Comentário enviado pelo leitor André.
Se eu pudesse falar a esses bispos brasileiros que assinaram esse protesto, se tivesse onde escrever para que eles lessem, eu diria o seguinte:
Senhores bispos,
Vocês serão marcados como a geração eclesiástica em cujo exercício a Igreja Católica afundou no Brasil.
Não se trata apenas de uma crise mundial na Igreja, onde vocês são mais alguns dentre todos os bispos do mundo vivendo em uma crise contemporânea, porque em inúmeros países onde o secularismo avançou mais que aqui, a queda não foi tão drástica (países em todos os níveis de desenvolvimento).
Não se trata de culpar o êxodo rural, a favelização, porque nesses novos ambientes as igrejas pentecostais tem construídos impérios.
Não se trata de culpar pontificados que não aprovaram suas ações ou não aprovaram as mudanças que você queriam, porque conflitos entre Roma e bispados locais aconteceram também como um fenômeno mundial.
Não se trata de um povo que mudou drasticamente e abandonou a fé e religiosidade, porque o povo brasileiro entrou pras seitas, algumas extremamente absurdas.
Não se trata apenas de um povo que saiu porque queria modernidades e não suportou a rigidez católica, porque muitas dessas seitas são extremamente rígidas.
Também não se trata de um povo que saiu porque queria mais rigidez, porque o espiritualismo sem o conceito de pecado também engordou com ex-católicos.
Trata-se de vocês, da opção de vocês. Para a Igreja e para os católicos de nada serviram seus mestrados e doutorados em Roma, seus programas de comunicação caríssimos que só se comunicam internamente.
Não é apenas uma disputa de progressistas e conservadores, onde vocês (que se dizem majoritariamente progressistas) acusam os conservadores por todos os fracassos; é a escolha de vocês em colocar a política como missão de vida. O catolicismo de vocês (progressista, conservador, ou o que for) era a segunda opção e só poderia existir em um mundo moldado pela visão política de vocês.
Resultado, o ideal político de vocês não triunfou, e o povo mudou de religião. Não lhes sobrou nada! E vocês são tão fanáticos em sua utopia que só lamentam a derrota política, mas para o escandaloso fracasso religioso vocês dão uma desculpa entre os dentes de vez em quando.
Por que seus sociólogos não estudaram a sociedade brasileira quando a religião católica começou a definhar? Por que seus comunicadores sociais não desenvolveram algo para chegar a essa população? Por que seus “projetólogos” futurologistas não montaram cenários do que iria acontecer?
Vocês reclamam do crescente “extremismo” católico nas redes sociais. Sabem porque esses grupos crescem? Sem entrar em questões de fé, é porque esses grupos ficaram longe da ação de vocês, é porque o catolicismo desses grupos é extremamente devocional, marcado sim por teologias antigas (e cadê a moderna?). Tem seus problemas? Certamente que sim. Mas ficaram longe de vocês, e por isso conseguiram sobreviver. Saibam o seguinte, vão ser esses grupos o que vai restar da Igreja Católica no Brasil, serão sobreviventes à sua geração.
Vocês têm idade, eu sou um homem relativamente jovem que por motivos de trabalho já pesquisou muitos jornais das décadas de 50, 60, 70 e 80. Ali aparece a relevância do que foi a Igreja Católica em um Brasil mais ou menos recente, mesmo sem ser uma religião oficial, mesmo com a urbanização já intensa, mesmo com liberdade religiosa (as desculpas de vocês para a queda). Praticamente em todos os jornais, de todos os direcionamentos políticos, havia matérias de capa sobre a Igreja Católica (e pasmem, não era falando mal!), em todas as capitais. Não falo isso por um saudosismo de algo que não vivi, falo porque isso é uma constatação, um retrato do que era o catolicismo no Brasil. As outras religiões (à época minoritárias) tinham algum respeito pela Igreja. Quarenta anos depois, mais da metade dos que se diziam católicos não são mais, e os que sobraram não ligam para o que vocês dizem, ou por ser um catolicismo bem cultural ou porque são daquele grupo que vocês detestam e chamam de extremista. Vocês são apenas um grupo de burocratas que tem o controle sobre os bens de uma Igreja que um dia foi forte e majoritária, e é só por isso que as análises de conjuntura de vocês ainda são reportadas em algum lugar.
Vocês são a cara do fracasso. E podem chamar isso de mensagem extremista ou de ódio, porque eu tenho consciência que não é, eu estou escrevendo calmamente, apenas com alguma tristeza porque é uma realidade muito triste. Aliás, não precisa nem ser católico para lamentar esse cenário deprimente.
Poderia dizer que essas linhas são o eco de um grito de toda Igreja fiel do Brasil. Um grito há muito preso nas gargantas e na consciências, melindrado e amarrado pela obediência pela hierarquia, sob o engasgo de assistir pelas últimas décadas a decaída de nossa Igreja e o assédio a seu excelso lugar. Que esse grito reverbere, ecoe, e faça ruir os castelos desses ímpios, que pela graça e mediação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foram afinal revelados nus nos seus objetivos e suas impiedades.
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“ Vocês são apenas um grupo de burocratas que tem o controle sobre os bens de uma Igreja . . . “. Assertiva bem colocada e real, mas parcial. Na verdade esses burocratas, herdeiros dos “ padres de passeata “, como os alcunhou à sua época, Nelson Rodrigues, constituem abjetos quinta-colunas marxistas, infiltrados com maestria pelo Comintern e pelo gramscianismo no coração da Igreja de Cristo, no nosso país.
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Comentário perfeito.
A Igreja católica no Brasil está moribunda e isso é culpa totalmente dos bispos brasileiros que realmente não se importam com isso. Eles não tem o mínimo sentimento de tristeza pela decadência da Igreja, só pela decadência do PT.
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É claro que a T.L., especialmente na década de 1980, polarizou o discurso do episcopado no Brasil. Era aquela lenga lenga de sociologismos de gente ignorante e discurso de ódio e de “opressões”. Nao se falava nada de religião, isto é, nada que não fosse uma leitura barata da religião sob o viés político.
Certa vez perguntei a uma senhora conhecida minha, de Belém do Pará, por que ela se ingressara na Assembleia de Deus. Ela foi muito direta: “os padres só falavam de política e eu precisava de ouvir outra coisa naquela altura da minha vida”.
A década de 1990 foi marcada por uma forte presença da Renovação Carismática sobretudo no âmbito da classe média. A Igreja segurou muita gente por causa desse “movimento” que se pautava por vida de conversão, oração, vigílias; havia grande valorização da vida sacramental e da piedade Mariana.
Era o pontificado de João Paulo II.
Na Universidade, falo da Universidade de Sao Paulo, havia forte presença do Opus Dei nos cursos mais tradicionais e também do Comunhão e Libertação, ambos “conservadores”. Havia panfletagem na matrícula dos calouros e missa no Campus. Hoje, o que resta? Pelo que soube, só os protestantes fazem propagandas regulares.
Em meados de 1990, veio o declínio do pontificado de João Paulo II e o agravamento dos escândalos de estupro e abuso sexual por parte do clero. Esses casos começaram a pipocar a partir dos países da Europa e tambem dos Estados Unidos. Por essa época, o grosso do clero ordenado antes do Vaticano II começa a sair de cena por velhice.
Por exemplo, Paulo Evaristo Arns, que foi um péssimo bispo – era a entusiasta daquela modalidade de seminário que se chama “galinheiro” -, mas de quem nao se pode negar que exercia liderança. Era um erudito, um homem de vasta cultura humanística e eclesiástica, um latinista e helenista que resolveu surfar nas ondas infectas da decada de 1960. Toda uma geração de clérigos bem formados no pré-concílio foi coaptada pelas miragens e delírios megalomaníacos do Vaticano II e de Paulo VI – uma figura medíocre de carreirista da Secretaria de Estado, que se imaginava reformador da Igreja, mesmo sem gozar de absolutamente nenhuma cultura teológica e nenhuma experiência pastoral relevante. Paulo VI gostava de fazer apostolado com tenros jovens universitários. Acho que nunca viu um pobre ou um analfabeto em sua bizarrissima “vida pastoral”.
Alem da banda esquerdofrênica acima descrita, há a carruagem das conservadoras, carruagem repleta de bonequinhos mimosos de paletó e colarinho eclesiástico. Quem não conhece essa gente tao ciosa da obediência e do “magistério” mas que se presta a fazer despacho de macumba à beira Rio…? Na minha desvalida opinião, essa gente da carruagem é, de longe, a mais perniciosa e deletéria para o futuro da Igreja. Pois seus incensórios, batinórios, latinórios e demais aparatos parecem legitimar o estado de desordem doutrinal e canônica consistente na permanente violação da Leis Divina e Eclesiástica por força de práticas que contradizem frontalmente o que a Igreja, movida pelo Espírito Santo, sempre fez ao longo dos séculos.
De fato, o “episcopado conservador” nomeado nos pontificados de Joao Paulo II e Bento XVI subscreve docilmente as enormidades de Bergoglio, o protetor do adultério, da pachamama e dos cervos galhaRdos. Os conservadores também não conseguem manter a Igreja funcionando. Ha muitíssimos bispos conservadores no mundo. Suas igrejas também definham.
Ha também o magistério paralelo de youtubers, magistério composto, em geral, por fracassados profissionais, uma bizarra “plêiade” de desempregados crônicos que se transformaram nos vendilhões do templo eletrônico. Armam suas barraquinhas e esperam seus cobres. Quem os conhece? De onde saíram? Quem certifica o que dizem. Será que têm fé ou é só por dinheiro? E se apostatarem? Quantos levarão consigo? Se fazem algum bem, que Deus seja louvado. Tem até um padre que faz apostolado pago. Eu aprendi que apostolado é de graça.
O Espírito Santo abandonou a Igreja depois de 1958? Claro que não! Sao homens que lhe oferecem resistência. E essa resistência recebeu um nome particular: “pecado contra o Espírito Santo”.
Deus nao muda, Ele nao pode se contradizer. O que foi condenado em Trento, e depois de Trento, nao pode ser ensinado pelo Vaticano II.
Então, pesa sobre os ambientes católicos o pecado da desobediência e mesmo da insurreição. Quando se resolver obedecer novamente, teremos a certeza de que as bênçãos divinas, que nunca faltam, virão copiosas. Enquanto isso, perseverança!
Quanto aos bispos, so resra dizer que ninguém está obrigado a aceitar o episcopado. Mas se aceitou, saiba que prestará severas contas. Nao se iludam. O deus de Bergoglio nao existe, é um ídolo vazio, confuso e caquético. É preciso ler a vida dos santos…
“Adúlteros! Nao sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus?”
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Uns errinhos por falta de revisão antes de postar:
…., por que ela */* ingressara na Assembleia de Deus. Ela foi muito direta: “os padres só falavam de política e eu precisava */* ouvir outra coisa naquela altura da minha vida”
…permanente violação daS Leis Divina e Eclesiástica
…Então, pesaM sobre os ambientes católicos
Etc
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Quantas críticas abjetas, senhor PW, principalmente contra Paulo VI. Reconheço que a Igreja Católica não está as mil maravilhas como desejávamos, mas não reconheço a maior parte de suas palavras como críticas válidas! São no mínimo absurdas!
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Análise muito bem feita. Vivi de perto isso, pois cursei Filosofia no início da década de ’80, em Petrópolis-RJ, como frade franciscano, antro de disseminação dessa perniciosa “práxis” doutrinal.
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Pois é, Claudinei. Uma coisa é ter visto de perto, por dentro, e nao de binóculo sujo e estragado.
Outra, ainda, mais candente e atual, é participar da SEITA DE DONATO na qual, segundo consta, meia dúzia de eleitos, galardoardos com a contemplação infusa, há de salvar (!???) a Igreja do tsunami…
Valei-nos Sao Miguel Arcanjo, contra os embustes e ciladas do demônio …
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Estupendo artigo!
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Não sei se é apenas impressão minha, mas os escândalos sexuais, de cunho homossexual, cresceram muito no clero católico, mas parece que a grande mídia não mais se importa. Até parece que agora que há clérigos defendendo abertamente o gayzismo, a mídia parou de lutar contra a igreja, talvez seja isso que sempre quizeram!
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Os bispos militantes esquerdistas devem se divertir muito quando ouvem ou leem frases como a do autor da carta. Eles não precisam que alguém lhes explique os problemas que criam na Igreja propositalmente para instalar a crise e a revolução, e devem considerar lentos de percepção os leigos que ainda não atinaram para a guerra cultural marxista.
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Agradeço a oportunidade de tornar público esse sentimento.
Sabemos que isso que escrevi não é novidade para muitos, inclusive para alguns dos religiosos citados, que não são ingênuos e tem propósitos em tudo aquilo que fazem.
Mas não é por isso que não vamos falar.
E se eles não se importassem com denúncias sobre seu comportamento, não obrigariam os leigos ao silêncio, nem fingiriam ser o que não são.
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A época de denunciar o comportamento de um grupo plenamente consciente de querer destruir a civilização judaico-cristã passou. A esquerda está muito à frente, porque se organiza para ocupar e manter espaços. O texto, bem escrito e detalhado, em sítio conservador católico, não enseja a “discussão” que os comunistas sempre usam para ampliar a influência de seu ideário. Falta aos conservadores a consciência do alcance de seus atos na sociedade, da ação conjunta eficiente para confrontar o inimigo. Neste momento, a esquerda trabalha por eleger o maior número possível de prefeitos e vereadores, porque sabe que a base política é o município (onde poderão garantir a doutrinação desde a pré-escola), e assim reverter a derrota para a onda conservadora (e o trabalho do presidente no ensino fundamental). Do lado conservador, não vimos sequer um movimento para encontrar (e divulgar) candidatos viáveis para compor o próximo mandato. Seria uma maneira de eleger candidatos sem o uso do fundo eleitoral. O poder dos padres da TL vem de fora da Igreja; logo, o combate do católico precisa ampliar sua visão para o motor desse descalabro.
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