Por FratresInUnum.com, 28 de agosto de 2020 – Santo Agostinho é, na Igreja, a imagem ideal de um bispo católico: intelectual, profundamente místico e, ao mesmo tempo, preocupado em debelar todas as doutrinas erradas que se difundem no seu tempo. Mas há quem se contente não apenas com muito menos do que isso, mas até com o seu contrário.
Chegou hoje à nossa redação o vídeo de uma homilia esdrúxula do bispo da Diocese de Vacaria-RS, Dom Silvio Guterres Dutra, o qual se aproveitou do episódio tristíssimo do Padre Robson de Oliveira Pereira, do Santuário do Divino Pai Eterno, para fazer a sua crítica, bem naquele conhecido estilo da Teologia da Libertação.
Ele acusa a “cultura da imagem” e diz que “a humildade e a piedade não estão em roupas impecáveis, muito menos em mãos postas e em olhos revirados em orações… Por que fazer propaganda de algo que não tem?… Quanto mais autêntica for a experiência de fé, menos a pessoa se expõe ou se apresenta como modelo”.
O bispo prossegue dizendo que Jesus é o único modelo. “Nenhum padre é modelo… Dentro da Igreja Católica nós temos uma batalha, porque nós, padres, muitas vezes somos avaliados pela roupa que nós vestimos. Tem gente que diz: ‘este é padre de verdade porque está de batina, porque está de camisa arrumadinha como o bispo usa’. Aquele padre lá que anda mais discreto, mais despojado, acaba sendo desconsiderado… Não é a roupa do padre que faz o padre, mas o que ele tem lá dentro, que a gente não vê… Nossa Igreja deixou de ser uma Igreja de comunidade para ser uma Igreja de guru, são dinheiro (sic!) e mais dinheiro mandados pra lá e pra cá e as comunidade, às vez (sic!), padecendo. Este escândalo pode ser uma ação do Espírito Santo para dizer: ‘não é esta Igreja que eu quero, não quero Igreja de show’… Vivemos hoje uma epidemia de farisaísmo”.
Apenas recortamos uns trechos que nos pareceram suficientes para ilustrar bem as ideias explanadas na homilia, mas indicamos que assista ao vídeo e escute atentamente às reclamações do bispo.
Em primeiro lugar, ele reclama da “cultura da imagem” e passa a criticar os padres que, obedecendo a Igreja, especificamente o Direito Canônico e os livros litúrgicos, cumprem o dever de usar batina e de manter as mãos postas durante da liturgia, como se não usar batina e não usar as mãos postas não fossem também parte de uma certa “cultura da imagem”, aquela “imagem progressista” dos padres e bispos relaxados e que celebram os sacramentos como se estivessem jogando boxa. Qualquer padre que use sua batina ou pelo menos o clergyman é vítima de ridicularizações, hostilizações e bullying, como este bispo faz publicamente em sua homilia.
É realmente um verdadeiro despautério que um bispo se valha de uma homilia, digne-se usar o episódio vergonhoso do Padre Robson, para rotular todos os padres que se vestem e celebrem conforme manda a lei da Igreja! Em outras palavras, ele está maldosamente atribuindo aos padres fieis as culpas dos padres infiéis.
Além disso, o argumento que ele utiliza é simplesmente absurdo: o cuidado com a imagem é ruim porque a pessoa cultiva muita podridão por dentro e, deste modo, é incoerente. Ora, seguindo a sua lógica, a conclusão seria: então, sejamos podres por dentro e por fora, já que ninguém é modelo para ninguém, mesmo – coisa que destoa completamente do dever da exemplaridade que a Igreja sempre impôs ao clero. Para a disciplina católica, o sacerdote não deve ser bom apenas por dentro (como parece sustentar o bispo), mas também por fora, em seu porte, em sua conversação, nos seus trajes, no seu modo de celebrar. Ora, por coerência, aspecto exterior deve expressar aquele interior!
É muito interessante que o bispo não se manifeste quando padres se comportam como top models (masculinos ou também femininos – ¡que los hay, los hay!), ou que se vistam como adolescentes ou façam tatuagens como jovens rebeldes ou melosos; é impressionante como se manifesta em desfavor do que é católico e apenas para beneficiar o relaxo e o desleixo, usando aqueles mesmos preconceitos conhecidos.
Se um padre se comportasse sempre como padre, usando sua veste sacerdotal, celebrando os sacramentos com verdadeira devoção, dedicando-se a uma vida de oração profunda e aos estudos pessoais para que possa pregar com substância, tendo uma vida penitente e bem regrada, acordando e dormindo cedo, será que ele se enrolaria com escândalos tão absurdos como esses em que o clero conciliar frequentemente se enreda: envio de fotos com nudez por internet, prática de atos impuros virtuais e reais, exibicionismo do tipo mais grotesco, chegando às raias da pornografia mais vulgar?…
Não, um padre que não usa os trajes sacerdotais e não celebra conforme manda a liturgia não é discreto, é desobediente e é um mau padre, que está abrindo as portas de sua alma para o pecado. Será que este bispo forma padres tradicionais ou apenas uns mundanos que logo mais podem se tornar fonte de escândalo para a Igreja, com todo tipo de comportamento banal, inadequado, avacalhado?
Mas, também, o que esperar de um bispo que em 2018 escreveu um artigo em que se queixa do “fanatismo” dos católicos anticomunistas e antiabortistas, no qual pergunta se não teríamos chegado ao ponto de “pedir socorro aos ateus, para que nos livrem do fanatismo dos cristãos”?; o que esperar de um bispo que escreveu outro artigo para atacar o presidente da república, afirmando que “se o ‘deus’ evocado pelo presidente, um ‘deus’ que está sempre a procura de um inimigo para eliminar, fosse o único possível, eu pediria imediatamente para ser acolhido na fileira dos ateus. Cada vez fica mais fácil compreender os ateus e mais difícil compreender os que se dizem cristãos e não cessam de usar o ‘Nome de Deus em vão’”?; o que esperar de um bispo que está tão descolado da realidade que, a despeito de toda a sua campanha, 75,37% dos votos dos eleitores de Vacaria foram para Bolsonaro na última eleição?
Que fiasco!
Infelizmente, todos estes que foram derrotados nas urnas em 2018 estão amargurados e revoltados e já não têm outra saída senão… avacalhar e inclusive atribuir, como faz o bispo no vídeo acima, este último doloroso escândalo a ninguém menos que ao Espírito Santo!
É muito triste! Que Deus nos conceda pastores de verdade, homens doutos e santos, não politiqueiros assanhados pelo fanatismo ideológico, mas sacerdotes fieis, segundo o modelo de Cristo, segundo o modelo de Santo Agostinho e dos santos, segundo o modelo de São Paulo que, ao contrário de Dom Sílvio, não disse que “nenhum sacerdote é modelo”, mas escreveu ao Coríntios:
“Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (1Cor 11,1).
Por CNA, 22 de agosto de 2020 | Tradução:FratresInUnum.com: Se você pensa que é padre, mas realmente não é, você tem um problema. Muitas outras pessoas também. Os batismos que você realizou são batismos válidos. Mas, e as confirmações? Não. As missas que você celebrou não eram válidas. Nem as absolvições ou unções dos enfermos. E os casamentos? Bem… é complicado. Alguns sim, outros não. Depende da papelada, acredite ou não.
Papa Francisco ordena 10 homens ao sacerdócio – 7 de maio de 2017. Créditos: Daniel Ibáñez/CNA
O padre Matthew Hood, da arquidiocese de Detroit, aprendeu tudo isso da maneira mais difícil.
Ele pensou que tinha sido ordenado padre em 2017. E vinha exercido o ministério sacerdotal desde então.
E então, neste verão, ele soube que não era padre. Na verdade, ele soube que nem mesmo era batizado.
Se você quer se tornar um sacerdote, você deve primeiro se tornar um diácono. Se você deseja se tornar um diácono, primeiro deve ser batizado. Se você não for batizado, não pode se tornar diácono e não pode se tornar sacerdote.
Claro, padre Hood pensou que ele havia sido batizado quando bebê. Mas neste mês, ele leu um aviso emitido recentemente pela Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano . A nota dizia que mudar as palavras do batismo de algumas maneiras o torna inválido. Que se a pessoa que administra o batismo disser “Nóste batizamos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, ao invés de “Eu te batizo …” o batismo não é válido.
Ele se lembrou de um vídeo que assistiu de sua própria cerimônia de batismo. E se lembrou do que o diácono disse: “Nós te batizamos …”
Seu batismo não era válido.
A Igreja presume que um sacramento é válido, ao menos que haja alguma prova em contrário. Teria presumido que pe. Hood foi batizado validamente, salvo se ele tivesse um vídeo mostrando o contrário.
Padre Hood ligou para sua arquidiocese. Ele precisava ser ordenado. Mas, primeiro, após três anos atuando como um padre, vivendo como um padre e se sentindo como um padre, ele precisava se tornar um católico. Ele precisava ser batizado.
Em pouco tempo, ele foi batizado, crismado e recebeu a Eucaristia. Ele fez um retiro e foi ordenado diácono. E em 17 de agosto, Matthew Hood finalmente se tornou padre. De verdade.
A Arquidiocese de Detroit anunciou essa circunstância incomum em uma carta publicada em 22 de agosto .
A carta explicava que depois de perceber o que havia acontecido, pe. Hood “foi recentemente batizado de forma válida. Além disso, uma vez que outros sacramentos não podem ser validamente recebidos na alma sem um batismo válido, o Padre Hood também foi recente e validamente crismado e ordenado diácono transitório, e depois sacerdote. ”
“Demos graças e louvor a Deus por nos abençoar com o ministério do Padre Hood.”
A arquidiocese divulgou um guia, explicando que as pessoas cujos casamentos foram celebrados pelo pe. Hood deveriam entrar em contato com sua paróquia, e que a arquidiocese estava fazendo seus próprios esforços para contactar essas pessoas.
A arquidiocese também disse que está fazendo esforços para entrar em contato com outras pessoas cujo batismo foi celebrado pelo diácono Mark Springer, o diácono que batizou Hood invalidamente. Acredita-se que ele tenha batizado outras pessoas de maneira inválida, durante 14 anos de atuação na Paróquia de St. Anastasia, em Troy, Michigan, usando a mesma fórmula inválida, um desvio do rito que os clérigos devem usar ao realizar batismos.
O guia esclareceu que, embora as absolvições realizadas pelo padre Hood antes de sua ordenação válida não eram em si válidas, “podemos ter certeza de que todos aqueles que se aproximaram do Padre Hood, de boa fé, para fazer uma confissão, não se afastaram sem alguma medida de graça e perdão de Deus”.
“Dito isso, se você se lembra de quaisquer pecados graves (mortais) que você teria confessado ao Padre Hood antes de ele ser validamente ordenado e ainda não foi a uma confissão posterior, você deve trazê-los para sua próxima confissão explicando a qualquer sacerdote o que aconteceu. Se você não consegue se lembrar se confessou algum pecado grave, deve trazer esse fato também para sua próxima confissão. Uma absolvição subsequente incluirá esses pecados e trará paz de espírito”, disse o guia.
A arquidiocese também respondeu a uma pergunta que espera que muitos católicos façam: “Não é legalismo dizer que, embora houvesse a intenção de conferir um sacramento, não havia sacramento porque foram usadas palavras diferentes? Deus não vai apenas cuidar disso? ”
“A teologia é uma ciência que estuda o que Deus nos disse e, quando se trata de sacramentos, deve haver não apenas a intenção certa do ministro, mas também a ‘matéria’ certa (material) e a ‘forma’ certa (palavras / gestos – como um triplo derramamento ou imersão de água por quem diz as palavras). Se faltar um desses elementos, o sacramento não é válido”, explicou a arquidiocese.
“No que diz respeito a Deus ‘cuidando disso’, podemos confiar que Deus ajudará aqueles cujos corações estão abertos para Ele. No entanto, podemos ter um grau muito maior de confiança fortalecendo-nos com os sacramentos que Ele nos confiou ”.
“De acordo com o plano ordinário que Deus estabeleceu, os sacramentos são necessários para a salvação: o batismo traz a adoção na família de Deus e coloca a graça santificante na alma, visto que não nascemos com ela, e a alma precisa da graça santificante quando se afasta do corpo para passar à eternidade no céu”, acrescentou a arquidiocese.
A arquidiocese disse que primeiro tomou conhecimento de que o diácono Springer estava usando uma fórmula não autorizada para o batismo em 1999. O diácono foi instruído a parar de desviar-se dos textos litúrgicos naquela época. A arquidiocese disse que, embora ilícitos, acreditava que os batismos que Springer havia realizado eram válidos até o esclarecimento do Vaticano ser emitido neste verão.
O diácono agora está aposentado “e não está mais no ministério ativo”, acrescentou a arquidiocese.
Nenhum outro sacerdote de Detroit é considerado invalidamente batizado, disse a arquidiocese.
E pe. Hood, recém-batizado e recém-ordenado? Depois de uma provação que começou com a “inovação” litúrgica de um diácono, pe. Hood agora está servindo em uma paróquia com o nome de um santo diácono. Ele é o novo padre da Paróquia de São Lourenço, em Utica, Michigan.
Publica-se, a pedido do Arcebispo Carlo Maria Viganò, uma carta que Sua Excelência Reverendíssima enviou, ontem, ao P. Thomas Weinandy, franciscano capuchinho norte-americano, por ocasião do debate iniciado sobre o Concílio Vaticano II.
10 de Agosto de 2020 São Lourenço, mártir
Reverendo Padre Thomas,
Li com atenção o seu ensaio Vatican II and the Work of the Spirit, publicado, a 27 de Julho de 2020, em Inside the Vatican (aqui). Parece-me que o seu pensamento pode ser resumido nestas duas frases:
«Partilho muitas das preocupações expressas e reconheço a validade de algumas problemáticas teológicas e questões doutrinárias enumeradas. Sinto-me, todavia, incomodado em concluir que o Vaticano II seja, de alguma forma, a fonte e a causa directa do actual estado desanimador da Igreja».
Permita-me, Rev. Padre, usar como auctoritas ao responder-lhe a um seu interessante escrito, Pope Francis and Schism, publicado, no passado 8 de Outubro de 2019, em The Catholic Thing (aqui). As suas observações permitem-me evidenciar uma analogia que espero que possa ajudar a esclarecer o meu pensamento e a demonstrar aos nossos leitores que algumas aparentes divergências possam ser resolvidas graças a uma profícua disputatio que tenha como objectivo principal a glória de Deus, a honra da Igreja e a salvação das almas.
Neste ano, na festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria (2 de julho), nosso Instituto teve a grande alegria de dar mais nove sacerdotes à Igreja – mais nove homens que foram ordenados para continuar a obra da Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por esse motivo, hoje gostaria de falar sobre esta bela aventura que chamamos de vocação e como um homem se torna sacerdote.
Como em um grande quebra-cabeça, Deus tem um lugar reservado para cada um de nós, e temos o dever de tentar descobrir onde é o nosso lugar. E eu lhes afirmo que só seremos felizes, felizes de verdade, na vocação que Deus tem para nós. Nossa vocação é a decisão mais importante que temos que tomar nesta vida: ela decidirá o curso de nossa vida aqui no tempo, mas também na eternidade.
Mas, como descobrimos nossa vocação? Em primeiro lugar, devemos saber que a palavra “vocação” significa “chamado”. A vocação é um chamado de Deus. Não ouvimos esse chamado com os ouvidos do nosso corpo, mas podemos percebê-lo pelos afetos do nosso coração. Por exemplo, quando um jovem gosta de ir à igreja, servir o Altar, estudar a Fé, dedicar tempo à oração … quando ele é como que atraído por uma força secreta para as coisas de Deus. Esses são sinais de vocação.
Quando um jovem pensa ser chamado por Deus, ele deve se aconselhar com um sacerdote, a fim de discernir a vontade de Deus em sua vida. E se ele realmente pensa que está sendo chamado por Deus e pretende responder a este chamado, ele irá então para o Seminário, onde iniciará essa bela caminhada que o levará ao Altar de Deus.
Agora, uma coisa tem que ser dita: o seminário não é reservado só para quem é muito inteligente, não. É verdade que o seminarista terá que estudar, e estudar muito, mas mesmo que não seja tão brilhante, ele pode ser padre, e um bom padre. Um sacerdote não precisa ser um cientista, mas um homem de Deus, um homem que serve a Deus na pobreza, castidade e obediência.
Assim, após o primeiro ano de formação, o jovem seminarista receberá a batina, que é a farda do exército de Cristo. E ele estará vestido de preto, porque ele deve estar morto para o mundo, e as coisas do mundo não devem significar nada para ele.
Depois da batina, o seminarista receberá o que chamamos de “tonsura”. A tonsura é uma cerimônia muito antiga, em que o bispo corta o cabelo do jovem em forma de cruz, e o jovem repete depois do bispo as palavras do Salmo XV: Dominus pars hereditatis meae et calicis mei, tu es qui restitues hereditatem meam mihi. “O Senhor é a parte da minha herança e meu cálice, tu és aquele que restaurará a minha herança para mim.” O seminarista declara que o Senhor é a sua porção e seu quinhão neste mundo, como os levitas do Antigo Testamento. E este é o significado da palavra “clérigo”: ter o Senhor como nossa porção e ser nós mesmos a porção do Senhor.
Tonsura
Tradicionalmente, a tonsura é considerada a entrada no estado clerical e conduz o jovem seminarista aos sete degraus do altar, que são os sete graus do sacramento da Ordem. Portanto, embora o sacramento da Ordem seja um, ele é dividido em graus, e o seminarista subirá um degrau de cada vez.
O primeiro degrau é a Ordem de Ostiário, e por esta ordem o seminarista recebe a incumbência de abrir e fechar a igreja, e cuidar dos vasos sagrados.
Ostiario: entrega da chave
O segundo degrau é a Ordem de Leitor, e por esta ordem o seminarista recebe a tarefa de ler as Sagradas Escrituras durante o Ofício Divino e catequizar o povo.
Leitor: entrega do livro
O terceiro degrau é a Ordem de Exorcista, e por esta ordem o seminarista recebe o poder de expulsar o demônio dos corpos daqueles que estão possuídos (embora o uso desse poder esteja sujeito a formação e permissão adicionais).
Exorcista: entrega do livro
O quarto degrau é a Ordem de Acólito, e por esta ordem o seminarista recebe o ofício de servir a Santa Missa.
Acólito: entrega da vela
Acólito: entrega das galhetas
Estas são as quatro ordens que chamamos de menores. E em seguida vêm as três ordens ditas maiores.
O quinto degrau do Altar é o Subdiaconato . É durante essa ordenação que o jovem levita faz sua promessa, seu voto de castidade perpétua. Ele então recebe o poder de ajudar o diácono e o sacerdote no Altar. Vemos bem que primeiro ele promete castidade, e só então recebe o poder de servir no Altar. Por isso, podemos ver claramente que a castidade e o serviço do Altar devem andar sempre juntos.
Subdiácono: promessa de castidade
Subdiácono: entrega do cálice
Subdiácono: entrega do livro das Epístolas
O sexto degrau do Altar é o Diaconato . Por esta ordem, o seminarista recebe o poder de ajudar o sacerdote no altar, de anunciar o Evangelho, pregar e batizar.
Diácono: imposição da mão
Diácono: entrega do livro dos Evangelhos
Finalmente, o sétimo degrau do Altar é a Ordem dos Sacerdotes , que inclui tanto simples padres (presbiterado) quanto bispos (episcopado).
Sacerdote: imposição das mãos
Sacerdote: unção das mãos
Sacerdote: entrega do cálice e hóstia
Sacerdote: promessa de obediência
Na sua ordenação, o sacerdote recebe um poder que não foi concedido aos próprios anjos de Deus: o poder de consagrar o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e o poder de perdoar os pecados. O grande plano de salvação está nas pequenas mãos do sacerdote. O padre é tão pequeno, mas ao mesmo tempo tão grande. Que missão, que vocação! A vocação mais sublime da terra: ser sacerdote, ser outro Cristo, continuar a obra da redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nós, sacerdotes, recordamos com grande emoção todos os passos que nos conduziram ao altar de Deus: a nossa tonsura, as ordens menores, o subdiaconato, o diaconato e, por fim, o sacerdócio. É uma grande alegria ser sacerdote, de tal forma que nunca voltaríamos atrás. Se tivéssemos mil vidas, mil vezes nos entregaríamos a Deus, para a salvação de almas.
Que alegria batizar e dar vida espiritual a uma alma! Que alegria reconciliar o pecador com Deus no sacramento da confissão! Que alegria abençoar um casamento, pedindo as graças de Deus para a nova família! Que alegria acompanhar os moribundos nos seus últimos momentos, com o sacramento da extrema unção, abrindo-lhes as portas do reino dos céus com o poder das chaves colocadas nas mãos do sacerdote! Que alegria indizível oferecer o Santo Sacrifício da Missa e elevar a Hóstia Sagrada e o Santo Cálice para a glória de Deus e a salvação das almas! Que alegria ser padre!
Mas, para ser justo, devo dizer que ser padre é também uma cruz. Eu nao estou reclamando, mas isso é fato. Quando passamos a compartilhar mais da vida de Nosso Senhor, passamos a compartilhar mais de Seus sofrimentos. E porque o sacerdócio é a assimilação mais forte a Cristo, é normal que traga sofrimento. No dia da sua ordenação, a mãe de São João Bosco lhe disse: “Meu filho, hoje você começa a sofrer”.
Essas aão, de fato, palavras fortes, que não nos devem atemorizar, mas devem recordar que todo sacerdote, como outro Cristo, é chamado a ser sacerdote e vítima. Todo sacerdote é chamado a oferecer Cristo ao Pai, mas também a se oferecer com Cristo, para a glória de Deus e para a salvação das almas. O Sacerdócio é o mistério da Quinta-feira Santa: reúne em si a alegria da Última Ceia e a agonia do Getsêmani.
Por isso, meus queridos irmãos, gostaria de pedir-lhes que rezassem todos os dias pelos seus sacerdotes, para que possamos ser fiéis à nossa vocação. E, por favor, reze também para que muitos jovens possam ouvir a voz de Deus e ter a coragem de deixar tudo para trás e seguir o Mestre. Amém.
Por FratresInUnum.com, 11 de agosto de 2020 – Faleceu no último sábado, 8 de agosto, Dom Pedro Casaldáliga, o último dos grandes baluartes da decadente Teologia da Libertação. O seu desaparecimento causou imensa comoção entre o clero progressista, que está tentando emplacar a sua “fama de santidade”, sem nenhuma repercussão significativa fora de seus próprios guetos ideológicos. O fato merece uma consideração atenta, pensando nos motivos de tamanha “devoção” entre os progressistas e em quais seriam as perspectivas para a Teologia da Libertação (TL) daqui para a frente.
A “revolução brasileira”
Os bispos Steiner e Pedro Casaldáliga.
Uma das maiores dificuldades para compreender os movimentos populares no Brasil é encontrar um justo instrumento analítico que nos permita descrever com acerto qual a matriz de todas as tensões existentes em nossa realidade sociopolítica.
Em “Os donos do poder”, Raymundo Faoro, que era um homem de esquerda, mostra que a história da Brasil poderia ser bem definida comoa luta de um povo impotente contra uma elite patrimonialista, que usa o Estado em benefício próprio, elite que ele denomina “estamento burocrático”.
Ora, da leitura da obra de Faoro se percebe claramente que a natureza desta tensão entre povo-estamento é supra-ideológica e, portanto, meta-política, o que significa que ambos, o povo e a elite, transitam da esquerda para a direita e vice-versa conforme as circunstâncias históricas concretas. Talvez esta seja a razão principal da vivacidade política do povo brasileiro.
Cabe aqui fazer uma desambiguação: o termo “revolução brasileira” em Faoro não tem o mesmo significado que o termo “revolução” tem nas obras dos autores católicos contrarrevolucionários; para estes, revolução é a rebeldia do homem contra Deus e contra a ordem da realidade; para aquele, “revolução” era apenas um termo descritivo desta história brasileira de libertação.
A Teologia da Libertação e o PT
A complexidade de fatores que culminaram com o aparecimento da Teologia da Libertação e do seu projeto político, a fundação e consolidação do Partido dos Trabalhadores (PT) e sua chegada e manutenção no poder, é muito difícil de ser resumida. Uma excelente síntese do assunto pode ser encontrada no livro do Dr. Júlio Loredo,Teologia da Libertação: um salva-vidas de chumbo para os pobres.
De um lado, a Ação Católica Brasileira, inicialmente inspirada no ativismo social do Centro Dom Vital, depois dividiu-se naquilo que o Prof. Dr. Plínio Corrêa de Oliveira chamava de “falsa direita”, isto é, o fascismo declarado, e “esquerda católica”, isto é, o socialismo abraçado abertamente como ideologia.
De outro lado, tudo isso vinha sendo fermentado no caldo daNouvelle Théologie, com seus autores progressistas e socialistas, culminando com o surgimento da síntese herética de Karl Rahner e da “Teologia Política” de seu filho teológico, Johann Baptist Metz. Essas influências foram especialmente catalisadas na Universidade de Louvaine, onde hordas de padres latino-americanos foram enviadas para especialização.
O ativismo e o desejo de controlar a política oriundos daquela mentalidade de Ação Católica pervertida e as ideias socialistas abraçadas pelaNouvelle Théologieforam o misto ideal para que os comunistas pudessem entrar na Igreja e usá-la para o seu projeto de poder, como já havia declarado de modo peremptório Antonio Gramsci (já não se tratava mais de tentar destruir a Igreja, mas de usá-la).
Nem precisamos nos perguntar se o plano deu certo. Os comunistas encontraram toda a estrada aberta e começaram a aparelhar a estrutura eclesiástica através de uma ideologia propositalmente criada para esta finalidade: a chamada Teologia da Libertação.
Um dos equívocos principais que é preciso desmascarar é o de que a Teologia da Libertação é uma teologia criada para vencer as opressões e as desigualdades. Esta é apenas a desculpa teológica dada. O objetivo da Teologia da Libertação é duplo:
1) primeiro, teorético: desmontar a Teologia Católica inteirinha, não deixando nada em pé. Isso está explicitamente declarado por Gustavo Gutiérrez em sua “Teologia da Libertação”, ou seja, é iniciar aquilo que ele chama de “fase crítica” da Teologia;
2) e principalmente prático: criar a base para a formação de um partido político socialista através das Comunidades Eclesiais de Base, como declarou implicitamente Leonardo Boff em seu livro “E a Igreja se fez povo” e recentemente o próprio Lula, numalivefeita com Leonardo Boff.
O projeto deu certo. Criaram um clero progressista e comunista, aparelharam a Igreja de alto a baixo, criaram um partido que veio para se eternizar no poder, mas que não conseguiu obter o sucesso até o fim.
Uma “mística” da libertação
Na encíclicaPascendi Dominici Gregis, São Pio X explicava que os modernistas trocavam a fé católica por uma certa “experiência religiosa”, esta que hoje mesmo os libertadores chamam de “experiência de Deus”.
“Eis como eles o declaram: no sentimento religioso deve reconhecer-se uma espécie de intuição do coração, que pôs o homem em contato imediato com a própria realidade de Deus e lhe infunde tal persuasão da existência dele e da sua ação, tanto dentro como fora do homem, que excede a força de qualquer persuasão, que a ciência possa adquirir. Afirmam, portanto, uma verdadeira experiência, capaz de vencer qualquer experiência racional; e se esta for negada por alguém, como pelos racionalistas, dizem que isto sucede porque estes não querem pôr-se nas condições morais que são necessárias para consegui-la”.
Em outras palavras, os modernistas, assim como seus herdeiros diretos, os teólogos da libertação, trocam o conceito de “revelação exterior” (a Revelação Divina tal como custodiada nos artigos da fé católica) e de “revelação interior” (a luz da fé infusa pela graça nos nossos corações para que possamos crer) por um conceito naturalista de “experiência religiosa”: a tal “experiência de Deus” com os pobres, os índios, os quilombolas ou no meio da “luta do povo”. Neste sentido, há algo de comum com certos grupos carismáticos, que tomam como fato fundante da sua vida espiritual não os dogmas da Igreja, mas a sua experiência intimista.
Ora, é neste sentido que a história de Dom Pedro Casaldáliga tem uma importância enorme para a Teologia da Libertação. Ele foi justamente um homem que saiu da Europa e veio para o meio dos índios viver a “experiência do pobre”, que quando foi ordenado bispo trocou a mitra pelo chapéu de palha e o anel de metal pelo anel de tucum (que depois se tornou símbolo da TL), que desprezou o báculo pastoral e que trocava o vinho por cachaça e a hóstia por bolacha, como afirma a suabiografia autorizada, segundo informações da Folha de São Paulo.
É essa pseudo “mística” que faz clérigos, mais ou menos oportunistas, lançarem todos os louvores possíveis a Casaldáliga, partindo desde o presidente da CNBB e alcançando expoentes ditos conservadores do episcopado. Chegando até o site oficial de notícias da Santa Sé, todos “canonizam” o bispo revolucionário.
Poeta, Casaldáliga confessava-se “subversivo”, dizia crer na “Internacional” e não escondia seu apreço pela “foice e o martelo” (em sua poesia “Canção da foice e do feixe”, publicada em vermelho.org.br, site do PCdoB) Mas ele não ficou apenas na poesia. Apoiava decididamente as revoluções cubana e sandinista, na Nicarágua,onde esteve muitíssimas vezes, contra a vontade dos bispos locais, tendo de ser admoestado pela Santa Sé a que permanecesse em sua prelazia. Ele abraçou o estilo de vida indígena, abraçou aquele modelo pauperista de Igreja idealizado no “Pacto das catacumbas”, levando-o às suas últimas consequências.
Neste sentido, foi um homem coerente com aquilo que acreditava, muito diferentemente dos defensores da tal “Igreja dos pobres”, apregoada pelo Cardeal Lercaro e por Dom Hélder Câmara, e à qual aderem maciçamente nossos bispos hoje, mas que gostam mesmo é de frequentar restaurantes ricos e estão preocupadíssimos com a prosperidade econômica das suas dioceses.
O conceito de “mística da libertação” tal como vivido por Dom Pedro Casaldáliga é apenas um engodo, como explica muito bem São Pio X, mas que serve como instrumento de romantização para a comunistização da Igreja, tal como operada pela Teologia da Libertação.
Mudança de paradigma
No movimento marxista, a Igreja Católica sempre está atrasada, com um recuo justificável pela sua constituição estruturalmente gerontocrática, ou seja, ela é governada pelos velhos.
A Escola de Frankfurt já tinha percebido que os pobres estavam se aburguesando e que a revolução socialista não poderia ser protagonizada por eles, mas por aquilo que eles chamavam de lumpemproletariado. Trata-se da revolução dos descontentes, do estrato maltrapilho da sociedade, das minorias, daqueles que têm motivos para a reclamação. Lukács já tinha explicado que não havia propriamente um conflito de classes, mas que este deveria ser criado através do que ele chamava de “classe possível”, através da “conscientização”, ou seja, da formação de uma “consciência de classe”.
Levaram várias décadas para que o movimento marxista entendesse que seria necessário abandonar a luta de classes e abraçar a revolução sexual e o ecologismo psicótico, mas, assim que esta mudança de paradigma aconteceu, as grandes corporações meta-capitalistas, interessadas na dissolução da sociedade para o fortalecimento do mercado, “compraram” as mesmas causas e começaram a subvencioná-las, de modo que não há comunista que não esteja trabalhando para algum milionário: assim como os escravos no império romano eram soltos em orgias sexuais justamente para que não pudessem constituir uma família patriarcal e formar um núcleo de ação, agora, o direito a ter uma família patriarcal se tornou privilégio exclusivo dos meta-capitalistas, e não há socialista que não seja militante dessas causasfull-time; do mesmo modo, as propriedades privadas de famílias estão sendo cada vez mais transferidas para grandes corporações internacionais, em nome do ecologismo mais patrimonialista de todos os tempos.
O PT no poder e mudança de eixo na revolução brasileira
Neste meio tempo, o PT chegou ao poder e tinha planos de lá permanecer eternamente, sem jamais ser removido. Aquele intervencionismo auspiciado pela mentalidade corrompida da Ação Católica parecia triunfante: a cumplicidade entre a hierarquia e o partido socialista havia chegado ao seu ápice, até que o povo percebeu que algo estranho tinha acontecido
Em um primeiro momento, o povo havia se identificado com Lula porque pensava que ele era um legítimo representante dos anseios de libertação daquela histórica revolução brasileira, acima referida. Na medida em que o tempo foi passando, tornou-se claro que nada disso era verdade: Igreja e PT estavam interessados apenas tornar-se parte do estamento burocrático e, ao invés de vencê-lo, queriam usá-lo em benefício de sua própria estratégia de poder, como, de fato, está acontecendo hoje.
A eleição de Jair Bolsonaro não foi uma empreitada ideológica. Ele não tem ideologia alguma, inclusive porque provavelmente nem tem ideia profunda alguma. O povo não agiu ideologicamente, mas apenas por identificação emocional: apareceu aquele candidatooutsiderque tentaria derrubar toda a elite, mas que não está conseguindo, justamente porque esta elite é institucionalmente poderosa (trata-se de um indivíduo unido com um povo impotente contra todo o sistema político nacional e internacional: a mídia, os órgãos de educação superior, os partidos corruptos e, inclusive, a própria Igreja, que precisa ficar do lado dos poderosos para poder permanecer em sua situação privilegiada).
Deste modo, bispos e petistas conseguiram algo impressionante: angariaram infalivelmente o ódio do povo! Todo mundo odeia o PT e a CNBB. Não há instituições que sejam hoje tão desprestigiadas entre a população.
Resultado religioso e futuro da TL
Com a eleição do Papa Francisco, adepto da versão argentina da TL, a chamada “Teologia do Povo”, o clero TL teve novamente a chance de respirar, não se sente institucionalmente ameaçado e tenta mais uma vez erguer a cabeça.
Contudo, o povo continua migrando para as igrejas pentecostais e outras vertentes religiosas. Com a epidemia do vírus chinês, a hierarquia dispersou totalmente os fieis, relegando-os de modo absoluto à irreligião – ora, se os católicos já eram acomodados, agora, uma geração inteira foi largada ao total abandono da prática religiosa (todo mundo virou “católico não praticante e de IBGE”).
De outro lado, a TL já não se encontra mais contextualizada nos marxismos modernos, senão através de duas veias: a teologia gay e o ecologismo radical, linhas nas quais a TL vai se reinventar, tornando-se ainda mais intragável para os fiéis e para os seus próprios militantes. Ou será que alguém imagina ser possível despertar fervor religioso católico em grupos incendiados pelo pecado sexual ou entusiasmados com aquelas superstições tribais?…
Em outras palavras, a nova TL que vem vindo aí só tornará o suicídio eclesial ainda mais exterminador. É o que dizia Paulo VI quando, depois de ele mesmo ter protegido tanto os socialistas dentro da Igreja, reconheceu que havia um “misterioso processo de autodemolição”. O “misterioso” fica por conta dele. Não há nenhum mistério nisso, há apenas causa e efeito.
A morte de Casaldáliga e a nova TL
A morte de Dom Pedro Casaldáliga está sendo tão pranteada pelos TLs justamente como um inconsciente processo psicossocial de funeral coletivo. A TL do passado já passou. Sim, existem as viúvas, e o próprio pontificado de Francisco aparece no mundo mais como uma evocação do passado do que como uma representação do presente.
A TL do futuro, totalmente LGBT e ecologista, é uma causa perdida, para a qual a população inteira se comportará com indiferença, acentuando o processo de destruição da Igreja Católica e o apogeu das comunidades pentecostais: já que o assunto é ter uma “experiência de Deus”, pelo menos as pessoas preferem tê-la com ar-condicionado, música de qualidade e muitos, muitos sentimentos.
Emartigo recente, Dom Júlio Akamine, arcebispo de Sorocaba, tentou “limpar a barra” da CNBB, dizendo que não existem bispos comunistas (e negando os fatos que eles mesmos nunca negaram, vide o vídeo de Lula e Boff) e que há um grande pluralismo na Conferência Episcopal. Bem… Embora o arcebispo tenha esquecido um detalhe que para ele parece não ter a mínima importância – isto é, existe uma doutrina social da Igreja muito bem definida, além de uma doutrina da fé e dos costumes, de tal modo que o tal “pluralismo” defendido por ele como um superdogma absoluto não é senão um fingimento retórico –, ele não deixa de ter certa dose de razão: a TL virou umbalaio de gatostão confuso que há muitos bispos perdidos num esquerdismo vago, enquanto há outros que militam naquela velha revolução já não existente e outros que apregoam a descarada ideologia feminista-gay ou ecologista. É! Não se fazem mais comunistas como antigamente!
Mas, resguardando-se o bom-mocismo corporativista de Dom Júlio, será que alguém, depois de ler Gustavo Gutiérrez escrever que o objetivo da TL é reformular a doutrina católica inteira em chave crítica, pode ficar ironizando com os que ele diz “que se julgam investidos com o poder de purificar a CNBB de infiltrações vermelhas a serviço de Satanás” ou mesmo com quem “expurga os que se desviam da ‘sã doutrina’”?…
Tanto a TL quanto os isentistasallaDom Júlio precisam, mesmo, é tirar do caminho os católicos anticomunistas. Estes é que precisam ser realmente neutralizados! Mas, não adianta. Eles chegaram tarde demais e, agora, todo mundo sabe muito bem quem eles são e para que eles vieram. O comunismo na Igreja Católica está flagrado e, a despeito de toda a oratória oficialista, institucionalista, romântica, poética ou de qualquer outro tipo, o povo não engole mais este palavrório.
IHU – Um seminário localizado no coração da famosa região vinícola argentina, Mendoza, recebeu a ordem do bispo local para fechar as portas. O religioso seguiu instruções do Vaticano após uma revolta em torno das medidas de segurança relativas à covid-19.
A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 05-08-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
A Diocese de San Rafael é o lar de um grande seminário diocesano, com 39 alunos estudando para o sacerdócio. A diocese, junto do governo da Província de Mendoza, decretou que, como forma de precaução, a Comunhão seria entregue somente na mão durante o tempo que durar a pandemia.
No entanto, uma maioria dos padres e leigos locais tem protestado contra a medida, com o seminário à frente de uma campanha contra a decisão tomada por Dom Eduardo Maria Taussig.
Religioso conservador, Taussig é amigo de Dom Hector Aguer, arcebispo emérito de La Plata, prelado que já foi descrito por analistas argentinos como o principal opositor do então Cardeal Jorge Mario Bergoglio – hoje, Papa Francisco – quando este era o arcebispo de Buenos Aires.
No entanto, em um texto postado no blog espanhol Info Catolica, Aguer revelou ter conversado com Taussig duas vezes por telefone, e culpa o bispo pela crise.
“Lamento profundamente o que está acontecendo em San Rafael, por um erro muito grave seu: o decreto sobre como dar a Comunhão. Por duas vezes eu já manifestei a minha opinião, quando conversamos por telefone”, escreveu o arcebispo.
Embora as conferências episcopais do mundo todo estejam aconselhando os padres para que deem a Comunhão na mão durante as missas nestes tempos de pandemia, o Vaticano não publicou instruções sobre o assunto.
Críticos destas instruções dizem que não há evidências científicas de que se um padre está usando adequadamente uma máscara facial e desinfeta as mãos antes de distribuir a Eucaristia, o risco de contágio é maior se recebido na língua, e não na mão.
Os padres rebeldes sustentam que os fiéis têm o direito de receber a Comunhão na língua e que ambos os métodos de recepção estão sendo oferecidos aos católicos da diocese argentina.
Depois que os padres de San Rafael se revoltaram contra a decisão de Taussig, o bispo decidiu fechar o seminário, movimento apoiado pelo Vaticano.
Uma nota em 27 de julho anunciava que um novo reitor fora nomeado por Taussig, que ele assumiria o posto imediatamente e que “ao apresentar o novo reitor aos padres e seminaristas, o bispo também comunicou que, seguindo instruções precisas da Santa Sé, tomou a decisão de fechar o seminário no fim deste ano, assim que o ano letivo terminar”.
O comunicado anunciou ainda que o bispo, o reitor e os formadores acompanhariam os seminaristas em uma jornada de “discernimento” para que eles estes possam ser realocados em outros seminários do país.
“Embora muito dolorosa para todos, essa medida é necessária”, lê-se no texto divulgado. “Deus saberá como dar novos frutos de santidade para toda a diocese, enquanto perseveramos na comunhão com a hierarquia que o próprio Senhor arranjou para guiar a Igreja”.
Dois dias depois, o Pe. Antonio Alvare, porta-voz da Diocese de San Rafael, contou canal de televisão local TVA El Nevado que a decisão foi tomada pela Santa Sé em decorrência à desobediência da maioria dos clérigos de San Rafael em dar a Comunhão na mão.
San Rafael tem 100 mil moradores e desde que a pandemia chegou à Argentina, em março, a cidade registrou apenas seis casos positivos de covid-19, com nenhuma morte relatada.
Alvarez argumentou que, com tantos padres desafiando abertamente a autoridade do bispo, era impossível encontrar formadores para o seminário dentre o clero.
Um padre citado pelo jornal regional Los Andes disse que eles não estão sendo desobedientes à Igreja ao darem a Comunhão na língua a quem assim pede, porque a regra universal da Igreja permite tal prática. O entrevistado também disse que há formas de cumprir as medidas de saúde que não tiram os direitos dos fiéis.
Antes que a decisão de fechamento do seminário fosse anunciada – logo depois que se flexibilizou a quarentena em Mendoza –, Taussig declarou que a Comunhão só seria dada na mão após a emergência acabar, e pediu aos fiéis que não forçassem os padres e ministros a negar-lhes o sacramento solicitando recebê-lo na língua.
“Imploro que não coloquem [os padres e os ministros] na dor terrível de, ao obedecer a Igreja e as normas vigentes, não poderem dar-lhes a Comunhão”, pediu o bispo. “Se você não tem condições de receber a Comunhão na mão, saiba que não está obrigado a receber a Comunhão e poderá fazer a comunhão espiritual”.
Alvarez, o porta-voz diocesano, criticou os manifestantes – que, a certa altura, desafiaram as leis argentinas contra a aglomeração durante a pandemia, quando formaram um grupo de oração em frente ao seminário – dizendo que um protesto público não era o melhor a ser feito.
“Podemos discordar, mas há formas de fazê-lo”, disse. “Não podemos esperar a permissão para fazer algo que está proibido pela lei civil. E a restrição dos direitos constitucionais, em uma pandemia, é legítima”.
O padre salientou que “um mês atrás, nós nem sequer podíamos participar das missas”, e observou que o limite de trinta pessoas para cada evento religioso, permitido em Mendoza, está acima da média nacional, que é de dez.
A Conferência Episcopal Argentina lançou uma nota, no sábado, em apoio a Taussig e sua decisão.
“Na formação presbiteral, o bispo deve ser capaz de contar com a ajuda dos padres animados pelo Evangelho, os quais aceitam, de forma plena e sem reservas, os ensinamentos do Magistério da Igreja, especialmente aqueles contidos no Concílio Vaticano II”, lê-se na nota.
“Isto requer uma consciência clara das atuais expectativas da Igreja: que eles concordem fielmente com as exigências indicadas no Plano de Formação Presbiteral, num clima de lealdade com o pastor da diocese e uma responsabilidade cuidadosa dos jovens a ele confiados”.
Carta Aberta do IPCO ao Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
“Errar é humano, mas perseverar no erro por arrogância é diabólico”(Santo Agostinho)
Segundo notícias de imprensa, o Conselho Permanente da CNBB irá discutir, no dia 5 de agosto, a “Carta ao Povo de Deus”, vazada para uma colunista da Folha de S. Paulo e assinada presumidamente por 152 bispos.
A carta é um forte ataque ao atual Governo, baseado muito mais em uma posição ideológica de esquerda do que na doutrina social da Igreja.
Os primeiros nomes dos signatários, que se tornaram públicos, são representativos de uma corrente episcopal cuja doutrina claramente inspirou a redação do documento. São prelados de ascendência alemã, hoje aposentados, que vibraram na sua juventude com a revolução marxista promovida pelos corifeus da Teologia da Libertação. Após o colapso da URSS, esses prelados – e outros da mesma corrente ideológica – se reciclaram com as utopias ambientalistas e indigenistas e, em outubro passado, promoveram o escandaloso culto à Pachamama nos jardins do Vaticano.
Por FratresInUnum.com, 3 de agosto de 2020 – Na moita. Os bispos brasileiros gostam, mesmo, é de ficar na moita! Desconfiados, retraídos, contidos… Medem as palavras, escutam, observam, emitem uma opinião apenas quando têm a certeza de que aquilo é fatalmente óbvio ou tão consensual que não admite dissenso. Analisam os ingênuos aventureiros, mas à distância. No fundo, são réplicas daqueles velhos caipiras que ficam de canto, só de olho nos movimentos.
Eles não gostam de se expor.
A aposta dos eméritos e dos petistas desesperados, que pouco ou nada têm a perder, é a mais improvável de todas: querem tirá-los de cima do muro, onde já construíram não apenas um ninho, mas toda uma estrutura psicológica. A esquerda quer conflito, quer assanhar a discussão, quer forçar uma revolução na base do detonador, mas se esquece que estamos no… Brasil.
Brasileiro não gosta de indisposição. Tem as suas posições, manifesta-as quando e onde quer e, no mais, faz corpo mole. É aquele jeito astuto de se manifestar: sutilmente, sem escândalo e no boicote, só no boicote. Afinal de contas, ninguém quer se queimar, né?
Mas, nesta bagunça de uma semana atrás, muita gente se queimou! E se queimou feio.
O fato é que ninguém gostou na CNBB do modo como a coisa foi feita. Bem… Não é nenhum segredo pontifício o fato de que a Conferência manca do pé esquerdo, tem uma quedinha daquelas pelo petismo, padece duma saudade que tem nove dedos e fala “Nofa Sinhóra”. Mas, desautorizar o Conselho Permanente, vazar uma carta para a Folha, organizar um coro de apoiadores e, mesmo assim, deixar imóvel a opinião pública… Daí, é forçar a amizade.
Pior! Se o que queriam era tirar da moita a galera do centrão, o que eles conseguiram foi exatamente o contrário: provocaram uma manifestação contundente de bispos que não concordaram nem com o conteúdo nem com o modo como a coisa foi articulada. Como diria a personagem à pouco aludida, “nunca antef na hiftória defte paíf”, ao menos do ponto de vista episcopal, existiu uma reação tão declarada…, ainda que por trás das cortinas, sempre por trás das cortinas.
Do mesmo modo, os padres que formam a maioria do clero católico deram aquele desprezo básico por toda a tentativa de insurreição petista. Tipo aquela vergonha alheia com desejo de virar fumaça no meio do nada e nem deixar rastro. Que a maré não está pra peixe, isso também todo mundo sabe, mas a vontade de não se cansar sempre prevalece e… ninguém quer colocar um alvo bem no meio da cabeça.
Na verdade, na verdade mesmo, tudo não passa de uma grande sucessão de desgastes internos e externos, desgastes que, no final das contas, não vão dar em nada. E quem está na base sabe muito bem qual é o clima do povão!
Veremos daqui a alguns dias como se manifestará o Conselho Permanente. Fato é que, neste clima de todo mundo chateado com todo mundo, haverá que se administrar decepções, mas… é a vida! No dia seguinte, tudo continuará flagrantemente igual: os baderneiros de esquerda tentando puxar uma passeata, os de direita com cara de ódio e a grande maioria, a turma do “deixe dilso, para com ilso”, continuará na sua inércia, tão leves quanto o Pão de açúcar.