Dom Athanasius Schneider responde ao Bispo Kräutler e ao Instrumentum Laboris sobre o Sínodo da Amazônia.

Por Corrispondenza Romana, 19 de julho de 2019 | Tradução: Gercione Lima – FratresInUnum.com – Apresentamos nossa tradução de uma declaração publicada no dia 17 de julho no site de notícias austríaco Kath.net e distribuída em vários idiomas. Nesta declaração, Dom Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da arquidiocese de Santa Maria em Astana, Cazaquistão, responde ao Bispo Erwin Kräutler e critica fortemente o Instrumentum laboris sobre o Sínodo da Amazônia.

Em sua entrevista do dia 14 de julho à ORF [uma emissora nacional austríaca de serviço público], o Bispo Erwin Kräutler afirmou ser “quase um escândalo” o fato de que em muitas paróquias na Amazônia a Sagrada Eucaristia raramente seja celebrada. Este modo de falar é em si obscuro e decididamente tendencioso. Ninguém tem um direito à Sagrada Eucaristia. O sacramento da Eucaristia é o mais elevado dom de Deus: pode-se falar, ao invés, de escândalo quando nas paróquias católicas a fé é negada e não praticada, quando Deus é insultado pelo desprezo de seus mandamentos, pelos pecados graves contra a caridade, pela idolatria, xamanismo e assim por diante. Pode-se falar de escândalo em uma paróquia católica quando as pessoas não rezam o bastante. Isso sim seria um verdadeiro escândalo.

Deveríamos, antes, falar de escândalo quando consideramos que durante as últimas décadas não foram promovidas na Amazônia iniciativas pastorais intensivas para promover vocações. Iniciativas que estariam de acordo com a experiência de dois mil anos da Igreja: orações constantes, sacrifícios espirituais e um estilo de vida exemplar e santo adotado pelos próprios missionários. De fato, para se promover efetivamente sólidas vocações sacerdotais é indispensável que até na Amazônia existam missionários que levem uma vida de verdadeiros homens de oração, de verdadeiros apóstolos, isto é, uma vida de amor e sacrifício totalmente dedicada a Cristo e à salvação das almas imortais.

O que Dom Kräutler e muitos de seus companheiros de viagem do clero estão querendo promover são caricaturas de sacerdotes, que têm como modelo agentes humanitários, funcionários de ONGs, sindicalistas socialistas e ecologistas. Mas esta não é a missão de Jesus Cristo, do Deus encarnado, que deu a Sua vida na Cruz para redimir a humanidade do maior mal que é o pecado, para que todos os homens possam ter em abundância a vida divina e sobrenatural (veja João 10.10).

Não é necessário recorrer ao truque de dramatizar a “fome eucarística” ou a falta de celebrações eucarísticas, porque para salvar a si mesmo não é necessário a recepção da Sagrada Eucaristia, mas sim a Fé, a oração e uma vida conforme os mandamentos de Deus.

Se por um longo período de tempo e por causa da falta de sacerdotes os católicos não puderam receber a Sagrada Comunhão, então deveriam ser ensinados a praticar a comunhão espiritual, que tem grande força e um grande efeito espiritual. Os Padres do Deserto, por exemplo, viveram durante anos sem a Eucaristia e alcançaram uma grande união com Cristo. Durante anos, eu mesmo e meus pais não conseguimos receber a Sagrada Comunhão na União Soviética. Mas sempre fazíamos a comunhão espiritual, que nos deu muita força e consolo. Então, quando aparecia um padre e podíamos confessar, participar do Santo Sacrifício da Missa e receber a Sagrada Comunhão sacramentalmente, era uma verdadeira festa e experimentávamos de maneira muito profunda e jubilosa o quão precioso é o dom do sacerdócio e o dom da Eucaristia.

Na Amazônia deveria haver uma maneira de garantir que os padres missionários itinerantes possam se dirigir a lugares afastados – ainda que poucas vezes ao ano – para organizar uma festa verdadeiramente espiritual, com boas confissões e com as Santas Missas celebradas com dignidade. Poderiam até deixar Jesus nos tabernáculos para que os católicos pudessem adorá-Lo e os fiéis pudessem ser ensinados sobre como fazer a adoração eucarística e como rezar o terço para pedir bons sacerdotes indígenas solteiros e boas famílias cristãs. Então, sem dúvida, Deus concederia essa graça. Sim, dever-se-ia fazer um apelo a nível mundial convidando padres para irem para a Amazônia, a fim de socorrer pastoralmente a população local. Finalmente, poderiam ordenar os diáconos casados ou, em casos excepcionais, delegar a função a acólitos ou a mulheres católicas para que pudessem expor o Santíssimo Sacramento e conduzir orações.

Há um exemplo na história da Igreja: o dos católicos japoneses que, mesmo sem sacerdotes, mantiveram a fé católica por mais de duzentos anos. Hoje, o Japão tem um número suficiente de padres nativos que, naturalmente, são celibatários. Ainda que naquela época a cultura pagã do Japão rejeitava o sacerdócio celibatário, os católicos japoneses tinham-no em tão alta estima, que se tornou seu sinal de identificação. Portanto, quando no século XIX chegaram os primeiros missionários protestantes, que eram casados, eles os rejeitaram exatamente por esse motivo. Mas, quando os sacerdotes católicos voltaram, uma vez que se certificaram de que eram solteiros, os fiéis japoneses os receberam como sacerdotes da verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Portanto, a Igreja no século XIX poderia ter apresentado os mesmos argumentos que estão sendo usados ​​hoje no Sínodo Amazônico em favor da ordenação de sacerdotes indígenas casados, já que naquela época muitas paróquias em algumas regiões missionárias contavam com a visita de um sacerdote raríssimas vezes durante o ano.

O casamento de padres foi legalizado na Igreja Oriental no século VII, mas não por causa da falta de sacerdotes, dado que, na época, havia uma superabundância de sacerdotes, especialmente em Constantinopla. Foi feito, antes, pela indulgência para com a fraqueza humana, porque aqueles que no ofício episcopal e sacerdotal imitavam Jesus Cristo – o Sacerdote  Eterno da Nova Aliança – agindo na pessoa de Cristo, o Cabeça, haviam se afastado da regra apostólica de uma vida celibatária. Naquela época, na Igreja Grega, tratou-se de uma solução regional para uma Igreja local, mas que os Romanos Pontífices não reconheciam e nem aceitavam. Foi um desvio e deslealdade à exigente imitação de Cristo; imitação que os apóstolos viveram na completa continência sexual, até a morte, como Pedro claramente testifica quando diz: “Deixamos tudo para te seguir” (Mt 19,27), até esposas e filhos.

Todos os Padres da Igreja viviam o sacerdócio na continência sexual. Embora alguns tenham sido casados ​​(por exemplo, Santo Hilário), foi demonstrado que, a partir da ordenação, começaram a praticar a continência e não tiveram mais filhos, porque conheciam e respeitavam a regra apostólica da continência sexual sacerdotal e episcopal.

A Igreja Romana transmitiu fielmente essa norma apostólica e sempre a defendeu até hoje, com a única exceção concedida às Igrejas Orientais, feita no contexto das negociações de unificação durante os Concílios de Lyon e Florença. Neste caso, foi dispensado o celibato dos sacerdotes Orientais visando o benefício da unidade.

A introdução do clero “uxorado” na Amazônia não produziria verdadeiros apóstolos, mas sim uma nova categoria de sacerdotes, uma espécie de dinastia. Ao mesmo tempo, deve-se ter em mente que a cultura indígena dos povos amazônicos ainda não alcançou a maturidade confiável e comprovada de gerações cristãs inteiras, completamente permeada pelo espírito do Evangelho.

Após a evangelização inicial e sistemática de São Bonifácio, por exemplo, as tribos germânicas levaram vários séculos até conseguirem produzir numerosos e confiáveis ​​padres nativos celibatários.

No século II, Santo Irineu já era uma testemunha da unidade da fé e da disciplina na Igreja, que era tão grande entre todos os povos, embora naquela época os católicos convertidos eram provenientes de culturas muito diferentes e em parte até contraditórias:

 “A Igreja, embora dispersa pelo mundo afora, todavia – como se habitasse em uma só casa – preserva cuidadosamente a Fé dos Apóstolos. Ela também crê que essas verdades têm uma só alma e o mesmo coração e as proclama, ensina e as oferece em perfeita união, como se tivesse uma só boca. Embora as línguas do mundo sejam diferentes, a mensagem da Tradição é uma só e a mesma. Portanto, as Igrejas na Alemanha não crêem e transmitem nada diferente, nem as da Espanha, nem as da Gália, nem as do Oriente, nem as do Egito, nem as da Líbia, nem as das regiões centrais da mundo”(Adversus haereses 1,10, 2).

Mesmo muitas das paróquias católicas recém-convertidas entre as tribos germânicas durante a Era da Migração (do século IV-VI) tiveram talvez apenas algumas vezes a oportunidade de assistir a Santa Missa e receber a Sagrada Comunhão. Depois de algumas gerações, todavia, gerações de padres celibatários e geralmente exemplares nasceram dessas paróquias alemãs.

A verdade é que aqueles que defendem um clero amazônico casado, usando como estratagema o lema elegante “homens provados” (“viri probati”), consideram os povos amazônicos inferiores, porque pressupõem desde o início que eles não têm a capacidade de dar à Igreja sacerdotes celibatários gerados em seu próprio meio. Ao longo de 2000 anos, todos os povos e até mesmo os bárbaros foram capazes de criar seus próprios filhos, com a ajuda da graça de Cristo, com um sacerdócio celibatário segundo o exemplo de Jesus Cristo. Os pedidos de padres casados ​​para os povos da Amazônia – vindos  exatamente de eclesiásticos de ascendência européia – contêm um racismo oculto. Para resumir, poderíamos simplificar desse modo: “Nós europeus, nós que somos brancos, somos realmente capazes de gerar padres celibatários. Mas para vocês da Amazônia, isso seria pedir demais!”

Os defensores de um clero amazônico casado são quase todos europeus e não de origem indígena, e no final não estão interessados ​​no verdadeiro bem espiritual dos fiéis da Amazônia, mas na implementação de sua própria agenda ideológica, que visa posteriormente um clero casado também na Europa e depois em toda a Igreja Latina. Porque todos sabem que após a introdução de um clero casado regionalmente limitado à Amazônia, iria surgir, com a ajuda do efeito dominó e depois de um breve período de tempo, um clero regular casado no próprio rito romano em outras partes do mundo. Deste modo, o legado apostólico de um sacerdócio celibatário, segundo o modelo de Jesus Cristo e seus apóstolos, seria efetivamente destruído em toda a Igreja.

Alguns católicos – aqueles que certamente não representam a maioria dos verdadeiros fiéis, mas que são funcionários de uma rica burocracia eclesiástica e que alcançaram posições clericais de poder na Igreja – querem atrair as pessoas mundanas com a idéia de um sacerdócio casado, sem sacrifícios, sem doação completa de si e sem um amor ardente e sobrenatural por Deus.

O próprio Senhor nos ensinou o que a Igreja deveria fazer para que os fiéis possam ter sacerdotes: “Peça ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua vinha” (Mateus 9:38). Não há remédio melhor ou mais eficaz do que esse. E se houvesse outro, Nosso Senhor nos teria dito.

Para se obter candidatos casados para ordenação sacerdotal, não há necessidade de iniciativas especiais de oração. Sempre haverá poucos operários na vinha do Senhor até o fim dos tempos. Numa época em que haviam muitos sacerdotes, o papa São Gregório Magno pronunciou essas palavras memoráveis: “Veja, o mundo está cheio de sacerdotes, mas poucos são os operários na vinha do Senhor” (Em Ev. Hom., 34). Deus sempre realiza Sua obra de graça e salvação de almas para a vida eterna com a ajuda de sacrifícios e, freqüentemente, apenas de algumas pessoas, e não com a ajuda de grandes multidões. Nesse sentido, São Gregório Nazianzeno disse que Deus não se compraz com números (ver Or. 42.7).

O bispo Erwin Kräutler pergunta então na entrevista: “O que então podemos fazer como Igreja para que essas pessoas possam celebrar a Eucaristia?” A vida paroquial, acrescenta ele, é bela, “mas está faltando o centro”. A resposta a esta pergunta é a seguinte: o centro é Cristo, a verdade ensinada por Ele, o exemplo dado por Ele. O tabernáculo é o verdadeiro centro da Igreja aqui na terra e o centro de toda paróquia local. Se uma comunidade católica local na Amazônia tem o tabernáculo – e muitas delas o têm – então eles têm o centro, e no final nada está faltando, porque eles têm Deus no meio deles, Deus em Carne e Sangue está presente no meio deles!

É necessário reunir os católicos da Amazônia em torno do tabernáculo para que eles tenham seus próprios sacerdotes e, se possível, numerosos sacerdotes. Ali, mães e crianças católicas deveriam dirigir suas orações íntimas a Deus, o dispensador de todos os dons, com a intenção de obter bons e únicos sacerdotes indígenas e com um espírito apostólico. Uma rede de adorações eucarísticas deve ser iniciada em toda a Amazônia. Esta corrente eucarística de adorações por parte dos simples fiéis, juntamente com os seus bispos e os seus sacerdotes – mesmo que sejam apenas uns poucos – poderão, sem sombra de dúvida – no momento escolhido por Deus -, trazer para o povo da Amazônia aqueles sacerdotes que são de acordo com o coração de Jesus. Não é preciso abusar dos povos amazônicos com o interesse de promover suas próprias ideologias decadentes e heresias teológicas que foram fabricadas na Europa.

Amplas partes do documento de trabalho (Instrumentum laboris) do Sínodo sobre a Amazônia e os pedidos desses sacerdotes enfeitam a imagem de Cristo Rei com pérolas e jargões como “varões provados”, “fome eucarística”, “empatia feminina”. Deste modo, eles desejam implementar o fim do celibato sacerdotal e a ordenação feminina de maneira mais sutil. Os verdadeiros católicos da Amazônia e de outras partes do mundo, entretanto, reconhecerão nela a imagem do engano e não acreditarão que é a imagem de Jesus Cristo, o Rei. Grandes partes do Instrumentum laboris e das exigências revolucionárias do Bispo Erwin Kräutler e seus companheiros de viagem clericais, realmente retratam uma atitude intelectual muito semelhante à Gnose e ao Naturalismo que queriam introduzir na Igreja desde o início, a partir do segundo século, como Santo Irineu de Lyon afirma:

“Tal então é o método deles, que nem os profetas anunciaram, nem o Senhor ensinou, nem os apóstolos transmitiram, mas do qual eles se orgulham de ter um conhecimento perfeito, muito além de todos os outros. Eles recolhem suas opiniões de outras fontes que não são as Escrituras; e, para usar um provérbio comum, eles se esforçam para tecer cordas de areia, lutando para adaptar as parábolas do Senhor, as palavras dos profetas e as palavras dos Apóstolos às suas afirmações particulares, dando-lhes uma aparência de veracidade, de modo que seu esquema não pareça totalmente privado de apoio. Ao fazê-lo, porém, eles ignoram a ordem e conexão das Escrituras e, na medida em que as vão encontrando, desmembram-nas e destroem a verdade, transferindo passagens, vestindo-as novamente e trocando uma coisa por outra. Assim, conseguem enganar muitos, graças à sua destreza perversa que conforma os oráculos do Senhor às suas próprias opiniões. Seu modo de agir é como se alguém – depois que uma bela imagem de um rei fosse fielmente esculpida por um artista habilidoso, com jóias preciosas – então resolvesse reduzir o retrato daquele homem aos pedaços, para depois reorganizar as gemas e recompor tudo novamente dando-lhes a forma de um cachorro ou uma raposa, e tudo isto mal executado. E mais, depois de tudo, ainda tivesse a coragem de declarar que esta sim é a verdadeira imagem do rei que o artista original esculpiu, apontando para as gemas que foram retiradas da obra anterior como prova de que aquela é a imagem do rei, apesar do resultado medíocre, mesmo depois de ter usado o mesmo material para fazer a imagem de um cachorro ou de uma raposa. E sempre apontando para as gemas para enganar os ignorantes que não têm a menor idéia de como era antes a imagem do rei. Persuadindo-os de que aquele decadente retrato de raposa seja, de fato, a verdadeira imagem do rei. Da mesma forma, essas pessoas remendam velhas lendas de comadres e depois se apropriam – afastando-se violentamente de seu contexto, de palavras, expressões e parábolas encontradas – para adaptar os oráculos de Deus às suas ficções infundadas ”( Adversus haereses 1, 8, 1).

É óbvio que o conteúdo de amplas partes do Instrumentum laboris e as exigências do Bispo Erwin Kräutler e seus companheiros de viagem clericais buscam realmente uma nova confissão cristã, que talvez venha a ser chamada de “Igreja Católica Amazônica”, mas que eventualmente se tornará uma seita em comparação com a verdadeira Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Esta última navegou e continua a navegar, com segurança e em todos os tempos, sempre com a mesma lealdade incondicional à pureza da fé e ao legado imutável dos apóstolos na liturgia e na disciplina da Igreja. Os católicos do nosso tempo reagirão com vigor a uma seita “católica amazônica” que pratica a adoração da natureza e que terá um sacerdócio feminino – com as palavras de Santo Agostinho aos membros da seita dos donatistas: “A Igreja em todo o mundo é segura em seus juízos da verdade!” (Securus iudicat orbis terrarum: Contra epistolam Parmeniani 3, 3).

O sucessor de Pedro, o Papa, tem o dever preciso, conferido por Deus, como titular da Cátedra da Verdade (cathedra veritatis), de preservar em sua pureza e integridade, a verdade da Fé Católica, a Constituição Divina da Igreja, a ordem sacramental estabelecida por Cristo e a herança apostólica do celibato sacerdotal, para transmiti-las ao seu sucessor e às gerações futuras. Ele não pode apoiar nem um pouco – com seu silêncio ou com uma conduta ambígua – o conteúdo claramente gnóstico e naturalista de partes do Instrumentum laboris, como também a abolição do dever apostólico do celibato sacerdotal (que seria primeiro regional, e então naturalmente se tornaria, passo a passo, universal). Se o papa fizesse isso no próximo Sínodo amazônico, violaria seriamente seu dever de Sucessor de Pedro e Representante de Cristo, causando assim um eclipse espiritual intermitente na Igreja. Mas Cristo, o invencível Sol da Verdade, varrerá este breve eclipse enviando novamente para a Sua santa Igreja papas corajosos e fiéis, para que as portas do inferno não sejam capazes de derrotar a rocha de Pedro (cf. Mateus 16, 18). A oração de Cristo por Pedro e seus sucessores é infalível. Isto significa que após a conversão, eles confirmarão novamente seus irmãos na fé (cf. Lc 22,32).

A verdade, como foi formulada por Santo Irineu, permanecerá em pé mesmo em um momento de intermitente eclipse espiritual na Igreja – como é o caso da atemporal, por insondável permissão de Deus: “Para que, na Igreja Romana, a Tradição Apostólica seja sempre preservada pelos fiéis que estão em toda parte”(Adversus haereses 3, 3, 2).

+ Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Santa Maria em Astana

28 comentários sobre “Dom Athanasius Schneider responde ao Bispo Kräutler e ao Instrumentum Laboris sobre o Sínodo da Amazônia.

  1. Visão lúcida e perfeita de Dom Schneider.
    Os exemplos são inúmeros e ele os apontou com precisão, inclusive quando afirma que há racismo na afirmação de que os índios são incapazes do celibato.
    No mais, não fica difícil imaginar um futuro clero, primeiro casado, depois desquitado, depois divorciado, depois recasado três ou quatro vezes, depois casado homossexualmente e depois na mesma sequência anterior com todas as desculpas e “razões” para transformar a Igreja num antro de perdição.
    No final, transformarão a Sagrada Comunhão e a Eucaristia em mera distribuição de biscoitinhos brancos, como alguns padres que já vi, afirmarem que a Eucaristia é apenas uma representação simbólica de Jesus Cristo.

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  2. Muito obrigado.
    Vamos rezar para que nosso Papa considere estas muito oportunas observações!
    Que o Espírito Santo O ilumine.

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    1. Com todo respeito, Pe Paulo Giovanni, continue seguindo os passos do papa Francisco e, post mortem, do lado de lá, sentirá na pele os resultados; sabemos existirem dezenas de milhares seguindo o mesmo nefando trajeto!

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    2. Antes Cristo do que Bergóglio. Se para ser Católico teria de ser tradicionalista, sim serei um Tradicionalista.

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    3. Nada além de um novo “João Batista” que clama no deserto que se transformou a Igreja de Bergoglio.

      Caríssimo Pe. Paulo Giovanni, paz e bem!

      Permita-me tecer algumas considerações sobre a sua crítica acima. Então, vamos lá:
      É sabido que as três negações de Pedro mostram que é possível até um Papa renegar a Fé. O próprio Jesus advertiu Pedro: “Afasta-te de mim, Satanás. Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não tens senso para as coisas de Deus, mas para as dos homens”. Tais episódios são provas cabais dessas malditas tentações. A história da Igreja confirma isso, pois já existiram 37 antipapas (Novaciano, Félix II, Ursino, Eulálio, Lourenço, dentre outros), de um total de 267 (incluindo Francisco), ou seja, mais de 10% de “Suas Santidades” foram consideradas falsos pastores. Aliás, Jesus nos garantiu que a ovelha reconhece o “Bom PASTOR”. E pelos “frutos se conhece a árvore”.

      Francisco foi eleito pela Máfia de St Gallen (Suíça). Nestas condições, passou da hora dos católicos intensificarem suas orações em prol do papa Francisco, que se encontra entre a cruz e a espada. Seus altos e baixos, suas posições contraditórias e quebra de tradições. Que Nossa Senhora de Fátima proteja o povo católico debaixo do seu manto sagrado. “A imagem da “Galinha que recolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas, sob pena da Casa ficar abandonada” (Mt 23, 37 e Lc 13,34), trata-se da bondade divina que com as asas estendidas protege Jerusalém (Is 31,5), dirige-se ao Livre-arbítrio dos pintinhos e estes podem ou não aceitar tal proteção. “A desgraça daí resultante alude Jesus, de modo misterioso mas inequívoco, com uma palavra que retoma uma antiga tradição profética, Jeremias, em face da grave situação do Templo, comunicara um oráculo de Deus: “Abandonei a minha casa, rejeitei a minha herança” (12,7). É precisamente o mesmo que anuncia Jesus: “Eis que a vossa casa vos ficará abandonada” (Mt 23,38). Deus abandona-a. O Templo já não é o lugar onde Ele pôs o seu nome. Ficará vazio; agora é apenas a “vossa casa” (papa Bento XVI, na obra: “Jesus de Nazaré, da entrada em Jerusalém até a Ressurreição”).

      Somente um cego espiritual não vê que há um CISMA em curso que logo logo será aberto e proclamado. As autoridades católicas estão recusando a Santa Tradição, a Sagrada Escritura e o autêntico Magistério da Igreja. Pior. Às escondidas, a sinagoga de Satanás (Ap 2,9) prepara um NOVO RASGÃO NA TÚNICA UNICA DE BRANCO (CISMA). A apostasia se difunde sempre mais na Igreja. 99% das heresias católicas foram difundidas por religiosos e não por leigos católicos. Aliás, “os leigos salvarão a Igreja”, segundo as proféticas palavras do venerável Fulton Sheen.
      Detalhe: Bento XVI foi perseguido e mordido pelos lobos vorazes (lobby gay, maçonaria eclesiástica…).

      Um novo Cisma está às portas, que será consumado no afastamento geral do Evangelho e da verdadeira fé. Na Igreja, entrará o homem INÍQUO, que se opõe a Cristo e que levará a seu interior a abominação da desolação, dando cumprimento a profecia de Daniel (Mt 24-15). Tal abominação consistirá na supressão do Sacrifício Eucarístico: FIM DA MISSA!

      Sobre a questão de carência de vocações, uma pergunta que não quer calar:
      – Será que os fins (carência de vocações) justificam os meios (permissão de casamentos)??? Historicamente, a aprovação de casamento de padres jamais resolverá o problema das vocações: confira o caso da Igreja Católica Ortodoxa (onde se permite o casamento de padres, mas as vocações estão estagnadas e mesmo em decadência). Pior. E virão as polêmicas reivindicações: casamento de religiosos franciscanos, jesuítas…? Na sequência, ordenação de mulheres? Finalizando: não quero ensinar o pai-nosso aos pastores da Igreja, mas a solução é simples para aumentar o número de vocações sacerdotais e religiosas na Igreja: Bastaria a Canonização de nossos bispos, padres e religiosos! Quem se habilita?!?

      Moral: há dois papas vivos, morando no Vaticano, usando hábitos brancos (prerrogativa exclusiva de papas) e sendo tratados como Vossa Santidade, algo inédito na historia da Igreja. Bento XVI mantém inclusive seu brasão de armas e as chaves cruzadas (sem citar o raio que caiu na cúpula do Vaticano no dia de sua renúncia). Somente restará um Pequeno Resto fiel que, nos na oração e na esperança, aguardará o retorno glorioso de Jesus.

      Sinal dos tempos!

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    4. Rvmo Padre Paulo, devo informaá-lo que D. Schneider, (felizmente), de facto é conservador, (no correcto sentido da palavra e não na conotação pejorativa que lhe queira atribuir?!), ESTÁ em perfeitíssima Comunhão com o Papa.
      Afirmar que está “distante da comunhão”, apenas porque discorda e não aceita heresias, venham elas de onde vierem; ou não compactua com situações ou posições apóstatas, porque as considera falsas, significa, no mínimo que V.Rvcia desconhece os objectivos da Igreja, à qual pertence.
      No fundo, (pelo que depreendo) está a insinuar que D. Schneider é um cismático, quando, apenas ele revela coragem e não covardia, como se vê, por aí, em tantos que conheço que se deixam levar pela corrente da apostasia do silêncio, enquanto as almas se perdem e abandonam a Igreja. Tomara eu que, em Portugal houvesse uns tantos Schneider’s. Paulos há a rodos…
      Portanto a sua posição, Rvmo Padre Paulo Giovanni, é muito cómoda…a dele é remar contra a maré, sem medo das consequências para a carreira eclesiástica…Já outros Santos assim procederam…e estiverem sempre em “una cum”.

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    5. Engraçado que antes de Francisco ninguém via padres pregando com tanto ardor a ‘comunhão com o Santo Padre’.
      Na verdade, tem que haver COMUNHÃO COM O MAGISTÉRIO PETRINO, e não com a política romana da vez.
      E se um papa vai contra outros 260, prefiro ficar com os 260.
      É assim que funciona a ‘comunhão com o Santo Padre’.

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  3. Olhando o cenário da igreja na Europa eu me pergunto o que esses guardiões da fé e da moral estavam fazendo para permitir que a a Europa passe uma crise sem precedentes em termos de fé e de moral. Ora, se enxerguem deixem os bispos da Amazônia fazerem o que necessário para o nosso bem e dos nossos povos. Eu aprendi que a Verdade em sua essência e o Bem e quem procura e faz o bem esta no caminho da verdade. Jesus revelou o Pai como a Verdade é Bem supremo. Continue dom Erwin no seu caminho pelo bem da Igreja e dos nossos povos da Amazônia.

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    1. Olhando o cenário da Igreja da Amazônia eu me pergunto onde estavam os bispos dessa região para que o clero local desaparecesse ? Onde estavam os bispos dessa região para permitirem que quase toda essa região esteja entregue às seitas protestantes???

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  4. … o Bispo Erwin Kräutler afirmou ser “quase um escândalo” o fato de que em muitas paróquias na Amazônia a Sagrada Eucaristia raramente seja celebrada”.. . Que desculpa nada escusável desejar um erro muito mais grave de exaltar e mesclar a fé católica ao diabolismo, proveniente das praticadas por indios pagãos e outras tribos idem, do que consta das futuras práticas e apoios do papa Francisco e adjuntos mais próximos dele, os quais mais se pareceriam a infiltrados na Igreja da maçonaria eclesíástica e sr bispo D Kräutler seria um deles!
    Porque, como outrora, não incentiva jamais as familias prepararem um de seus filhos e filhas para, desde a mais tenra infancia, um dia serem sacerdotes e religiosas, porém arranja essa desculpa sem nexo de corrigir um erro com outro infinitamente pior de se mesclarem aos relativismos de religiões pagãs e arranjarem o esquema dos viri probati etc, num ambiente em que imperam quase todos os sacerdotes sob varios bispos vinculados à socialista TL, religião “católica” por montagem em laboratorios de Engenharia Social da antiga KGB, imensamente pior?
    Essa de viri probati e outras do Instrumentum Laboris mais se parece mesmo é de gradativa e celeremente aprovarem novas normas e invencionices para a neo igreja católica, reformulada para ser similar, visando enganar, corrompendo os incautos, com franca colaboração da midia globalista, objetivando mesmo é “dividir para dispersar o rebanho católico da Igreja de 2000 anos” que tudo mais, vindo com essa escusa desprovida de conteúdo para tentar tal justificativa e mais correlatas!
    … “O que Dom Kräutler e muitos de seus companheiros de viagem do clero estão querendo promover são caricaturas de sacerdotes, que têm como modelo agentes humanitários, funcionários de ONGs, sindicalistas socialistas e ecologistas”… – confirmo também mais essa postura de D Athanasius Schneider diante do relatado, + apoios da CNBB via CIMI + TL + PCs = absolutos relativismo e alienações dos católicos romanos – aliás, em franca extinção!

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    1. De todo esse imbróglio , os pobres indígenas são a menor preocupação. Estão sendo usados para sabe-se lá o que.

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    2. Quando que o papa disse que iria fazer uma heresia dessas?
      Me diga uma só frase de Francisco que aprove essas maluquices de pregar relativismo e modernismo?
      E outra coisa, receber a comunhão frequente é uma tradição católica.

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  5. Como ortodoxo, gostaria de ressaltar que a agenda desse Sínodo da Amazônia não tem NADA a ver com a prática oriental de ordenar homens casados.

    Na Igreja Ortodoxa, o clero casado existe juntamente com o clero celibatário ou monástico. Ou seja, uma coisa não gerou a extinção da outra. (Pelo contrário: o monasticismo é muito forte.) E não há missa “inculturada”, nem rito novo, palhaçadas, danças, canções profanas, etc. A perspectiva oriental não é a de igualar padres a “funcionários de ONGs e sindicalistas”, nem demolir a tradição da Igreja, muito pelo contrário.

    No caso do clero do norte do Brasil, que JÁ É profundamente modernista, todas essas propostas seriam um desastre. Mas muito mais graves são as propostas de celebrar a missa “conforme a cultura indígena”.

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  6. LEMBRO.

    Lembro que perto da minha casa tinha um seminário menor e que vivia cheio de meninos. Entravam aos 10 anos. Tinham formação, recitavam o santo terço todos os dias, trabalhavam na horta, tiravam o leite, estudavam e assistiam a missa. Ah, jogavam futebol também uma vez por semana. PRIMEIRO VINHA as obrigações e o sacrifício das orações cedo e das missas. Depois o divertimento. Saiam dali para outro seminário. Aliás, eles ansiavam para ir no outro seminário. Depois a Teologia, Filosofia e a ordenação uma grande festa. As família realizadas e felizes. Toda família rezava para ter a graça de um Filho padre.

    Hoje…perdemos tudo isso. As famílias são pequenas e mal dá para assumirem os negócios da família. Não sobra nenhum para se sacrificar pela Santa Igreja.

    Dizem que na Europa muitas Igrejas já fecharam e se transformaram em bares, bibliotecas, livrarias etc. Será que isso vai acontecer aqui no Brasil? Misericórdia…

    Vamos rezar para que o Papa Francisco nomeie Dom Atanásius Cardeal e depois os cardeais o elejam Papa. Seria um Santo Papa.

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  7. Se o sínodo amazônico alcançar seus objetivos eu não vou por meus pês em igrejas que adorarem a “Mãe Terra”. Seguirei o exemplo dos católicos japoneses!

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  8. O Cardeal Robert Sarah no discurso publicado aqui mesmo esses dias demonstrou estar indo para outra direção diferente da do Papa mesmo sem nomear o Papa ou dar exemplos concretos. O Cardeal Schneider por sua vez já deu o recado ao Papa. Fora isso ainda há os Dubias dirigidas pelos quatro corajosos cardeais. Não sei, mas pode ser um bom sinal ter estes grandes bispos se posicionando claramente no caminho da Tradição. Parecia uns anos atrás que não haviam mais mas há pastores na Igreja! Graças a Deus! Oxalá o Papa ouça a voz dos pastores e seja ele também o pastor que foi chamado a ser e defender e encaminhar o rebanho!

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  9. “…Se o papa fizesse isso…”. Que me desculpe Dom Schneider, mas de onde vem todo esse desassombro com que este clero totalmente heterodoxo (eufemismo) se levanta para inventar todas essas loucuras?! Quem está dando-lhes “costas quentes”? Nos tempos de João Paulo II e Bento XVI, eles já estavam aí, mas estavam bem mais tímidos. Agora, escancaram a fealdade de suas péssimas intenções. Ingênuos, com certeza, eles não são. São-lo aqueles que eles querem manipular. A perda da Fé leva às aventuras mais bizarras que se possa imaginar. E este tresloucado sínodo é um exemplo patente. E patético. Nunca ouvi tanta tolice (oficial) saída da boca e da pena desses eminentes clérigos. Que Nsa Sra Aparecida nos proteja diante de tanta absurdidade! Salve Maria Imaculada!

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  10. Da mensagem de Akita : “…A obra do maligno vai infiltrar-se até mesmo dentro da Igreja de tal modo que se verão CARDEAIS CONTRA CARDEAIS, BISPOS CONTRA BISPOS. Os sacerdotes que me veneram serão desprezados e combatidos pelos seus confrades… igrejas e altares saqueados; a Igreja ficará cheia daqueles que aceitam compromissos e o demônio vai pressionar muitos sacerdotes e almas consagradas a deixarem o serviço do Senhor….” vale a pena ler o resto, já estamos a viver as horas anunciadas…

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  11. Lembrando aqui da época que os Arautos do Evangelho ficaram responsáveis pela Diocese de Sucombios.
    Antes deles chegarem lá, os responsáveis eram carmelitas. Super TL.
    As pessoas não recebiam os sacramentos…
    Só foram ver o que era pastores zelosos com a alma, quando chegaram os Arautos do Evangelho.

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  12. D. Atanásio fala para meia dúzia. Os critérios, seus “lugares teológicos”, já não têm nem poderiam ter cidadania nesta seita imunda que aí está. Não é imunda pela sordidez de seus dirigentes. É imunda por ser herética, por ser caricata e grotesca. D. Atanásio gasta seu latinório. Ademais, será preciso abjurar e detestar os erros do vaticano 2 se quiser se salvar. Pois não resta dúvida de que ele tem condições de saber o que se passa.

    De todo modo, mais um pouco, menos de 10 anos, as Donas Mummes da T.L. e as da Teologia da Sauna serão apenas pó. Que dirão ao descobrirem que toda a “mitologia” do inferno é a mais tormentosa das realidades. Pois eis o quinhão dos que não se arrependerem.

    Gente má. Gente perversa. Gente maligna sempre a fermentar maldades, malícias e ciladas, sempre a fazer convescotes, sempre a apodrecer no vício e na avareza. Por isso o povo simples os despreza e deles foge.

    Nem digo que tais múmias serão pasto de vermes, pois nem estes hão de querê-las. Tenhamos paciência, pois, vendo a história da Igreja, vemos que mui raramente clero deixou a Igreja viver em paz. Gente atormentada. Gente louca. A ociosidade produz bandidos e loucos. Desde que Paulo VI resolveu que a Igreja devia se prostituir para ser aceita, é só isso o que se tem colhido: vergonha, decadência, escândalo, divisão e tédio. O tédio. É isso que os consome.

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  13. As Comunidades luteranas e anglicanas que adaptaram o “seu sacerdócio” às ondas das modas hodiernas não salvaram as Comunidades do “eclipse espiritual”.
    Eu tenho uma pergunta dentro de mim que até hoje não ouvi nem li coisa alguma a respeito: Como seria a formação desses “padres casados”? Não há uma só linha sobre esse assunto. A Comunidade elege, não sei com quais critérios, e o Bispo da Diocese é obrigado a ordená-lo? Ou irão à Alemanha ou Austria para serem ordenados por lá ?

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  14. Sínodo da Amazônia é só a continuação do concílio Vaticano II, as “reformas” (tão mais pra deformas) que os hereges modernistas não conseguiram fazer no concílio, eles vão tentar fazer com esse Sínodo herético.

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