Dom Claudio Hummes, o amigo de Lula.

Por Hermes Rodrigues Nery, 4 de julho de 2022.

Uma reportagem da revista Veja, em 2002, dizia que Cláudio Hummes estava na lista de papáveis[1]. Ao ser escolhido para dirigir os Exercícios Espirituais ao papa João Paulo II, em 2002, Hummes mostrou seu prestígio junto à Cúria Romana, meses depois de ter sido nomeado cardeal.

Cláudio Hummes e Lula

Em janeiro de 2003, ele assumiu o comando da Congregação para o Clero, chefiando cerca de 400 mil sacerdotes, em todo o mundo. Naquele mesmo ano, Frei Betto despachava no terceiro andar do Palácio do Planalto, em Brasília, numa sala ao lado do amigo Luís Inácio Lula da Silva (1945- ), que iniciava seu primeiro mandato como Presidente da República Federativa do Brasil. Na ocasião, muitos bispos quiseram eleger Cláudio Hummes Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dada a sua proximidade com Lula (que chegou a ir pessoalmente a Itaici para influenciar os bispos a votarem em Cláudio Hummes). Mesmo sem ser candidato, Hummes recebeu 64 votos, tendo sido eleito Geraldo Majella Agnelo (1933- ), com 207 votos. Amaury Castanho (1927-2006), bispo de Jundiaí, enfatizou aos colegas que havia “uma ponte excelente”[2] entre Hummes e Lula. Dias antes da assembleia da CNBB, Hummes celebrou a missa do Dia do Trabalho em São Bernardo do Campo e “pediu aos presentes que saudassem a chegada de Lula com ‘vivas’”[3]. Foi Hummes quem conseguiu viabilizar o encontro de Lula com o papa João Paulo II, no Brasil, aonde Lula esperou duas horas, sob chuva, pelo encontro em 1980, antes do papa dar início à celebração no estádio do Morumbi, em São Paulo.

Mesmo depois de eclodir o escândalo do Mensalão[4], em 2005, Hummes foi enfático sobre Lula, ao dizer no programa de televisão Roda Viva: “Eu continuo sendo amigo dele, admiro ele muito e creio que foi um dos sinais maiores do Brasil diante do mundo (…) mas eu gostaria de dizer que eu continuo vendo o Lula como uma pessoa absolutamente honesta”[5]. E ainda ao ser indagado o que falaria para ele, assim que o reencontrasse, Hummes afirmou: “Eu daria a ele um grande abraço, certamente daria a ele um grande abraço e diria que eu espero que ele consiga dar a volta por cima e reconstruir esse governo e levar em frente o governo e terminar. É isso que eu diria a ele. E eu espero isso dele, que tem capacidade de fazer isso. A estrutura moral interior ele tem, para isso”[6]. A amizade de Cláudio Hummes e Lula perdurou até depois de sua saída da Presidência da República, tendo sido recebido pelo líder petista, no Instituto Lula, em São Paulo, mesmo depois do surgimento da Operação Lava Jato[7].

Prof. Hermes Rodrigues Nery é Coordenador Nacional do Movimento Legislação e Vida. Email: prof.hermesnery@gmail.com

[1] SABINO, Mário. Um papa brasileiro?. Veja online, ed. 1746, 10 abr. 2002. Disponível em: <https://bit.ly/2Mcook9&gt;. Acesso 31 jan. 2021.

[2] CARIELLO, Rafael. CNBB elege d. Geraldo Majella. Folha de S. Paulo, 6 mai. 2003. Disponível em: <https://bit.ly/3aaZxVL&gt;. Acesso 31 jan. 2021.

[3]  Idem, ibidem.

[4] Escândalo de compra de votos que abalou o governo Lula em 2005.

[5] RODA VIVA. Entrevista com Dom Cláudio Hummes. Memória Roda Viva, 11 jul. 2005. Disponível em: <https://bit.ly/3t54Hv4&gt;. Acesso 31 jan. 2021..

[6] Idem, ibidem.

[7] INSTITUTO LULA. Lula encontra Dom Cláudio Hummes, 11 ago. 2014. Disponível em: <https://bit.ly/3aehxyt&gt;. Acesso 31 jan. 2021. Lula foi preso pela Operação Lava Jato em 7 de abril de 2018, aonde ficou 580 dias preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, sendo solto em 8 de novembro de 2019, após o Supremo Tribunal Federal ter decidido pela inconstitucionalidade da prisão em segunda instância.

4 comentários sobre “Dom Claudio Hummes, o amigo de Lula.

  1. Um poeminha-recado para Dom Vicente:

    Dom Vicente, fale pra gente
    O que passa na sua mente
    Defender o delinquente
    É condenar o Inocente.

    Sua fala é eloquente,
    Seu discurso é o da serpente
    E o homem experiente
    Conhece o seu expediente.

    O diabo é insolente
    Mas o homem de fë, o crente
    Tem a graça, é inteligente
    E não acredita facilmente.

    Em casa de combatente
    Não entra gente indolente
    Não se cria cura imprudente
    Não passa bispo indecente.

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    1. Desculpem, o comentário era para o artigo posterior, sobre Dom Vicente Ferreira. Se for possível, peço que o coloquem no post certo. Obrigado.

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  2. Chega a dar nojo ler as declarações do falecido cardeal. É forte e nada caridoso, mas me embrulha o estômago ler os delírios acima.
    Duas são as possibilidades. Ou o cardeal Hummes era de fato um ingênuo apaixonado pela figura de pai dos pobres que foi construída em torno de Lula ou, embora tivesse plena consciência da corrupção e dos crimes empreendidos pelo PT e Lula, a convicção ideológica pela esquerda e pelo projeto de poder marxista superavam qualquer moralidade cristã “burguesa”.
    Hummes nunca foi ingênuo… Soube construir sua carreira dentro da máquina curial joãopaulina que, comandada pelo finado Cardeal Sodano, nomeava os bispos mais obedientes, mas não necessariamente ortodoxos. Soube, como bom carreirista, dançar conforme a música e assumiu o Clero com Bento XVI.
    Hummes esperou a sua hora e a conquistou com Bergoglio. Sabia, diferentemente de nós, que Bento XVI era um ponto fora da curva e que, em breve, o pontificado voltaria às mãos do espírito do Vaticano II e de Paulo VI 2.0.
    Agora está vindo a superfície, mais uma vez, as ligações cabulosas entre o PT do santo e honesto Lula e as facções criminosas de SP e também o caso de Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado misteriosamente. Santo André onde Dom Claudio foi bispo. Muita coisa corre à boca miúda nos bastidores da política e a política esquerdista de São Paulo sempre andou de mãos dadas com a arquidiocese desde os tempos de Paulo Evaristo Arns. Com certeza Dom Claudio teve inúmeras chances de conhecer o verdadeiro Lula e o PT.
    Agora Dom Claudio vai prestar contas a um Juiz mais rigoroso e justo! E este não Se engana.

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