Prosseguimos nossa série de análises ao motu proprio Traditionis Custodes.
Por FratresInUnum.com, 22 de julho de 2021 – Depois de usar ditatorialmente a sua autoridade pontifícia e de dizer placidamente que os bispos são as únicas autoridades para regular o uso do Missal de 1962 em suas dioceses, Francisco passa a dizer como precisa ser essa regulação, contradizendo-se mais uma vez. É como se tirasse a autoridade dos bispos depois de dá-la.
No art. 3, § 1, ele diz que “o bispo, nas dioceses nas quais até agora existe a presença de um ou mais grupos que celebram segundo o Missal antecedente à reforma de 1970: certifique-se que tais grupos não excluam a validade e a legitimidade da reforma litúrgica, dos ditames do Concílio Vaticano II e do Magistério dos Sumos Pontífices”.
Francisco supõe que, para solicitar a Missa no Vetus Ordo, é necessário não excluir a validade e a legitimidade da “reforma litúrgica” (sic!)… Que linguagem é essa? Estaria ele querendo dizer que não se pode negar a “validade” e a “legitimidade” dos sacramentos celebrados segundo os novos ritos? Fala ele do hipotético Novus Ordo ideal, que até hoje ninguém sabe e ninguém viu? Ou daquilo que é praticado em incontáveis formas, das menos às mais aberrantes, nas paróquias mundo afora?
Por outro lado, uma reforma litúrgica deve ser considerada, em si, incriticável, dogmática? Ora, mas não é justamente o que eles fizeram com a missa tradicional? Criticaram-na, atacaram-na, substituíram-na, apesar de São Pio V, na Bula Quo Primum Tempore, tê-la restaurado e fixado de modo definitivo e inalterável…
Em outras palavras, Francisco proíbe de fazer justamente aquilo que ele mesmo está impondo como única alternativa, autorizando a existência da Missa Tradicional apenas enquanto excepcional expressão de sentimentos, de um apego caprichoso que ele pretende erradicar e impedir o quanto antes.
Do mesmo modo, ele diz que esses grupos não podem excluir a validade e a legitimidade dos ditames do Concílio Vaticano II. Tal é a hipocrisia modernista!
Os mesmos que ignoraram solenemente o Motu Proprio Summorum Pontificum e sonegaram o direito de cidadania dos tradicionalistas no seio da Igreja Católica, agora aclamam o novo Motu Proprio Traditione Custodes e o querem impor em nome da santa obediência.
Com a condição de sempre fazerem a sua própria vontade, os progressistas sempre interpretam o Magistério de modo seletivo, pinçando aquilo que lhes convém para impô-lo de modo autoritário. O mesmo acontece com o Concílio Vaticano II.
A Constituição Sacrosanctum Concilium decretou que o ordinário da Missa fosse reformado apenas para os domingos (n. 49), que o latim fosse conservado como língua litúrgica (n. 36), que o instrumento litúrgico é o órgão de tubos (n. 120), que o canto gregoriano é o canto próprio da liturgia latina (n. 116), que os fiéis aprendessem a responder a missa em latim (n. 54), entre outras determinações. Quais desses ditames têm sido obedecidos por aqueles que celebram a Missa Nova? Se o mesmo critério lhes fosse aplicado, a Missa Nova deveria ser proibida justamente por desobedecer o Concílio, cuja obediência total preceitua Bergoglio para os fiéis da missa tradicional.
Ele afirma ainda que estes grupos não podem excluir a validade e a legitimidade Magistério dos Sumos Pontífices? Ele se refere também a Pio IX, a São Pio X, a Pio XI, a Pio XII e a todos os papas anteriores ao Concílio Vaticano II? Como ele pode exigir obediência cega aos papas enquanto ele mesmo cancela Bento XVI e o seu recentíssimo Motu Proprio sem a mínima vergonha. Pior, enquanto ele mesmo ainda vive? Pode existir alguma exigência mais contraditória do que esta?
Os fiéis tradicionalistas seguem a doutrina da Igreja na total harmonia e coerência da Tradição Católica, sem rupturas. O Motu Proprio de Francisco ostenta orgulhosamente a sua escandalosa hermenêutica de ruptura, afirmando que a “lex orandi” da Igreja mudou e é incompatível com a anterior. A “Paix Liturgique”, a “Paz Litúrgica” estatuída por Summorum Pontificum fundamentava-se justamente no fato de que não pode existir uma ruptura entre aquilo que a Igreja acreditava e aquilo em que ela crê. Bergoglio afirma o contrário disso e pretende ser obedecido.
É muito fácil Francisco impor hoje, irresponsavelmente, sobre toda a Igreja, uma censura tão severa, tomando como lugar de fala a continuidade das autoridades do passado. Afinal de contas, os mortos estão mortos… Mas, e se nós tivéssemos a oportunidade de perguntar aos papas do passado o que eles pensariam de Francisco e da sua pretensão? Será que estes papas celebrariam a Missa nova? E se nós tomássemos as suas teologias, os seus documentos, as suas doutrinas e os deixássemos falar agora? Acaso eles subscreveriam as palavras e ações de Jorge Mário Bergoglio? Não precisamos apelar para Bento XIV ou Gregório XVI… Será que sequer João Paulo II o aprovaria?
Mais uma vez, porém, são as próprias palavras de “Traditionis Custodes” que se contradizem e mostram as incongruências disso que, antes de ser uma lei, precisaria ter lógica; e, justamente para ser obedecido, precisaria ser compreensível.
As duas igrejas que frequento de semana têm naves laterais. Até este último coice do antipapa jesuíta, todos os dias ia à igreja no horário de missa, tomava um banco lateral e ficava esperando a comunhão. Em vista do sucedido, resolvi não mais passar na igreja nos horários da Santa Ceia da igreja montiniana. Não me sinto em comunhao com pachamaníacos e clerossaunas. É incoerente demais estar na presença deles até na fila do mercado quanto mais numa igreja.
Quem conhece essa gente de perto, quem sabe que tipo humano abunda no clerossauna deve realmente agradecer a Deus por conservar a fé.
Os bispos que têm o mínimo de amor à Igreja devem tomar sobre si o opróbrio de Cristo e enfrentar a situação. A Igreja definha. Não se pode apagar o caniço que fumega. Há tolerância e aceitação de todo tipo de abjeção, imundice, porcaria sem nenhuma atitude do sentido da emenda ou correção. É preciso acertar o passo. Não achem que a vida dos santos é estória da carochinha. E muitos santos viram a realidade que é o inferno.
Continente se fazendo de desentendidos; continuem a cavar as cisternas rotas do grotesca e degradante aventura conciliar. Continuem com a ideologia conciliar fingindo que a desgraça da Igreja é fruto da secularização. E boa peneira pra vcs, oh cristãos de outra natureza, oh cristãos especialíssimos, oh senhores do Evsngelho, oh divindades e deuses e astros imortais…
CurtirCurtir
“Será que estes papas celebrariam a Missa nova?”
Que Francisco e sua corte detestem a liturgia católica é fato, mas um dos fatores que os azedou ainda mais foi a retomada, por parte da maioria das comunidades Ecclesia Dei, do rito da Semana Santa anterior à reforma de Bugnini em 1955, que foi o “Start” de toda a pedreiragem anti-litúrgica que se seguiu. A Administração Apostólica e a FSSPX (até onde soube) seguiram celebrando o rito reformado da Semana Santa. Respondendo a questionamentos de fiéis se o retorno ao rito anterior não seria uma rebeldia contra uma regra aprovada validamente pelo Papa Pio XII, um sacerdote sedevacantista argentino que atua no Brasil respondeu com a mesma pergunta: “Se monsenhor Bugnini mostrasse a missa nova ao Papa Pio XII em 1955, qual seria o fim dele?” Bugnini botaria a perder todo o processo revolucionário que queria desencadear. A missa nova é mais antiga do que pensamos. Foi preciso que os inimigos da Igreja assumissem o comando para que a abominação do Novus Ordus Missae se instalasse no lugar santo.
CurtirCurtir