Um pasquim LGBT contra a Igreja.

Por Roberto de Mattei, Corrispondenza Romana, 14 de fevereiro de 2019 | Tradução: Dies Irae – Um pasquim LGBT contra a Igreja. O título é Sodoma [No Armário do Vaticano, em Portugal] e o autor Frédéric Martel, um conhecido activista LGBT francês. O livro, no entanto, nasceu em Itália, durante uma conversa entre o autor e o editor Carlo Feltrinelli, filho de Gian Giacomo, o editor-terrorista que morreu a 14 de Março de 1972, enquanto colocava uma bomba numa treliça da Enel[1] em Segrate[2]Sodoma será apresentado nos próximos dias em oito idiomas e em vinte países.

O lançamento oficial ocorrerá no dia 21 de Fevereiro, coincidindo com a abertura da cimeira do Vaticano dedicada ao abuso sexual de menores. É, portanto, uma poderosa operação mediática que tem como alvo a Igreja Católica. O autor do livro, Frédéric Martel, apresentado pela imprensa com os títulos, de vez em quando diferentes, de sociólogo, investigador, historiador, alcançou uma certa popularidade com o seu mais recente ensaio, traduzido em várias línguas, Global Gay, dedicado à marcha triunfante de hoje do movimento gay em todo o mundo.

Envolvido directamente em inúmeras associações activas na difusão da agenda LGBT, Martel trabalha há anos na linha da frente no processo de promoção e “normalização” da homossexualidade. A “militância” LGBT do autor deSodoma levou-o a ser um dos principais promotores da lei n.º 99-944 de 15 de Novembro de 1999 (Dupacte civil de solidarité et du concubinage), o chamado PACS, que introduziu as uniões civis em França. Nos anos seguintes, o activista LGBT continuou a contribuir para a causa homossexual, dedicando numerosos artigos a favor da introdução do pseudo-casamento homossexual em França até à sua completa legalização, ocorrida a 18 de Maio de 2013.
Martel aborda agora a sodomia na Igreja, alegando ter realizado um inquérito sobre o tema, com duração de 4 anos, entrevistando cerca de 1500 pessoas no Vaticano e em vários países do mundo. Na realidade, o que falta no livro é precisamente a documentação. Nada sabemos, depois da sua leitura, para além do que já se sabia sobre a difusão da homossexualidade na Igreja.

Este gravíssimo problema, trazido à luz pelo testemunho do Arcebispo Carlo Maria Viganò, foi analisado cientificamente e documentado por dois estudiosos polacos, o P. Dario Oko e o P. Andrzej Kobyliński, autores de estudos que foram ignorados pela imprensa internacional. Mas Martel não procura a verdade, tem uma tese ideológica para provar e nas suas páginas não demonstra, mas sugere, insinua, calunia, denigre.

Monsenhor Battista Ricca, definido por Sandro Magister como «o prelado do lobby gay», abriu-lhe as portas do Vaticano. «Explica-me minuciosamente como passar o controlo dos gendarmes e, depois, dos guardas suíços. Encontrarei frequentemente este prelado de olhos líquidos, um atirador próximo de Francisco que conheceu a glória e a desgraça. Como veremos, é a ele que devo ter podido estar alojado numa das residências do Vaticano». O autor conta que se instalou em Roma uma semana por mês, «permanecendo regularmente dentro do Vaticano graças à hospitalidade de outros prelados que muitas vezes revelaram ser “da paróquia”[3]; “cerca de quarenta cardeais e centenas de bispos, monsenhores, padres e núncios (os embaixadores do Papa) aceitaram encontrar-se comigo. Entre estes, supostos homossexuais, presentes todos os dias no Vaticano, fizeram-me penetrar no seu mundo de insiders».

Entre os seus informadores está o P. Antonio Spadaro, «um jesuíta considerado como uma das eminências cinzentas do papa, com quem eu falava regularmente na sede da revista La Civiltà Cattolica, da qual é o director»Foi ele quem lhe explicou que «o cardeal Burke está à frente da oposição ao Papa». O cardeal Raymond Leo Burke, a quem Martel dedica um capítulo do seu livro, representa logicamente um dos seus alvos. A sua culpa? A de condenar categoricamente a homossexualidade.

A tese de Martel é que por trás de cada “homofóbico” esconde-se, na verdade, um homossexual, mas como nada desse tipo pode ser demonstrado contra o cardeal americano, o activista francês contenta-se com uma descrição minuciosa e caricatural do normalíssimo apartamento cardinalício. «O cardeal – escreve – evoca irresistivelmente, no seu modo de vestir e na sua forma de ser, uma drag-queen[4]». No entanto, admite Martel, «Burke é um dos poucos a ter a coragem das suas opiniões», como também o Arcebispo Viganò, que lhe aparece «como testemunha fiável e a sua carta irrefutável»; «parece-me, no entanto – acrescenta –, que o gesto de Viganò seja mais irracional e solitário do que se acreditava: um acto desesperado, uma vingança pessoal que é, antes de mais, fruto de uma profunda ferida interna».

De que coisa são culpados os clérigos homossexuais? Não de terem violado a lei moral, mas de serem hipócritas e não terem dado testemunho público do seu vício. «Que fique claro que para mim um padre ou um cardeal não deveria ter vergonha de ser homossexual; acho, pelo contrário, que deveria ser um possível status social entre tantos outros». Os homens da Igreja deveriam dizer: somos homossexuais e gabamo-nos disso; e a Igreja deveria dizer: errei ao condenar a homossexualidade.

Esta é a razão pela qual Martel é um defensor da “reforma” do Papa Francisco: «A renúncia de Bento XVI e a vontade de reforma do Papa Francisco contribuem para a liberdade de expressão». «Este papa latino é o primeiro a ter usado a palavra “gay” – e não apenas o termo “homossexual” – e pode ser considerado, comparando-o com os seus predecessores, como o mais “gay-friendly” entre os papas modernosTeve palavras mágicas e contorcidas sobre a homossexualidade: «Quem sou eu para julgar?». E pode-se também pensar que este Papa não tem sequer as tendências ou inclinações que foram atribuídas a quatro dos seus recentes predecessores. No entanto, Francisco é, hoje, o objecto de uma campanha violenta devido ao seu alegado liberalismo em questões de moralidade sexual, levada a cabo por cardeais conservadores que são muito homofóbicos – e, em grande parte, secretamente homofílicos».

«O que não tolera Francisco não é tanto a homofilia difundida, quanto a vertiginosa hipocrisia daqueles que apoiam uma moralidade austera apesar de terem um parceiro, das aventuras e, às vezes, até dos acompanhantes. Por esta razão, flagela incessantemente os falsos devotos, os fanáticos, os fariseus. Esta duplicidade, esta esquizofrenia, têm sido frequentemente denunciadas por Francisco nas suas homilias matinais em Santa Marta. A sua fórmula merece ser colocada em primeiro plano neste livro: «Por trás da rigidez, há sempre algo oculto; em muitos casos, uma vida dupla».

Martel, tal como o Papa Francisco, está convencido de que por trás de cada “homofóbico” existe um “homófilo”, um homem atraído, ou obcecado, pela homossexualidade, quer a pratique ou não. «Poder-se-ia também dizer que há uma regra não escrita que é quase sempre verdadeira em Sodoma: quanto mais um prelado é homofóbico, maior é a probabilidade de que ele mesmo seja homossexual». «Quanto mais um prelado é veemente contra os gays, mais forte é a sua obsessão homofóbica, mais é provável que ele não seja sincero e que a sua veemência nos esconda algo».

O propósito do livro? Derrubar a Bastilha da moral católica. «Cinquenta anos depois de Stonewall, a revolução gay dos Estados Unidos, o Vaticano é o último bastião a libertar! Muitos católicos já intuíram a mentira antes mesmo de lerem a descrição de Sodoma».

Os passos a seguir são: apoiar e encorajar a “reforma” bergogliana; desqualificar os homens da Igreja fiéis à Tradição; impedir que na Igreja se discuta a praga da homossexualidade, especialmente na próxima cimeira. Deve-se notar, no entanto, que o apoio LGBT ao Papa Francisco certamente não o ajudará na situação das graves dificuldades em que se encontra; os cardeais e os bispos demonizados no livro, sairão mais fortes depois deste ataque tão mal conduzido; e se os presidentes das Conferências Episcopais mundiais não lidarem com a questão da homossexualidade, aquele de 21 a 24 de Fevereiro será um encontro fracassado. Mas o que pode ser considerado um fiasco a partir deste momento é o pasquim de Frédéric Martel.

Roberto de Mattei  

7 comentários sobre “Um pasquim LGBT contra a Igreja.

  1. Mas nós já estamos acostumados com essas bobagens. Antes eu ficava preocupado, agora até me animo: certamente serão menos pessoas na fila para entrar no céu.

    Concorrentes a menos, eis aí uma verdade aparentemente nada cristã, mas que tem tudo de cristã: afinal as escrituras estão aí para serem seguidas ou para serem olvidadas.

    Quanto mais gente desprezar, seguramente sobrará mais lugar para os “muitos” que são chamados à Glória pelo sangue de Cristo.

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  2. Xingue-os daquilo que você é, a velha tática da esquerda e dos velhacos.
    O que me admira não é que o papa pense isto ou aquilo.
    O que me admira é ele permitir que a Igreja seja conduzida por gente de fora e da pior espécie que existe.
    Só mesmo o Espírito Santo para ser invocado e acabar definitivamente com esta vergonha.
    Não outro caminho e felizmente.

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  3. Essa patacoada circense e grotesca que houve, liderada por Bergóglio, se valendo das dores das vítimas dos demônios encarnados que deles abusaram, tem que ser desmascarada…
    Todos tem que se conscientizarem cada vez mais do péssimo ator que se chama Mario Bergóglio…
    Cara de choro, Missa numa sala do Vaticano, não na Basílica, para dizer que principalmente ele estava com vergonha, mas, nenhuma palavra sobre a verdadeira praga, chaga, peste, que se chama cultura lgbt que assolou e assola a Igreja….
    “Quem sou eu para julgar”, ou seja, aja como quiser, pratique os atos homossexuais, Deus é misericordioso….VERGONHA….UM PAPA EMPURRANDO AS PESSOAS PRO ABISMO….
    DEUS NOS DEFENDA, SENHOR!!!!
    Num Colégio de mais de 200 cardeias, só dois, só doisssssss, enfrentaram o circo armado em Roma…
    Mais isso já se tornou “normal” nesse trágico e mau e desastroso pontificado Bergogliano…
    E como foi dito no artigo esses cardeais, e tem muito mais, saíram mais fortes, até é melhor que Bergóglio os ignore e acolha os tipos Humes da vida, verdadeiros camaleões que vivem bajulando o chefe deles, AFINAL FORAM ELES QUE O ELEGERAM…
    Com Deus não se brinca, muito menos com a Mãe dele…
    Quando vemos que a Igreja passou pelas mãos de um Alexandre VI e não pereceu, ficamos tranquilos, apesar de tristes pela humilhação a que está sendo submetida…
    Mas se o seu FUNDADOR foi muito mais, muito maisssss humilhado, que podemos reclamar?
    Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!!!!!!!!!

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  4. Está vendo, Fratres, o que eu modestamente escrevi na caixa de comentário alhures!! Devagar com o andor, pois o santo é de barro!! Cuidado com aquilo que se chancela, no afã de desqualificar o Papa. Francisco tem muitos e variados erros em seu Pontificado, mas atacá-lo de qualquer forma, atribuindo-lhe culpas imaginárias e delírios fantasiosos, pode acabar abrindo as portas para os piores inimigos da Igreja. Vamos com calma!!! Francisco é o Papa, escolhido legitimamente, não é o Diabo.

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  5. Ele diz que os homofóbicos na verdade são homossexuais. Então , por essa lógica, um homossexual que faz tanto esforço pra que a homossexualidade seja aprovada pela sociedade , abençoada pela religião , aceita com orgulho por todos, e que deseja que os que lhe são contrários sejam execrados, excluídos e neutralizados, então essa pessoa na verdade está escondendo um profundo nojo e aversão que sente de si mesma, e quer abafá-lo com a aprovação do mundo inteiro. Mas não adianta, porque se sobrar um, um só , um único ser humano que o condene, alí estará a voz da própria consciência.

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    1. Este tipo de argumento é absurdo. É a mesma coisa que dizer que as pessoas que não gostam de homicidas são homicidas também, as pessoas que não gostam de ladrões são ladrões também e por aí vai.

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  6. Um “pasquim” nojento, pelos vistos. A grande media já está em acção a fazer a propaganda.
    Costumo receber, em meu e-mail o Essencial das notícias da RTP. Quase nunca se fala da Igreja. Mas desta vez vejam parte do Sumário:
    “O Papa Francisco está acossado no Vaticano por uma maioria de cardeais homossexuais. Uma convicção manifestada por Frédéric Martel, autor do livro “No armário do Vaticano” que agora tem edição portuguesa. De passagem por Portugal e em entrevista à Antena 1, Frédéric Martel dá o exemplo do cardeal George Pell, recentemente condenado na Austrália por abuso de menores. Uma entrevista ao escritor e jornalista francês que fez uma investigação de quatro anos sobre a homossexualidade no Vaticano que pode ouvir na integra na edição desta semana do programa Visão Global, no domingo ao meio-dia.”
    Viram?! Isto interessa, aos media, porque?!

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