Por FratresInUnum.com, 21 de novembro de 2018 – A cena tem algo de paradigmático e, por isso, merece ser comentada.
Viralizou pelas redes sociais o vídeo em que o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, sobe a um palanque de evangélicos para protestar contra o barulho que os mesmos faziam e que teria atrapalhado horrivelmente a missa que ele acabara de celebrar na Catedral de São Paulo em comemoração ao “dia do pobre”, uma dessas invenções tão cansativas do engenho de Francisco.
Porém, na realidade cotidiana, os pobres que não sucumbiram ao protestantismo suportam a berradeira pentecostal dia-após-dia, esquina por esquina, em cada viela, em cada rua de seus bairros. Nada de extraordinário para quem vive nas cidades brasileiras.
O povo católico vibrou com a atitude de enfrentamento do cardeal, que pareceu romper com o bom-mocismo ecumenista vigente na Igreja desde o Vaticano II. De fato, a ideologia ecumênica acabará aí: numa briga de foice.
Criado com o único objetivo de anestesiar a apologética católica, o ecumenismo enfraqueceu a Igreja de tal modo que, aliado à teologia da libertação, tornou-a simplesmente inexpressiva, nua do sobrenatural, indefesa aos assédios dos charlatães da crença. Enquanto o cardeal grita “viva os pobres”, o pastor grita “glória a Deus”, este é o contraste! E, como os pobres querem a Deus, correm atrás do senhorzinho analfabeto que, em sua ignorância, ao menos lhes infunde uma pontinha de fervor religioso, fervor inexistente em seus padres de paróquia.
Lá em cima, o cardeal reclama como um desvalido, falta pouco chorar. Os protestantes o ouvem quase como quem atira uma esmola, mas logo se dispensam de lhe dar qualquer tipo de atenção… Aos pés do palco, uma senhora dá-lhe as costas, sacudindo os ombros e fazendo cara de deboche. Basta o cardeal devolver o microfone ao condutor do evento, em um instante se esquecem daquilo tudo, como se tudo jamais tivesse acontecido. É lógico! O vocabulário do bispo padece de cacoetes catequéticos que pouco ou nada dizem àqueles ouvidos pouco habituados com o catolicismo, desse mesmo catolicismo que os padres insistiram em expulsar a pontapés de suas mentes.
Os gritos protestantes invadem o santuário, o ruído atrapalha a missa até o ponto de que o bispo precisa ver com os próprios olhos, sentir em sua própria pele, que ele não é mais ninguém para o seu povo. Este é um retrato da Igreja no Brasil, que deixou de pregar a fé e, por isso, jaz em completa insignificância.
As gentes começam a acordar, uma graça desperta o povo, há uma saudade de catolicismo nas almas… Que pena os bispos quererem-na sufocar! Que triste quererem afogar o brado católico que se começa a erguer para sobrepor-se àqueles grito insanos, mundanos, blasfemos.
Sim, há uma esperança para a Igreja: o povo precisa gritar mais alto e tão alto que, sobrepujando o escarcéu dos protestantes, consiga assustar ainda mais os corações endurecidos dos seus bispos obstinados.