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Londres, Solenidade de Corpus Christi, 20 de junho de 2019: O Cardeal nigeriano Francis Arinze, Prefeito Emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, celebra uma Santa Missa Solene no rito tradicional. Em seu tempo de responsável pela liturgia sob João Paulo II, não se pode dizer que Arinze era um grande entusiasta da Missa de Sempre. No entanto, este é o grande “milagre” de Francisco: mover cardeais a tomar posições mais contundentes, em resposta ao caos implementado pelo pontificado bergogliano.

Herético e apóstata. Cardeal Brandmüller excomunga o sínodo da Amazônia.

Por Sandro Magister, 27 de junho de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com – Desde que veio a público em 17 de junho, o documento base – ou “Instrumentum laboris” – do sínodo amazônico teve muitas reações críticas devido à anomalia de sua implantação e suas propostas, comparadas a todos os sínodos que o precederam. 

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Mas a partir de hoje tem mais. Quem está acusando o documento de heresias e apostasia é um cardeal, o alemão Walter Brandmüller, de 90 anos, historiador da Igreja, presidente do Pontifício Comitê de Ciências Históricas de 1998 a 2009 e co-autor, em 2016, do famoso “dubia” sobre a interpretação e aplicação de “Amoris laetitia”, que o Papa Francisco sempre se recusou a responder.

Aqui está o seu “J’accuse”, tornado público hoje, dia 27 de junho, em todo o mundo e em vários idiomas.

Na Kath.net o texto original em alemão: “> Eine Kritik des “Instrumentum Laboris” für die Amazonas-Synode

Uma crítica ao “Instrumentum laboris” para o sínodo da Amazônia

de Walter Brandmüller

Introdução

De fato, pode causar espanto que, em contraste com as assembleias anteriores, desta vez o sínodo dos bispos se ocupe exclusivamente de uma região da terra cuja população é apenas a metade daquela da Cidade do México, ou seja, 4 milhões. Isto também causa suspeita no tocante às verdadeiras intenções que alguns gostariam de ver implementadas sub-repticiamente. Mas, acima de tudo, devemos nos perguntar quais são os conceitos de religião, de cristianismo e de Igreja que são a base do recém-publicado “Instrumentum laboris”. Tudo isso será examinado com o apoio de elementos individuais do texto.

Por que um sínodo nessa região?

Para começar, precisamos nos perguntar por que um sínodo de bispos deveria tratar de temas que — como é o caso de três quartos do “Instrumentum laboris” — têm só marginalmente algo relacionado com os Evangelhos e a Igreja. Obviamente, que a partir deste sínodo de bispos, realiza-se uma intromissão agressiva em assuntos puramente mundanos do Estado e da sociedade do Brasil. Há que se perguntar: o que a ecologia, a economia e a política têm a ver com o mandato e a missão da Igreja?

E acima de tudo: que competência profissional e autoridade tem um sínodo eclesial de bispos para emitir declarações nesses campos?

Se o sínodo dos bispos realmente o fizesse, isso constituiria uma invasão e uma presunção clerical, que as autoridades estatais teriam todo motivos para repelir.

Sobre as religiões naturais e a inculturação

Há outro elemento a se levar em conta, que é encontrado em todo o “Instrumentum laboris”: vale dizer, a avaliação muito positiva das religiões naturais, incluindo práticas curativas indígenas e similares, bem como práticas e formas de cultos mítico-religiosos. No contexto do chamado à harmonia com a natureza, fala-se até de diálogo com os espíritos (nº 75).

Não é apenas o ideal do “bom selvagem” esboçado por Rousseau e pelo Iluminismo, que aqui é comparado com o decadente homem europeu. Essa linha de pensamento vai além, até o século XX, culminando com uma idolatria panteísta da natureza.

Hermann Claudius (1913) criou o hino do movimento operário socialista: “Quando andamos lado a lado …”, e numa estrofe se lê: “Verde das bétulas e verde das sementes, que a velha Mãe Terra semeia com as mãos cheias, com um gesto de súplica para que o homem se torne seu … “. Vale notar que este texto foi posteriormente copiado no livro de cânticos da Juventude Hitlerista, provavelmente porque correspondia ao mito do “sangue e solo” nacional-socialista. Esta proximidade ideológica deve ser enfatizada: esta rejeição anti-racional da cultura “ocidental” que sublinha a importância da razão, é típica do “Instrumentum laboris”, que fala respectivamente da “Mãe Terra” no n. 44 e do “grito da terra e dos pobres” no n.101.

Consequentemente, o território – isto é, as florestas da região amazônica – pasmem, vem até declarado como um “locus theologicus”, uma fonte especial de revelação divina. Nela haveria lugares de uma epifania em que se manifestam as reservas de vida e sabedoria do planeta e que falam de Deus (nº 19). Além disso, a conseqüente regressão do Logos ao Mythos é elevada a um critério do que o “Instrumentum laboris” chama de inculturação da Igreja. O resultado é uma religião natural com uma máscara cristã.

A noção de inculturação é aqui virtualmente distorcida, pois na verdade significa o oposto do que a Comissão Teológica Internacional havia apresentado em 1988 e diferente do que havia ensinado anteriormente o decreto “Ad Gentes” do Concílio Vaticano II, sobre a atividade missionária da Igreja. 

Sobre a abolição do celibato e a introdução de uma sacerdócio feminino

É impossível esconder o fato de que esse “sínodo” visa particularmente implementar dois dos projetos mais ambicionados e que nunca foram implementados até agora: a abolição do celibato e a introdução de um sacerdócio feminino, a começar por mulheres diáconas. Em todo caso, trata-se de “levar em conta o papel central que as mulheres desempenham hoje na Igreja da Amazônia” (nº 129 a3). E da mesma forma, é uma questão de “abrir novos espaços para se recriar os ministérios adequados a este momento histórico. Chegou a hora de ouvir a voz da Amazônia … “(n. 43).

Mas aqui se omite o fato de que, conclusivamente, até mesmo João Paulo II já havia afirmado, com a mais alta autoridade magisterial, que não está no poder da Igreja administrar o sacramento da ordem às mulheres. De fato, em dois mil anos, a Igreja nunca administrou o sacramento da ordem a uma mulher. O pedido que se coloca em oposição direta a este fato mostra que a palavra “Igreja” é agora usada exclusivamente como termo sociológico pelos autores do “Instrumentum laboris”, implicitamente negando o caráter sacramental-hierárquico da Igreja.

Sobre a negação do caráter hierárquico-sacramental da Igreja

De maneira semelhante – embora com expressões bastante passageiras – o n. 127 contém um ataque direto à constituição hierárquico-sacramental da Igreja, quando se pergunta se não seria oportuno “reconsiderar a idéia de que o exercício da jurisdição (poder do governo) deve estar conectado em todas as áreas (sacramental, judicial, administrativo) e de maneira permanente ao sacramento da ordem”. É a partir dessa visão tão errada que surge no n. 129, o pedido para se criar novos ofícios que correspondam às necessidades dos povos amazônicos.

Todavia, é no campo da liturgia e do culto, no qual a ideologia de uma inculturação falsamente entendida encontra sua expressão de maneira particularmente espetacular. Aqui, algumas formas das religiões naturais são assumidas positivamente. O “Instrumentum laboris” (n. 126) não se retrai em  pedir que “os povos pobres e simples” possam expressar “a sua (!) Fé através de imagens, símbolos, tradições, ritos e outros sacramentos (!!)” .

Isto certamente não corresponde aos preceitos da constituição “Sacrosanctum Concilium” e nem aos do decreto “Ad gentes” sobre a atividade missionária da Igreja, e mostra uma compreensão puramente horizontal da liturgia.

Conclusão

“Summa summarum”: o “Instrumentum laboris” faz pesar sobre o sínodo dos bispos e, definitivamente, sobre o próprio papa uma violação grave do “Depositum Fidei”, que significa como consequência, a autodestruição da Igreja ou a transformação do “Corpus Christi Mysticum” em uma espécie de ONG secular com um papel ecológico-social-psicológico.

Depois dessas observações, naturalmente, abrem-se outras questões: pode-se encontrar aqui, especialmente no que diz respeito à estrutura hierárquica sacramental da Igreja, uma ruptura decisiva com a Tradição Apostólica como constitutiva da Igreja, ou melhor, os autores têm noção do desenvolvimento da doutrina que está sendo teologicamente substituído, a fim de justificar as rupturas acima mencionadas?

Este parece ser realmente o caso. Estamos testemunhando uma nova forma do Modernismo clássico do início do século XX. Na época, deu-se início a uma abordagem decididamente evolucionista e depois foi apoiada a idéia de que, no curso do contínuo desenvolvimento do homem a níveis mais elevados, seriam encontrados igualmente níveis mais elevados de consciência e cultura, o que significaria que o que era falso ontem poderia ser verdade hoje. Essa dinâmica evolutiva também foi aplicada à religião, isto é, à consciência religiosa com suas manifestações na doutrina, no culto e, naturalmente, também na moralidade.

Mas aqui, então, pressupõe-se uma compreensão do desenvolvimento do dogma que é claramente oposto ao entendimento católico genuíno. Este último compreende o desenvolvimento do dogma e da Igreja não como uma mudança, mas sim como um desenvolvimento orgânico de um assunto que permanece fiel à sua identidade.

É isso que os Concílios Vaticano I e II nos ensinam em suas constituições “Dei Filius”, “Lumen Gentium” e “Dei Verbum”.

Portanto, deve ser dito hoje com força que o “Instrumentum laboris” contradiz o ensinamento vinculante da Igreja em pontos decisivos e, portanto, deve ser qualificado como um documento herético. Dado que mesmo o fato da revelação divina é aqui questionado, ou mal entendido, deve-se também falar, que além disso, é apóstata.

Isto é ainda mais justificado à luz do fato de que o “Instrumentum laboris” usa uma noção puramente imanentista da religião e considera a religião como o resultado e a forma de expressão da experiência espiritual pessoal do homem. O uso de palavras e noções cristãs não consegue esconder que elas são simplesmente usadas como palavras vazias, independentemente do seu significado original.

O “Instrumentum laboris” para o sínodo da Amazônia constitui um ataque aos fundamentos da fé, de uma forma que até hoje não foi considerado possível. E, portanto, deve ser rejeitado com a máxima firmeza.

Assim agem os lobos.

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Do vaticanista do National Catholic Register, Edward Pentin: “Um encontro secreto para discutir estratégias para o próximo Sínodo da Amazônia, envolvendo majoritariamente prelados e intelectuais de língua alemã, ocorreu hoje em um mosteiro em Roma. Os Cardeais Hummes, Baldisseri, Kasper, Schönborn participaram, juntamente com os bispos Krautler, Overbeck de Essen. Mais informações em breve”

O erro fatal de Francisco, o Papa que foi longe demais.

Por FratresInUnum.com, 24 de junho de 2019 — Foi por causa de um avanço imprudente que se deu a derrota do exército de Napoleão Bonaparte, em Waterloo, em 1815. Um dos maiores gênios da arte da guerra foi vencido por causa de um aparente progresso.

Nestes dias, o Papa Francisco deu um passo importantíssimo para a sua tentativa de reformar (ou deformar) a Igreja Católica. Como noticiamos, a Secretaria Geral do Sínodo dos bispos publicou o Instrumentum laboris, o texto fundamental de trabalho, construído mediante consultas cuidadosamente pilotadas pelo cardeal brasileiro Claudio Hummes.

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O texto apresenta a proposta da ordenação de homens casados, mais velhos e índios; sugere a criação de uma nova liturgia que incorpore os elementos indígenas; louva a atuação das Igrejas protestantes na Amazônia e auspicia a invenção de novos ministérios para as mulheres. É o recrutamento da Igreja nas fileiras da revolução tribalista!

A proposta pode parecer caótica, mas obedece a um plano de governo muito bem delineado em Evangelii gaudium, aplicado em Amoris Laetitia e Laudato si, os documentos principais do papa argentino, e agora concretizado num experimento concreto: o sínodo pan-amazônico.

Se as mudanças de Francisco em Vos estis lux mundi e em Sicut mater amabilis colocaram toda a responsabilidade pelos abusos sexuais do clero nas costas dos bispos, o que não foi desapercebido e deixou muitos deles para lá de preocupados, agora, o “avanço” do Papa Bergoglio deixou desconcertados os fieis.

A mídia não tardou em noticiar que o Vaticano está para decidir sobre a ordenação de homens casados e, de repente, muita gente despertou para o fato de que o bispo de Roma está indo “longe demais”.

No caso de Napoleão, a derrota consistiu no exílio na Ilha de Santa Helena, onde morreu em 1821. No caso de Francisco, a derrota não seria nada menos que a perda completa da credibilidade por parte do povo e do clero, pois, embora supremo, o poder do papa não é absoluto. De fato, não pode governar um soberano cuja autoridade seja ignorada. Seria como se, ao posto de um monarca, estivesse um mero ator, cuja encenação fosse encerrada pela desistência do público.

A Providência Divina age por caminhos muito mais altos do que os nossos e, neste sentido, podemos estar diante de uma genuína ação de Deus: um papa que não renunciasse, mas que fosse “renunciado” pela própria imposição dos fatos, exatamente como o rei Saul, quando a unção lhe foi retirada, pois a autoridade já estava sobre o rei Davi.

Um papa não pode usar do poder que tem contra a finalidade para a qual ele foi instituído, nem pode governar contra um povo do qual deveria ser pai. Esta é justamente a diferença entre uma legítima autoridade e uma tirania.

Os bispos e cardeais nunca agirão de motu proprio, mas apenas o farão forçados pelo povo, do qual sua subsistência concreta depende. Aliás, o abuso de poder de Francisco em relação aos bispos e cardeais é enorme: aos primeiros, tratou como coroinhas removíveis de seus ofícios com um decreto; e aos segundos, simplesmente há anos não recebe em colégio, recusando-se a tratá-los como o que são, o senado do romano pontífice.

Temos um papa que manipula as estruturas da Igreja em benefício de suas reformas, completamente à revelia do povo católico, sob o disfarce de uma sinodalidade fingida, tão fingida quanto a sua paternidade sobre a cristandade, à qual não cessa de esforçar-se por transformar em um inferno.

No final das contas, ele mesmo pode se colocar em um inferno, exilando-se voluntariamente num isolamento institucional absurdo, em uma ilha em que terminará por se destruir por completo, sendo que toda a Igreja seguirá um caminho completamente oposto.

Se a lei suprema da Igreja é a salvação das almas, Deus que a instituiu para isso decerto se servirá de todos os recursos para recuperar para si o povo que Francisco tentou cooptar, desviando-o para uma religião totalmente inventada, que perdeu completamente a identidade histórica com o que um dia já foi.

Alguém dizia que Deus permite ao diabo agir com a única condição de que não esconda o rabo. Pois bem… O povo já começou a ver o rabo e, daí, concluirá facilmente onde está o diabo. Há avanços que são apenas o começo do fim e, em nosso caso, temos um papa que já foi longe demais.

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PEQUIM, 15 Jun. 19 / 06:00 am (ACI).- As autoridades da China proibiram o funeral público e o enterro em um cemitério católico do Bispo de Tianjin, Dom Stefano Li Side, que morreu em 8 de junho, aos 92 anos, em prisão domiciliar.

Dom Li Side sempre foi fiel à Santa Sé e, por isso, foi preso várias vezes, 17 anos em campos de trabalhos forçados e exilado em um povoado em prisão domiciliar desde 1992.

Segundo informa ‘Asia News’, a Associação Patriótica Católica, o organismo do governo chinês para o controle da Igreja no país, e à qual Dom Li “sempre se recusou a pertencer, proíbe enterrar seus restos mortais em um cemitério católico”.

Um católico local disse a ‘AsiaNews’ que “o governo local é muito mais civilizado do que a Associação Patriótica”, que ordenou que o bispo não tivesse o seu funeral na Catedral de São José (Xikai), em Tianjin. Os sacerdotes que quiseram se despedir, tiveram apenas dez minutos para rezar diante de seus restos e não puderam estar na Missa de exéquias.

Sua vida

Dom Esteban Li Side nasceu em 3 de outubro de 1927, em Zunhua (Tangshan, Hebei), em uma família católica com uma longa tradição. Passou nove anos em seminários menores, estudou no Seminário Maior de Wen Sheng, em Pequim, e foi ordenado sacerdote em 10 de julho de 1955.

Assim que se instituiu a Associação Patriótica para controlar a Igreja, Pe. Li foi preso em 1958. Foi libertado em 16 de fevereiro de 1962 e retomou o seu serviço na Catedral de São José, em Tianjin. Foi preso novamente em 1963 e, até 1980, cumpriu uma sentença em campos de trabalhos forçados.

Em 15 de junho de 1982, foi ordenado em segredo como Bispo de Tianjin, mas não foi reconhecido pelo governo comunista. Em 1989, foi preso pela terceira vez depois de participar da Assembleia da Conferência Episcopal Chinesa que reivindicou ao regime maior liberdade religiosa.

Em 1991, foi libertado e retornou à Catedral de São José em Tianjin. Em 1992, as autoridades o forçaram a ir para o povoado de Liang Zhuang Zi, em meio às montanhas, onde permaneceu em prisão domiciliar até sua morte.

Desde 1992, o governo chinês tentou instituir como bispo oficial de Tianjin Dom José Shi Hongchen, que vinha da Igreja subterrânea ou clandestina e foi ordenado Bispo Auxiliar por Dom Li em 1982; entretanto, Dom Shi Hongchen morreu em 2006.

Desde 2007, a maioria dos sacerdotes da Igreja oficial expressou sua obediência a Dom Li Side. A Igreja de Tianjin tem um Bispo Coadjutor (subterrâneo), Dom Melchor Shi Hongzhen, de 92 anos, que também está em prisão domiciliar em uma cidade montanhosa na região.

A Diocese de Tianjin tem cerca de 100 mil fiéis que são atendidos por 40 sacerdotes oficiais e 20 não oficiais ou subterrâneos.

A situação dos católicos na China

Em abril de 2019, Pe. Bernardo Cervellera, especialista em Igreja Católica na China e editor da agência de notícias ‘Asia News’ informou que, “em muitas dioceses, a Associação Patriótica e o Departamento de Assuntos Religiosos continuam exigindo que todos os sacerdotes se inscrevam na associação e mantenham a ‘Igreja independente’. A este respeito, o Vaticano manifestou uma tímida reserva em uma entrevista do Cardeal Fernando Filoni concedida ao (jornal do Vaticano) L’Osservatore Romano, destacando que a pertença à Associação segundo lei chinesa deveria ser facultativa”.

Na China existe a Associação Católica Patriótica Chinesa, controlada pelo governo, e a Igreja clandestina ou subterrânea, que sempre permaneceu fiel à Santa Sé.

Na prática, afirma Pe. Cervellera, ao invés de “reconciliação” entre a Associação Patriótica e a Igreja clandestina ou subterrânea, com o acordo entre a China e o Vaticano, “há uma grande pressão sobre a comunidade subterrânea com forte interferência na vida da Igreja”.

O Acordo Provisório

Em 22 de setembro de 2018, o Vaticano anunciou a assinatura do Acordo Provisório com a China para a nomeação de bispos.

Alguns manifestaram oposição ao acordo, como o Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen Ze Kiun, que em um artigo publicado em ‘The New York Times’, em 24 de outubro, escreveu: “Aos Bispos e sacerdotes clandestinos (fiéis) da China, só posso dizer-lhes isto: por favor, não comecem uma revolução. Eles (as autoridades) tomam suas igrejas? Já não podem mais celebrar? Vão para casa e rezem com suas famílias (…) Esperem por tempos melhores. Voltem para as catacumbas. O comunismo não é eterno”.

A bordo do avião no regresso de sua viagem à Letônia, Lituânia e Estônia no final de setembro do ano passado, o Papa Francisco disse aos jornalistas: “Eu sou responsável” pelo acordo.

Sobre os bispos que não estavam em comunhão com a Igreja até antes do acordo, como Dom Guo Jincai que participou do Sínodo dos jovens, Francisco disse que “foram estudados caso por caso. Para cada bispo fizeram um expediente e estes expedientes chegaram à minha escrivaninha. E eu fui o responsável por assinar cada caso dos bispos”.

Sobre o acordo, Francisco indicou que “a coisa é feita em diálogo, mas nomeia Roma, nomeia o Papa. Isso está claro. E rezamos pelos sofrimentos de alguns que não entendem ou que têm nas costas muitos anos de clandestinidade”.

Em 26 de setembro de 2018, o Pontífice dirigiu uma mensagem aos católicos da China e à Igreja universal, na qual solicitou “gestos concretos e visíveis” aos bispos que foram retirados da excomunhão.

O Sínodo a serviço da agenda neopagã.

Por José Antonio Ureta | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com

O jornalista Edward Pentin, do National Catholic Register, solicitou amavelmente minhas primeiras impressões sobre o Instrumentum laboris para a próxima Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, divulgado ontem. Eu o faço com muito gosto, como editorial para este observatório.

Em minha opinião, o Instrumentum laboris representa a abertura de par em par das portas do Magistério à Teologia Indígena e à Ecoteologia, dois derivados latino-americanos da Teologia da Libertação, cujos corifeus, após o desmantelamento da URSS e do fracasso do “socialismo real”, atribuíram aos povos indígenas e à natureza o papel histórico de força revolucionária, em clave marxista.

Tal como a Teologia da Libertação, o Instrumentum laboris toma como base de suas elucubrações não a Revelação de Deus contida na Bíblia e na Tradição, mas a realidade da suposta “opressão” a que estaria sujeita a Amazônia, que de simples área geográfica e cultural passa a ser “interlocutor privilegiado”, “lugar teológico”, “lugar epifânico” e “fonte de revelação de Deus” (números 12, 18 e 19).

Do ponto de vista teológico, o Instrumentum laboris não só recomenda o ensino da Teologia Indígena “em todas as instituições educativas” com vistas a “uma melhor e maior compreensão da espiritualidade indígena” e para que “sejam tomados em consideração os mitos, tradições, símbolos, ritos e celebrações originais” (nº 98), como repete ao longo do documento todos os seus postulados. Ou seja, que as “sementes do Verbo” não apenas estão presentes nas crenças ancestrais dos povos aborígenes, mas que já “cresceram e deram frutos” (nº 120), pelo que a Igreja, em lugar da evangelização tradicional que procura convertê-los, deve se limitar a “dialogar” com eles, uma vez que “o sujeito ativo da inculturação são os mesmos povos indígenas” (nº 122).

 Nesse diálogo intercultural, a Igreja deve também enriquecer-se com elementos claramente pagãos e/ou panteístas de tais crenças, como “a fé em Deus-Pai-Mãe Criador”, as “relações com os antepassados”, a “comunhão e harmonia com a terra” (nº 121) e a conectividade com “as diferentes forças espirituais” (nº 13). Nem sequer o curandeirismo fica à margem de tal “enriquecimento”. Segundo o documento, “a riqueza da flora e da fauna da selva contém verdadeiras ‘farmacopeias vivas’ e princípios genéticos inexplorados” (nº 86). Nesse contexto, “os rituais e cerimônias indígenas são essenciais à saúde integral, pois integram os diferentes ciclos da vida humana e da natureza. Criam harmonia e equilíbrio entre os seres humanos e o cosmos. Protegem a vida contra os males que podem ser provocados tanto por seres humanos como por outros seres vivos. Ajudam a curar as enfermidades que prejudicam o meio ambiente, a vida humana e outros seres vivos” (nº 87).

No plano eclesiológico, o Instrumentum laboris é um verdadeiro terremoto para a estrutura hierárquica que a Igreja possui por mandato divino. Em nome da “encarnação” na cultura amazônica, o documento convida a reconsiderar “a ideia de que o exercício da jurisdição (poder de governo) deve estar vinculado em todos os âmbitos (sacramental, judicial, administrativo) e de forma permanente ao sacramento da ordem” (nº 127). É inconcebível que o documento de trabalho de um Sínodo possa questionar uma doutrina de fé, como é a distinção, na estrutura da Igreja, entre clérigos e leigos, afirmada desde o Primeiro Concílio de Niceia e baseada na diferença essencial entre o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial dos clérigos, dotado de um poder sagrado que tem sua raiz na sucessão apostólica. Insere-se nessa diluição do sacerdote católico em algo similar a um pastor protestante o apelo para se reconsiderar a obrigatoriedade do celibato (nº 129 § 2) e, mais ainda, o pedido de identificar que tipo de “ministério oficial” pode ser conferido à mulher (§ 3). O Cardeal Joseph-Albert Malula, do Zaire, e Dom Samuel Ruiz, de Chiapas, devem estar se agitando no túmulo ao verem que os projetos que procuraram implementar (e que foram rapidamente interrompidos pela Santa Sé) estão sendo agora propostos em um Sínodo que,  segundo seus organizadores, tem valor universal.

Do ponto de vista ecológico, o Instrumentum laboris representa a aceitação pela Igreja da divinização da natureza promovida pelas conferências da ONU sobre o meio ambiente.

Com efeito, já em 1972, em Estocolmo, seus registros oficiais diziam que o homem administrou mal os recursos naturais principalmente devido a “uma determinada concepção filosófica do mundo”. Enquanto as “teorias panteístas […] atribuíam aos seres vivos uma parte da divindade […], as descobertas da ciência conduziram […] a uma espécie de dessacralização dos seres naturais”, que haure a sua melhor justificação “nas concepções judaico-cristãs, segundo as quais Deus teria criado o homem à sua imagem e lhe dado a terra para que a submeta”. Pelo contrário, dizia a ONU, as práticas dos cultos aos ancestrais “constituíam um baluarte para o meio ambiente, na medida em que as árvores ou cursos d’água eram protegidos e venerados como a reencarnação dos ancestrais” (Aspects éducatifs, sociaux et culturels des problèmes de l’environnement et questions d’information, ONU, Assembleia Geral de Estocolmo, 5-6 de junho de 1972, A / CONF. 48.9, pp. 8 e 9).

E no discurso de encerramento da Eco92, no Rio de Janeiro, o secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, declarou que “para os antigos, o Nilo era um deus venerável, assim como o Reno, fonte infinita de Mitos europeus, ou a selva amazônica, mãe de todas as selvas. Em todos os lugares, a natureza era a morada das divindades. Elas conferiram à selva, ao deserto, à montanha, uma personalidade que impunha adoração e respeito. A terra tinha uma alma. Reencontrá-la, ressuscitá-la, tal é a essência da [Conferência Intergovernamental] de Rio “(A / CONF.151 / 26, vol. IV, p. 76).

Essa agenda neopagã da ONU é agora reproposta por uma Assembleia Sinodal da Igreja Católica!

O Instrumentum laboris, citando um documento da Bolívia, afirma que “a selva não é um recurso para explorar, é um ser ou vários seres com quem se relacionar” (nº 23), e prossegue afirmando que “a vida das comunidades amazônicas ainda não afetadas pelo influxo da civilização ocidental [sic!] se reflete na crença e nos ritos sobre a ação dos espíritos, da divindade – chamada de múltiplas maneiras – com e no território, com e em relação à natureza. Essa cosmovisão se reflete no ‘mantra’ de Francisco: ‘tudo está conectado’” (n ° 25).

Do ponto de vista econômico-social, o Instrumentum Laboris é uma apologia do comunismo, disfarçado de “comunitarismo”. E da pior forma de comunismo, que é o coletivismo das pequenas comunidades. Com efeito, segundo o documento, o projeto de “bem viver” dos aborígenes (sumak kawsay) supõe “que haja uma intercomunicação entre todo o cosmos, onde não há excludentes nem excluídos”. A nota explicativa da expressão indígena remete para uma declaração de várias entidades indígenas, intitulada “O grito do sumak kawsay na Amazônia”, a qual afirma que dita expressão “é uma Palavra mais antiga e atual” (com “P” maiúsculo no texto, isto é, uma revelação divina) que propõe “um estilo de vida comunitária com o mesmo SENTIR, PENSAR e AGIR” (as maiúsculas são do texto).

Essa frase nos recorda a denúncia feita por Plinio Corrêa de Oliveira em 1976 do tribalismo indígena como sendo uma etapa nova ainda mais radical da Revolução anárquica: “O estruturalismo vê na vida tribal uma síntese ilusória entre o auge da liberdade individual e do coletivismo consentido, na qual este último acaba por devorar a liberdade. Em tal coletivismo, os vários ‘eus’ ou as pessoas individuais, com sua inteligência, sua vontade e sua sensibilidade, e conseqüentemente seus modos de ser, característicos e conflitantes, se fundem e se dissolvem na personalidade coletiva da tribo geradora de um pensar, de um querer, de um estilo de ser densamente comuns ” (Revolução e Contra-Revolução, Parte III, cap. III, item 2 “IV Revolução e tribalismo: uma eventualidade”).

O que o Instrumentum laboris em definitiva propõe é um convite para que a humanidade dê o último passo rumo ao abismo da Revolução anticristã: o anarco-primitivismo de John Zerzan e do terrorista Unabomber.

Atualização sobre Gercione Lima.

Nossa querida colaboradora Gercione Lima envia atualizações sobre o seu estado de saúde. Continuemos rezando incessantemente!

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Olá caros amigos!

Em novembro de 2018, o estudo clínico do qual eu participava há mais ou menos um ano e meio, parou de funcionar para mim. No giro de dois meses eu sofri uma “mega metástase”. Meu índice tumoral subiu assustadoramente e eu fui colocada em outro “clinical trial”, dessa vez com Imunoterapia. A Imunoterapia tem dado resultados positivos em outros tipos de câncer, como de pulmão. Mas até agora tem se revelado um fracasso para o câncer de ovário.

Para vocês terem uma idéia, esse “clínical trial” teve que ser cancelado devido aos terríveis efeitos colaterais para a maioria das participantes. No meu caso, ele reativou o vírus da catapora ( que eu tive quando era pequena) e me deu um caso sério de “herpes-zoster”. Extremamente dolorido e inconveniente. Como consequência, tive que parar todo e qualquer tratamento quimioterápico até resolver primeiro o problema do herpes-zoster. Dezembro de 2018 definitivamente não foi um mês bom pra mim.

Em janeiro, meu marcador tumoral CA125 chegou a 6700, quando o normal seria abaixo de 35. A essa altura, a quantidade de nódulos sobre os meus intestinos formaram uma massa que ameaçava obstrução intestinal. Fui colocada numa dieta rigorosa a base de líquidos e comida pastosa. Vegetais apenas cozidos e batidos no liquidificador, apenas carnes brancas como peixe e peito de frango. Total proibição para alimentos fribosos, nozes, castanhas…etc.

A equipe oncológica então se reuniu para traçar um plano de ação. Resolveram testar uma velha quimioterapia a base de Cisplatina, porque diante do meu caso crítico, as outras opções não pareciam seguras. Comecei esse tratamento em Janeiro desse ano sem nenhuma convicção, já que ele também havia se revelado um fracasso para pelo menos três mulheres que faziam tratamento comigo e faleceram em Dezembro.

Mas o bom Deus ouviu as orações de todos aqueles que nunca deixaram de rezar por mim! A única convicção que eu tenho em relação aos tratamentos de câncer é que é Deus que faz com que eles funcionem. É Deus que move a roda da Providência e faz com que as coisas andem.

Logo depois da minha primeira sessão de quimioterapia com Cisplatina, o índice tumoral caiu de 6700 para 3500!! Chorei de emoção! Após a segunda sessão, caiu de 3500 para 900 e depois da terceira, de 900 para 400. Em seguida, as quedas começaram a ser menores, de 400 para 300 e agora está em 200.

Minha última tomografia mostrou que restam dois nódulos de menos de 1cm e daquela enorme massa sobre meus intestinos, restou apenas 3cm. O problema é que a Cisplatina é extremamente tóxica para os rins e geralmente eles não gostam de dar mais que 6 sessões. Hoje estou indo para a minha oitava sessão sem nenhuma garantia de que vai funcionar porque após a sexta sessão é muito comum que o câncer se torne resistente à droga.

O que eu posso dizer é que muita coisa melhorou, a neuropatia diminuiu, as dores também e a dieta suspensa. Estou podendo me alimentar melhor. Mas a preocupação permanece porque o tipo de câncer de ovário que eu tenho é extremamente agressivo. O que virá após a Cisplatina? Como meu corpo vai reagir? No momento, estamos no início do verão canadense, o que facilita maior absorção de vitamina D que é extremamente importante. Meu cabelo voltou a crescer porque não estou mais tomando quimioterapia à base de Taxol. Mas a luta continua! Continuem orando por mim para que o bom Deus tenha misericórdia e a Divina Providência nunca venha me faltar.

Abraços a todos

Gercione

Rumo ao cisma. Lançado o documento preparatório do Sínodo da Amazônia.

Por FratresInUnum.com, 17 de junho de 2019 – Aconteceu! Exatamente como alertamos desde o início — estes posts de 2014, um único ano após a eleição de Francisco, impressionam e já indicavam o percurso que eles percorreram fielmente (1, 2, 3 e 4)!

O Papa Francisco não está brincando. Ele realmente quer destruir o catolicismo tal como se conhece atualmente e gestar uma nova religião a partir da estrutura da Igreja Católica. O documento preparatório do Sínodo da Amazônia não deixa margens para dúvida.

instrumentum laboris amazoniaEmbora o que chame imediatamente a atenção seja a solicitação de novas formas de ministério para a Igreja da Amazônia, a raiz da questão é muito mais profunda. O nº 129 do Instrumentum Laboris, de fato, diz que “afirmando que o celibato é uma dádiva para a Igreja, pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã”. Trata-se da velha requisição de que se ordene homens casados.

Mas, ufa! Segundo o nosso super ortodoxo ex-núncio, Cardeal Lorenzo Baldisseri, não se trata de um prelúdio do fim: “Tudo que é doutrina permanece intacto. O resto pode-se estudar ou inventar”.

Inventar! Nisso eles são realmente pródigos.

Pois, um pouco antes, no nº. 126, o documento afirma que “constata-se a necessidade de um processo de discernimento em relação aos ritos, símbolos e estilos celebrativos das culturas indígenas em contato com a natureza, os quais devem ser assumidos no ritual litúrgico e sacramental. É necessário prestar atenção para captar o verdadeiro sentido do símbolo que transcende o meramente estético e folclórico, concretamente na iniciação cristã e no matrimônio. Sugere-se que as celebrações sejam festivas, com suas próprias músicas e danças, em línguas e com trajes originários, em comunhão com a natureza e com a comunidade. Uma liturgia que corresponda à sua própria cultura, para poder ser fonte e ápice de sua vida cristã, e ligada às suas lutas, sofrimentos e alegrias”.

A doutrina permanece intacta! O que faremos é apenas uma releitura dela, ressignificando-a completamente a ponto de se inventar uma nova religião. Afinal, não é o que o nº. 138 aprecia nos protestantes que atuam na Amazônia? Para os redatores deste documento naturalista, as seitas “nos mostram outro modo de ser Igreja, onde o povo se sente protagonista, onde os fiéis podem expressar-se livremente, sem censuras, dogmatismos, nem disciplinas rituais”.

Vamos inventar!

Como afirmava Dom Claudio Hummes em sua conferência na PUC-SP, eles querem, de fato, gestar uma Igreja com DNA Amazônico, ecologista, multiculturalista, indígena, tribalista! É disso que se trata.

Chega a ser absurdo que o Papa Francisco, embora escondendo-se sob a máscara sinodal, coloque-se tão flagrantemente em desconexão com o sensus fidei do povo católico. A pressa em demolir a Igreja é tão acelerada que já não consegue mais disfarçar uma fachada de catolicismo.

Alguns papas recentes também foram reformistas, mas eles tinham a preocupação de manter ainda aquela aparência católica que tranquilizava a alma das ovelhas enganadas. Agora, não. É sem anestesia, mesmo!

Mas isto é bom! Aliás, é excelente. Precisava ficar cada dia mais claro quem é Jorge Mario Bergoglio. Os cleaners já não conseguem respostas, pois Francisco os desarma totalmente.

Se não houver conversão, e é pelo que rezamos, Francisco precisa mesmo é escancarar ao máximo o seu desvio. O mais importante é a salvação das almas e a restauração da Igreja. E o fato de que toda esta Babel se torna cada dia mais manifesta aos olhos dos simples fieis será a circunstância de que se servirá a Providência para impelir a reação do povo cristão.

Por enquanto, Deus não intervém porque nós não merecemos. Quanta gente preocupada em disfarçar, em fazer de conta que estamos numa primavera! Nosso Senhor fará alguma coisa apenas quando a situação se tornar tão grave que seja indisfarçável, para que fique muito claro o milagre.

Neste ínterim, a estrutura eclesiástica se perverte cada dia com mais força, a fé é dissolvida no paganismo e a Igreja perece no mais inegável mundanismo. Semana passada, por exemplo, um bispo chileno recém-nomeado teve de renunciar não por ter dito uma heresia, mas porque falou coisas politicamente incorretas. A ditadura da opinião prevalece, invicta, sobre o clero moderno.

Até quando os fieis ficarão calados? Até quando assistirão, omissos, o desmonte da sua religião? Os avisos de Fátima são eloquentes! “O dogma da fé” foi o apelo da Virgem. Quem não curvará sua cabeça diante da impostura?

Dom Viganò ao Washington Post: “O Papa Francisco está ocultando deliberadamente as evidências do caso McCarrick”.

Por OnePeterFive, 10 de junho de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com – O arcebispo Carlo Maria Viganò está novamente nos noticiários de hoje, após o lançamento de uma nova entrevista de 8.000 palavras para o Washington Post. De acordo com o Post, a entrevista foi conduzida via e-mail durante um período de dois meses, com o ex-núncio papal nos EUA fornecendo respostas para cerca de 40 perguntas.

Dom Carlo Maria Viganò.
Dom Carlo Maria Viganò.

Aqueles que leram os testemunhos anteriores de Viganò perceberão muitas similaridades na entrevista, mas com maior profundidade. O arcebispo Viganò se recusou a responder perguntas sobre seu status pessoal, que, segundo ele, considera “irrelevante para os sérios problemas que a Igreja enfrenta”.

Ele começa com uma avaliação do Encontro sobre Abuso Sexual realizado em Roma, em fevereiro de 2019, o qual faz eco às preocupações que ele compartilhou com o National Catholic Register antes da abertura do Encontro. 

“Infelizmente”, diz Viganò ao Post, sobre o Encontro, “essa iniciativa acabou se tornando pura ostentação, pois não vimos nenhum sinal de uma disposição genuína de endereçar as causas reais da crise atual”. Ele destacou a falta de credibilidade do cardeal Cupich, que foi escolhido para ser um líder no Encontro, depois dele ter se referido às acusações de Viganò sobre o acobertamento dos abusos sexuais, como uma espécie de  “buraco de coelho”. Ele também lamentou a falta de transparência para com os jornalistas que procuravam informações sobre casos específicos.

Só pra citar um exemplo, o arcebispo [Charles] Scicluna, pego de surpresa com uma pergunta sobre o fato do papa ter acobertado o caso escandaloso do bispo Argentino Gustavo Zanchetta – “Como podemos acreditar que esta é de fato a última vez que vamos ouvir “não mais acobertamentos” quando, no final das contas, o próprio papa Francisco acobertou alguém na Argentina que tinha pornografia gay envolvendo menores? “-  acabou dando esta resposta embaraçosas:” Sobre esse caso, eu não, eu não, você sabe, eu não estou autorizado … ”. A resposta inepta de Scicluna deu a impressão de que ele precisava ser autorizado – o que levanta outra interrogação: autorizado por quem pra dizer a verdade? Alessandro Gisotti, o diretor do escritório interino de imprensa do Vaticano,  interveio rapidamente para assegurar aos repórteres que uma investigação havia sido iniciada e que, uma vez concluída, eles seriam informados dos resultados. É de se questionar se os resultados de uma investigação honesta e minuciosa serão realmente divulgados, e em tempo hábil”.

Viganò observa que um dos problemas-chave do Encontro foi a maneira pela qual “se concentrou exclusivamente no abuso de menores”.

“Esses crimes são de fato os mais horríveis”, acrescenta ele, “mas as recentes crises nos Estados Unidos, no Chile, na Argentina, em Honduras e em outros lugares têm muito mais a ver com abusos cometidos contra jovens adultos, inclusive seminaristas, não apenas nem principalmente contra menores. De fato, se o problema da homossexualidade no sacerdócio fosse honestamente reconhecido e devidamente tratado, o problema do abuso sexual seria muito menos severo ”.

Viganò ataca o papa Francisco, que segundo ele , “não apenas não está fazendo quase nada para punir aqueles que cometeram abusos”, mas também “não está fazendo absolutamente nada para expor e levar à justiça aqueles que, durante décadas, facilitaram e acobertaram os abusadores”.  Ele cita o exemplo do Cardeal Wuerl, que, não obstante as mentiras e acobertamentos dos abusos de “McCarrick e de outros por décadas”, sobre os quais ele só ofereceu “mentiras repetidas e descaradas”  e foi forçado a renunciar em desgraça,  ainda assim foi elogiado pelo papa por sua “nobreza”.

“Que credibilidade o papa ainda tem depois desse tipo de declaração?”, pergunta Viganó.

Sobre a questão da laicização de McCarrick, Viganò questiona por que isso só veio acontecer cinco anos depois que ele passou a informação ao Papa Francisco sobre McCarrick e por que isso só foi feito, “depois de mais de sete meses de silêncio total”, através de um procedimento administrativo e não judicial.

Viganò observa que, devido à natureza do procedimento, McCarrick foi “privado de qualquer oportunidade de recorrer da sentença” e foi privado do devido processo legal. “Ao tornar a sentença definitiva”, acrescenta Viganò, “o papa tornou impossível conduzir qualquer investigação adicional, o que poderia revelar quem na Cúria e em outros lugares sabia dos abusos de McCarrick, quando eles ficaram sabendo e quem o ajudou a ser nomeado arcebispo de Washington e, eventualmente, cardeal. A propósito, notem que os documentos deste caso, cuja publicação foi prometida, nunca foram produzidos ”.

“A linha de fundo”, diz Viganò, “é esta: o papa Francisco está deliberadamente ocultando as evidência do caso McCarrick”.

Sobre a questão da incomum intervenção da Santa Sé no encontro da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA em novembro passado, na qual o papa ordenou que os bispos reunidos não votassem em duas medidas contra o abuso sexual que haviam sido preparadas, Viganò diz que a Santa Sé estava tentando impedir um exame dos “problemas da corrupção episcopal, acobertamentos episcopais e falsidade, crimes sexuais do episcopado, tanto relacionados com menores como com adultos – qualquer um dos quais implicaria e embaraçaria intoleravelmente a Santa Sé”.

Questionado sobre a “notável falta de desmentidos” sobre o seu testemunho original – a pergunta foi feita antes de Francisco finalmente vir a público negando que ele sabia de alguma coisa, e que Vigano já havia declarado anteriormente ser “uma mentira” – o arcebispo argumenta que as acusações não podem ser desmentidas porque elas são verdadeiras. “Os cardeais e arcebispos que eu citei os nomes não querem ser pegos na mentira, e eles aparentemente acham que são tão poderosos e permanecerão intocáveis ​​se ficarem quietos e não levantarem polêmica”, disse ele.

Em um adendo à entrevista, depois que a longa e tardia negação feita pelo papa no mês passado foi divulgada, Viganò diz que as declarações do papa não podem ser reconciliadas entre si. “Ele primeiro diz que já respondeu várias vezes; segundo, que ele não sabia nada, absolutamente nada sobre McCarrick, e terceiro, que ele se esqueceu da minha conversa com ele. Como essas afirmações podem ser afirmadas e sustentadas juntas ao mesmo tempo? Todas essas três são mentiras descaradas ”, diz ele.

Sobre a mais óbvia alegação falsa feita pelo papa – de que ele havia respondido ao testemunho “várias vezes” – Viganò pergunta: “Durante nove longos meses ele não disse uma só palavra sobre meu testemunho, e até mesmo se gabou e continua a fazê-lo sobre seu silêncio, comparando-se a Jesus. Então, ele falou ou ficou em silêncio? Qual das duas opções é verdadeira?”

“Estamos em um momento verdadeiramente sombrio para a Igreja universal”, lamenta Viganò. “O Sumo Pontífice agora está mentindo descaradamente para o mundo inteiro para encobrir seus feitos perversos! Mas a verdade acabará por vir à tona, sobre McCarrick e todos os outros acobertamentos, como já aconteceu no caso do cardeal Wuerl, que também “não sabia de nada” e tinha “um lapso de memória”. Aqui o arcebispo se refere à revelação de que Wuerl sabia sobre as atividades sexuais ilícitas de seu antecessor, McCarrick, mesmo depois de muitas negações.

Além de sua tristeza pela desonestidade do papa, Viganò parece mais preocupado com o fato dos jornalistas falharem em investigar a fundo a história que ele colocou diante deles. “Não consigo imaginar que eles [os meios de comunicação] teriam sido tão tímidos se o papa em questão fosse João Paulo II ou Bento XVI”, diz ele, acrescentando: “É difícil não concluir que esses meios de comunicação relutam em fazê-lo porque eles apreciam a abordagem mais liberal do Papa Francisco em relação às questões de doutrina e disciplina da Igreja, e não querem comprometer sua agenda”.

Sobre a questão da homossexualidade no sacerdócio, Viganò sinaliza sua descrença de que a conexão está sendo ignorada. “Homens heterossexuais, obviamente, não escolhem meninos e homens jovens como parceiros sexuais de sua preferência, e aproximadamente 80% das vítimas são do sexo masculino, a grande maioria dos quais são homens pós-puberes.”

“Não são pedófilos, mas padres gays predadores atacando garotos pós-púberes e levando várias dioceses à falência nos EUA”, acrescenta ele.

“Dada a esmagadora evidência, é incompreensível que a palavra ‘homossexualidade’ não tenha aparecido uma só vez, em nenhum dos recentes documentos oficiais da Santa Sé, incluindo os dois Sínodos sobre a Família, o da Juventude e o recente Encontro sobre abuso sexual em fevereiro passado.”

Viganò segue afirmando que a chamada “máfia gay” na Igreja está “unida não pela intimidade sexual compartilhada, mas por um interesse comum em proteger e promover um ao outro profissionalmente e sabotar todos os esforços de reforma”. Ele diz que embora o papa Bento XVI  tenha iniciado uma investigação sobre os seminários, nada de novo foi descoberto, “aparentemente porque vários poderes juntaram forças para ocultar a verdadeira situação”.

“Será que existe um único bispo nos EUA que admita ser ativamente homossexual? Claro que não. O trabalho deles é constitucionalmente clandestino”.

Sobre a questão, se ele poderia vir a se reconciliar com o Papa Francisco, Viganò responde:

A premissa da sua pergunta está incorreta. Não estou lutando contra o Papa Francisco, nem o ofendi. Eu simplesmente falei a verdade. O Papa Francisco precisa se reconciliar com Deus e toda a Igreja, já que ele acobertou McCarrick, se recusa a admitir e agora está acobertando várias outras pessoas. Sou grato ao Senhor porque Ele me protegeu de ter quaisquer sentimentos de raiva ou ressentimento contra o Papa Francisco, ou qualquer desejo de vingança. Eu rezo por sua conversão todos os dias. Nada me faria mais feliz do que o Papa Francisco reconhecer e acabar com os acobertamentos e confirmar seus irmãos na fé.

Há muito mais na entrevista com o arcebispo Viganò que eu não toquei aqui. Leia na íntegra no The Washington Post.