FratresInUnum.com, 17 de fevereiro de 2021 – A coisa deve estar fervendo nas altas cúpulas da CNBB. A crise gerada pela divulgação das heresias ideológicas do Texto Base da Campanha da Fraternidade (CF) provocou tal revolta no povo católico que as Excelências tiveram que apelar para o único argumento que lhes restou: o argumento de autoridade patrocinado pela Mensagem do Papa Francisco.
Acontece que, no texto, Francisco não faz senão um endosso do tema da Campanha, o qual não foi nem de longe o objeto da crítica dos fiéis. Deste modo, parecendo respaldar os bispos, Francisco apenas se esquiva das questões ferventes, bem naquele estilo jesuítico atualmente conhecido por todo o orbe católico.
De fato, eles estão desesperados! A hemorragia de críticas se tornou incontrolável e a única alternativa que lhes resta é desfraldar esta pífia nota e rezar (se é que lhes passa pela cabeça tal coisa) para que a fervura se acalme.
Enquanto isso, pelas redes, os fiéis se mantêm firmes e fortes.
O movimento de adesão ocorrido nos últimos dias, que atraiu o apoio de padres e bispos, foi de baixo para cima: ou seja, os pastores apenas atenderam o clamor dos seus fieis e resolveram se posicionar de acordo com eles. Não se trata de uma articulação da hierarquia para mobilizar o povo, mas exatamente o contrário: é o povo que está provocando uma atitude sadia no clero e, quando ele corresponde à altura, é o próprio povo que o aplaude e estimula.
A carta de Francisco chega para tentar inibir especialmente os bispos, mas todos sabem que será impossível silenciar o grito do dos fiéis.
Por outro lado, se o próprio Francisco diz que os pastores devem ter cheiro de ovelhas e que eles precisam seguir sensus fidelium ao invés de lhes impor uma direção, parece que agora ele deixa o campo ainda mais livre para a polêmica sobre os pontos que realmente interessam: a ideologia de gênero, o gayzismo, o sincretismo religioso e, sobretudo, o dinheirismo que está sob isso tudo.
A popularidade do Papa está mais baixa que o Mar Morto e a sua tentativa de salvar a pele dos amiguinhos brasileiros apenas vai deixar os fiéis com mais sangue nos olhos. Era muito mais fácil pedir desculpas, suprimir os textos problemáticos ou até mesmo derrogar o texto base e substituí-lo por outro mais consensual. Mas essa gente veio mesmo é para dividir e cinicamente usar o discurso da “união” como método para calar os discordantes.
O que eles não esperavam era que o povo estivesse tão acordado como está. O flagrante foi dado, as pessoas estão revoltadas, a crise é irreversível, a CF teve a sua maior perda da história e tudo isso apenas serviu para deixar as pessoas ainda mais vacinadas contra a teologia da libertação.
Os poucos padres e bispos que se levantaram são apenas uma ínfima amostra de um movimento silencioso que cresce há décadas e por todos os lados: a CF é uma inciativa odiosa e todo o episódio atual não passa de um boicote barulhento que sucedeu um boicote silencioso que continuará acontecendo, a despeito de cartas papais ou choradeiras episcopais.
Abaixo, a íntegra da Mensagem do Papa Francisco.
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Mensagem do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2021.
Fonte: Vatican News
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.
Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).
Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis. Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.
[Franciscus PP.]