Por FratresInUnum.com, 20 de março de 2022 – Artigo de Maria Antonieta Calabro em Huffpost –Ao entrar no décimo ano de seu pontificado, Francisco publicou a Constituição Apostólica “Praedicate Evangelium”, que mudará a face do governo central da Igreja Católica por muitas décadas.
Foi um, senão o principal, “compromisso” exigido pelo Conclave que o elegeu Papa: a reforma da Cúria Romana, que mudará a face do governo central da Igreja Católica ao longo de muitas décadas, abolindo a “Bonus Pastor” de João Paulo II (1988), que havia sido promulgada centralizando as características da Cúria como era desde os tempos de Sisto V (há quinhentos anos). Muitas mudanças individuais, com Francisco, já haviam entrado em vigor, graças aos “Motu Proprio” papais ou a outras intervenções legislativas. Mas é certamente impressionante ver claramente que a nova estrutura segue a da Companhia de Jesus, os Jesuítas, onde todos os gabinetes estão ao serviço do Superior Geral da Companhia de Jesus.
A começar pelo fato de que o primeiro Dicastério (comparável a um superministério) não é mais a Secretaria de Estado, que se reduz – também pelos escândalos financeiros dos quais esteve no centro – a um “Secretariado Papal”. Basta dizer que o Secretário de Estado não precisa ser um cardeal. A Secretaria de Estado já não interpreta mais, de maneira única, a vontade do Papa, como fez com João Paulo II. E as nomeações serão de cinco anos, rotativamente. Não só isso, mas, a partir de 5 de junho, dia em que a reforma entrará em vigor, o primeiro dicastério deixará de ser a Congregação para a Doutrina da Fé (dentro da qual, aliás, a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores será incorporado com autonomia própria), mas o Dicastério para a Evangelização, que será presidido diretamente pelo Papa.
Na nova Cúria Romana desenhada pela constituição apostólica “Prædicate Evangelium” nasce um novo “Dicastério para o Serviço da Caridade”, também chamado Esmolaria Apostólica, “uma expressão especial da misericórdia e, partindo da opção pelos pobres, os vulneráveis e os excluídos, realiza a obra de assistência e socorro a eles em qualquer parte do mundo, em nome do Romano Pontífice, que em casos de particular pobreza ou de outra necessidade providencia pessoalmente a ajuda a ser concedida”. O Dicastério, na qualidade de prefeito, será dirigido pelo esmoleiro de Sua Santidade, a quem o Papa Francisco há muito deu a dignidade de cardeal (atualmente o polonês Konrad Krajewski).
Uma escolha clara das prioridades de governo. A isso se soma o fato de que leigos e mulheres poderão dirigir os departamentos do Vaticano, porque os leigos e as mulheres podem fazer a Igreja compreender os sinais dos tempos. E, também, cabe a eles serem missionários. Esta será a Igreja do futuro, a Igreja do Terceiro Milênio. Uma Igreja missionária, “em saída”. Não se pode deixar de sublinhar outro fato. A reforma foi realizada enquanto, sobretudo no front conservador, dentro e fora do Vaticano, havia quem há meses vinha ressaltando a lentidão do processo de implementação da nova estrutura.
Claro que há muitas racionalizações, fusões para evitar duplicidade e, também, para obter economias e revisões de gastos. Mas também se destaca um trabalho metódico e cinzelado sobre as várias habilidades. O papel central do Conselho da Economia e da Secretaria de Economia estende-se à escolha do pessoal (anteriormente chefiado pela Secretaria de Estado). Ao mesmo tempo, a APSA (que administra o imenso patrimônio da Sé Apostólica) que também recebeu o patrimônio da Terza Loggia (ndt: departamento da Secretaria de Estado), deve necessariamente funcionar através do Instituto de Obras de Religião (o IOR, o chamado banco do Vaticano) e não contar com intermediários bancários fora dos Muros Leoninos, como aconteceu com a Secretaria de Estado, que há décadas realiza transações com bancos italianos e suíços. Além dos investimentos, após os desastres acumulados, ficarão nas mãos de uma Comissão especial prevista no artigo 127, e na área econômica haverá uma Comissão especial para tratar de assuntos confidenciais.
Estudem o stalinismo e entenderão melhor o bergoglianismo.
Obs: Depois dessa pandemia em que as igrejas foram fechadas e as ovelhas largadas à própria sorte, alguém ainda acredita nessa FARSA de ‘Igreja em saída’?
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Verdade
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