Incredulidade teologizada e ignorância presunçosa.
Por FratresInUnum.com, 22 de janeiro de 2020 – Todos os seres humanos tentam encontrar razões profundas quando se deparam com atitudes veementes, especialmente quando elas se apresentam como uma oposição. Assim, quando alguém se mostra como radicalmente contrário a nós, tentamos remontar a um por quê: qual a causa de tamanho contraste?

Esta é a mesma pressuposição que um católico devoto tem em relação à oposição de bispos e padres àquelas coisas que até anteontem eram de regra na Igreja: o latim, o canto gregoriano, a solenidade litúrgica, a modéstia, a piedade mariana, a mortificação corporal, a recepção respeitosa da Santa Comunhão, o uso memorável do véu, dentre tantas outras coisas.
Há algum tempo, chegou-nos uma carta escrita por certo bispo brasileiro em que depreciava vivamente o uso de cantos em latim nas missas solenes em seu seminário, especialmente em missas com as famílias dos alunos, pois alegava que isso seria pura ostentação e auto-afirmação de superioridade… O mais curioso é que ele fazia uma ressalva: ele gostava demais do canto “Anima Christi”, possivelmente referindo-se à melodia que se tornou popular, de autoria de Mons. Marco Frisina.
O que aquele nada piedoso bispo estava subliminarmente reconhecendo era que os seminaristas, ao cantarem em latim, estavam causando um constrangimento à ignorância dele e que isso nada, absolutamente nada, tem a ver com o povo.
Quanto mais um ser humano é desprovido de inteligência, menos age por motivos profundos: é vítima de sentimentos inassimilados racionalmente, permanece refém de emoções que o dominam por completo.
A destruição intelectual do clero católico não é um elemento secundário no surgimento dos ogros de mitra e estola que aterrorizam as nossas igrejas. Pior: a cada dia que um jovem passa na esmagadoria maioria dos seminários brasileiros, ele se torna mais incapaz racionalmente, degenerado moralmente, agredido esteticamente, enfim, regride de maneira drástica. Após longos anos, salvo milagres, torna-se alguém completamente incapaz de apreciar qualquer coisa de boa e elevada, não por sua própria culpa, mas por culpa daqueles a quem ele teve de bajular durante todos os seus anos de deformação.
Além disso, e o reconhecemos com enorme tristeza, boa parte dos padres atuais são pessoas medíocres, homens que se encostaram na Igreja. Se tivessem de enfrentar o mundo laico, não seriam ninguém, por exemplo, no campo corporativo ou na esfera intelectual. Engordariam o número dos desocupados por pura incompetência.
Antigamente, o sacerdócio implicava uma posição de prestígio; hoje, como os fatos demonstram, não mais.
Em outras palavras, como é que um bispo se sente, por exemplo, diante de um jovem que sabe mais latim do que ele, que entende muito mais de liturgia do que ele, que tem infinitamente mais erudição do que ele? Muito provavelmente, com ódio! E este ódio é formulado em termos racionais apenas depois de ser sentido: ou seja, os eclesiásticos criam argumentos a posteriori para escorar os seus sentimentos mais baixos, fazendo a apologia de sua própria vigarice em termos aparentemente elevados, forjados segundo uma eclesiologia supostamente arrojada, mas que não passa do embrulho muito mal fabricado de um complexo de inferioridade puro e simples.
Como, ademais, estes mesmos padres foram formados numa teologia alérgica ao sobrenatural, que utilizou a linguagem teológica apenas como recurso retórico da própria interpretação naturalista da revelação, então, entre eles e um fiel qualquer existe um verdadeiro abismo, o abismo que há entre a fé e a incredulidade. A diferença dos incrédulos do altar e de um incrédulo qualquer não é apenas o desnível intelectual daqueles, mas é também o fato de que aprenderam a mascarar a própria incredulidade com um verniz teológico. A Nouvelle Théologie inteira não passa disso: uma incredulidade teologizada.
Ora, se um fiel católico normal não é apenas mais inteligente que um padre formado durante uma década, mas também tem uma fé não apenas mais vibrante, mas intelectualmente mais profunda, então, aquele ódio torna-se uma verdadeira aversão. Eles não podem suportar um católico, antes, precisam retirar todos os que puderem de suas vistas. Entenderam, moças fiéis, por que o seu simples e inofensivo véu é tão incômodo? Não é uma questão de escolha, é uma necessidade vital: a existência de católicos verdadeiros torna-se, para eles, um escândalo, algo que precisa de qualquer modo ser retirado do seu horizonte, sob pena de serem ininterruptamente torturados.
Dizendo-o de maneira simples: eles sempre acusam os bons católicos de serem pessoas que se julgam melhores do que as outras, mas não. Não somos nós que somos melhores, são eles que são muito ruins! Por isso, eles jamais poderão reconhecer a verdade dos fatos, pois isto os obrigaria a voltarem para as suas casas, a regressarem para o anonimato do qual jamais deveriam ter saído.
Quando você estiver diante de um bispo, de um padre, de um papa com essas características, entenda: ele não conseguirá jamais te amar, pois você representa tudo aquilo que os humilha por inteiro; o ódio que eles sentem por você não é pelo que você faz, mas por quem você é. A sua existência é um empecilho. Eles têm que te destruir!
Portanto, deixe de se culpar por ser católico. Nós teremos que suportar ainda, nesta nossa humilde posição de leigos, o preço de sermos espezinhados por quem deveria nos apascentar. Precisaremos pagar o preço da ignorância e da incredulidade deles, de uma ignorância presunçosa e de uma incredulidade teologizada.
“Além disso, e o reconhecemos com enorme tristeza, boa parte dos padres atuais são pessoas medíocres, homens que se encostaram na Igreja. Se tivessem de enfrentar o mundo laico, não seriam ninguém, por exemplo, no campo corporativo ou na esfera intelectual. Engordariam o número dos desocupados por pura incompetência.Antigamente, o sacerdócio implicava uma posição de prestígio; hoje, como os fatos demonstram, não mais.”
É exatamente isso e terrivelmente assim!
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São leigos com o sensus fidei triunfante, já que tudo hoje é ao contrario, eis aí o resultado dessa infinda apostasia de padres e bispos para “mãe terra, mãe natureza” e a outros sincretismos:
“Ai dos que usam o mal como sinônimo de bem e chamam o bem de mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, fel! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e inteligentes na sua própria opinião! Is 5,20.
Dedicado a nossos sacerdotes e bispos errantes, desorientados, perdidos no tempo e no espaço, uma aplicação toda especial:
“No ano de 1864, Lúcifer, juntamente com um grande número de demônios, será solto do inferno. Eles vão pôr fim à fé pouco a pouco, mesmo naqueles que se dedicam a Deus. Eles irão cegá-los de tal maneira que, a menos que recebam uma graça especial, essas pessoas irão assumir o espírito desses anjos do inferno; várias instituições religiosas perderão toda a fé e perderão muitas almas.
Livros maus serão abundantes na terra e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo que concerne ao serviço de Deus. Os chefes, os líderes do povo de Deus negligenciaram a oração e a penitência, e o demônio obscureceu sua inteligência. Eles tornaram-se estrelas errantes que o velho demônio arrastará com sua cauda para fazê-los perecer.
Sim, os sacerdotes estão pedindo por vingança, e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e pessoas consagradas a Deus, que por sua infidelidade e suas vidas perversas estão crucificando o meu Filho de novo!” – N SENHORA DE LA SALETTE 19/09/1846).
‒ Calar-se-á quem devia falar
“Quase não se encontrará a inocência nas crianças nem pudor nas mulheres, e nessa suprema necessidade da Igreja, calar-se-á aquele a quem competia a tempo falar” (II, 7).
Essa grave omissão é repetida por Nossa Senhora na aparição seguinte, em 2 de fevereiro de 1610:
“Campearão vícios de impureza, a blasfêmia e o sacrilégio naquele tempo de depravada desolação, calando-se quem deveria falar” (II, 17).
‒ Os que deveriam defender os direitos da Igreja dão as mãos aos seus inimigos
E Nossa Senhora faz à sua dileta filha esta declaração terrível:
“Tempos funestos sobrevirão, nos quais …. aqueles que deveriam defender em justiça os direitos da Igreja, sem temor servil nem respeito humano, darão as mãos aos inimigos da Igreja para fazer o que estes quiserem” (II, 98). N SENHORA DO BOM SUCESSO.
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O preço é alto porque nosso prêmio, Jesus Cristo, é de valor infinito.
Rezemos sempre e com muita fé.
Paz e bem.
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Antes de qualquer comentário, rogo à Santíssima Virgem que abençoe o autor do texto e a todos do Fratres in Unum. Que Ela conceda todas as graças de que necessitarem para a continuidade do trabalho e sobretudo à salvação de suas almas!
Agora, meu comentário: sempre que leio um texto por “FratresInUnum.com” regozijo-me da elaboração deste. Em especial os deste autor oculto (não sei se há outros), pois sua capacidade de eviscerar de forma contundente essa maldita apostasia que tomou conta da Santa Igreja com seus discursos revolucionários de alguma forma revigora meu sentimento de combate!
Salve Maria!
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será que foi esse o motivo de um bom bispo de uma diocese tão poluída ter renunciado? (https://www.portalmultiplix.com/noticias/cotidiano/bispo-diocesano-dom-edney-gouvea-mattoso-renuncia-ao-cargo)
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Que tem padres ignorantes atualmente ninguém duvida, mas isso não é particularidade dos tempos pos-Vaticano II. Basta ver a história da Igreja no Brasil na época do Império que, você se surpreendera com tamanha incredulidade e ignorância. E, não se esqueça que, lá se usavam véus e cantavam a missa em latim.
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Sem dúvida você está correto. A história da Igreja está cheia disto e coisa pior.
Quanto aos véus e missas em latim, todavia, recomendo reler o texto do artigo pois a sua compreensão passou ao largo.
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É fascinante como a igreja está paralisada em termos de religião.
Tanto que a quantidade de notícias aqui do Fratres diminui um monte enquanto aumenta o número de textos originais do site, para preencher o vazio deixado pela falta de notícias sobre a igreja.
É triste como a igreja está moribunda, e eu sinceramente não compartilho do otimismo desse site que aparentemente acredita que Francisco está na eminência de cair, ou que esteja perdendo força.
E quem vier depois de Francisco será provavelmente pior ainda tendo em vista a quantidade de cardeais indicados por ele.
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Jean, concordo contigo, pois entendo que se aparecesse um “salvador da pátria” nesse momento, tudo acabaria em presunção, vaidade e naturalismo. Também acho que as coisas vão piorar muito mais, para que, quando vier uma reação, entendermos que realmente teve a mão de Deus, que sem Ela nada seria possível. A Igreja Católica está cheia de “grupos” onde cada um deles tem uma interpretação diferente para o futuro ou uma solução semelhante onde, se caso aconteça, cada grupo vai justificar à sua maneira, sempre se achando com a razão, a única coisa que os une é a presunção de este ou aquele grupo ser o certo, mas só aumenta a confusão. Somente Deus, com uma intervenção sobrenatural para resolver essa situação!
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A Igreja é do Salvador e falam em aparecer um “salvador da pátria”.
Dá para entender tamanha falta de fé?
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Só li verdades…
Estou no último ano de teologia e me sinto um burro!!!!! A universidade que estudo, uma certa católica do Sul do país, não ensina nada!!!! Só professores libertários que pregam suas ideologias e contradizem a doutrina!!!
O único jeito que vejo, será estudar por conta depois de ordenado.
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Meu filho, vocé precisa receber de alguém. Estudar por conta não basta. Você será pároco e terá uma estrutura democrática para governar, ou seja, as tias da paróquia te governarâo. Se você sair do script, elas te denunciarão ao bispo.
Procure a Tradição e padres que receberam sua formação em seminários realmente tradicionais. Com a formação sacerdotal não se pode brincar.
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Essa incredulidade dos padres eu senti de perto na época que fui da TFP.
Era comum ouvir críticas de padres dizendo que éramos ‘moralistas’ e que nos achávamos ‘mais católicos que o papa’. Padres nos xingavam abertamente no púlpito, e espalhavam boatos de que não pertencíamos à Igreja (mais ou menos como alguns voltaram a fazer hoje com os Arautos).
Lembro de um caso ocorrido durante uma missa em determinada cidade do interior, em que um padre preferiu jogar a hóstia ao chão só para não ter que dá-la na boca de um integrante da TFP (e com isso, obrigar o rapaz a pegá-la). Para a surpresa do clérigo infiel, o rapaz se ajoelhou e pegou a hóstia com a língua no chão.
Isso foi nos anos 80. Hoje essa turma de maus padres conseguiu colocar um representante no trono de Pedro.
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Soube dessa história Antônio, o rapaz pegou a hóstia no chão com a boca, e o mais interessante é que ele, após a cisão da TFP, entrou para os Arautos do Evangelho e hoje é sacerdote. A fidelidade e o amor a Deus é sempre recompensada … às vezes, até nessa vida!
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Muito bem escrito, porém esqueceram do ponto crucial, porque chegamos a isso ? O que mudou na Igreja ? O que aconteceu para que houvesse essa mudança desastrosa ? Todos aqueles que tem um pingo de conhecimento sabem a resposta, mas muitos se calam como cães mudos , infelizmente.
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Para quem não tem vocação, e este parece ser o caso da totalidade das aberrações perpetradas pelo clero dito “católico”, a vida eclesiástica é um tormento.
Para quem tem vocação, mas se enredou no canto de sereia de Pauno VI, isto é, uma igreja arrombada para o mundo, a vida eclesiástica é um contínuo exercício de esquizofrenia prática: ler nos livros sagrados, na liturgia; ver na arquitetura sagrada, nos paramentos e em tudo o mais, algo absolutamente incompativel e destoante com o mundanismo e a sequiosidade de prazeres e de gozo ilimitado e embrutecedor.
Desses tipos de violência psicológica e espiritual que parte notável do clero inflige contra si mesmo é que advêm a profunda desordem e todos os disparates de que o noticiário nos informa.
Se, por exemplo, o prelado argentino tivesse se casado ou virado estilista de moda, o que parece mais provável, em vez de ingressar no clero, seus acessos de fúria, seus disparates e mandacionismo despótico e delirante jamais teriam razão de ser.
E assim, tutti quanti. Por trás do animus delendi e da libido dominandi de que dá mostras parte expressiva do clero conciliar, está apenas a frustração de quem sabe estat no lugar errado. E agora é tarde. Bem tarde.
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Sim, PW, um verdadeiro tormento. E isso ficou claro quando o Papa liberou para que os bispos, no Sínodo da Amazônia, não usassem batina no dia seguinte. Foi só risos e aplausos, por parte deles, demonstrando uma infantilidade e falta de seriedade com a vocação.
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“Além disso, e o reconhecemos com enorme tristeza, boa parte dos padres atuais são pessoas medíocres, homens que se encostaram na Igreja. Se tivessem de enfrentar o mundo laico, não seriam ninguém, por exemplo, no campo corporativo ou na esfera intelectual. Engordariam o número dos desocupados por pura incompetência.Antigamente, o sacerdócio implicava uma posição de prestígio; hoje, como os fatos demonstram, não mais.”
FORTE ISSO … ENCOSTADOS NA IGREJA !
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