Peste do coronavírus marca o 7º ano do pontificado de Francisco.

Na solidão, com a Praça de São Pedro vazia, as igrejas fechadas, a Itália devastada pela peste, com um terço da população sob quarentena, e um número crescente de mortos pela Covid 19.   

Por Hermes Rodrigues Nery, 9 de maio de 2020

Na quarta-feira, 11 de março de 2020 (dois dias antes do 7º ano do pontificado de Francisco), quando já haviam sido confirmados 121.564 casos de covid 19, com 4.373 mortes,  em mais de 110 países, a Organização Mundial da Saúde decretou como pandemia a proliferação do novo coronavírus pelo mundo, afetando em escala global pessoas infectadas com o novo patogênico (o SARS-CoV2), apresentando sintomas da síndrome aguda respiratória.

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O pânico, o medo e a histeria tomaram conta, além de muita incerteza e desinformação sobre o que poderia estar realmente acontecendo, fomentados pelo que parecia ser um alarmismo amplificado pelos meios de comunicação, colocando governantes não apenas em estado de alerta, mas forçando-os a medidas drásticas de isolamento social, não apenas dos chamados grupos de risco (pessoas com doenças crônicas ou pré-existentes, com idade acima dos 60 anos, etc.). De imediato, os políticos se submeteram aos biocratas, que passaram a ditar o que deveria ser feito, numa situação em que pouco se sabia do que se tratava.

É o que Michel Schooyans tão bem ensina em “Manipulando a Vida, Dominando os Homens”: “Biopolítica é a utilização das ciências e das técnicas biomédicas para governar as pessoas. Biopolîtica é também o conjunto de decisões tomadas para favorecer as pesquisas biomédicas, com vista delas serem úteis para manipular as pessoas”. E mais: “Médicos e biólogos estão exercendo na sociedade um poder, em razão de sua competência. Estão constituindo uma nova raça de tecnocratas, os biocratas”.

Especialistas divergiam quanto a eficácia das medidas que começaram a ser impostas, enquanto se exibia pela televisão e redes sociais a truculência como as pessoas foram submetidas a um confinamento em massa, sem precedentes na história da humanidade. Decretos governamentais (no Brasil, especialmente municipais e estaduais) exigiram o bloqueio de estradas, a cessação do comércio, o fechamento de escolas, eventos públicos, cultos religiosos, missas, funerais, casamentos, qualquer aglomeração, etc., obrigando as pessoas ficarem em casa, e que evitassem se cumprimentar,  lavassem as mãos com álcool gel ou água e sabonete, usassem máscaras, e não se aproximassem dos idosos. Em poucos dias, um terço da população mundial estava trancada, enquanto a mídia carregava no tom alarmista, dizendo que era preciso todos cumprirem as determinações das autoridades sanitárias. Youtubers anunciavam o preâmbulo do Apocalipse, dentre eles, o biólogo Átila Iamarino, que em poucas semanas chegou a quase um milhão de inscritos em seu canal no Youtube, defensor ardoroso do confinamento em massa. No programa Roda Viva ele não apenas fez a apologia do cientificismo, como endeusou a “Mídia” e a “Ciência”, pelas quais todos devem agora se guiar, vaticinando que um outro mundo emergiria depois da pandemia do coronavírus. E foi ovacionado pelo ateu Henry Bugalho e por tantos outros. Pelo tom do seu discurso, parecia que a nova ordem mundial preconizada por Iamarino, ser um acabamento mais sofisticado do que previra Aldous Huxley e George Orwell. “Vigilância biomética”, em nome da “saúde pública”, como um eufemismo para justificar um totalitarismo global desumano e anticristão.

Pela primeira vez em toda a História da humanidade, uma “ordem” era acatada por milhões de pessoas, no mundo inteiro: “Fiquem em casa”, ordem esta que não admitia questionamento. Não só as pessoas foram submetidas ao medo, às sanções, com multas e prisões, mas a um terror global nunca visto até então, em que a mídia, a todo instante tratou de condicionar as pessoas a uma quarentena, visto por muitos como “medida desproporcional”, com danos não apenas físicos (de outras doenças), mas econômico, emocional e psicológico, com efeitos devastadores, sem que possamos ainda dimensionar o impacto de tais medidas. E o mais grave de tudo isso, para os católicos, algo que nunca ocorrera antes, nessa proporção, viram não apenas as igrejas permanecerem fechadas antes e depois da Semana Santa, como ficaram privados dos sacramentos. E mais doloroso ainda, muitos católicos, vítimas da covid 19 e mesmo de outras doenças, ficaram sem receber a unção dos enfermos.

Controvérsias quanto à origem do Sars-Cov 2 e a metodologia de combate

A covid 19 (doença do coronavírus) foi identificada pela primeira vez, em Wuhan (China), em 1º de dezembro de 2019, com o primeiro caso confirmado em 31 de dezembro do mesmo ano. É curioso que a OMS já sabia, em janeiro de 2019, que uma pandemia global de gripe seria uma dos principais problemas de saúde naquele ano. É fato que o Sars-Cov 2 suscita muitas controvérsias ainda em debate,  quanto à sua origem, metodologia de combate e tratamento. Publicação na Nature Medicine afirma que “provavelmente o vírus seja resultado de seleção natural”, com origem zoonótica. No entanto, matéria publicada pela Science, em janeiro de 2020, questiona o aparecimento do novo coronavírus no mercado de Wuhan e levanta a hipótese de ter sido fabricado em laboratório, refutando os argumentos da Nature Medicine. Outros especialistas defendem a tese de que poderia ter sido criado em laboratório, sem ter como provar ainda se o vazamento do vírus foi intencional ou não intencional. O Prêmio Nobel de Medicina de 2008, Dr. Luc Montagnier corroborou a tese do novo coronavírus ter sido criado artificialmente em um laboratório chinês, provavelmente no segundo semestre de 2019.

Em 2013, imunologistas manifestaram séria preocupação sobre cientistas chineses estarem criando em laboratório um vírus híbrido de gripe viária e suína, que poderia ser disseminado pelo ar, com consequências imprevisíveis, com risco de provocar uma pandemia no mundo. O Dr. Simon Wain-Hobson, do Instituto Pasteur, em Paris, lembrou o histórico de um vazamento em laboratório de febre aftosa, em 2007. Wain-Hobson alertou ainda que “estes vírus podem causar pandemias. Isto é, se acontecer algum erro e eles escaparem ou coisa parecida, isso pode afetar as pessoas e provocar entre 100 mil e 100 milhões de mortes”. Wain-Hobson manifestou a preocupação de que o risco poderia ser muito maior que o valor científico da pesquisa, retomando a questão bioética fundamental sobre os limites de experimentos científicos, quando não há nenhuma baliza ética ou moral que leve em conta a preservação da vida humana. Em 2004, a própria OMS havia também manifestado apreensão com o vazamento de um vírus da síndrome respiratória aguda grave, infectando dois cientistas do Instituto Nacional de Virologia de Pequim, dando origem a um coronavírus em 2002, que vitimou quase 800 pessoas, cujo surto havia sido ocultado pela ditadura chinesa por quase um mês. Por isso que intensificaram-se as críticas à virologista Shi Zengli ou à Wang Yanyi, diretora-geral do Instituto de Virologia de Wuhan, pelas suspeitas de que havia ocorrido um novo vazamento (sem saber se intencional ou não), cujas consequências devastadoras e imprevisíveis, alcançaram uma dimensão global inimaginável.

Medidas desproporcionais como laboratório social: o “micróbio letal” como pretexto

Nem todos os países adotaram a quarentena horizontal, evitando medidas draconianas e demais restrições severas, e conseguiram obter índices baixos de letalidade do SARS-Cov2. A população da Coréia do Sul exigiu o equilíbrio entre segurança pública e liberdades civis. Eles já haviam tido uma experiência anterior, em proporção menor, com o surto da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), em 2015.  A Coréia do Sul evitou o confinamento em massa, por uma questão de pragmatismo, mas investiu pesado em testes e rastreamento dos infectados. Restrições foram feitas, mas não houve imposição de quarentena horizontal, porque os danos sociais e econômicos seria piores e trariam mais perdas de vidas. Com isso, a Coréia do Sul tem conseguido o mínimo de óbitos por covid 19, até o momento.

Não são poucos os estudos acadêmicos que questionam a eficácia das quarentenas humanas, ainda mais as que foram adotadas em nível global. Em  “As medidas de quarentena humana na saúde pública: aspectos bioéticos”,  Iris Almeida dos Santos e Wanderson Flor do Nascimento trazem questões bioéticas pertinentes a essa reflexão: “O risco à liberdade e autonomia humanas é um dos campos que desencadearam os estudos no campo da bioética, que representa a mais recente fronteira em que o discurso de potenciais questões, quer sejam emergentes ou persistentes, visíveis ou não, apontem risco à ética da vida, como no caso das medidas de quarentena humana, que, embora não tenham eficácia cientificamente comprovada, são acriticamente aceitas no meio popular por transmitir a ideia de proteção e segurança”. (https://saocamilo-sp.br/assets/artigo/bioethikos/155563/A05.pdf Outro crítico da quarentena horizontal e dos excessos das medidas draconianas, é o dr. Peter Goetzsche, que chegou a dizer: “O que levou os hospitais a ficarem superlotados, não foi o vírus, mas o pânico do vírus”.

Para muitos, o confinamento em massa tem sido considerado uma medida desproporcional, com o intuito de instaurar o terror social global, e será mais danoso, quanto mais longo, e destruirá vidas, de modo implacável.  Outras pandemias já ocorreram, na história, no século 20, mas pela primeira vez, a covid 19 está sendo instrumentalizada para fins de controle global. Trabalho científico coordenado por T. Jefferson, publicado em 2011, que incluiu 67 estudos acadêmicos, com ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais de qualidade mista, previu uma pandemia provocada por vírus respiratório e afirmou que a quarentena horizontal (confinamento em massa) seria ineficaz. “Havia evidências limitadas de que o distanciamento social era eficaz, principalmente se relacionado ao risco de exposição”. [https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21735402?fbclid=IwAR1hLs3CBN98Fq7W-JoREK-e5pD336uw6ICGJksnA3IgH9zeWwnQh_rf4Is] O estudo sobre os aspectos bioéticos das medidas de quarentena humana ressalta: “”Nas experiências mundiais, os cidadãos não acatam um Estado de Exceção por conta de protestos de trabalhadores nem por conta de ditaduras longínquas. Talvez se assustem por algumas semanas diante de uma notícia de ataque coletivo ou ataque terrorista, mas são capazes de aceitar quase acriticamente um Estado de Exceção se o inimigo for um micróbio letal”. E mais: “”O medo do micróbio letal, do ponto de vista do Poder, sustenta uma histeria generalizada, a submissão plena ao discurso hegemônico da mídia, a qual, estrategicamente, silencia ou, quando muito, ridiculariza a insubmissão a seus propósitos e a aceitação de restrições e liberdades individuais. O micróbio letal legitima as práticas de quarentena e exclusão, seja individual, seja coletiva, de agentes que o Poder considera nefastos. A exclusão coletiva já se deu contra os pobres de São Paulo da gripe espanhola, já se deu contra líderes políticos, contra ideias revolucionárias inadequadas do Exterior”, Com o micróbio letal, emergem práticas antigas de coerção social:  “já não bastam as provas sequer que uma pessoa esteja contaminada: basta um simples ‘contato’, e a pessoa já se torna ‘suspeita’ e já perde seus direitos”. O que vemos então, a instrumentalização da pandemia para fins de um laboratório social radical, com uma estratégia de dominação com experimento social comportamental, em nível global. A obrigatoriedade do uso em massa de máscaras é para marcar o “gado”, antecipando a outra marca que já sabemos do que se trata. O “micróbio letal” é o pretexto para medidas de exceção em estados democráticos. Decretos são impostos sem amparo constitucional, sob o aplauso da mídia. Muitos jornalistas da grande imprensa parece agir como militantes do terror global em curso, manipulando os fatos para que os tomadores de decisão ajam com medo, sinalizando assim uma forma mais sofisticada de terrorismo, com o máximo poder tecnológico. O que se viu, em março e abril, como conseqüência desta instrumentalização, foi a adoção célere e global da primeira fase de procedimentos que intensificaram as restrições às liberdades individuais, com decretos anticonstitucionais (sem fundamentação científica), invasivos da privacidade, numa estratégia orwelliana jamais vista. O pânico do vírus foi utilizado (e manipulado) para encerrar as pessoas em prisão domiciliar (que nem mesmo Kafka poderia imaginar tal situação, em tão grande proporção). relatório acadêmico publicado na “Annals of Medicine” diz que a obrigatoriedade em massa do uso de máscaras não são eficazes no combate á covid 19. Trata-se de mais uma medida desproporcional, como estratégia de biopolítica que reforçam a percepção de que o objetivo das quarentenas (como foram adotadas) é submeter a sociedade ao abalo emocional e psicológico, extenuá-la até o trauma, para impor decretos, sem amparo constitucional, com restrições à liberdade e á dignidade da pessoa humana. É uma nova forma de escravidão e totalitarismo em curso. O “micróbio letal” é apenas o pretexto.

A própria OMS havia previsto, em janeiro de 2019, dentre os dez principais problemas de saúde no mundo, a emergência de uma pandemia de gripe. O fato é que muitos analistas consideram que a quarentena como está sendo imposta, atende a interesses de um projeto totalitário global,que está matando muito mais pessoas que o vírus, destruindo famílias e vidas, com danos físicos, emocionais, psicológicos, espirituais, numa proporção desmedida. Estudos científicos comprovam a sua ineficácia no combate a epidemias, e os danos maiores ocasionados. Estudos científicos, que a OMS (instrumentalizada ideologicamente) omite.

O flagelo na Itália: o ébola dos ricos

Um dia antes da OMS decretar a pandemia, o papa Francisco pediu aos padres que visitassem as pessoas com a covid 19, no dia seguinte após o governo italiano colocar o país em quarentena. As autoridades de Roma decidiram fechar a Praça de São Pedro (e a Basílica) para visitas de fiéis e turistas, até 3 de abril, o que foi prorrogado). No dia 6 de março, foi registrado o primeiro caso nas dependências do Vaticano. No domingo, dois dias depois, Francisco celebrou pela primeira vez a missa dominical on line, no interior da Biblioteca do Palácio Apostólico. No início da Quaresma esteve resfriado, realizou exame e deu negativo para coronavírus.  No dia 19 de março, suspendeu todos os processos judiciários no Vaticano e anunciou, dias antes, que todas as celebrações litúrgicas da Semana Santa seriam realizadas sem os fiéis, na Praça de São Pedro, para evitar as aglomerações. Naquele mesmo dia faleceu o sacerdote Cirillo Longo , em Bérgamo, aos 95 anos, tendo contraído a codiv 19, mas com ânimo, pouco antes de morrer, ergueu os braços para dizer aos demais que estavam na UTI: “Estamos todos nas mãos de Deus! Rezem o rosário!”  O Vaticano também comunicou que o Angelus seria transmitido somente via streaming, no Domingo de Páscoa, em 12 de abril. Foi assim que Francisco chegou, em 13 de março, ao 7º aniversário de seu pontificado, na solidão, com a Praça de São Pedro vazia, as igrejas fechadas, a Itália devastada pela peste, com a população sob forte quarentena, e um número crescente de mortos, diagnosticados com covid 19.

Em março, a Itália foi o país mais flagelado pela pandemia, em todo o mundo, com o maior número de casos e de mortos, que colapsou o sistema de saúde italiano. Na próspera região da Lombardia houve um crescimento exponencial de casos da covid 19, o que sobrecarregou os hospitais, especialmente em Bérgamo. Reportagens e vídeos mostraram o drama humanitário na Itália, com grande número de idosos sofrendo por falta de respiradores artificiais. Muitos pacientes (com doenças crônicas e pré-existentes) enfrentaram dificuldade para serem atendidos nas UTIs (outros foram até excluídos), pois os médicos (em meio a um terrível dilema ético) tiveram que fazer a escolha de quem deveria ou não receber o tratamento adequado, com os ventiladores mecânicos, baseado na idade e nas chances de sobrevivência, conforme eram diagnosticados. Muitos idosos e deficientes foram preteridos e chegaram a óbito, sem que os familiares pudessem checar se realmente a causa fosse por covid 19, pois foram proibidas as visitas, sem que pudessem ter informações detalhadas dos instantes finais de seus parentes, que morreram na angústia e na solidão. O fato é que ficou perceptível, desde o início, o modo como as autoridades públicas e a mídia passaram a instrumentalizar a covid 19 para isolar os idosos como se fossem leprosos, no mais radical e inumano individualismo anticristão.  Além de impedirem o acesso de familiares com os doentes, as autoridades sanitárias proibiram também de se fazer a autópsia nos corpos.  “Fomos forçados a reconverter um hospital inteiro para os pacientes covid-19”, disse o Dr. Stefano Fagiuoli, diretor do Hospital Papa João XXIII, em Bérgamo, justificando a situação, reconhecendo “que ocorrem  mortes longe dos parentes por questões de isolamento e segurança”. Treze médicos escreveram uma carta publicada no New England Journal of Medicine divulgada pelo professor de La Sapienza Fabio Sabatini, dizendo: “Pacientes mais velhos não são revividos e morrem na solidão, mesmo sem o conforto dos cuidados paliativos adequados. As famílias não podem ter contato com pacientes terminais e são informadas da morte de seus entes queridos por telefone, por médicos bem-intencionados, mas exaustos e emocionalmente destruídos. Os hospitais estão superlotados e quase desmoronam, faltando curativos, ventiladores mecânicos, oxigênio, máscaras e roupas de proteção para os profissionais de saúde. Os pacientes se deitam em colchões apoiados no chão. O sistema de saúde está lutando para fornecer serviços essenciais, como obstetrícia, enquanto os cemitérios estão saturados e criam mais um problema de saúde pública. Os profissionais de saúde são abandonados a si mesmos enquanto tentam manter os hospitais em funcionamento. Fora dos hospitais, as comunidades também são abandonadas, os programas de vacinação são suspensos e a situação nas prisões está se tornando explosiva devido à falta de distanciamento social. Estamos em quarentena a partir de 10 de março. Infelizmente, o resto do mundo não parece ter notado que a epidemia em Bergamo está fora de controle (…) Medidas para evitar o contágio devem ser massivamente implementadas, em todos os lugares, inclusive nos veículos. Precisamos de hospitais inteiramente dedicados ao covid-19 e separados das áreas não infectadas”. E acrescentou: “O coronavírus é o Ebola dos ricos e requer um esforço coordenado e transnacional. Não é particularmente letal, mas é muito contagioso. (…) A catástrofe que está varrendo a rica Lombardia pode ocorrer em toda parte”. Diante da devastação no norte da Itália (com números de guerra), vários países optaram pelo confinamento em massa, em meio a muitas controvérsias (na Espanha, na França, no Reino Unidos, Índia e outros), questionamentos que se tornaram mais agudos nos Estados Unidos e no Brasil. Os padres, no mundo inteiro, acataram a ordem da OMS e deixaram as igrejas fechadas, transmitindo (nem todos) missas on line pelas redes sociais.

Brasil resiste às quarentenas forçadas

No Brasil, o então Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (demitido em 16 de abril, por defender a chamada quarentena horizontal), numa das primeiras coletivas de imprensa sobre o assunto, seguiu o tom alarmista da mídia e de Átila Iamarino, e previu que o sistema de saúde brasileiro entraria em colapso em poucas semanas. O Presidente da República Jair Bolsonaro, constantemente criticado pela imprensa por considerar desproporcionais as medidas de isolamento social adotadas, defendendo a chamada quarentena vertical, resolveu (contra toda a opinião pública mundial) num pronunciamento feito em 25 de março, em cadeia de rádio e televisão, questionar o confinamento em massa imposto por governadores, especialmente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e dividiu o país quanto às medidas que deveriam ser adotadas diante da gravíssima crise. O prefeito de Milão Giuseppe Sala havia, em 27 de fevereiro, subestimado os efeitos devastadores do vírus e apoiou a campanha “Milão não pode parar”, tendo que se desculpar, quase um mês depois, diante do número elevado de mortes na Itália, em condições angustiantes.  Dom Walmor de Oliveira, presidente da CNBB, se somou ao coro de críticas ao Presidente da República, dizendo: “Nós repudiamos, criticamos veementemente, autoridades do executivo nacional, quando minimiza (sic!) aquilo que precisa ser realizado com responsabilidade por todos nós. A pandemia da covid-19 e muitas outras pandemias não podem se compor agora mais e mais com outras pandemias de irresponsabilidade, de inconsequências e de falta de sentido humanístico e respeitoso para com a dignidade da pessoa humana. (…) Fique em casa! Esta é a indicação das autoridades competentes, sanitárias e sensatas. Fique em casa!” Padres gravaram vídeos divulgados pela internet, pedindo em uníssono, aos fiéis: “Fiquem em casa!” Em 27 de março, a CNBB com outras entidades (OAB, SBPC), emitiram uma nota, dizendo: “Estratégias de isolamento social, fundamentais para conter o crescimento acelerado do número de pessoas afetadas pelo coronavírus, visam à organização dos serviços de saúde para lidar com esta situação, que, apesar de grave, pode ser bem enfrentada por um sistema de saúde organizado e bem dimensionado”. E acrescentaram: ““A campanha de desinformação desenvolvida pelo Presidente da República, conclamando a população a ir para a rua, é uma grave ameaça à saúde de todos os brasileiros”.

No dia 28 de março, Francisco corroborou o posicionamento da CNBB e demais entidades pelo confinamento em massa, numa carta a um amigo argentino, o  juiz Roberto Andrés Gallardo, enaltecendo os governantes que tomaram “medidas exemplares”, impondo a quarentena horizontal, ressaltando: “os governos que enfrentam a crise assim mostram a prioridade de suas decisões: primeiro as pessoas”, reconhecendo que “defender as pessoas pressupõe um descalabro econômico”. E que “seria triste se se optasse pelo contrário, o que levaria à morte de muitíssimas pessoas, algo assim como um genocídio viral”.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro afirmou em lives e entrevistas que já havia preparado um decreto para a volta do comércio, e manteve a sua posição, em meio às pressões da mídia e de outros formadores de opinião, chegando a ir pessoalmente ao STF com um grupo de empresários defender a sua posição pelo fim da quarentena horizontal. O governo também fazia a sua aposta na hidroxicloroquina no início de tratamento dos idosos com covid 19. Em meio à controvérsia sobre quais medidas mais adequadas deveriam ser adotadas, a crise sanitária se somou à crise econômica (o governo teve que socorrer milhares de informais em todo o País com um auxílio emergencial de R$ 600,00), com a crise política: Mandetta foi demitido, e em seu lugar foi nomeado Nelson Teich. Ainda no final de abril, o então superministro Sérgio Moro pediria demissão, agravando ainda mais a crise política no País. O presidente disse que não aceitaria ver trabalhadores sendo presos, privados do direito de sustentar suas famílias, por conta dos excessos cometidos por decretos que impunham medidas de exceção, com abusos incontáveis.

Até quando os fiéis ficarão sem os sacramentos?

Mas desde quando o argentino Marcelo Sanchez Sorondo afirmou eufórico que pela primeira vez o magistério da Igreja está em sintonia com as Nações Unidas, os católicos ficaram sem saber o que fazer. A OMS e os biocratas impuseram as medidas desproporcionais para o balão de ensaio  (em curso) para um totalitarismo global desumano e anticristão, instrumentalizando a covid 19 para tais fins. Padres e bispos do mundo todo deixaram as igrejas fechadas e os fiéis sem sacramentos, acatando acriticamente às determinações da OMS.  O próprio Bill Gates, em entrevista, chegou a dizer que espera que as igrejas permaneçam fechadas por mais de 18 meses. O que vemos é isso: houve uma aceleração para a imposição da agenda de uma Nova Ordem Mundial, desumana e anticristã, com uma estratégia altamente sofisticada, com um poder midiático e tecnológico incomensurável.  E o mais preocupante: com a complacência de padres e bispos do mundo inteiro.

Impactante foi a celebração de 27 de março, sexta-feira, com a praça de São Pedro, e ao crucifixo da igreja de São Marcelo sob a chuva. Passada a Semana Santa, a pergunta que se fazia? Até quando os fiéis ficarão sem os sacramentos? Nunca havia ocorrido uma situação como esta na história da Igreja, sem que os católicos saibam o que fazer.

Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética e coordenador do Movimento Legislação e Vida. Email: prof.hermesnery@gmail.com 

3 comentários sobre “Peste do coronavírus marca o 7º ano do pontificado de Francisco.

  1. A cada dia que passa surgem mais evidências em todas as redes sociais, whatsapps etc. com os noticiários de médicos e pesquisadores no mundo inteiro mostrando que tudo não passa de uma enorme farsa sob os auspícios da ONU, OMS e outros mais.
    E por falar em Bill Gates, este indivíduo está patrocinando a pesquisa para vacinação mundial através da nanotecnologia, cujo objetivo principal é menos do que curar e muito mais conseguir a introdução no corpo humano de nanopartículas que irão permitir o controle e identificação de todos os indivíduos do planeta.

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  2. Li, gostei e estou recomendando o seu artigo, prof. Hermes!
    Parabéns, você é uma voz que clama no deserto.

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