A ditadura documentada: entenda o “Decreto” do arcebispo de Maringá.

Por FratresInUnum.com, 16 de novembro de 2020 – Ditador é alguém que impõe sua vontade ao arrepio das leis, que não se importa com normas objetivas, mas apenas preocupa-se com prevalecer predatoriamente sobre os seus inimigos, ainda mais quando é respaldado por uma claque coesa, por uma torcida organizada que dá a impressão de ser a maioria. Foi isso que aconteceu na Alemanha nazista ou na China de Mao Tse Tung, e é algo muito parecido que está acontecendo em Maringá.

O arcebispo de Maringá, à direita na foto, com Lula.

Hoje, o Centro Dom Bosco publicou um Decreto assinado pelo arcebispo de Maringá, Dom Severino Clasen, ofm, contra um padre do seu clero, o Revmo. Pe. Rodrigo Gutierrez Stabel. O que há de mais impressionante no referido “decreto” (na verdade apenas um simulacro de ato administrativo) são as alegações do bispo, baseadas não em infrações objetivas da lei canônica, mas apenas em discordâncias com as preferências ideológicas e subjetivas tanto dele quanto de seus asseclas. 

Vamos analisar essas frases e demonstrar que elas não significam nada!

“Constatei de imediato sua dificuldade de comunhão com boa parte do clero de nossa Arquidiocese”. — O que significa isso? Dificuldade de comunhão? Ele está se referindo à antipatia que alguns padre tenham com ele? Ou seria aquela falta de uniformidade que a hegemonia esquerdista requer ditatorialmente de todos? Mas onde está a unidade na diversidade? Não existe mais nenhum espaço para a “multiforme graça de Deus”?

“Constatei que a maioria do clero não concorda e não aceita suas iniciativas em relação a uma possível Comunidade, justamente por você não caminhar em comunhão com a Igreja particular de Maringá”. — A maioria do clero precisa concordar para que o padre tenha reconhecido o seu direito de liberdade associativa? Mais uma vez, o que significa não caminhar em comunhão? O padre é excomungado, é um padre vago, está suspenso por alguma justa pena canônica? O que fere mais a “comunhão”, realizar uma iniciativa pastoral alternativa ou tirar foto com o Lula? O que será que escandaliza mais os fieis de Maringá?

“Considerei que os seus costumes litúrgicos, sua teologia e eclesiologia destoa muito da caminhada diocesana”. – O que seriam “costumes litúrgicos”? Existe esta figura do “direito canônico”? Este arcebispo é um incapaz em sua linguagem eclesiástica? O padre cometeu algum sacrilégio, celebrou missa com feiticeiros, com hereges ou cismáticos? Teria ele usado um rito que é alheio à Liturgia da Igreja Católica? “Teologia”? Como assim? O Padre em questão publicou livros? Existe um elenco das teses heterodoxas que ele teria produzido? “Eclesiologia”? O arcebispo de Maringá está dizendo que a sua arquidiocese tem uma eclesiologia própria, diferente daquela da Igreja Católica? Ou estaria ele impondo um viés próprio, exclusivista, intolerante, estreito, como a Eclesiologia da Libertação? Está ele declarando a TL como um dogma? Ele tem autoridade para isso?

“Constatei que você se empenha muito em seus projetos pessoais, e o mesmo não acontece nos trabalhos pastorais relacionados aos ofícios a que você foi designado”. – Se o padre é um vigário (como ele diz no texto, abaixo) e tem tempo livre, o que o arcebispo tem a ver com os seus “projetos” se eles são “pessoais”? Não há padres por aí com ocupações pessoais muito menos edificantes? Será que o arcebispo utiliza o mesmo critério para punir outros abusos? Que nível de controle ele pretende ter?

“Constatei que você tem dificuldade em relação a obediência”. – Mas, com considerações tão subjetivas, o que o arcebispo quer é ser obedecido ou obter a completa sujeição de um escravo? Não parece que ele quer mais que o padre adivinhe os seus pensamentos e concorde com as suas ideologias intuitivamente do que basear-se nas leis da Igreja e exigir, com a autoridade da Igreja, a justa obediência ao bispo? Ou será que o bispo aboliu, na prática, o Código de Direito Canônico e se erigiu como autoridade suprema sobre a vida do padre, como um faraó a quem ele tem de se submeter em absoluto?

Em resumo: de quais delitos objetivos o padre está sendo acusado, com base no Direito Canônico, e não em pretensões fundamentalistas, absolutistas, autoritárias, ditatoriais?

A resposta a essas perguntas não está no Decreto, mas talvez esteja na imaginação e nos sentimentos do seu autor… O próprio arcebispo reconhece em seu “decreto” que está apenas a quatro (4, 04, four) meses (!!!) na arquidiocese, tempo que lhe sobejou para discernir (!!!) tudo isso acerca do padre e decretar que a Comunidade Católica deve ser extinguida e, inclusive, a Associação Civil (!!!).

Mas como pode este bispo atropelar de modo tão intolerante o “direito de associação” que têm todos os fieis, clérigos e leigos (c. 215)? Ele está cerceando não apenas uma liberdade assegurada pela Igreja em seu Direito, mas pelo tão idolatrado Concílio Vaticano II (cf. Declaração Dignitatis Humanæ, n. 4).

Ele chega a proibir o padre de realizar celebrações ou encontros presenciais e virtuais com os membros da Comunidade e da Associação, impedindo a própria liberdade do sacerdote e dos fieis. Mas quem se julga ele ser? 

Dom Severino Clasen escreve um simulacro de Decreto sem invocar a lei canônica, sem apresentar nada a não ser uma linguagem vaga e a sua confissão de arbitrariedade, atropela direitos fundamentais dos fieis, inclusive do padre, e ainda bate no peito e quer ser cegamente obedecido?… Mas a que nível chegamos? A Igreja agora virou um quartel que está à mercê de um prelado autoritário?

O “Decreto” do arcebispo não passa, juridicamente, de uma bolha de sabão. Os fieis têm direito de associar-se, inclusive o padre, ainda mais se não estiverem fazendo nada de errado e fazendo uso de suas propriedades.

Contudo, ao mesmo tempo, o “Decreto” é um texto importantíssimo, pois documenta publicamente uma ditadura, uma violação de direitos fundamentais, reconhecidos tanto pelo Direito canônico quanto pela lei civil, e deve ser devidamente guardado como uma prova contra o abuso de autoridade cometido por este bispo. Não é assim que se resolvem os problemas na Igreja e alguém precisa mostrar a este bispo os limites do seu poder.

Felizmente, a Igreja Católica é uma instituição regida não apenas por hierarcas, mas por leis, as quais protegem a todos, especialmente os mais fracos dos opressores (ainda que falem tanto em libertação), destes que pretendem cegamente aplicar aquele velho princípio: “aos amigos, tudo; aos inimigos, o rigor da lei”. Só que, neste caso, não existe sequer “lei”, existe tão somente vontade ditatorial.

Aos padres e leigos de Maringá e de todas as outras dioceses, fica um recado: ou levantamos a cabeça e reagimos contra isso, ou um dia todos estarão subjugados por uma implacável ditadura episcopal.

21 comentários sobre “A ditadura documentada: entenda o “Decreto” do arcebispo de Maringá.

    1. É um Bispo “sábio”…sabe ele que o referido Sacerdote pretende e se prepara, se já não o fez, para oferecer o Santo Sacrifício no sagrado Rito de Sempre… e o “sábio” Bispo tenta sujar o nome do Padre este com rebaixamentos para se livrar: do Padre? Não! Mas da Missa de Sempre, tão odiada por Belial e seus discípulos…

      Curtir

  1. Ditadura episcopal foi ótima…
    Mas creio q se realmente os padres q querem viver o Catolicismo não reagirem, realmente ficará muito difícil…
    Esse Clero TL tá ultrapassado, e ainda não acreditam q os padres conversadores querem viver o catolismo de verdade…serem fiéis a nosso Senhor, e não viverem para viés políticos e ideológicos .
    Nós, leigos católicos , estamos cansados dessas palhaçadas.
    Ótimo artigo .

    Curtir

  2. O tal Dom Severino Clasen, diz o seu verbete no Wikipédia, foi aluno do “mestre” Leonardo Boff em Petropólis! Acho que isso explica um pouco as coisas.

    Curtir

    1. Vejo com tristeza a atitude do bispo, pois o trabalho realizado pelo Pe Rodrigo, esta plenamente de acordo com o evangelho, pois a associação é uma obra de acolhimento a moradores de rua, de resgate social. E ele faz um trabalho lindíssimo. Quanto à liturgia, ele sempre segue rigorosamente os ritos do Missal Romano. Talvez o que o diferencia é a simplicidade e o trabalho realizado que desperta a inveja e, quando temos inúmeros infiltrados em defesa da maçonaria e da agenda mundial, aqueles que perseveram nos valores evangélicos, incomodam. Mas nessa ditadura do prelado, os que comungam das mesmas ideologias, são agraciados.

      Curtir

  3. Eu conheço a Arquidiocese vizinha. Sou de uma Diocese próxima. O Clero é, em sua maioria, todo TL. O padre Rodrigo é um dos poucos, se não o único, a remar contra essa maré maldita chamada Teologia da Libertação. E Dom Severino, sem comentários, está sendo ele mesmo. Um TL filho do Lula. Não sei para onde vai a nossa Igreja. Nunca esteve tão evidente a crise.
    Rezemos.

    Curtir

  4. Último post do padre após uma reunião extraordinária com ele, solicitada pelo bispo:

    Caríssimo Povo de Deus.

    Venho aqui retratar-me da publicação do decreto emitido pessoalmente a mim pelo sr. Arcebispo Dom Severino Clasen, a quem sou submisso no grau da ordem e na hierarquia eclesiástica. Minha intenção não era causar os transtornos causados ou mesmo provocar dano ou escândalo na imagem do Bispo ou da Igreja. Contudo, isso acabou acontecendo e peço minhas mais sinceras desculpas à Igreja.
    A postagem será apagada imediatamente por mim e peço insistentemente também que todos os que compartilharam ou se declararam publicamente nas redes sociais e outros meios que retirem de circulação.
    Gostaria de solicitar ainda que minha vida pessoal, ministério presbiteral e relação com o clero da minha Arquidiocese não fosse pauta de discussões ou avaliações de quaisquer pessoas.
    Deposito toda a minha confiança na Arquidiocese de Maringá, especialmente na pessoa do sr. Arcebispo e desejo firmemente manter a comunhão eclesial com meus irmãos no presbitério.
    Por esses motivos, passarei por um período de silêncio e oração, refletindo mais profundamente nos mistérios da nossa Fé Católica. Inclusive tomo por decisão própria a iniciativa de suspender por um tempo minhas redes sociais. Refletirei e buscarei orientação espiritual ainda
    sobre minha vida e ministério, buscando compreender e assimilar as decisões tomadas sobre a minha pessoa.
    Agradeço de coração todo o bem que a Mãe Igreja me confia e desejo a todos a paz do Céu.
    Pe Rodrigo

    Curtir

  5. Só o fato de ele aparecer em público ao lado de um facínora criminoso condenado o qual somente se encontra livre ao arrepio das leis e pelo beneplácito de seus comparsas, já depõe demais contra si próprio.
    Este tipo de gente deve ter o tratamento que merece: o ostracismo.
    Felizmente a esquerda já percebeu que o seu destino será inexoravelmente este, apesar dos estertores.

    Curtir

  6. Quantos escândalos de uma só vez, D Severino Clasen, em particular destinados aos católicos mais simples e desinformados da insensatez desse sujeito rejeitável a seu lado, o Lulaendiabrado, sendo o mais lamentável existir um prelado, um dos bispos favoráveis às esquerdas, como diversos da mesma espécie no episcopado!
    Estaria D Severino Clasen incluído na lista dos 152 bispos das esquerdas da lista negra dos TLs anti Bolsonaro?!
    Amigo, logo de um comunista, abortista, do sinistro PT, o qual tem como programa oficial de seu (des)governo o infanticídio, material-ateísta e inimicíssimo de N Senhor Jesus Cristo-Igreja católica, portanto, um corrupto e corruptor das multidões, além de refinado ladrão, mais que comprovado e vassalo apenas de grandes milionários, dissimulando ser amigos dos mais pobres!
    Se está solto, foi salvo por ser amigo de juízes ideologistas como de sua laia, quer do STF, quer doutras instâncias com diversos corruptos do judiciário que se solidarizam com seus impropérios – e o libera da prisão de estar merecidamente dentre os piores bandidos!

    Curtir

  7. Por acaso esse padre cometeu algo grave como entrar com algum ídolo pagão infernal, tipo deusa gaia, mãe terra ou pachamama, na porta da basílica de sua cidade, ostentando o diálogo com outras religiões?

    Curtir

  8. Ordenar que o Padre volte a sua paróquia e assuma as actividades a ele atribuída é perseguir? Solicitar que o Padre encerre o CNPJ de uma comunidade não reconhecida é ditadura? Dizer para o Padre que as atividades paróquias são mais importantes que a criação de “novas comunidades” é perseguir?
    Me Poupe!

    Curtir

    1. A ele atribuída, não. A ele atribuídas. São as atividades que são atribuídas.
      Poupe o leitor, meu caro, ao errar na concordância e mais ainda na interpretação lógica do texto, pois não entendeu bulhufas.

      Curtir

    2. ” Ordenar que o Padre volte a sua paróquia e assuma as actividades a ele atribuída é perseguir? ”
      Não. Perseguir é obrigá-lo a encerrar suas atividades pessoais quando elas não atrapalham as atividades paroquiais. Que foi o caso.

      ” Solicitar que o Padre encerre o CNPJ de uma comunidade não reconhecida é ditadura? ”
      Considerando que a dita comunidade rezava, procurava crescer na fé e acima de tudo, acolher moradores de rua, com “cheiro de ovelha” como diz o atual Sumo Pontífice, por não ter o reconhecimento das autoridades cuja ideologia diverge é sim ditatura e das mais pesadas.

      ” Dizer para o Padre que as atividades paróquias são mais importantes que a criação de “novas comunidades” é perseguir?”
      Só dizer não. Obrigar a cessar as atividades que por sinal estão de acordo com o Evangelho é perseguição. E perseguição vinda daquele que mais odeia o Evangelho.

      ” Me Poupe! ”
      Claro que nós pouparemos você. Não temos nada contra você nem contra todos os TL. Apenas não entendemos porque vocês querem fazer política sob a capa da nossa fé. Assinem ficha no PT, PSOL e outros satélites e vão fazer sua política marxista lá que é o local ideal. Agora, utilizar a Igreja Católica para fazer sua política marxista é pecado que será cobrado no dia do Juízo. Lá não haverá quem os poupe.

      Curtir

  9. Já vi documentos eclesiásticos com um tom que beiram ao autoritarismo, sobretudo alguns que vem sendo emanados da Sé Romana desde 2013. Mas um decreto como esse, que além de autoritário, é baixo, vulgar e mal escrito, nunca tinha visto.

    Curtir

  10. Muito bem, algum irmão poderia me dizer o que seria «caminhada diocesana» exatamente?
    Pois me faz pensar imediatamente na “cãominhada”, evento organizado pelo Centro de Controle de Zoonoses da minha cidade natal.
    Não vou dizer, para o escândalo da cena imaginada, quem, do reverendíssimo bispo ao político, estaria guiando e quem estaria posto na coleira.

    Realmente, o Brasil não é pra amadores, mas pra quem ama dores.
    Que situação bizarra, bicho.

    Curtir

  11. Em Londrina tem dom Geremias Steinmetz, “ASSISTENTE” de Frei Betto (“deixa latiii…”), e na vizinha Maringá agora tem dom Severino Clasen. O Norte do Paraná abandonado aos demônios.

    Quando Bispo de Caçador (SC), dom Severino Clasen deu vexame ao constranger os eleitores de Jair Bolsonaro na homilia. O povo esvaziou a catedral antes que ele terminasse. Típico prelado politiqueiro “em perfeita comunhão” com a CNBdoB.

    Curtir

  12. Como católica, agradeço esse post que esclarece como o particularismo está se impondo sobre o espiritual. Choro de tristeza ao ver tamanho desvio de objetivos de gde parte do clero no Brasil, em especial.
    Rezo todos oa dias pela nossa amada e Santa Igreja.
    Padre Rodrigo é uma referência de amor incondicional aos mais necessitados e à sua devoção.

    Curtir

Os comentários estão desativados.