O padre humilhado publicamente por João Paulo II por ter apoiado a revolução da guerrilha de esquerda na Nigarágua poderá voltar a administrar sacramentos. Mas o perdão chegou aos 94 anos e quando está doente.
Por Público, 17 de fevereiro de 2019 – O Papa Francisco aprovou a reabilitação do sacerdote e poeta Ernesto Cardenal, que apoiou a revolução sandinista na Nicarágua, e que o Papa João Paulo II humilhou em 1983, repreendendo-o, de dedo em riste, no alcatrão da pista do aeroporto de Manágua, quando Cardenal estava de joelhos.
A notícia ainda não foi tornada pública — foi avançada pelo jornal espanhol El País, citando uma carta enviada pelo Sumo Pontífice. Hoje com 94 anos, hospitalizado com uma infecção renal grave, Ernesto Cardenal recebeu a visita do núncio do Vaticano em Manágua, que se ofereceu para celebrar com ele a sua primeira missa em 35 anos — pois a pena a que João Paulo II o condenou impedia-o de o fazer.
Cardenal era seguidor da corrente cristã nascida na América Latina denominada teologia da libertação, que dá revelo ao apoio aos mais pobres e à libertação dos povos oprimidos. Para o Papa polaco João Paulo II, que viveu as durezas do comunismo, este tipo de ideias e as revoluções e guerrilhas de esquerda na América Latina eram difíceis de aceitar.
Ao sair do avião, o Papa foi recebido com um grande cartaz, que dizia “bem-vindo à Nicarágua livre graças a Deus e à revolução”, e pelo Presidente Daniel Ortega, líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional desde 1962, que lhe deu um discurso de meia-hora, debaixo de um Sol escaldante, a exaltar a revolução, recorda para o El País, o jornalista veterano Juan Arias, que acompanhou a viagem papal.
“Sempre que o Papa tentava deixar clara a sua rejeição à chamada Igreja Popular, a multidão interrompia-o com gritos de ‘entre cristianismo e revolução não há contradição'”, recorda Arias. O Papa não conseguia terminar a sua homília.
A certa altura, Ernesto Cardenal aproximou-se do Papa, ajoelhou-se e tentou beijar-lhe a mão. João Paulo II tirou a mão. Quando Cardenal lhe pediu a bênção, esticou o dedo severo e disse-lhe: “Antes tens de te reconciliar com a Igreja”, recorda Juan Arias.
O Papa João Paulo II, que morreu a 2 de Abril de 2005, aplicou posteriormente a suspensão ad divinis a Cardenal por acumular de forma considerada “incompatível” com o sacerdócio o cargo de ministro da Cultura da Nicarágua. Ficou proibido de administrar sacramentos.

Ernesto Cardenal é considerado um dos mais importantes poetas da América Latina ainda em vida. Com formação superior em Teologia, nos Estados Unidos, recebeu vários prémios literários pela Europa, tendo sido candidato a Nobel da Literatura em 2005, atribuído ao britânico Harold Pinter.
A Igreja estende a mão a este pobre acabado, enquanto o regime que ele ajudou a construir está derramando sangue de seus concidadãos. Uma oportunidade para se arrepender, antes de prestar contas a Deus.
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Você falou tudo, Sueli. Que Deus tenha misericórdia de sua alma no momento de sua apresentação ao Santíssimo Senhor.
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O mais “interessante” é ele fazer isso justamente quando a américa latina e caribe passam por uma de suas maiores crises causadas pelo comunismo, causada pelos seus amigos, do qual ele nada faz contra.
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Se pode criticar em várias coisa o São Joao Paulo II, todavia, se ele fosse Papa durante essa crise humanitária causada pelo ditador comunista Nicolas Maduro, o ex-papa estaria fazendo várias críticas a ditadura Venezuela em suas homilias além de ter ido ao pais, ter conversado pessoalmente com a situação e com a oposição e dando apoio a mesma(oposição).
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ele se arrependeu do que fez? ou o Papa fez mais um ato de caridade …
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Não foi o arrependimento a motivação desta concessão. Se tal concessão tem cabimento é algo diferente:
https://odogmadafe.wordpress.com/2019/02/20/nunciatura-apostolica-na-nicaragua-revela-a-razao-pela-qual-foram-levantadas-as-sancoes-a-ernesto-cardenal/
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Obrigada por me apresentar este site.
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Não pode reabilitar sem o devido arrependimento
Será causa de escândalo e perdição para muitos
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Pra quê?
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Este gesto me faz pensar no destino do pe. Stefano Maria Pio Manelli e dos Franciscanos da Imaculada. Me lembro que, perante a injusta perseguição que sofriam, rezava o terço por eles. Faz tempo que não recebo notícias e tenho dificuldades para aceitar que tudo acabe assim:
https://fratresinunum.com/2017/02/03/frades-franciscanos-da-imaculada-a-clausura-para-padre-manelli-se-tornou-ainda-mais-severa-um-decreto-do-papa/
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Nenhum comunista será perdoado enquanto comunista. Nem o papa tem este poder. Ele sabe disto.
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Ele era comunista seguidor da Teologia da Libertação, desistiu dessas sandices ?
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