Por Padre Jerome Brown, FratresInUnum.com, 30 de junho de 2022 – Certas histórias com as quais se busca educar as crianças chamam a atenção para coisas que, embora possuam uma aparência bonita, atraente e, dependendo, até mesmo apetitosa, podem conter em si um mortífero veneno.
Infelizmente, para o mundo católico, isso deixa cada vez mais as páginas dos livros de fábulas para encontrar lugar nas primeiras páginas dos documentos assinados pelo Papa Francisco.
Ontem, dia de Ss. Pedro e Paulo, recebemos mais um tapa: Desiderio Desideravi.
Lindíssimas palavras. Palavras que o Verbo Encarnado usou para manifestar seu ardente desejo de instituir o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e o Sacerdócio Católico, e que na pena de Francisco caíram como mais uma pedrada sobre o Rito Tradicional.
Nela, obstinadamente, afirma Francisco o seu desejo de que nas várias línguas – não mais “a uma só voz” – exista uma única e idêntica oração (litúrgica, forma litúrgica) que deve advir de Traditionis Custodes, isto é, sem a menor hesitação, o Papa deixa mais que evidente que Traditionis Custodes tem por finalidade destruir o que fora denominada “forma extraordinária” ou “forma tradicional” do Rito Romano.
E, para isso, o Papa pretende estabelecer uma espécie de rede que desde a formação dos futuros sacerdotes até a própria vida paroquial fomentem uma liturgia nem séria, nem brincalhona, nem criativa demais, nem excessivamente rígida, nem hierática, nem desleixada.
A questão é que para boa parte do mundo católico essa liturgia já existe. É a liturgia tradicional que as autoridades romanas buscam destruir.
Não deixa de ser impressionante a capacidade de Francisco de pedir que sejam deixadas de lado as divergências, divergências que existem particularmente graças a ele e aos seus documentos de belos nomes e conteúdos mortais.
Como são astutos os progressistas. Assim que chegaram mais uma vez ao trono de Pedro não perderam tempo em continuar mudando a Igreja de forma estrutural.
Bento XVI foi ingênuo nesse ponto, pois deixou de fazer maiores bens à Igreja. Elaborando documentos acerca da questão litúrgica e do lugar do rito romano tradicional, e também sobre o Concílio Vaticano II.
Perdeu a oportunidade de estruturalmente moldar a Igreja para que futuras reformas fossem dificultadas.
Claro que a grande benção do pontificado ratzingeriano é ter inspirado milhares de jovens, que passaram a conhecer e a se apaixonar pelos tesouros da Igreja. E agora é deixar que o tempo leve estes jovens ao coração da Igreja, em Roma.
Voltou-se ao “status quo ante”, mas de certa forma há um novo elemento perigoso, diferente daquele dos anos 70 e 80.
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Há alguns anos, li uma matéria que tratava da média de idade dos dizimistas das dioceses francesas. Era um quadro catastrófico: a maioria era mais que septuagenária.
Em muitas dioceses da Europa, agora que a voga dos “movimentos eclesiais”, tão incentivada por João Paulo 2, morre sem deixar traço, como aliás quase todas as obras deste longo e tediosissimo pontificado, as paróquias do rito tradicional ganham relevância até mesmo no quesito contribuição financeira, o dízimo.
Muitos bispos devem ter percebido que aplicar o Traditiones custodes é dar um tiro no próprio chinelão, seja por matarem comunidades vivas e jovens em meio ao fúnebre ocaso geriátrico dos parcos frequentadores da “liturgia” montiniesca, seja por deixarem de passar a sacolinha que abastados católicos tradi recheiam de euros (ou sobretudo de dólares, nos EUA).
Enfim, a Igreja só terá paz quando a gosma infecta do dragão de Brescia for completamente lavada pelo Sangue do Cordeiro Imaculado.
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Trata-se praticamente de uma injeção de cloreto de potássio no coração da Santa Missa.
Senti um certo temor por uma fala de D. Adair, bispo de Formosa, ao pároco de onde ele faz visita apostólica em https://youtu.be/bNDf8nfcptM?t=190 : não comprar missal antes do lançamento do novo, entre Natal e Páscoa. Teremos boas surpresas nessa nova tradução do missal?
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“O problema do novo Missal está no abandono de um processo histórico sempre contínuo, antes e depois de São Pio V, e na criação de um livro completamente novo, embora compilado a partir de material antigo, cuja publicação foi acompanhada de uma proibição de tudo o que veio antes, o que, aliás, é inédito na história do direito e da liturgia, e posso dizer com certeza, baseado no meu conhecimento dos debates conciliares e na minha repetida leitura dos discursos proferidos pelo Padres Conciliares, que isso não corresponde às intenções do Concílio Vaticano II”.
(J. RATZINGER)
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