Por FratresInUnum.com, 3 de agosto de 2020 – Na moita. Os bispos brasileiros gostam, mesmo, é de ficar na moita! Desconfiados, retraídos, contidos… Medem as palavras, escutam, observam, emitem uma opinião apenas quando têm a certeza de que aquilo é fatalmente óbvio ou tão consensual que não admite dissenso. Analisam os ingênuos aventureiros, mas à distância. No fundo, são réplicas daqueles velhos caipiras que ficam de canto, só de olho nos movimentos.
Eles não gostam de se expor.
A aposta dos eméritos e dos petistas desesperados, que pouco ou nada têm a perder, é a mais improvável de todas: querem tirá-los de cima do muro, onde já construíram não apenas um ninho, mas toda uma estrutura psicológica. A esquerda quer conflito, quer assanhar a discussão, quer forçar uma revolução na base do detonador, mas se esquece que estamos no… Brasil.
Brasileiro não gosta de indisposição. Tem as suas posições, manifesta-as quando e onde quer e, no mais, faz corpo mole. É aquele jeito astuto de se manifestar: sutilmente, sem escândalo e no boicote, só no boicote. Afinal de contas, ninguém quer se queimar, né?
Mas, nesta bagunça de uma semana atrás, muita gente se queimou! E se queimou feio.
O fato é que ninguém gostou na CNBB do modo como a coisa foi feita. Bem… Não é nenhum segredo pontifício o fato de que a Conferência manca do pé esquerdo, tem uma quedinha daquelas pelo petismo, padece duma saudade que tem nove dedos e fala “Nofa Sinhóra”. Mas, desautorizar o Conselho Permanente, vazar uma carta para a Folha, organizar um coro de apoiadores e, mesmo assim, deixar imóvel a opinião pública… Daí, é forçar a amizade.
Pior! Se o que queriam era tirar da moita a galera do centrão, o que eles conseguiram foi exatamente o contrário: provocaram uma manifestação contundente de bispos que não concordaram nem com o conteúdo nem com o modo como a coisa foi articulada. Como diria a personagem à pouco aludida, “nunca antef na hiftória defte paíf”, ao menos do ponto de vista episcopal, existiu uma reação tão declarada…, ainda que por trás das cortinas, sempre por trás das cortinas.
Do mesmo modo, os padres que formam a maioria do clero católico deram aquele desprezo básico por toda a tentativa de insurreição petista. Tipo aquela vergonha alheia com desejo de virar fumaça no meio do nada e nem deixar rastro. Que a maré não está pra peixe, isso também todo mundo sabe, mas a vontade de não se cansar sempre prevalece e… ninguém quer colocar um alvo bem no meio da cabeça.
Na verdade, na verdade mesmo, tudo não passa de uma grande sucessão de desgastes internos e externos, desgastes que, no final das contas, não vão dar em nada. E quem está na base sabe muito bem qual é o clima do povão!
Veremos daqui a alguns dias como se manifestará o Conselho Permanente. Fato é que, neste clima de todo mundo chateado com todo mundo, haverá que se administrar decepções, mas… é a vida! No dia seguinte, tudo continuará flagrantemente igual: os baderneiros de esquerda tentando puxar uma passeata, os de direita com cara de ódio e a grande maioria, a turma do “deixe dilso, para com ilso”, continuará na sua inércia, tão leves quanto o Pão de açúcar.