“De Maria numquam satis”.

“De Maria numquam satis”, dizem os Santos. Não se deve dizer basta nos louvores a Maria Santíssima. Não temamos cultuá-la excessivamente. Estamos sempre muito aquém do que Ela merece. Não é pelo excesso que nossa devoção a Maria falha. E sim, quando é sentimental e egoísta. Há devotos de Maria que se comovem até às lágrimas, e, no entanto, se ajustam, sem escrúpulos, à imodéstia e à sensualidade dominantes na sociedade de hoje. Sem imitação não há verdadeira devoção marial.

Consagremos, realmente, a Maria Santíssima nossa inteligência e nossa vontade, com a mortificação de nossa sensibilidade e de nossos gostos, e Ela cuidará de nossa ortodoxia. “Qui elucidam me vitam aeternam habebunt” (Eclo 24,31) – [Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna] -, diz a Igreja de Maria. Os que se ocupam de fazê-la conhecida e honrada terão a vida eterna.

Dom Antônio de Castro Mayer.

Quando eu era jovem teólogo, antes e até mesmo durante as sessões do Concílio, como aconteceu e como acontecerá a muitos, eu alimentava uma certa reserva sobre algumas fórmulas antigas como, por exemplo, a famosa De Maria nunquam satis – “Sobre Maria jamais se dirá o bastante”. Esta me parecia exagerada.

Encontrava dificuldade, igualmente, em compreender o verdadeiro sentido de uma outra expressão bastante famosa e difundida repetida na Igreja desde os primeiros séculos, quando, após um debate memorável, o Concílio de Éfeso, do ano 431, proclamara Nossa Senhora como Maria Theotokos, que quer dizer Maria, Mãe de Deus, expressão esta que enfatiza que Maria é “vitoriosa contra todas as heresias”.

Somente agora – neste período de confusão em que multiplicados desvios heréticos parecem vir bater à porta da fé autêntica –, passei a entender que não se tratava de um exagero cantado pelos devotos de Maria, mas de verdades mais do que válidas.

Cardeal Joseph Ratzinger – Entretiens sur la Foi, Vittorio Messori – Fayard 1985.

(Publicado originalmente na festa da Imaculada Conceição de 2008)

3 comentários sobre ““De Maria numquam satis”.

  1. Mãe Imaculada Conceição, rogai por nós que recorremos a vós!
    Neste dia que recordamos o privilégio de Maria Imaculada Conceição que se fundamenta na sua escolha para ser mãe do próprio Filho de Deus e, para cumprir à risca essa missão, ela precisava ser perfeitamente santa, não opondo a mínima resistência ao plano de Deus.
    De fato, Maria aceitou sem nenhuma restrição o convite de Deus, quando disse: “Eis aqui a serva do Senhor. Que ele faça de mim o que dizem as tuas palavras”, mas esta entrega incondicional de Maria à vontade de Deus não seria possível se em sua vida tivesse havido qualquer sombra de pecado. Por isso, a Igreja louva Maria santíssima como Isabel que, cheia do Espírito Santo, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu seio!”.

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  2. Mãezinha, que a devoção ao seu Imaculado Coração me ajude sempre fazer a vontade do Seu filho e não a minha. Não tendo sido concebido sem o pecado original, minha vontade, não raro, é muito limitada!!!!!
    Misericórdia, Senhor!!!

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