Co-redentora?

Por Lúcio Navarro

Quando alguns escritores católicos chamam a Maria Santíssima co-redentora do gênero humano, eles empregam este termo não no sentido de que os merecimentos de Maria Santíssima pudessem acrescentar alguma coisa aos merecimentos de Jesus Cristo quanto ao resgate do gênero humano; os merecimentos de Cristo eram infinitos, e os de Maria, finitos, como de criatura que é; além disto, os próprios merecimentos da Virgem já são efeitos dos merecimentos de Jesus. Nem é no sentido de que o Messias necessitasse da ajuda de Maria para realizar a sua obra salvadora.

Vierge aux Raisins O que esses escritores querem significar com tal denominação é o papel que Deus, nos desígnios de sua Providência, fez com que Maria Santíssima, embora simples criatura, exercesse na obra da Redenção. Pelo poder divino, Cristo podia ter aparecido neste mundo como homem feito; mas tendo que mostrar-se em todas as coisas à nossa semelhança, exceto o pecado (Hebreus IV-15), era preciso, segundo os desígnios de Deus, que nascesse de um ventre materno. Uma mulher, Eva, se associara ao primeiro homem no pecado, oferecendo-lhe o fruto da árvore proibida. Outra mulher, Maria, foi associada ao novo homem, Jesus Cristo, na obra da salvação, pois foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador.

Para isso era preciso, em atenção à honra e dignidade do próprio Filho, que Deus escolhesse uma mulher pura, imaculada, sem a mínima sombra de pecado, a fim de ser o sacrário onde havia de formar-se o corpo de Jesus Cristo. Deus lhe manda o anjo Gabriel para anunciar-lhe que ela, cheia de graça, havia sido escolhida para a grande honra da maternidade divina. E só depois que Maria vê resolvido o problema de sua virgindade, é que dá o consentimento: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas I-38). E é em seguida a este consentimento que o Verbo se faz carne e habita entre nós, tornando-se Maria, nessa hora, a esposa do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá de sua sombra (lucas I-35). Se o Verbo se faz carne para nossa salvação, Maria contribui para isso, pois a carne de Cristo é carne de Maria, o sangue de Cristo é sangue de Maria, pela íntima união que há entre o filho e a mãe, a mesma união que há entre o fruto e a árvore que o produz, e por isto diz Santa Isabel, falando cheia do Espírito Santo: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre (Lucas I-42).

Aquele Menino que ela trouxe no seu ventre puríssimo e virginal durante 9 meses, Maria depois O nutriu, O guardou, durante trinta anos e Jesus lhe foi obediente: E era submisso a eles (Lucas II-51). E na cruz, no momento da Redenção, Maria que pela ação preservativa de Deus, graças aos merecimentos de Cristo, jamais teve o mínimo pecado, ali estava sofrendo juntamente com Jesus Cristo, fazendo resignada e heroicamente o sacrifício de seu Filho Amantíssimo para a redenção do gênero humano.

É frisando esta atuação que Maria, embora simples criatura, foi destinada a exercer junto a seu Divino Filho, que esses escritores dizem que Maria Santíssima é DE UM CERTO MODO co-redentora do gênero humano.

Se o termo está bem ou mal empregado – é uma questão de gramática e de linguagem. Mas os católicos nada querem significar além do que está exposto, quando dão a Maria Santíssima o aludido título.

22 comentários sobre “Co-redentora?

  1. Qual o objetivo da Encarnação do Verbo de Deus? A união mística e definitiva com a Santíssima Trindade. A virgem Maria é a nova Eva e Jesus Cristo o novo Adão do novo Gênesis, entre todas as implicações e significados, para a realização do plano salvífico de Deus.Por isso Jesus chama Maria de “Mulher” em determinado momento…A Co-redenção é também infinita no que tem de realidade participativa da infinitude meritória de Jesus Cristo, não? Nos humanos complicamos o que é simple e claro. Farei novas todas as coisas disse Deus. Se os primeiros Adão e Eva participam infinitamente do pecado que arrastou a humanidade à condenação eterna e na possessão demoníaca, na morte espiritual e perda do estado de graça plena, como é que o novo Adão e nova Eva não compartilariam a salvação da humanidade e suas almas? Etc.É importante ler Santo Irineu de Lyon III, 22 e Isaías, (todo aliás…) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
    Isaías 9

    Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.
    Isaías 7

    Santo Ireneu de Lyon (130 – 208 dC) Bispo, Teólogo, Mártir.
    Um dos Pais da Igreja, considerado o último discípulo direto de Apóstolo vivo, por ter sido discípulo de São Policarpo de Esmirna que era discípulo direto do Apóstolo São João quando este ainda estava vivo neste mundo.
    Contra as heresias, III, 22
    A Virgem Maria foi obediente quando disse: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Pelo contrário, Eva foi desobediente, tendo desobedecido quando era ainda virgem. E assim como Eva, desobedecendo, se tornou causa de morte para si mesma e para todo o género humano, assim também Maria, tendo por esposo aquele que lhe tinha sido antecipadamente destinado mas mantendo-se virgem, se tornou, pela sua obediência, causa de salvação para si mesma e para todo o género humano. […] Porque o que foi ligado só pode ser desligado quando se faz em sentido inverso o processo que tinha dado origem ao nó, de tal maneira que o primeiro laço é desatado por um segundo, tendo o segundo a função de desatar o primeiro.

    Era por isso que o Senhor dizia que os primeiros seriam os últimos, e os últimos os primeiros (Mt 19,30). E também o profeta afirma a mesma coisa, ao dizer: «Em lugar dos teus pais, virão os teus filhos» (Sl 44,17). Porque, ao tornar-Se «o Primogénito dos mortos», ao receber no seu seio os pais antigos, o Senhor fê-los renascer para a vida em Deus, tornando-Se Ele mesmo «o princípio» (Col 1,18), já que Adão fora o princípio dos mortos. É também por isso que Lucas começa a sua genealogia pelo Senhor, fazendo-a depois remontar até Adão (Lc 3,23ss.), indicando assim que não foram os pais que deram a vida ao Senhor, mas foi Ele, pelo contrário, que os fez renascer no Evangelho da vida. Da mesma maneira, o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria, porque aquilo que a virgem Eva tinha atado pela sua incredulidade foi desatado pela Virgem Maria pela sua fé

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  2. Sou um simples fiel e a questão da Corredenção sempre me chamou a atenção, pois eu não entendia, de fato, o real significado desta função de Maria.
    Apenas quando eu li alguns autores como o Padre Lagrange e o Padre Faber é que passei a começar a entender um pouco esse grande mistério.
    A Corredenção está ligada ao mistério das dores de Maria, ao mistério da Compaixão.
    Assim como Adão e Eva foram causa da ruína dos homens, outro casal deveria ser a causa da regeneração dos homens.
    A Virgem Maria, por mérito de conveniência, sofreu as penas devidas pelos pecados dos homens, unida à Vítima Jesus.
    Por isso que é aos pés da Cruz que Jesus declara Maria Mãe dos redimidos, pois por suas dores ela gerou em nós a vida da graça, em união com Cristo.
    E isso não nega a eficácia exclusiva de Cristo, pois a missão de Maria é espelho da missão da Igreja e de cada fiel.
    Basta lançarmos um olhar para a vida de Santa Gemma Galgani, Santa Teresa de Lisieux, São Pio, todos os Santos completaram em sua carne o que falta à Paixão de Cristo. Somos um extensão de sua humanidade na terra.
    E Maria é Corredentora de forma singular, porque é a Nova Eva.
    A Corredenção é efeito da Maternidade Divina.
    Maria é Corredentora porque é Mãe de Deus, chamada a viver a Paixão de Jesus com seus Filho.
    Não é Corredentora porque deu a Jesus sua humanidade, apenas, mas porque sofreu em seu coração materno a Compaixão e mereceu para os homens, por mérito de conveniência, em união com Cristo, o perdão dos pecados e a vida eterna.

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  3. Eis um texto perfeito, que relata, de uma forma exacta uma realidade que, de tão simples, pode parecer complicada.
    Maria Santíssima está associada à Obra da Redenção de um modo único perfeito, desse jeitinho que o Sr. Padre Élcio Muruci explica com maestria.
    Mesmo, se considerada Co-Redentora, Jesus Cristo continua sendo o Único Redentor do género humano, do qual, a Virgem Maria, como criatura faz parte.
    Não se preocupem os escrupulosos porque, em nada reduz o esplendor do Filho.

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  4. Diz-nos São Luiz Maria Grignon Montorf que é mais fácil separar a luz do sol do que separar a Mãe e o Filho, o Filho e a Mãe. Ou seja, impossível. Portanto, apóstata, anátema é quem nega esta realidade e isto inclui aquele que nem quer ser chamado de Papa, e nisso ele tem razão, porque de fato não o é. Papa é o Pastor que conduz (apascenta) o rebanho de forma segura ao redil. E esse anti-papa encaminha para o matadouro eterno. Vá de retro, satanás!

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  5. Em minha conta ZELO ZELATUS SUM resumo vários artigos extraídos do Livro LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA, de autoria de Lúcio Navarro. No início das publicações faço anotar esta fonte de onde as extrai.
    Foi de um destes artigos que extraí esta nota sobre Nossa Senhora Corredentora. Mas, na oportunidade quando coloquei este comentário aqui no Fratres não atinei em citar a fonte. Donde, quero dizer que este artigo não é de minha autoria, mas sim, da de Lúcio Navarro.
    Aproveito para recomendar a leitura deste livro admirável: LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA, de Lúcio Navarro.
    Peço ao FRATRES a gentileza de retirar o “Por Padre Elcio Murucci” e substituir ” Por Lúcio Navarro”. Desde já agradeço e peço desculpas pelo senão, se bem que involuntário.
    Feliz e Santo Natal a todos!

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  6. Se prestarmos atenção à fala de Bergoglio na homilia do dia de N Sa de Guadalupe, veremos, no final, uma alusão à maternidade da Virgem em relação à Igreja. Isso parece comum, “conciliar” etc, mas nos dá uma pista: devemos ler em chave “eclesial” o que está se dizendo. Quem foi o ultimo papa antes di Concilio? PioXII. Onde Ele fala da Igreja de maneira conspicua? Na Mystici Corporis. Seguindo essa pista, venos que Ele nos ensina algo sobre a participação de N Senhora no sacrifício da Cruz. Diz Ele:

    “A ela, a Imaculada, isenta de toda a mancha original ou atual, e sempre intimamente unida com seu Filho, que, como outra Eva, juntamente com o holocausto dos seus direitos maternos e do seu materno amor, o ofereceu no Gólgota ao Eterno Pai por todos os filhos de Adão, manchados pela sua queda miseranda; de modo que a que era fisicamente Mãe da nossa divina cabeça foi, com novo título de dor e de glória, feita espiritualmente mãe de todos os seus membros. Foi ela que com suas eficacíssimas orações obteve que o Espírito do divino Redentor, dado já na cruz, fosse depois em dia de Pentecostes conferido com aqueles dons prodigiosos à Igreja recém-nascida. Ela finalmente, suportando com ânimo forte e confiante imensas dores, verdadeira Rainha dos mártires, mais que todos os fiéis, “completou o que falta à paixão de Cristo… pelo seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24), e assistiu o corpo místico de Cristo, nascido do Coração rasgado do Salvador, (74) com o mesmo amor e solicitude materna com que amamentou e acalentou no berço o menino Deus”

    E ponto está aqui:

    “verdadeira Rainha dos mártires, mais que todos os fiéis, ‘completou o que falta à paixão de Cristo… pelo seu corpo que é a Igreja’ ” (Cl 1,24)”.

    Então ha algo que se acresce à Paixão do Senhor?

    Abaixo, o comentário de Sao Tomás a essa misteriosa passagem de Colossenses. Cito o original, mas ha tradução para o vernáculo. O resumo é o seguinte: “todos os santos padecem por causa (em proveito) da Igreja”.

    “Et etiam hoc fructu, ut adimpleam ea, quae desunt passionum Christi, et cetera. Haec verba, secundum superficiem, malum possent habere intellectum, scilicet quod Christi passio non esset sufficiens ad redemptionem, sed additae sunt ad complendum passiones sanctorum. Sed hoc est haereticum, quia sanguis Christi est sufficiens ad redemptionem, etiam multorum mundorum. I Io. c. II, 2: ipse est propitiatio pro peccatis nostris, et cetera. Sed intelligendum est, quod Christus et Ecclesia est una persona mystica, cuius caput est Christus, corpus omnes iusti: quilibet autem iustus est quasi membrum huius capitis, I Cor. XII, 27: et membra de membro. Deus autem ordinavit in sua praedestinatione quantum meritorum debet esse per totam Ecclesiam, tam in capite quam in membris, sicut et praedestinavit numerum electorum. Et inter haec merita praecipue sunt passiones sanctorum. Sed Christi, scilicet capitis, merita sunt infinita, quilibet vero sanctus exhibet aliqua merita secundum mensuram suam. Et ideo dicit adimpleo ea quae desunt passionum Christi, id est totius Ecclesiae, cuius caput est Christus. Adimpleo, id est, addo mensuram meam. Et hoc in carne, id est ego ipse patiens. Vel quae passiones desunt in carne mea. Hoc enim deerat, quod sicut Christus passus erat in corpore suo, ita pateretur in Paulo membro suo, et similiter in aliis. Et pro corpore, quod est Ecclesia, quae erat redimenda per Christum. Eph. V, 27: ut exhiberet ipse sibi Ecclesiam gloriosam, non habentem maculam neque rugam. Sic etiam Et etiam hoc fructu, ut adimpleam ea, quae desunt passionum Christi, et cetera. Haec verba, secundum superficiem, malum possent habere intellectum, scilicet quod Christi passio non esset sufficiens ad redemptionem, sed additae sunt ad complendum passiones sanctorum. Sed hoc est haereticum, quia sanguis Christi est sufficiens ad redemptionem, etiam multorum mundorum. I Io. c. II, 2: ipse est propitiatio pro peccatis nostris, et cetera. Sed intelligendum est, quod Christus et Ecclesia est una persona mystica, cuius caput est Christus, corpus omnes iusti: quilibet autem iustus est quasi membrum huius capitis, I Cor. XII, 27: et membra de membro. Deus autem ordinavit in sua praedestinatione quantum meritorum debet esse per totam Ecclesiam, tam in capite quam in membris, sicut et praedestinavit numerum electorum. Et inter haec merita praecipue sunt passiones sanctorum. Sed Christi, scilicet capitis, merita sunt infinita, quilibet vero sanctus exhibet aliqua merita secundum mensuram suam. Et ideo dicit adimpleo ea quae desunt passionum Christi, id est totius Ecclesiae, cuius caput est Christus. Adimpleo, id est, addo mensuram meam. Et hoc in carne, id est ego ipse patiens. Vel quae passiones desunt in carne mea. Hoc enim deerat, quod sicut Christus passus erat in corpore suo, ita pateretur in Paulo membro suo, et similiter in aliis. Et pro corpore, quod est Ecclesia, quae erat redimenda per Christum. Eph. V, 27: ut exhiberet ipse sibi Ecclesiam gloriosam, non habentem maculam neque rugam. Sic etiam omnes sancti patiuntur propter Ecclesiam, quae ex eorum exemplo roboratur. Glossa: passiones adhuc desunt, eo quod paritoria meritorum Ecclesiae non est plena, nec adimplebitur, nisi cum saeculum fuerit finitum. quae ex eorum exemplo roboratur. Glossa: passiones adhuc desunt, eo quod paritoria meritorum Ecclesiae non est plena, nec adimplebitur, nisi cum saeculum fuerit finitum.

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  7. Caríssimo Sr. G. M. Ferretti, muito obrigado! Deus lhe pague! Feliz e santo Ano Novo a todos aí do FRATRES IN UNUM.

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  8. Caros Frates. Salve Maria Santíssima. Ao se atermos aos argumentos daqueles favoráveis à co-redenção de Nossa Senhora percebemos que a tônica é destacar as suas elevadas virtudes para justificar o papel que desejam atribuir-Lhe, realizando-se um exercício de analogia entre sua digníssima vocação com a missão redentora de Nosso Senhor.

    Assim, é destacado que Jesus foi gerado em seu corpo, que seu corpo é um sacrário, que desejou Deus que Nosso Senhor fosse concebido milagrosamente na Virgem, etc. Tudo verdadeiro, porque todos reconhecemos que Nossa Senhora teve entre os humanos a maior vocação. Porém, a despeito do rol das nobilíssimas virtudes, nada indica seu papel de redentora.

    Mas tal elevadíssima questão não pode ser suscitada por elucubrações ou exercícios de analogia, pois somente é possível perquirir a questão baseando-se na Revelação feita por Deus mediante a Bíblia e a Tradição. Ora, é sabido que a Revelação não se inova e nem evolui. O que era para ser revelado já fora.

    Com efeito, as Sagradas Escrituras não indicaram que Nossa Senhora é co-redentora, indicando explicitamente que o único redentor é Nosso Senhor. E a Tradição muito menos autoriza essa interpretação porque durante dois mil anos pontificou que o único redentor é Nosso Senhor Jesus Cristo, motivo que ensejou ao Magistério ensinar aos homens quem nos redimiu.

    Há um equívoco argumentativo daqueles que se propõem defender o suposto dogma, pois colocam o veículo como causa. Ora, Nossa Senhora, a despeito de sua nobilíssima missão, foi veículo usado pela Providência para que a causa realizasse. Mas o fato de ter sido veículo, para que se consumasse a Redenção, não autoriza interpretar que Ela mesma é a Redenção, porque se assim fosse haveria de se reconhecer que Isaías, ou São Gabriel, embora veículos, foram também co-redentores vez que também participaram do Santo Evento. Ora, o Profeta Isaias previu a chegada do Redentor, e até antecipou que viria mediante uma virgem. Foi o percussor da Redenção, e propagador da boa nova para que os judeus preparassem para o dia do Advento. E São Gabriel teve papel ímpar, porque revelou a Nossa Senhora que Ela fora a escolhida, que, portanto, preparasse para o Advento.

    Participar de um evento, por mais santa que seja essa participação, não autoriza reconhecer que o partícipe seja a causa do evento, pois se assim fosse haveríamos de reconhecer que o padre, com o poder inigualável de realizar a transubstanciação, ao realizar o Sacrifício da Missa é co-sacrificado. Não. Não o é. Ele é o veículo que usa a Providência para que o grande milagre seja realizado diariamente.

    Por mais nobre tenha sido a vocação de Maria Santíssima, como de fato foi, Ela foi um dos veículos usados pela Providência, o maior, é bem verdade, para que se consumasse a Redenção, e ser veículo não é o mesmo que ter realizado a Redenção. Nossa Senhora foi o meio (veículo) que veio Nosso Senhor, para que aí sim, por meio Dele, ocorresse a Redenção. Não há de se confundir o meio pelo qual veio Cristo, com a Redenção em si.

    A questão não é de escrúpulos como aqui aventado, mas atendimento ao Magistério perene, que por séculos tem ensinado que existe apenas um Redentor. Não tenhamos cupidez por coisas novas, baseadas em meras elucubrações, por mais bem intencionadas que sejam, porque entre a Revelação e as especulações do Senhor Lucio Navarro prefiro seguir a Revelação.

    PS: Pediria ao grande padre Elcio, que tanto tem colaborado com apostólicos artigos, indicar quais são esses escritores católicos que defendem tanto a condição de co-redentora de Maria Santíssima.

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    1. Recomendo ao Sr. “Watchman” que leia as Encíclicas sobre a Virgem Santíssima e estude bons tratados de Mariologia. Infelizmente seu comentário demonstra que o Sr. não entendeu bem o que significa a corredenção mariana e está fazendo uma enorme confusão. Afirmações do tipo “Porém, a despeito do rol das nobilíssimas virtudes, nada indica seu papel de redentora.”; “não autoriza interpretar que Ela mesma é a Redenção”; “e ser veículo não é o mesmo que ter realizado a Redenção” não são mais que a crítica de um espantalho. Seus argumentos se assemelham muito ao dos hereges protestantes e modernistas que combatem essa doutrina e se afirmo isso é porque conheço bem a argumentação deles. E digo mais: o Sr. teria toda razão em se opor à proclamação desse Dogma se o significado da corredenção mariana fosse de acordo com a forma com que você a interpreta.

      Eu já fui um grande opositor dessa doutrina. Considerava o termo corredentora como herético ou no mínimo problemático e cheguei a ter uma crise de fé por não conseguir assimilar a questão. Mas isso tudo se baseava na minha ignorância do assunto, eu nunca tinha estudado com profundidade o tema e tinha apenas uma visão pré concebida sobre o significado da expressão corredentora. E o que fiz? Ao invés de palpitar na internet sobre um assunto que não dominava, resolvi investigar o ensinamento católico consultando os Documentos Pontíficios sobre a Virgem Maria, os livros dos Santos e os tratados dos melhores mariologistas católicos. Me aprofundando na questão descobri que a corredenção da Virgem Maria foi ensinada sucessivamente por diversos Papas (Magistério Ordinário da Igreja), defendida por vários Santos e pelos melhores mariologistas pré vaticano II e possui forte fundamento no ensinamento unanime dos Padres da Igreja de que a Virgem Maria é a Nova Eva. Na primeira metade do séc. XX várias petições foram enviadas à Santa Sé pedindo a proclamação do quinto Dogma Mariano (corredentora e medianeira de todas as graças). Após o Vat. II essa doutrina foi muito combatida pelos modernistas que a consideravam como um obstáculo ao ecumenismo.

      Se o Sr. “Watchman” pede indicações dos escritores católicos que defendem a corredenção é porque nunca estudou seriamente a questão, pois são muitos. Não quero com isso ser desrespeitoso com um irmão católico mas apenas alertá-lo para que não cometa o mesmo erro que cometi. A fé católica não se baseia em palpites de leigos, ainda mais quando falam de assuntos que não dominam. Se quer se opor à proclamação desse Dogma que o faça com conhecimento de causa. Será que Leão XIII, São Pio X, Pio XI e outros Papas que chamaram Nossa Senhora de corredentora não sabiam que é dogma católico que Jesus Cristo é nosso único redentor? Será que os mariologistas que dedicaram décadas de suas vidas a estudar o assunto eram tão ignorantes a ponto de não saberem que nosso único redentor é Nosso Senhor Jesus Cristo ou será que é o Sr. que tem uma visão totalmente distorcida do que significa a corredenção? Quem será que se baseia em meras elucubrações? É preciso entender o real significado do termo de acordo com a teologia católica.

      Feitas essas observações, gostaria de recomendar bibliografia sobre o assunto. Recomendo os tratados de Mariologia do Pe. Gabriel Roschini, talvez o maior mariologista do séc. XX (Instruções Marianas, La Madre de Dios según la fé y la Teologia); Pe. José Maria Bover, exegeta e tradutor da Bíblia para o Espanhol que a princípio se opunha a doutrina da corredenção mas depois se tornou um de seus mais ardentes defensores (La Mediación Universal de Maria, Maria Mediadora universal); o grande tomista Pe. Garrigou Lagrange (La Madre del Salvador y nuestra vida interior); Pe. Benito Enrique Merkelbach (Mariologia, Tratado de la Santisima Virgen Maria); Pe. Jean Baptiste Terrien (La Madre de Dios y Madre de los hombres segun los Santos Padres y la Teologia); Pe. Pablo Villada (Por la definición dogmática de la mediación universal de la Santisima Virgen); Pe. José Antônio de Aldama (Tratado de Mariologia na Suma de Teologia Escolástica); Pe. Antônio Royo Marin (La Virgen Maria, teologia y espiritualidad marianas); Pe. Emile Neubert (Maria Santíssima como a Igreja ensina). Todas obras excelentes e disponíveis na internet para download em português ou Espanhol. Sinceramente acho muito difícil alguém estudar esses livros e continuar mantendo uma opinião semelhante ao comentário de Watchman. Graças a eles pude perceber o quanto estava equivocado. Nesses livros há fartas referências aos fundamentos teológicos encontrados na Bíblia, Tradição e documentos do Magistério para a proclamação do quinto dogma mariano.

      Entre as especulações bem intencionadas de Watchman e a doutrina da Santa Igreja Católica prefiro seguir a doutrina da Igreja.

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    2. Os argumentos do sr. Watchman são bem válidos e muito coerentes. Me parece haver uma exclusividade na palavra Redenção conforme descrito no concílio infalível de Florença e repetido não somente no de Trento ,mas em outras declarações posteriores que firmam um Dogma em relação a Cristo ser o único Redentor do gênero humano. A palavra UNICAMENTE mostra uma exclusividade e não ação conjunta, isto é, a palavra redenção neste caso não admite participação passiva , muito menos ativa como fazemos com a palavra interceder ou mediar.
      Papa Eugénio IV, Concílio de Florença, Cantate Domino, 1441, ex-cathedra: «A Santa Igreja Romana firmemente crê, professa e prega que jamais alguém concebido de homem e de mulher foi libertado do domínio do demônio, senão pela fé no mediador entre Deus e os homens Jesus Cristo, Nosso Senhor; este que foi concebido sem pecado, nasceu e morreu, ATRAVÉS UNICAMENTE DA SUA MORTE DERROTOU O INIMIGO DO GÊNERO HUMANO CANCELANDO OS NOSSOS PECADOS, e abriu as portas do reino celeste, as quais o primeiro homem por causa do seu pecado perdera juntamente com toda a sua descendência…» (DENZ. 711). Pergunta-se: foi pelo ATO do derramamento de sangue de Cristo sozinho, sua ida ao limbo dos patriarcas, de lá resgatando-os que as portas do Céu foram abertas ou não? Usemos a ideia que muitos aqui fazem desta defesa da corredenção aplicadas a disputa teológica da Imaculada Conceição negada pela maioria esmagadora de dominicanos e peritos teológicos da Igreja no inicio do séc.XIV. Nesta época o dogma da Imaculada Conceição estava bem longe de ser proclamado e todos podiam ter posições divergentes, como temos hoje em relação a corredenção. o Beato franciscano Duns Escoto estava praticamente sozinho em sua defesa da Imaculada Conceição numa disputa magnífica contra um grupo enorme de dominicanos que perderam a disputa. Os dominicanos se firmavam na doutrina de São Tomás que escrevera na Suma Teológica Nossa Senhora ter contraído o pecado original. Neste debate obviamente, São Tomás já havia falecido mais de 17 anos e nunca saberíamos se essa “querela teológica” ( para a época) teria sido sanada pois o dogma foi proclamado séculos mais tarde. Pensemos hipoteticamente que há possibilidade de separar o ato redentor do ato mediador e mesmo salvador pelo simples fato que um exige uma exclusividade e os outros não . O ato redentor exigiria que um Ser tivesse mérito infinito pagando assim uma culpa infinita herdada, já a mediação e propriamente salvação há uma colaboração , uma ação em conjunto , uma condução que não só permite como sendo desejada para que o Amor seja completo.

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  9. Corredentora escreve junto e com dois RR.
    Mal-empregada é com hífen.
    Questão de gramática!!!

    ****** Alguém avisa para o autor do artigo que, Maria era da linhagem de Davi e José também. Detalhe importante que foi esquecido , pois, embora os humanos sejam inferiores aos Anjos – daí a revolta do ex-anjo da luz por Jesus nascer de uma humana -, Ela tinha linhagem real!!!!
    Partícipe SIM da redenção, sem divindade, mas com realeza!!!!

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  10. A “redenção objetiva” é obra de Jesus Cristo, cujos méritos, por causa da União hipostática, sao infinitos e suficientíssimos.

    NO ENTANTO, esses méritos precisam ser aplicados (redenção subjetiva). A Igreja está investida de missão redentora, nao apenas em sentido analógico e acomodatício, mas de pleno direito. À Igreja cabe a aplicação dos méritos mediante a dispensação dos sacramentos da Nova Lei: Ela gera, para Deus Pai, os filhos da adoção; nutre-os; robustece; sana e os conduz ao céu.

    Os santos de Deus, os filhos adotivos de Deus, configurados a Cristo-Cabeça da Igreja, nao por mera analogia extrínseca e como que metaforicamente, mas realmente a Ele configurados, constituem com Ele uma só Pessoa Mística, que é a Igreja, produzindo ATOS MERITÓRIOS que, por libérrima e gratuita disposição divina, se unem aos do Unico Mediador. Em sentido amplo, portanto, e profundo, nao ha nenhum inconveniente em se falar de corredençao se se aplica esse termo em “chave eclesial”, nem há inconveniente algum em aplicá-lo à Santissima Mãe de Deus: Ele, que podia perdoar a culpa de Adão e a de toda humanidade por um simples ato de sua vontade, quis e quer se servir das criaturas, e, dentre estas, a mais perfeita, a Virgem Mãe do Verbo Encarnado.

    Para a difusão da sua inefável bondade, Deus constitui as criaturas como fonte de bondade umas para as outras.

    Devemos detestar a heresia protestante que camufla sua torpeza sob a aparência de zelo e pureza biblicista e biblicômona.

    Xô, Lutero.

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  11. Salve Maria!

    Estou recordando as lições do Pequeno Catecismo da Doutrina Cristã. Este foi meu segundo catecismo e o recebi no dia da minha primeira comunhão em 1995.

    Pois bem, a próxima lição – que acabo de ler – era esta, para meu espanto, totalmente relacionada ao assunto do post. Então, não poderia deixar passar a oportunidade sem escanear a página do catecismo e disponibilizar para todos nos links abaixo:

    https://drive.google.com/file/d/1CHomDdQ83MbS5SkpL56Giygg1tl8xMC0/view?usp=sharing

    https://drive.google.com/file/d/16aywSzeIz0gDGPilS8xB0RpA7khqOnu6/view?usp=sharing

    Estarei transcrevendo-a em meu blog.

    Att,

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  12. Também não me afino com os termos “redenção”, “redentor” e “redentora”, prefiro “salvação” e “salvador’, acho mais bonitos. “Co-redentora” me parece também termo muito técnico, jurídico. Mas como o padre Lúcio Navarro explica muito bem esses são apenas o modo da linguagem humana para expressar uma realidade que não podemos compreender totalmente. Se houver títulos e termos melhores, bem. Se não houver, basta explicar como no artigo que tudo se resolve. Viva Maria Santíssima Medianeira de todas as graças!

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  13. Salve Maria Santíssima. Veio o Sr. Felipe Melo a este forum contestar meu comentário. Tais foram suas assertivas quanto a minha alegada ignorância que transpareceu que fui lançado a um enorme salão cibernético onde consegui expressar-me com tímidos grunhidos constantemente abafados pelas suas explanações, tidas como eruditas, como se fossem preconizadas do alto de um mezanino repercutindo ecos somente das falas dele, porque as paredes dos altos pés-direitos não perdem tempo repercutindo meus sussurros.

    Melhor atribuir-me ignorância porque assim, uma vez mais, baseio-me no Magistério perene da Igreja, e não me perco em elucubrações. Sim, elucubrações, porque queira meu juiz, ou não, inexiste dogma que me obrigue a seguir o quer que o meu contendor quer que eu siga. Portanto, sua condenação dos altos do mezanino é apenas uma manifestação de contrariedade, pois mesmo que ele quase me ponha em uma “dieta de Worms” cibernético, mesmo assim não tenho nada a me defender a esse julgamento fantasioso.

    Ao contrário do que pensa meu contendor, sou eu que estou em situação confortável, porque a inexistência do dogma da co-redenção de Nossa Senhora não me vincula a nada referente a essa proposta, e por estarmos no campo da mera proposta todo o católico sente-se confortável em não seguir aquilo que está no campo das conjeturas. Ora, raia o absurdo querer censurar um católico pela não aceitação da mera proposta. Os que são defensores da proposta é que devem cuidar-se porque simplesmente o DOGMA NÃO EXISTE.

    E não são os estudos de mariologia, as posições de alguns religiosos, a proposição do Sr. Leandro Navarro, ou mesmo a vontade e a suposta cultura do meu contendor, que farão a proposta vingar, mas, sim, o designo de Deus pela inspiração do Espírito Santo que poderá concretizar o dogma. Porém, passados dois mil anos, até o momento não foi esse o designo. Então por que me increpar? Não é um absurdo tornar algo dogmático sem existir o dogma? Não é um absurdo exigir vinculação espiritual, volitiva e intelectual ao dogma inexistente, e censurar aqueles católicos que seguem o que a Igreja ensinou considerando que o dogma não foi proclamado? Não é absurdo insultar o católico como protestante ou modernista por contrariedade a dogma inexistente?

    Se não tenho estudos suficientes, ou pelo menos na proporção dos dele, como pretende ver o Sr. Felipe, a simples prática cristã fez-me ver que faltou a ele a caridade, pois sem constrangimento pugnou que venho dar palpites na internet; que nunca estudei seriamente a questão; que estou dando palpites enquanto leigo, ainda mais quando não domino o assunto; que não tenho conhecimento de causa. Quando não, lança insultos como se protestante eu fosse, parecendo querer me calar, pois estou lesando a dignidade de seu sapiencial parecer, transparecendo, neste imaginário tribunal regido pelas suas ordenações filipinas, querer calar-me para sobrelevar sua suposta proficiência, como se doutor da Igreja fosse. Entretanto, continuo falando, mesmo que ele queira que me expresse por sussurros. E como pobre católico posso afirmar que para a caridade basta a prática cristã, e não livros.

    Mas minha religião não é a mariologia, nem a cristologia, nem a franciscologia, nem a luterologia, nem a geografia. A minha religião é a Católica, e ela há séculos ensina que o único redentor é Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste sentido peço a meu contendor que apresente uma encíclica que a Igreja proclamou explicitamente que Nossa Senhora é co-redentora. É evidente que a Igreja diversas vezes exaltou a Santíssima Mãe de Deus, e essas posições levaram aos defensores do dogma a fazerem uma associação entre a digníssima missão de Nossa Senhora com a Redenção. Mas a seriedade e profundidade da questão não recomendam que façam usos de associações (porque o ventre de Maria é sacrossanto, logo ela é co-redentora, que Nossa Senhora é a nova Eva, etc). Isto são elucubrações, bem intencionadas, é bem verdade, mas elucubrações. Contento-me com uma declaração expressa da Santa Igreja. E digo isto porque o próprio contendor sabe que em teologia deve-se aplicar precisão nas palavras. Entretanto, não se inconformou com a imprecisão do artigo de Leandro Navarro que entendeu que “Maria Santíssima é de CERTO MODO co-redentora do gênero humano”. Por que de “certo modo”? Ou é ou não é! Expressões como esta, ou “como que”, somente aumentam a imprecisão em seara elevadíssima como é a teologia.

    E frente ao que falou o meu contendor em que eu não compreendo a teoria da co-Redenção de Nossa Senhora, pois não seria exatamente a Redenção como Nosso Senhor realizou, mas algo diferente (embora não tenha ele expressado em que consiste a co-redenção) aduzindo, ainda, que “será que os mariologistas que dedicaram décadas de suas vidas a estudar o assunto eram tão ignorantes a ponto de não saberem que nosso único redentor é Nosso Senhor Jesus Cristo”, indago: Como fica o seu entendimento, com a premissa de que a Redenção de Jesus é diferente da co-redenção de Nossa Senhora, ao se deter ao que escreveu Leandro Navarro afirmando que “Maria Santíssima é DE UM CERTO MODO co-redentora do gênero humano? Ora, Sr. Felipe, o autor claramente dispôs que Nossa Senhora é redentora do gênero humano, enquanto o senhor dispôs que somente Nosso Senhor é o único redentor do gênero humano, conforme Leão XIII, Pio X, Pio XI, outros papas, e os mariologistas. Portanto, há patente contradição entre o que disse Leandro Navarro e o que disse o senhor. Então na mesma medida, e com a sua erudição, tal como fez a mim, faça a devida correição ao texto daquele autor.

    Em nome de Nosso Senhor, e especialmente em nome da Santíssima Virgem, mantenho o que defendi no meu post anterior. Somente existe um redentor, Nosso Senhor Jesus Cristo, em que pese ter sido Nossa Senhora fundamental partícipe da vinda do Redentor. Entretanto, Ela foi nobre veículo do plano de Deus, mas o fato de ser meio não significa que Ela é o fim. Se entendêssemos ao contrário deveríamos reconhecer que Moisés, designado para trazer a tábua dos Dez Mandamentos, é co-legislador, e que Adão e Eva, pais do gênero humano, são co-criadores.

    Em que pese toda a argumentação do meu contendor, em nenhum momento trouxe algum argumento que derrubasse a minha afirmação que nem as Sagradas Escrituras, nem a Tradição, atribuíram a Nossa Senhora aquele papel à Redenção. E como coloquei como guia o Magistério em questão tão complexa, fio-me na referência posta aqui no Frates por Mário Silva, que cita Concílio de Trento, Sess. 25, Papa Pio IV, Da Invocação, e Relíquias do Santos, e das Sagradas Imagens, ex-cathedra, em Denziger,984, em que está pontificado que Jesus Cristo, Nosso Senhor, é NOSSO ÚNICO REDENTOR e Salvador.

    E, ainda, em nome das Sagradas Escrituras, da Tradição, e do Magistério perene, fontes únicas para questão tão complexa, menciono o Catecismo Romano, estabelecido por São Pio V, por influência das deliberações do Concílio de Trento, publicado originalmente em 1566, in Parte 1, Dos Símbolos dos Apóstolos, pág. 104, 2.3, Da única possibilidade de redenção, que ensina:

    “Uma vez decaído de tão alta dignidade, nada podia levantar o gênero humano e reintegrá-lo no estado primitivo, nem as forças humanas, nem as forças angélicas.
    Em vista de tal ruína e desgraça, não restava, pois, outro remédio, senão o infinito poder com que o Filho de Deus, assumindo a fraqueza de nossa carne, devia destruir a infinita malícia do pecado, e pelo seu Sangue reconciliar-nos com Deus.”

    Eis, pois, a posição oficial da Igreja Católica: As forças humanas nada podiam fazer para resgatar o gênero humano, e aí se inclui a Santíssima Virgem, mesmo sendo a maior força humana. A Redenção somente deu-se pelo infinito poder de Jesus Cristo, a causa da Redenção. Sua Amabilíssima Mãe foi o meio maior para consecução da Redenção, mas não o fim, porque é elementar que o meio nunca pode ser o fim. Deixemo-nos, portanto, o título de Redentor ao nosso Salvador, porque tal ensinamento é da Igreja Católica, que neste exemplo reitera o título desde 1566, mantendo-o pelos séculos até os dias de hoje.

    De um pobre católico, em homenagem ao nosso Redentor, e principalmente pela honra de Maria Santíssima.

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    1. Caro, leia a encíclica “Ad Diem Illum” de São Pio X e a Carta Pastoral “A mediação universal da Santíssima Virgem” de D. Mayer.

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