Por FratresInUnum.com, 4 de maio de 2020 – Segundo o portal IHU, que pode ser tudo, menos suspeito de conservadorismo, o bispo de Barra (BA), Dom Luiz Cappio, escreveu uma carta ao clero de sua diocese em que xinga de “oportunistas” todos aqueles que estão solicitando o retorno das Santas Missas, após o lockdown sacramental imposto pela hierarquia. Confiram os trechos mais significativos da carta:
Tem saído muitas matérias nas redes sociais que podem confundir os incautos, no que diz respeito ao “abrir nossas igrejas”.
Estes grupos que assim se manifestam, em sua maioria, são pessoas que não tem nenhum compromisso com a Igreja, grupos que nunca colocam seus pés em nossas Igrejas, mas que assumem posturas contrárias apenas para confundir os fiéis e criar divisão na Igreja. São os mesmos que criticam o papa Francisco e a CNBB. Vamos ficar atentos para não sermos enganados. (…)
E vem estes engraçadinhos e colocam nas redes sociais: “devolvam-nos a Missa”. Como se a Missa fosse algo pessoal em que “eu” recebo Jesus e estou em paz comigo e com o mundo. (…)
Em vez de pedirem para “devolver a Missa”, que se coloquem à disposição da Igreja no Brasil e no mundo para ajudar a “dar de comer a tantos que tem fome”, confortar a tantos que estão desesperados, acolher a tantos que não sabem para onde ir e o que fazer.
Não vamos dar ouvidos a estes oportunistas que em vez de somar conosco neste momento tão difícil, criam conflitos levados mais por motivos políticos e ideológicos, do que por motivos verdadeiramente religiosos-espirituais, porque se fossem verdadeiros, diriam: “aceitem minha solidariedade. É o pouco que tenho, mas é aquilo que está em meu alcance para manifestar minha comunhão com Jesus e com a Igreja que sofre”.
Para que não se lembra, Luiz Cappio é aquele bispo franciscano que fez uma greve de fome em 2005, contra a transposição do Rio São Francisco projetada pelo governo Lula, e depois em 2007, quando o fato levou-o para a UTI, tendo de interromper o “jejum” por indicações médicas — o companheiro não quis seguir, até as últimas consequências, os “mártires da caminhada”. Queridinho da esquerda nacional e internacional, Dom Luiz Cappio recebeu em 2008 o Prêmio Pax Christi International, em 2009 o Prêmio de Cidadão do Mundo (Fundação Kant) e também em 2009 o Troféu João Canuto, por iniciativa do Movimento Humanos Direitos. No entanto, diz o Evangelho: “guardai-vos de fazer as vossas obras diante dos homens, pois não tereis a recompensa nos céus” (Mateus 6,1)…
Enquanto isto, a Comissão Justiça e Paz, da CNBB, publica uma nota (aliás, no mesmo dia em que a própria presidência publicou uma nota um tanto menos explícita) em que conclama a “afastar o presidente da República para salvar vidas e a democracia”.
Antes que os cleaners cheguem para dizer que a comissão não fala pela CNBB, gostaríamos de lembrar que o histórico de declarações semelhantes é longo. E que, até hoje, a CNBB não fez qualquer tipo de ressalva ou a mínima correção a essa comissão que faz parte de sua estrutura.
A parte mais significativa da nota, diz, por fim: “qualquer que seja a forma constitucional (sic!), não devemos ser omissos ante a gravidade da situação, por isso conclamamos a sociedade civil e as instituições democráticas da República a agirmos com rapidez em defesa da vida e da democracia. A demora custará mais vidas e ameaça cada dia mais a democracia” (negrito nosso).
Com a documentação desses dois levantes, podemos flagrar claramente o nível de fanatismo político e de contradição hipócrita desses bispos esquerdistas: acusam de oportunistas os católicos que simplesmente pedem o retorno das missas, enquanto eles mesmos aproveitam de toda a situação epidemiológica para propor que seja realizado um impeachment às pressas.
Em outras palavras, a única pretensão desses senhores, a sua fixação religiosa mais profunda, é ressuscitar o comunismo agonizante no Brasil e valer-se, para isso, de todo e qualquer meio, pois sabem que o seu grande obstáculo é a vontade do povo, que se impôs, contra eles, nas últimas eleições. Querem dar suporte ao que se está armando, pois estão sempre ao lado das elites e do establishment.
Relembramos aos bispos que eles têm obrigação de entrar no debate político quando está em jogo a lei natural. Quanto às demais demandas governamentais, os seus palpites não são apenas dispensáveis, pois que completamente ineptos, mas são vedados pelo próprio Magistério da Igreja:
“A Igreja, por outro lado, não tem um campo de competência específica no que respeita à estrutura da comunidade política: ‘A Igreja respeita a legítima autonomia da ordem democrática, mas não é sua atribuição manifestar preferência por uma ou outra solução institucional ou constitucional’ e tampouco é tarefa da Igreja entrar no mérito dos programas políticos, a não ser por eventuais consequências religiosas ou morais” (Compêndio de Doutrina Social da Igreja, n. 424).
Portanto, a intromissão politiqueira da CNBB é ilegítima; e oportunista, aqui, não são os católicos, mas, sim, esses bispos, para usar o “dilmês” que tanto amam e que lhes é tão semelhante, golpistas.