Por Roberto de Mattei, Corrispondenza Romana, 05 de junho de 2019 | Tradução: Hélio Dias Viana, FratresInUnum.com – No dia 2 de junho, a tradicional parada militar na Itália para celebrar a festa da República transcorreu sob o signo da “inclusão”. O tema da inclusão, que caracterizou o evento, “representa bem os valores esculpidos em nossa Carta constitucional, a qual estabelece que nenhum cidadão pode se sentir abandonado, mas deve ser garantido no exercício efetivo de seus direitos”, declarou o Presidente da República Sergio Mattarella [democrata-cristão de esquerda].
No mesmo dia, em Blaj, na Romênia, o Papa Francisco fez um mea culpa em nome da Igreja pelas discriminações sofridas pelas comunidades ciganas: “Em nome da Igreja, peço perdão, ao Senhor e a vós, por todas as vezes que, ao longo da história, vos discriminamos, maltratamos ou consideramos de forma errada, com o olhar de Caim em vez do de Abel, e não fomos capazes de vos reconhecer, apreciar e defender na vossa peculiaridade”. Ao longo da História não há traços de perseguições ou maus tratos da Igreja em relação aos ciganos, mas com essas palavras o Papa Francisco quis reafirmar aquele princípio de “inclusão” do qual ele é hoje o teórico por excelência e ao qual a União Europeia submete a sua política. A insistência com a qual o Papa Francisco retorna a temas como inclusão, não discriminação, acolhida, cultura do encontro pode parecer a alguns como uma expressão de amor ao próximo que, para usar uma metáfora do próprio Papa Bergoglio, faz parte do “documento de identidade do cristão”.
Quem assim pensa, no entanto, comete um erro de perspectiva análogo ao dos católicos progressistas do final do século XX, para os quais a preocupação de Marx para com o proletariado nasceu de seu amor pela justiça social. Esses católicos propunham cindir o marxismo, rejeitando sua filosofia materialista, mas aceitando sua análise econômica e social. Eles não entenderam que o marxismo constitui um bloco inseparável e que a sociologia marxista é uma consequência direta de seu materialismo dialético. Marx não era um filantropo debruçado sobre a miséria do proletariado para aliviar seu sofrimento, mas um filósofo militante que usava tais instrumentos como ferramenta para realizar seu objetivo revolucionário.
De maneira similar, a atenção do Papa Francisco para com os subúrbios e os menos favorecidos não nasce de um espírito evangélico nem de uma filantropia laica, mas de uma opção filosófica mais do que política e que pode ser resumida em termos de um igualitarismo cosmológico. Francisco usa um neologismo em sua encíclica Laudato sì: o termo castelhano “inequidad” [na versão portuguesa foi traduzido por “desigualdade”], que basicamente significa qualquer forma de desigualdade social injusta. “O que queremos é a luta contra as desigualdades, este é o maior mal que existe no mundo”, declarou ele a Eugenio Scalfari no Repubblica em 11 de novembro de 2016. Na mesma entrevista, o papa Bergoglio adotou o conceito de “hibridização” proposto por Scalfari [nós, brasileiros, diríamos “miscigenação”]. E Scalfari, em editorial no mesmo jornal de 17 de setembro de 2017, afirma que, segundo o Papa Francisco, “na sociedade global em que vivemos, povos inteiros migrarão para este ou aquele país e criarão, com o passar do tempo, um tipo de ‘hibridização’ cada vez mais integrado. Ele o considera um fato positivo, onde indivíduos, famílias e comunidades se tornam cada vez mais integrados, os vários grupos étnicos tendem a desaparecer e uma grande parte da nossa Terra será habitada por uma população com novos traços físicos e espirituais. Levará séculos ou até milênios para que tal fenômeno aconteça, mas – de acordo com as palavras do Papa – essa é a tendência. Não é por acaso que ele prega o Deus Único, isto é, um por todos. Eu não sou crente, mas reconheço uma lógica nas palavras do Papa Francisco: um povo único e um Deus único. Até agora, não houve líder religioso que tenha pregado essa verdade ao mundo”.
O termo “mestiçagem”, como os de inclusão e acolhida, retornam amiúde na linguagem pastoral do papa Bergoglio. Em 14 de fevereiro de 2019, por ocasião de seu discurso no Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), em Roma, Francisco se encontrou com uma representação de povos indígenas e, chamando essas comunidades de “um grito vivo a favor da esperança”, pediu uma “mestiçagem cultural” entre os “povos chamados civilizados” e as populações nativas, que “sabem o que significa ouvir a terra, ver a terra, tocar a terra”. A “mestiçagem cultural”, explicou, é o caminho a seguir trabalhando “para tutelar quantos vivem nas áreas rurais e mais pobres do planeta, mas mais ricas na sabedoria de conviver com a natureza”.
Em 19 de janeiro de 2018, em Puerto Maldonado, no coração da Amazônia peruana, o Papa Francisco, encontrando os indígenas, disse-lhes: “O tesouro que encerra esta região” não pode ser entendido, compreendido, sem “vossa sabedoria” e “vossos conhecimentos”. Para se compreender melhor essa referência à “sabedoria” e ao “conhecimento” dos nativos, precisamos recorrer ao trabalho de um autor caro ao Papa Francisco, o ex-franciscano Leonardo Boff. A Amazônia – explica Boff – tem “um valor paradigmático universal”, porque representa a antítese do modelo de desenvolvimento moderno “carregado de pecados capitais e antiecológicos”; mas também “é o lugar de ensaio de uma alternativa possível, em consonância com o ritmo daquela natureza luxuriante, respeitando e valorizando a sabedoria ecológica dos povos originários que há séculos ali vivem” (Ecologia: Grito da Terra e Grito dos Pobres, Rio de Janeiro-RJ: Sextante, 2004, p. 145). Para Boff, “precisamos passar do paradigma moderno para o paradigma pós-moderno, global, ‘holístico’, que propõe ‘um novo diálogo com o universo’, ‘uma nova forma de diálogo com a totalidade dos seres e suas relações’” (ibid., p. 23).
A Amazônia não é apenas um território físico, mas um modelo cosmológico em que a natureza é vista como um todo vivo que tem em si uma alma, um princípio de atividade interna e espontânea. Com essa natureza prenhe de divindades, os povos indígenas da América Latina mantêm uma relação que o Ocidente perdeu. A sabedoria dos nativos deve ser recuperada, pedindo perdão pela discriminação cometida contra eles, sem esperar que peçam perdão pelo canibalismo e pelos sacrifícios humanos que seus ancestrais praticaram. As pontes que precisam substituir os muros são unidirecionais. Este é o pano de fundo cultural do Sínodo que será aberto no Vaticano em 6 de outubro. A inclusão é um conceito filosófico, e não social: significa afirmar uma realidade híbrida, indistinta, “miscigenada”, na qual tudo se funde e se confunde, como a teoria do gênero, que é a teoria da inclusão por excelência. As pessoas LGBT, como os migrantes ou os nativos da América do Sul, devem ser bem-vindos e respeitados não como pessoas, mas pelas culturas e rumos que veiculam. Esta cosmologia lembra o deus sive natura de Spinoza, que pleiteia a identidade de Deus com a substância infinita da qual todos os seres derivam. Deus deve ser incluído na natureza e a natureza deve ser incluída em Deus, que não é uma causa transcendente, mas imanente do mundo, com a qual Ele coincide. Não há diferença qualitativa entre Deus e a natureza, assim como não há diferença qualitativa entre diferentes sociedades, religiões ou culturas, nem entre o bem e o mal que, segundo Spinoza, são “correlativos” (Ética, IV, prop. 68).
A doutrina da inclusão não é a da encíclica Aeterni Patris de Leão XIII ou da Pascendi de São Pio X, mas se opõe a esses documentos. Poucos, no entanto, se atrevem a dizê-lo abertamente. Quanto tempo durará este silêncio ambíguo, confortável para muitos, mas sobretudo para aqueles que o utilizam para alcançar fins alheios à finalidade sobrenatural da Igreja? (Traduzido por Hélio Dias Viana)
Sociedade global, um só povo, miscigenação completa, uma só “religião”(que também seria miscigenada pelo jeito)… Até pouco tempo atrás isso tudo era conversa de teoria da conspiração.
Se o papa realmente disse tudo isso eu acho bem triste, e me pergunto se ele realmente acredita na fé católica. Se ele acredita, o que parece é que ele pensa que o reino de Deus é desse mundo, e acha ingenuamente que todo mundo vai virar católico.
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Não sou estudioso de geopolítica, mas acredito que nunca houve na humanidade um movimento migratório tão amplo, contínuo e intenso como o que tem havido desde a década de 1990 até os dias de hoje, levando-se em conta que hoje esse movimento migratório está muitíssimo mais intenso. Esse movimento migratório está colocando gente das mais diferentes culturas e religiões juntas umas com as outras. A consequência disso é que está se criando uma nova Babel no mundo de hoje. E, como fica a Igreja diante de tudo isso? Ou melhor, como ficam os fieis diante de tudo isso? Há uma grande confusão entre os fieis. Talvez não tanto como durante o pontificado de João Paulo II, mas um grande número de fieis ainda está alheio as consequências dessa grande mistura dos povos. Já o Papa Francisco, como simpatizante da Teologia da Libertação, não é de se admirar que esteja engajado em políticas de inclusão politicamente corretas, bem ao gosto das esquerdas.
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Quem cunhou o termo “politicamente correto” foi um comunista chamado Mao Tsé Tung em seu livro vermelho que pode ser encontrado na web. Não é por menos que o papa tenha feito acordos políticos com a China Vermelha de Mao e colocando os verdadeiros cristão sob o jugo do chicote comunista.
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A seguinte parte do texto é a descrição de um processo que está acontecendo a alta velocidade nos dias de hoje:
“na sociedade global em que vivemos, povos inteiros migrarão para este ou aquele país e criarão, com o passar do tempo, um tipo de ‘hibridização’ cada vez mais integrado. Ele o considera um fato positivo, onde indivíduos, famílias e comunidades se tornam cada vez mais integrados, os vários grupos étnicos tendem a desaparecer e uma grande parte da nossa Terra será habitada por uma população com novos traços físicos e espirituais. Levará séculos ou até milênios para que tal fenômeno aconteça, mas – de acordo com as palavras do Papa – essa é a tendência. Não é por acaso que ele prega o Deus Único, isto é, um por todos. Eu não sou crente, mas reconheço uma lógica nas palavras do Papa Francisco: um povo único e um Deus único. Até agora, não houve líder religioso que tenha pregado essa verdade ao mundo”.
Agora se isso vai durar séculos, não sei! Temos muitos sinais de que estamos vivendo nos tempos do Apocalipse. O mundo pode não durar tanto tempo assim.
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“O mundo pode não durar tanto tempo assim”
Deus te ouça! Vem Senhor, que tua Barca está perecendo!!!
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As migrações em massa para o solo europeu correspondem aos mais especiosos interesses do capital financeiro: mão de obra barata para substituir um Continente senil e estéril. Não é preciso dizer quem são os agentes majoritários do capital financeiro mundial.Então, duas presas com uma única cajadada, a saber,
a) a manutenção do sistema produtivo, ao menos na base, com muitos braços disponíveis e baixos salários e criação de um mercando global;
b) aniquilação do cristianismo mediante a introdução de outra religião com tendências hegemônicas (Islã).
Não é a toa, aliás, que o bispo Parolin foi convidado para o convescote de Bilderberg em 2018.
Então, é de uma clareza meridiana que o Nefasto trabalha loucamente, por meio de suas pregações maníacas de acolhimento e derrubadas de muros, para arrebentar qualquer possibilidade de a Igreja oferecer resistência a esta agenda tão contrária aos interesses da Instituição.
A migrações já são o maior problema que a Igreja deve enfrentar para continuar existindo no Velho Continente. E que vemos? O Nefasto com sua verborreia apóstata e renegada.
E se algum desavisado acha que é “conspiração”, tenha a bondade de assistir o que Jérôme Fourquet, diretor do mais importante instituto de pesquisa francês, tem a dizer sobre a questão migratória na França, por exemplo. Ele apresenta sobretudo NÚMEROS e não ilações delirantes dos endemoniados que demolem a Igreja a partir de dentro.
Veiculado por KTO TV (um canal católico)
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“Há uma grande confusão entre os fieis. Talvez não tanto como durante o pontificado de João Paulo II, (…).”
Gostaria de esclarecer essas frases que disse. De fato, já no tempo de João Paulo II já havia uma confusão entre os fieis, não tanto por causa de João Paulo II, que à luz da história cometeu alguns deslizes, que no momento é o caso de citar, mas devido à época histórica em que transcorreu seu pontificado. Durante o Pontificado de João Paulo II, o andamento da Nova Ordem Mundial estava muito mais lento. Mas, desde o seu falecimento, as coisas começaram a se acelerar muito mais; de modo que hoje, por outro lado, depois do falecimento de João Paulo II, e com o Pontificado de Bento XVI, coincidiu um ressurgimento da direita. Ou seja, houve uma maior conscientização das pessoas sobre a guerra cultural no Ocidente e sobre a Nova Ordem Mundial. É nesse sentido que disse que havia uma grande confusão entre os fieis no tempo de João Paulo II, pois não havia tanta consciência das transformações geopolíticas e religiosas. Mas, infelizmente, ainda assim, muitos fieis ainda estão na ignorância sobre os problemas que a Igreja está passando e sobre o aumento da perda da fé e da consciência cristã.
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Vamos ser claros: se Paulo VI, João Paulo II e o Nefasto corresponem à letra (e à legitina interpretação do Vaticano II – e essa é a única possibilidade visto ao singular status da trinca deletéria – então não é forçoso concluir que o Vaticano II conduz ao cisma, à heresia e à apostasia, e TODOS os que o defendem devem necessariamente ser tratados como hereges ou suspeitos de heresia (conforme o caso é a condição).
João Paulo II deixa claro que não é possível manter uma moral ortodoxa se, ao mesmo tempo, como ele fez, deu exemplo de torpe depravação doutrinal em todo o resto. Espero que ao menos tenha conseguido escalar os muros do purgatório com sua bengala de Charlie Chaplin do ecumenismo grotesco e repugnante.
Bento XVI é frouxo e, como tal, merece ser esquecido e bandido dos fastos do combate e do triunfo que certamente virá. Estrondoso e magnífico.
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Nosso Senhor Jesus Cristo é o Mestre divino, a Verdade, extremamente exigente, não aceita quem quiser servi-Lo às meias e, para ser Seu discípulo de fato terá de obter suas graças para consecução, pois como disse: além de: ” Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda”. Jo 15,5.
Ninguém pode realizar qualquer ato de virtude sem o auxílio da graça divina, pois a única coisa que conseguimos fazer sem a ajuda de Deus é o pecado, tão somente, estando isso nessa inclusão sem exigencias, de seria e constante conversão.
Já a inclusão da forma com que seria teria percebido do papa Francisco, seria a mesma das seitas protestantes não possuidoras de magisterio definido, deixando a criterio de cada um agregado a elas interpretar e agir segundo suas concepções pessoais, bem ao sabor dos planos dos Illuminati-maçonaria e postos em prática pelas esquerdas, para as quais inexiste verdade alguma, mas a oportunidade, atenderem suas ideologias e lhes interessam a massificação, alienação e relativização dos povos para os submeterem a si, doceis a suas imposturas.
A nova igreja sedizente católica que desejaria o papa Francisco seria aquela multiculturalista, revolucionaria, mutante. metamorfose ambulante e correlatos, estando em pleno crescimento por deficit de pastores que nos orientem e talvez a maior parte deles incidiam no: “Pois bem, pastores, escutai a palavra do Senhor: por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, já que por falta de pastor foram minhas ovelhas entregues à pilhagem, e serviram de pasto às feras, pois os meus pastores não têm o mínimo cuidado com elas, e que, em vez de pastoreá-las, só têm procurado se fartar eles próprios”. Ez 34 7-8.
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Vejam esta notícia! O Papa Francisco está bem atento ao comportamento dos seus súditos.
https://istoe.com.br/papa-exige-lealdade-e-austeridade-aos-nuncios-e-diplomatas-do-vaticano/
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