Por Padre Jerome Brown, FratresInUnum.com, 29 de dezembro de 2022: “Como uma vela que se apaga”. Há algum tempo, o secretário particular de Bento XVI referiu-se assim ao seu estado de saúde. Enquanto Papa, Joseph Ratzinger em relação aos erros do Concílio pouco fez para remediar, e ainda teve a infelicidade de reproduzir um mal-fadado encontro de Assis talvez menos sincrético, porém mais relativista.
Contudo, Bento XVI foi o Papa que respondeu corretamente sobre a chamada Missa Tradicional e lhe deu o lugar menos inadequado na Igreja nesses últimos 50 anos.
Primeiro respondeu que a Missa jamais foi proibida (usando o habitual argumento de que não pode ser normal que uma coisa um dia seja santa e noutro dia seja proscrita) e deu uma liberdade que não era a justa, mas era pelo menos não humilhante para a Missa Tradicional.
Se me permitem uma comparação rude, é como se um inocente fosse preso, mas depois fosse solto com a obrigatoriedade de usar tornozeleira… Bem… Pelo menos está em liberdade…
Havia uma ou outra restrição desnecessária em Summorum Pontificum, mas a Missa estava livre.
E isso gerou um efeito na Igreja, desde a sacralidade das celebrações até a modéstia nas roupas, e fenômenos como comunidades de orientação carismáticas desenvolverem cantos (a meu ver horríveis, mas não deixa de ser um fenômeno, em latim).
Bento XVI criou inegavelmente, em uma continuação dos anos finais de João Paulo II, voltados para a Eucaristia, o Rosário e o Sacerdócio, uma geração de padres padres, dedicados ao altar, ao zelo pelas almas, ao ensino da doutrina, à ars celebrandi.
Também não se pode negar o esforço de Bento XVI em afirmar que a Igreja pós-conciliar era exatamente a mesma Igreja de sempre e seu “exorcismo” contra o espírito do Concílio.
Certamente podia fazer mais e, em relação à sua renúncia, poderia ter feito menos, ou, melhor ainda, nada.
Mas, como católicos somos às vezes duros ao comentar uma ação, mas nos calamos benevolamente no que diz respeito à intenção.
Por isso, Santo Padre, estamos de joelhos, aos pés de vosso leito. Osculamos vossas mãos e desejamos que alcance a misericórdia do Supremo Pastor e Juiz.
Belo texto. Oremos por ele.
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Foi com ele como Papa que retornei ao seio da Igreja, e foi graças a um seu livro, “Introdução ao Cristianismo”, que me desfiz de muitos preconceitos contra a Igreja e a sua história, preconceitos gerados por maus catequistas e maus padres e muita propaganda secularista e cientificista na escola. Tinha a imagem na cabeça de que religião era coisa de ignorantes, velhos e patéticos. Quando li aquele livro, que talvez lendo hoje possa não concordar de tudo, me deparei com a imagem de um homem sábio e muito culto – que citava Nietzsche! – e que, no entanto, era devoto e muito sóbrio. Foi através deste exemplo de união de fé e razão que descobri os tesouros da Tradição Católica: a assimilação da filosofia grega, os Santos Padres, a Teologia de Santo Tomás, a história gloriosa de santos e mártires… enfim, que a sabedoria humana era apenas um portal para algo mais vasto e glorioso, e que só se encontra na Santa Igreja Católica! Que Deus tenha misericórdia de todos nós, filhos do confuso século XX, e deste Papa que não a poucos inspirou a entra no caminho da salvação!
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Que se Bento XVI estiver se despedindo da vida, tenha uma passagem tranquila e que Deus o receba em seus braços amorosos.
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Bento XVI foi um bom papa, mas foi um papa moderno, pró-Vaticano II.
Sua melhor contribuição foi a de ensinar que há uma continuidade entre a igreja pré-conciliar e a pós-conciliar, e que a segunda não pode anular a primeira.
Mas tomou poucas decisões práticas no sentido de estruturar a hermenêutica da reforma na continuidade (com uma encíclica, carta pastoral etc.) e também de dar início a uma reforma da reforma, a fim de melhorar a liturgia moderna (oitava de pentecostes, septuagésima, festa da circuncisão, oração “versus deum”, comunhão apenas na boca).
E quando os progressistas chegaram lá, fizeram todas as suas ideias tornarem-se doutrina e lei (amoris laetitia, traditiones custodes, pena de morte, reforma da cúria romana, desiderio desideravi etc.).
A grande contribuição será a que ele influenciou uma nova geração de padres, religiosos e leigos que está dando muitos bons frutos.
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Espero que Nossa Senhora tenha alcançado a graça da salvação de Bento XVI.
Creio que ele era sincero em querer o bem da Igreja, e o desprezo e perseguição que sofreu foi exatamente pelo que conservava de católico!
Por tudo isso, rezo para que Deus o receba.
Bento XVI era um hegeliano. Se fosse um tomista teria entendido os princípios da identidade e da não-contradição. A essa altura teria condenado o modernismo, encontro de Assis, e a avalanche de erros que passaram pelo Concílio.
Não o fez.
Mas não estou aqui para isso.
Rezarei por ele. Pobre papa! Deus o tenha!
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2023 será o primeiro ano em que viveremos o “Fantástico mundo de Boff”; quem não se lembra que em uma estrevista em 2022 ele disse que já estava na hora de Bento partir pra deixar Francisco mais à vontade para fazer as reformas? E ainda que Molusco faria um discurso de amor pra voltar ao poder, mas após sua posse também faria tudo o que sempre quis? Deus nos proteja!!!
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Descanse em paz, Santo Padre.
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