Por FratresInUnum.com, 28 de abril de 2019 – Depois de dois meses de confinamento obediente, a Igreja italiana esperava que seria beneficiada na fase 2 do combate à epidemia…, dolce ilusione!
O governo do primeiro ministro Giuseppe Conte autorizou a reabertura progressiva do comércio, dos canteiros públicos, da indústria, do esporte individual, dos shoppings, dos museus, das mostras culturais, mas não das Igrejas nem muito menos do culto público para os fieis. As tratativas diplomáticas da Conferência Episcopal Italiana (CEI) foram simplesmente ignoradas, o que causou indignação nos bispos.
Em nota, a CEI afirmou que “os bispos italianos não podem aceitar ver comprometido o exercício da liberdade de culto. Deveria ser claro para todos que o empenho a serviço dos mais pobres, tão significativo nesta emergência, nasce de uma fé que deve poder nutrir-se nas suas fontes, em particular na vida sacramental”.
O bispo D. Giovanni d’Ercole gravou um vídeo, que foi devidamente legendado ao português, em que diz palavras fortes: “creio que devemos olhar a coisa com objetividade. A Igreja não é lugar de contágio”, e ainda: “isto é uma ditadura! Se vocês não nos devolverem o culto, nós o tomaremos de volta”. Por fim, o bispo conclui: “o papelão que vocês fizeram no mundo inteiro precisa ser lavado por um simples gesto de restituição de dignidade e de direito”.
Ora, os bispos italianos já começaram a perceber que toda esta interferência excessiva do Estado no que concerne à limitação da liberdade de culto de que gozam os cidadãos destina-se a restringir a ação da Igreja Católica, cuja espiritualidade essencialmente sacramental é radicalmente prejudicada, relegando os fiéis a um tipo de “protestantismo prático”. Não é possível tolerá-lo!
Enquanto isto, no Brasil, os bispos continuam com o “lockdown eclesial” e, inclusive, começam a teologizar a “comunhão sem comunhão”, como exemplificamos em nosso artigo de ontem. Inclusive, o próprio site da CNBB republicou, em forma de notícia, a vergonhosa nota do bispo de Divinópolis, ontem aqui devidamente impugnada.
Para nós, a questão mais importante e da qual quase ninguém está falando é a seguinte: esta concessão passiva à interferência do poder estatal na liberdade de culto de que goza a Igreja é uma verdadeira irresponsabilidade, pois, de agora em diante, sempre se poderá alegar a mesma razão, visto que todos os seres humanos são vetores de vírus permanentemente. Na prática, a Igreja está renunciando ao direito de ser Igreja.
Os alarmistas mais desesperados dizem, por exemplo, que o isolamento social deverá ser mantido até 2022, outros dizem que viveremos em regime de alternação de quarentena… Ora, e como será, então? Os fieis ficarão privados do socorro sacramental até lá?
Em Santa Catarina, o governo autorizou a reabertura do Culto, mas tinha determinado que a comunhão fosse embalada antes de ser distribuída. Contudo, o decreto foi reformado: “após diálogo com Arquidiocese de Santa Catarina e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) publicou nova portaria no Diário Oficial do Estado, do dia 24 de abril, com regras para celebração das ceias durante as missas e cultos”. Eis a nova regra:
“Nas missas e cultos em que houver a celebração da ceia com partilha de pão e vinho, o celebrante deverá colocar máscara e higienizar as mãos com álcool 70% para entregar a comunhão ou os elementos aos fieis. Os fieis, usando máscaras, os receberão em suas mãos e poderão retirar suas máscaras para consumi-los quando retornarem ao banco ou cadeiras”.
Em outras palavras, o governo está determinando as leis litúrgicas da Igreja, com o consentimento desta, e tudo em benefício do sacrilégio. Não podemos mais suportar esta situação. Os fieis precisam continuar a pressão sobre os bispos para que as atividades de culto sejam imediatamente retomadas, com toda a precaução necessária, mas sem desobedecer a práxis católica. A ditadura do vírus chinês já foi longe demais!
Continuem escrevendo aos bispos, assinem a petição do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, gravem vídeos, façam o que puderem. Temos de fazer alguma coisa!