A culpa é da escada.

Por Padre Jerome Brown, FratresInUnum.com, 7 de agosto de 2022 – Muitas mulheres que sofrem violência doméstica, por mil razões, acobertam seus algozes com várias desculpas. Certa vez, uma policial me falou que finalmente pôde ajudar uma senhora que umas duas vezes por semana “caía da escada”, embora morasse numa casa de apenas um andar…

Enquanto lia os comunicados oficiais que o Opus Dei e seu Prelado escreveram sobre o último Motu Proprio de Francisco, como sempre com um lindo nome — Ad Charisma tuendum — e um efeito devastador, sentia-me como alguém vendo uma mulher de braço quebrado e olho roxo, que com um sorriso envergonhado dizia ter caído da escada e que seu marido é muito bom para com ela.

Pois bem, a perpétua memória da Ut sit de João Paulo II durou pouco. Aliás, parece que todas as “perpétuas memórias” encontram um ponto final em Francisco. Não há nada que ele não queira mudar. Até mesmo à memória do “lava pés” Bergoglio quis dar seu ar pessoal introduzindo também mulheres. Se até algo instituído por Cristo pode ser “aperfeiçoado” por Bergoglio, quanto mais o que foi feito pelos Vigários de Cristo dos quais Bergoglio parece ser o supremo moderador, reformador, inventor.

O que acontece com a “Obra” é apenas um canapé do que espera os institutos tradicionais que buscam a todo o custo os “green cards” eclesiásticos.

Resta saber se eles dirão que caíram da escada.

12 comentários sobre “A culpa é da escada.

  1. Bergoglio e Barroso, a dupla B&B que quer mudar tudo de acordo com suas cabeças ILUMINADAS, conforme se chama o segundo deles….

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  2. Alguém poderia me explicar quais os efeitos práticos para a prelazia do último Motu Proprio dirigido a ela?

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  3. Interessante o Fratres ter tocado no assunto. Também li, em outro canal, a situação com a Opus Dei.

    Não tem como se deparar com esta situação sem ter o mesmo raciocínio:

    “O que acontece com a “Obra” é apenas um canapé do que espera os institutos tradicionais que buscam a todo o custo os “green cards” eclesiásticos.”

    Realmente, não compreendo como a poderosa Opus Dei, com poderosos membros, tenham se curvado diante de um ato totalitário de Francisco, minando a instituição conservadora.

    Então, como sou natural da União Sacerdotal São João Maria Vianney, tive a “tentação” de imaginar esta hipótese se concretizar no caso da Administração Apostólica, em que esta seria incorporada pela Diocese de Campos.

    Pensando alto…

    Não acho que faz sentido, embora não ache de todo impossível.

    Porque, as paróquias, igrejas, escolas, asilos etc da Administração Apostólica nunca existiram na Diocese de Campos.

    Processos Judiciais transitados em julgado, sentenças e mandados determinaram a total entrega dos bens da Diocese de Campos – que estavam com os padres tradicionalistas – à Diocese; o que fora feito, utilizando-se a força coercitiva do Estado Brasileiro. Tudo já está arquivado na Justiça Civil e com o devido cumprimento.

    Os padres e os fiéis tradicionalistas de Campos criaram novas instituições – cada qual com a sua finalidade social – para se abrigarem socialmente. Estas instituições da Administração Apostólica não podem ser incorporadas nem fundidas com as da Diocese de Campos, por causa do motivo que gerou a existência de tais instituições, a saber: o cumprimento de Mandados e Sentenças, de Processos já arquivados, que obrigaram os padres tradicionalistas a entregarem todos os bens, igrejas etc da Diocese de Campos a esta referida Diocese. Então, todos os bens da Diocese já foram entregues, há mais de décadas.

    Eu não posso agora – via de hipótese – pegar os novos bens adquiridos pela União Sacerdotal (Administração Apostólica) e transferi-los para a Diocese de Campos, visto que estes bens da Administração Apostólica têm finalidade social própria, origem própria e externa à Diocese, e origem/natureza respaldada segundo termos de Sentenças e Mandados Judiciais de Processos já arquivados.

    Você tem Sentenças e Mandados que foram cumpridos e geraram fatos. Dentre estes fatos, tem-se a aquisição de bens pela União Sacerdotal (Administração Apostólica), em decorrência da necessidade efetivada de entregar os bens da Diocese de Campos para esta diocese.

    Você não pode agora eliminar tudo isso, desarquivar os Processos e fazer a transferência de bens da Administração para a Diocese.

    Em Santo Antônio de Pádua, eu não vou deixar que se entreguem:

    – a matriz paroquial, à Rua Amaral Peixoto 120, Parque das Águas;
    – quase vinte capelas espalhadas pelo Município;
    – o colégio IESA;
    – o Asilo Nossa Senhora do Carmo.

    Essas instituições vão permanecer com a Administração Apostólica, ou então não serão de ninguém. A menos que os fiéis e o Poder Judiciário aceitem entregar, é claro. Aí nenhum entendimento meu prevalece.

    No Ordenamento Brasileiro, toda instituição privada ou sociedade intermediária tem Estatuto, regras costumeiras, finalidade social e natureza/origem (o quê gerou a existência de tais instituições?).

    Uma vez que a Diocese de Campos já retomou todos os seus bens nos anos 80, por força de sentenças e processos civis, ela não tem nenhum direito de se lançar sobre os bens adquiridos pela Administração Apostólica (antiga União Sacerdotal São João Maria Vianney) em decorrência da separação que ocorreu, porque a Diocese já retomou seus bens, não tendo o que exigir de outra instituição.

    E isso vale não só em teoria, mas também na prática. Qualquer tentativa de fundir estas instituições, ou de fazer uma ser absorvida pela outra, é ilegal, porque as instituições da Administração Apostólica não foram construídas pelos fiéis nem pelos padres para pertencerem à Diocese de Campos ou para ficarem sob a jurisdição do bispo diocesano de Campos.

    —–

    É uma questão de Direito, acho que muitos aqui no Fratres sabem muito melhor do que eu.

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    1. Meu caro, os próprios membros da Administração estão mudando os estatutos para fazer essa entrega, segundo me confidenciou um ativo paroquiano de Bom Jesus/RJ….

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  4. Esta mudança na prelazia do Opus Dei é bem-vinda. Ser, obrigatoriamente, encabeçada por um bispo passa a impressão de ser uma superarquidiocese. Opus Dei é importante tanto quanto qualquer outro instituto, ordem, congregação, etc. al. Entrementes contudo, mais importante não é. Não é uma diocese isenta. É preciso pôr um fim no orgulho e na vaidade nossa de cada dia.

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  5. Gostaria de ecoar a pergunta do Sr. José Sabino Mendes.
    Alguém aqui pode nos explicar mais detalhadamente se a Opus Dei continuará como Prelazia? As expectativas…
    Prelazia é a mesma coisa que Prelatura? Por que se utilizam as duas terminologias para o caso da Opus Dei?
    Como a medida de Francisco está ecoando entre os membros?
    Mais detalhadamente, o que o Prelado perde em termos teóricos e práticos?
    Já li o documento, mas gostaria que alguém mais entendido explicasse melhor.
    Desde já agradecido aos fratres.
    Lembrando também que existem ao menos três Ordinariatos Pessoais para pessoas de origem do anglicanismo. Parece que os Ordinariatos vão bem…
    Att,

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  6. excelente media do Romano Pontífice!
    Parafraseando o comentário de Thales que subescrevo:
    É preciso pôr um fim no orgulho e na vaidade nossa de cada dia.
    Coisa que a Prelatura bem precisa.

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  7. Dessa vez o Superpapa acertou no cravo.
    Quem diria!
    Na mão se Deus qualquer instrumento serve: faca crga, tesoura que não corta….

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  8. Texto muito bom, mas é uma pena que perca a oportunidade de situar os leitores sobre a matéria de fato, que se presume conhecida: o Motu exatamente o que fez o Motu Propriu, e por que o fez.

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  9. Prezado padre Jerome Brown. Cordiais saudações. Não sei as intenções do Papa em relação ao Opus Dei. Seu objetivo, em tese, pode ser ou não mais adequado para a vida da Obra na Igreja. Caberá agora à instituição fazer as adaptações pedidas. Supondo, como é o meu caso, que a direção da Obra quer se manter fiel ao magistério e ao espírito de seu fundador ela deve ver como isso será possível e, mais ainda, se daquilo que pode ser uma cruz ela saberá aproveitar todo o bem possível. Aproveito para perguntar qual deveria ter sido, na sua opinião, a atitude do prelado. O sr. vê uma outra postura mais adequada para o bem da Igreja e da obra? Grato pela atenção. Que Deus lhe conceda muitas graças. Em Cristo, Valter de Oliveira.

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  10. A Opus Dei continuará dizendo que caiu da escada, simplesmente porque ela também faz parte do processo revolucionário iniciado no Concílio Vaticano II.
    Os jesuítas são por assim dizer a esquerda, progressista e a Opus Dei é a direita, “neoconservadora”.
    Ambos são lados opostos da mesma tesoura.
    Agora o lado progressista decidiu que não precisa mais fingir que há oposição. Algo semelhante ao que aconteceu por anos na política brasileira com PT vs PSDB. Fingiam ser inimigos mas nos bastidores trocavam carícias!

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