Vaticano, 10 de agosto de 2019: Bento XVI recebe os monges da Congregação agostiniana de Windesheim, Holanda. Nesta semana, foi divulgada uma resposta de Bento XVI às críticas que recebeu de progressistas sobre a sua intervenção no debate acerca da crise de abusos sexuais. Nela, o Papa emérito vai ao cerne da questão: “Deus não aparece de forma alguma”. Na corrente bergogliana, vê-se introduzida na teologia o que Bento imputava à sociedade ocidental: agem como se Deus não existisse.
Abaixo, a íntegra:
“A contribuição da senhora Aschmann (“O verdadeiro sofrimento católico em 1968“, HK, julho de 2019, 44-47), apesar de sua unilateralidade, pode estimular uma reflexão mais aprofundada. Trata-se de uma reação à minha publicação no Klerusblattpara esclarecer a crise dos abusos (nº 4/2019, 75-81). A reação é insuficiente e é típica do déficit geral de recepção ao meu texto.
Parece-me que nas quatro páginas do artigo da sra. Aschmann não apareça a palavra Deus, algo que eu coloquei no centro da questão. Escrevi: “Um mundo sem Deus só pode ser um mundo sem significado … A sociedade ocidental é uma sociedade em que Deus está ausente para o grande público e não tem nada a dizer a ele. E é por isso que é uma sociedade em que a medida do ser humano está sendo cada vez mais perdida”.
Pelo que eu posso ver na maioria das reações à minha contribuição, Deus não aparece de forma alguma, e, portanto, não é enfrentado justamente aquilo que eu queria enfatizar como o ponto principal da questão. O fato de o artigo da sra. Aschmann ignore a passagem central de minha argumentação, assim como a maioria das reações de que tomei conhecimento, mostra-me a gravidade de uma situação em que a palavra Deus costuma parecer marginalizada na teologia”.