Deus. Essa consciência de nos sentirmos parte de um povo e de uma história comum nos permitirá reconhecer nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro. Tudo o que for feito para erradicar a cultura do abuso em nossas comunidades, sem a participação activa de todos os membros da Igreja, não será capaz de gerar as dinâmicas necessárias para uma transformação saudável e realista. A dimensão penitencial do jejum e da oração ajudar-nos-á, como Povo de Deus, a nos colocar diante do Senhor e de nossos irmãos feridos, como pecadores que imploram o perdão e a graça da vergonha e da conversão e, assim, podermos elaborar acções que criem dinâmicas em sintonia com o Evangelho. Porque «sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo actual» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 11).

É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos, e inclusive por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis. Peçamos perdão pelos pecados, nossos e dos outros. A consciência do pecado nos ajuda a reconhecer os erros, delitos e feridas geradas no passado e permite nos abrir e nos comprometer mais com o presente num caminho de conversão renovada.

Da mesma forma, a penitência e a oração nos ajudarão a sensibilizar os nossos olhos e os nossos corações para o sofrimento alheio e a superar o afã de domínio e controle que muitas vezes se torna a raiz desses males. Que o jejum e a oração despertem os nossos ouvidos para a dor silenciada em crianças, jovens e pessoas com necessidades especiais. Jejum que nos dá fome e sede de justiça e nos encoraja a caminhar na verdade, dando apoio a todas as medidas judiciais que sejam necessárias. Um jejum que nos sacuda e nos leve ao compromisso com a verdade e na caridade com todos os homens de boa vontade e com a sociedade em geral, para lutar contra qualquer tipo de abuso de poder, sexual e de consciência.

Desta forma, poderemos tornar transparente a vocação para a qual fomos chamados a ser «um sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano» (Conc. Ecum. Vat. II, Lumen gentium, 1).

«Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele», disse-nos São Paulo. Através da atitude de oração e penitência, poderemos entrar em sintonia pessoal e comunitária com essa exortação, para que cresça em nós o dom da compaixão, justiça, prevenção e reparação. Maria soube estar ao pé da cruz de seu Filho. Não o fez de uma maneira qualquer, mas permaneceu firme de pé e ao seu lado. Com essa postura, Ela manifesta o seu modo de estar na vida. Quando experimentamos a desolação que nos produz essas chagas eclesiais, com Maria nos fará bem «insistir mais na oração» (cf. S. Inácio de Loiola, Exercícios Espirituais, 319), procurando crescer mais no amor e na fidelidade à Igreja. Ela, a primeira discípula, nos ensina a todos os discípulos como somos convidados a enfrentar o sofrimento do inocente, sem evasões ou pusilanimidade. Olhar para Maria é aprender a descobrir onde e como o discípulo de Cristo deve estar.

Que o Espírito Santo nos dê a graça da conversão e da unção interior para poder expressar, diante desses crimes de abuso, a nossa compunção e a nossa decisão de lutar com coragem.

Francisco

Cidade do Vaticano, 20 de Agosto de 2018.


[1] «Esta espécie de demónios não se expulsa senão à força de oração e de jejum» Mt 17, 21.

[2] Cf. Carta do Santo Padre Francisco ao Povo de Deus que peregrina no Chile, 31 de Maio de 2018.

[3] Carta do Papa Francisco ao Cardeal Marc Ouellet, Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, 19 de Março de 2018.

18 comentários sobre “Carta do Papa Francisco ao povo de Deus.

    1. O discurso é ótimo. Mas se o Papa Francisco quisesse realmente por em prática o que diz, mandaria uma Visita Apostólica para a paróquia de Azambuja, pois frequento a paróquia e o que os comentaristas abaixo, Srs. Rubens e Sidinei comentam é a mais pura verdade. O referido padre, na hora da consagração age com um desleixo só, dando a impressão aos fiéis de que não acredita em Jesus Eucarístico; proibe a comunhão na boca, dessacralizando mais ainda a sagrada comunhão, distribui a sagrada comunhão como se fossem biscoitinhos; conta piadas sexualizadas no fim das missas, envolvendo os seminaristas, demonstrando assim sua desordem interior. E onde impera a desordem, triunfa o pecado. Se se pecam e acham isso normal, como poderão evangelizar e corrigir caritativamente as ovelhas? Dá pena de quem depende dele para à catequese, crisma, seminário, etc. Fundamentando o que falo vejam a frase a seguir: “ele (Jesus) morrerá também como um delinquente e excluído, mas a sua morte confirmará o que toda a sua vida tinha sido: total confiança em um Deus que não exclui a ninguém de seu perdão.” fonte:http://azambuja.org.br/blog/o-gesto-supremo-por-pe-iseldo-scherer/. Importante salientar quando ele se refere à “mudança” e perdão que “não exclui ninguem”.

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  1. Excelente escrita e sabedoria; principalmente no uso das Santas Escrituras; sabendo que estas Palavras Santas não voltam vazias _que não fique somente nas palavras, mas no agir!
    Publicada e comentada “Rede Social” pois me comprazo com esta escrita. Somos lembrados pela Santa Escritura: Jr. 5: 30 “30 Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra.”
    https://www.bibliaonline.com.br/acf/jr/5/30

    “O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações” (Salmo 10.4).

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  2. Os crimes são agora julgados na praça pública e não nos tribunais? é que……quantos clérigos estão presos por pedofilia? e quantos não clérigos?

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  3. Dirigimos com todo respeito ao papa Francisco, mas as esquerdas revolucionarias material-ateístas não combatidas com firmeza aportam todos os tipos das calamidades mencionadas, ultra necessarias para sedimentarem a Revolução, e sem antes transformarem a sociedade em zumbis!
    Também radicalmente elas odeiam a Igreja católica em particular e toda sua doutrina por discordar notadamente das adotadas pelas hordas satânicas que são os regimes marxistas, o mesmíssimo defendido por Belzebu!
    A estranha receptividade aos “Movimentos Sociais” que são as milicias comunistas aí no Vaticano associadas ao relativismo, amizades com trastes, além de martelo e foice, pró drogas como Mujica, Evo Morales, Kirchner, Lula-Dilma, Maduro, Stédile, Juan Grabois, L Boff, a abortista Emma Bonino & Cia, GLBTistas inexistiam com o papa Bento XVI, além de nem lhes dar a mínima atenção, tachava os nazifascistas de “pestes negras, peste vermelha” aos comunistas; ao trio maldito, de “chuvas ácidas”.
    Aliás… LOCALIZAMOS OS CULPADOS PELA CRISE DA VENEZUELA-BRASIL EM RORAIMA!
    Foi o PT-PSDB-FORO DE S PAULO e (P)MDB, esse alugado ao PT!
    Sabia disso, ALCKMIN 45, QUE SEU PARTIDO PSDB TERIA EVITADO ESSA TRAGEDIA SE NÃO DEIXASSE LULA CONTINUAR NO PODER EM 2006 NO IMPEACHMENT PELO MENSALÃO e por todos esses anos ajudando a instalar o comunismo na Venezuela, repassando recursos nossos para manter a ditadura martelo e foice de lá?
    Quando o PSDB denunciou isso ao povo, sendo “oposição” ao PT?
    Caladiiiiinhos, né PT-PSDB-Alckmin-45 e (P)MDB do Temer, hem?
    Só no metrô de Caracas daqui foram U$1,100,000,00; daí, que tiraram a bandidagem do PT do poder e a Venezuela foi fracassando cada vez mais por falta de recur$o$ regados pelo trio inimigo do Brasil, já que o PSDB não denunciava ao povo essa sinistra manobra, mas aliados de Alckmin, o 45 e quer ganhar eleições para a presidencia, equivalente a soltar Lula e o histérico PT de novo no poder, já que o fracote e débil PSDB jamais enfrentava ou não submeterá a “adversario”!
    E nos aparece hoje às 07 H nas esquerdinhas Rede Aparecida-Radio América um sacerdote – pela expressão dele deveria ser da TL – que o Brasil é nação acolhedora, deveria receber a todos, sem discriminação, sem “odios, não é, senhor padre?
    Diz ele serem aos milhares, grupos uns atrás do outros famintos, desesperados, chega de xenofobia, mas não mencionou que foi depois da instalação do diabolista comunismo, com continua ajuda do tripé acima e da TL nessa ex rica e próspera nação, hoje sob as patas do bestial comunismo e, com a destituição do PT do poder, a Venezuela afundou-se no abismo bem mais rapidamente por falta de patrocinador ao sanguinario ditador Maduro!
    Por isso o Brasil não quer mais aqui a desgraça chamada comunismo e os parceiros dele, certo Haddad 13 e Alckmin 45 do CENTRÃO?!

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  4. Tomara que agora Francisco tome um choque de realidade e veja as principais prioridades da Igreja, ao invés de tentar modificá-la em todos os seus níveis. Ele poderia começar proibindo os homossexuais de pertencerem ao sacerdócio, como Bento XVI havia feito.

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  5. Pode ser que eu seja malicioso demais ou já esteja vacinado mas vejo este texto como mais uma forma de atingir a Igreja Católica e passar a mão na cabeça dos criminosos.
    Isto será instrumentalizado por toda mídia global como munição. Se ele passar a punir os agentes que praticaram estes crimes, e punir com rigor, é um preço que se paga. Mas não acredito que isto irá acontecer.

    O tom do discurso é mais ou menos como os esquerdistas fazem, retirar a culpa do agente e jogar para a comunidade. Em todos os momentos do texto que eu li a palavra “todos” é como se uma parcela dos católicos não estavam lutando contra isso e sendo atacados por quem deveria agir.

    Pelo menos neste trecho ele fala dos que detinham o poder e responsabilidade:

    “É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos, e inclusive por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis. Peçamos perdão pelos pecados, nossos e dos outros.”

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  6. Um dos pontos fundamentais da Carta ao Povo de Deus é a clara oposição ao abuso sexual de vítimas indefesas, fundamentalmente de crianças e de adolescentes. Fica implícita portanto a necessidade de frear, também com medidas práticas, a devassidão sexual de clérigos e de pessoas consagradas, pois uma sexualidade desenfreada é sempre fonte geradora de corrupção moral. Em sua Carta, Francisco diz querer “enfrentar o sofrimento do inocente, sem evasões ou pusilanimidade” e “lutar com coragem”. Será que esse querer inclui: 1. Frear os escandalosos abusos sexuais cometidos pelo Cardeal McCarrick, que (apesar das tentativas por parte de um pequeno número de padres e jornalistas católicos de trazer à tona a verdade sobre suas imoralidades sexuais, e até de alertar a Santa Sé) teve enorme êxito em ser promovido, chegando a receber o arcebispado de Washington e inclusive o barrete cardinalício? 2. Frear Dom Vincenzo Paglia (para quem a pintura obscena, blasfema e homoerótica de sua catedral é uma “ferramenta de evangelização”), e removê-lo dos cargos da Pontifícia Academia para a Vida e da posição de grão-chanceler do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, a fim de que não se sirva mais desses cargos para subverter as doutrinas da Igreja sobre vida e sexualidade? 3. Frear o Cardeal Kevin Farrell, que está à frente do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, dando apoio à obra pró-homossexualismo Building a Bridge (“Construindo uma Ponte”, sem tradução para o português), do padre James Martin, ativista público em favor do movimento LGBT? 4. Frear Monsenhor Luigi Capozzi (secretário do Cardeal Francesco Coccopalmerio), flagrado em um apartamento próximo à Basílica de São Pedro, no qual promovia uma orgia homossexual movida a cocaína? 5. Frear o próprio Cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, que tem falado abertamente à imprensa sobre os “elementos positivos” que ele vê nas uniões homossexuais, elementos os quais ele diz tentar enfatizar? “Lutar com coragem” precisa significar, necessariamente, frear o lobby gay, e não, por exemplo, promover nomes como o Pe. James Martin, indicando-o como “consultor de comunicação” para a Santa Sé, e confirmando-o para palestrar este mês no “Encontro Mundial das Famílias”, do Vaticano. Francisco lutará com coragem? Ou será que essa “Carta” é tão somente um “mea culpa” que não servirá para mais nada do que satisfazer o desejo de retratar esse papado como politicamente correto?

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  7. A Carta do papa Francisco ao Povo de Deus poderia cair no vazio já que as turmas bravas que recebe no interior do Vaticano são os mesmos que fazem ele lamentar tanto, o mesmo que os padres quase todos fazem: lamentam muito a violencia, roubos etc, parecendo serem coisas do Além, sem explicação, mas os verdadeiros cometedores delas não contam quem são eles, sendo os da bandeira vermelha da comunistada, temos aí os filhos de Brizola do PDT, do PSOL do Jean Wyllys, do Freixo, do PC do B, PT da Dilma e mais todas as legendas vermelhas que o papa Francisco trata com tanta intimidade que pareceria gente de casa.

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  8. Não creio em culpa coletiva. Cada um está diante da própria liberdade de agir ou não agir seja qual for o objeto, a situação etc. Essa choramingas de colocar todo o mundo – isto é, os leigos – no mesmo “balaio da culpa coletiva” clerical é uma aberração monstruosa.
    É preciso que o clero conciliar pense acerca do seu estado habitual de desvio disciplinar em face daquilo que a Igreja católica sempre propôs e manteve.
    Padres na academia pra ficar fortinho (pra quem?), padre de sunguinha na praia, monge psicopata que convida adolescente pra a piscina do colégio, comilanças, viagens sacras e profanas, ociosidade e caçadas não vão curar a chaga da podridão moral em que o clero se afoga.
    E quando se procura a causa dessa desordem infernal, encontra-se Roncalli e Montini arreganhando os dentes para o mundo, o qual “jaz sob o maligno”, como diz São João.
    Aqueles que, pois, deveriam sair vestidos de saco, carpindo e com cinza na cabeça são, em primeiro lugar, os bispos, os quais, em sua amplíssima maioria, são omissos no que concerne à vigilância e prudência no quesito “formação” dos candidatos ao ministério.
    Não adianta tapar o sol com a peneira: religião atrai muita gente desequilibrada. Então, todo cuidado é pouco. Vai que o seminarista quer morar na casa de mamãe pra ler Oscar Wilde na caminha de plumas.
    Já dizia o IV (ou III ?) Concílio Lateranense, que é preferível ter poucos e bons padres que muitos e maus. E maldade não falta.

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  9. Com todo respeito ao Papa, essa posição supostamente mais firme só chegou, coincidentemente, junto à onda – ou melhor, tsunami – que tenta descriminalizar a pedofilia no mundo. O parlamento na França acaba de anular a idade mínima para o consentimento sexual. Há julgados, inclusive no Brasil, que inocentam pedófilos. Espero sinceramente ser apenas coincidência o fato de o Vaticano se posicionar só agora que a pedofilia tem encontrado defensores, e que os culpados, muitas vezes amigos dos amigos (e por isso encobertos até agora) não deixem de pagar por seus crimes junto à justiça.

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  10. Eh patente a urgente necessidade de a hierarquia combater a verdadeira infestação da cultura homossexual nos seminários e no clero.

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  11. O pior dessa história toda é como os seminaristas estão sendo “formados”. Se o Papa Francisco realmente quisesse acabar com a pedofilia clerical, fruto do homossexualismo, não deixaria que padres como o que disse a frase seguinte fosse orientador espiritual de Seminário: “Em poucos lugares, o Espírito de Jesus é mais reconhecível do que nessas pessoas que oferecem apoio e amizade gratuita a prostituas indefesas, que acompanham os psicóticos esquecidos por todos, que defendem os homossexuais que não podem viver com dignidade a sua condição… Elas nos recordam que todos cabem no coração de Deus”.(Pe. Iseldo SchererPároco/Reitor do Santuário e Orientador Espiritual do Seminário de Azambuja – Brusque-SC). fonte: http://azambuja.org.br/blog/deus-acolhe-os-impuros-por-pe-iseldo-scherer/

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    1. Pior que eu conheço a criatura, e parece que não engana, ele tem algo que revela a suprema leveza do ser (que o bom entendedor entenda) além de ser um ótimo animador de plateias, pois parece mais animador que padre,

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