Reforma da Cúria Romana – Novidades iniciais.

Por FratresInUnum.com, 19 de março de 2022, com informações de Catholic Sat – Com nove anos de construção, o Papa Francisco realiza o ato mais significativo do seu pontificado com a completa revisão e reforma da Cúria Romana, com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, publicada hoje, entrando em vigor no domingo de Pentecostes.

Algumas iniciais reflexões sobre a Reforma:

1. Embora diga expressamente que todos os dicastérios da Cúria são iguais, o Secretário de Estado supera ainda a Congregação para a Doutrina da Fé em eminência e cresce em poder.

2. Todas as Constituições Apostólicas, Decretos Pontifícios, Carta Apostólica, etc. são agora elaborados pelo Secretário de Estado, sem menção da revisão costumeira e dos comentários pela Congregação para a Doutrina da Fé, como era o caso anteriormente.

3. O Papa é agora Prefeito do Dicastério para a Evangelização, Propaganda Fide.

4. O papel da Congregação para a Doutrina da Fé é promover e proteger a integridade da doutrina católica em questões de fé e moral, valendo-se do depósito da fé e também buscando uma compreensão cada vez mais profunda diante de novas questões.

5. O novo dicastério para o serviço da Caridade terá como Prefeito o Esmoleiro Pontifício.

6. O Dicastério para as Igrejas Orientais parece permanecer inalterado, com exceção de não ser mais uma ‘Congregação’, mas um ‘Dicastério’, como todos os outros escritórios da Cúria Romana.

7. A Forma Extraordinária do Rito Romano, abolida há menos de um ano por Traditionis Custodes, contraditoriamente, está de volta como frase oficial do Vaticano, como se nada tivesse acontecido, e seu regulamento está sob a competência do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

8. O Dicastério para as Causas dos Santos parece estar inalterado na estrutura.

9. O processo de nomeação dos Bispos envolverá os membros do Povo de Deus da respectiva diocese. O que isso significa na prática, teremos que esperar para ver.

10. O Dicastério para o Clero parece inalterado em estrutura e competência, assim como o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada.

11. Não se sabe o que fez ou qual era o propósito da Congregação para os Leigos, a Família e a Vida, e ainda não tenho certeza qual seja, na realidade, o propósito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida.

12. O Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos continua sua missão de 50 anos pelo ecumenismo, implementando o Vaticano II e o Magistério pós-conciliar na mencionada missão.

13. O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso passa agora a ser um Dicastério que regula as relações com os membros de religiões não cristãs, com exceção do judaísmo, cuja competência pertencerá ao Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (sic!).

14. Cultura e Educação foram fundidas em um Dicastério. Parece bastante forçado. A regulamentação da educação católica está firmemente na alçada dos bispos, conferências episcopais etc., com o apoio deste Dicastério.

15. O Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral já não tem uma seção específica para os Refugiados, que passa a fazer parte integrante da sua competência.

16. Dicastério para os Textos Legislativos parece inalterado em estrutura e competência.

17. O Dicastério para a Comunicação se envolverá mais em nível educativo com a divulgação dos próprios aspectos teológicos e pastorais da ação comunicativa da Igreja.

18. O Prefeito da Secretaria de Economia torna-se o Ministro de fato das Finanças do Estado da Santa Sé.

19. O Ofício do Camerlengo permanece inalterado.

7 comentários sobre “Reforma da Cúria Romana – Novidades iniciais.

  1. Sobre essas alterações teremos que aguardar e ver os seus desdobramentos.
    Apenas um simples questionamento: será que agora , as escolhas dos novos bispos deixarão de ser meros conchavos políticos e finalmente os leigos poderão ao menos ter voz ativa ?! Cansado de ver certas dioceses sofrerem nas mãos de bispos medíocres e carreirista.

    Oremos

    Curtir

  2. Eu confesso que não sei o que esperar destas alterações na Cúria Romana (Na maioria das vezes, como agora eu espero pelo pior), contudo algumas situações me chamaram atenção: 1- A questão da Forma Extraordinária do Rito Romano que realmente ficou contraditória e não se sabe se ele revogou o Motu Próprio publicado por ele ou temos ai uma situação genérica; 2- Os Documentos oficiais serem de responsabilidade da Secretaria de Estado, sem a participação da Congregação para a Doutrina da Fé ( não demora muito para ela tambem ser extinta); 3 – Esta questão da Nomeação de novos Bispos, na minha opinião isto favorecera a Eleição de Padres cada vez mais progressistas, partidários de ideologias e etc, tornando aina mais dificil que tenhamos Bispos realmente cientes de sua Missão teremos agora uma Conferencia Episcopal dos queridinhos do CPP/CPC. Enfim sigamos apreensivos com o que aind anos reserva este Pontificado.

    Curtir

  3. 9.” O processo de nomeação dos Bispos envolverá os membros do Povo de Deus da respectiva diocese. O que isso significa na prática, teremos que esperar para ver'”.
    Essa não era uma proposta do Caminho Sinodal Alemão; de que os leigos pudessem eleger os bispos por votação?

    Curtir

  4. Creio que, no que concerne à escolha dos bispos, o papel dos leigos será consultivo, como aliás já se fazia, segundo tenho notícia, nalgumas ocasiões. Soube de leigos que foram consultados por escrito, sob sigilo pontifício, a respeito de candidatos ao episcopado, da idoneidade de suas vidas etc. Em tese, não é algo mau; resta saber como se fará a seleção dos leigos que serão ouvidos, a cargo de quem estará essa seleção, do núncio, do administrador diocesano, do metropolita, ou se algo terão a dizer os párocos desses leigos? Esses párocos naturalmente os conhecerão mais, do contrário – e Deus nos livre disso – poderão ser levados em conta apenas os leigos que se movem pelas altas esferas, vide assessores da CNBB, entre prelados e monsenhores, ditando aqui e ali suas famigeradas análises de conjuntura. E ainda, quem chancelará a idoneidade dos próprios leigos, a maturidade que devem ter para emitir um juízo de idoneidade dessa importância com discrição, sem correr logo depois para as redes sociais, esquecendo-se do sigilo pontifício e da penalidade que implica a sua violação.

    Curtir

  5. Me chama a atenção o nivelamento. A doutrina e a liturgia na jurisdição atual vale tanto quanto qualquer questão mais mundana para a vida da Igreja. O tempo mostrará.

    Curtir

  6. Salve Maria!
    Só espero que com tudo que esta acontecendo não fique pior do que já esta. Só nos resta esperar para vê no que vão dar essas mudanças. Uma coisa é certa o Papa Francisco não é confiável.

    Curtir

  7. “7. A Forma Extraordinária do Rito Romano, abolida há menos de um ano por Traditionis Custodes, contraditoriamente, está de volta como frase oficial do Vaticano, como se nada tivesse acontecido, e seu regulamento está sob a competência do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.” Bem, Francisco tomou a decisão de consagrar a Rússia, o que é surpreendente, para dizer o mínimo. Ainda teve o bom-senso de convidar de Bento XVI a se unir nessa consagração. Como já dito, isso sinaliza que Francisco deve ter tomado conhecimento do 3º Segredo de Fátima, e mesmo ele não pôde deixar de considerar tudo o que aconteceu e vêm acontecendo desde que N. Senhora pediu a consagração. Que Francisco faça o que outros papas melhores que ele não fizeram. Se eu fosse apostar, apostaria que esse ‘intervalo’ na tentativa de suprimir a Missa Tridentina tem a ver com o mesmo 3º Segredo, Francisco sabe que terá que prestar contas a Deus.

    Curtir

Os comentários estão desativados.