Dom Hector Aguer: “A obsessão anti-litúrgica que canonicamente se torna uma tirania”.

Por Dom Hector Aguer – Rorate-Caeli, 30 de março de 2023 | Tradução: FratresInUnum.com: Celebrei minha primeira missa em 26 de novembro de 1972. Usei o rito então vigente, criado por Paulo VI, cujo autor era o maçom Annibale Bugnini. A missa foi em espanhol, claro, embora tenham sobrevivido, em latim, as orações privadas do celebrante.

Nunca me ocorreu recorrer à “Missa de Sempre”. Aquela que rezamos no Seminário todos os anos da minha formação, com a novidade de que era — na capela de filosofia, diariamente — versus populum. Nunca me ocorreu recorrer – contrariando a proibição pacificamente aceita – à antiga forma. Nem mesmo depois que Bento XVI a acolheu como uma forma extraordinária do Rito Romano por meio de seu motu proprio Summorum Pontificum. Apesar de meus estudos teológicos e litúrgicos, que me deram uma compreensão lúcida do esquecido ritual, nenhuma objeção ideológica ou nostalgia foi imposta a mim; a tradição foi arquivada, e talvez por preguiça não ousei contradizê-la julgando criticamente a novidade que se seguiu ao Vaticano II.

Hoje, penso que Paulo VI poderia ter feito algumas modificações para atualizar a Missa de Sempre, que vigorava há séculos, em vez de inventar um novo rito da Missa. Objetivamente, posso medir a audácia do novo rito, uma vanglória inesperada para muitos do progressismo; muitos séculos foram descartados, jogados fora no turbilhão das mudanças.

Apelei para esta história pessoal para enfatizar que sou livre no meu julgamento: continuo a celebrar a Missa de Paulo VI. Esta posição eclesial, no entanto, permite-me avaliar o dano causado pelo motu proprio Traditiones Custodes, recentemente reforçado por um “rescrito”.

Roma deveria se perguntar por que cada vez mais sacerdotes e leigos – estes últimos sobretudo – se inclinam, com veneração, para o antigo rito. A obsessão antilitúrgica é uma ideologia que canonicamente se torna uma tirania. De fato, a proibição do Missal de João XXIII não é levada em conta pelos jovens, que aspiram a um culto que responda à verdade da Fé: culto a Deus, não ao homem. Roma, por sua vez, continua apegada ao  die anthropologische Wende (virada antropológica) de Karl Rahner.

Além disso, na última década, a tradição alitúrgica da Companhia de Jesus entrou em cena. O deslocamento da liturgia dá lugar à imposição, em palavras e atos, de um moralismo relativista.

Inovações antilitúrgicas sucederam-se sem interrupção desde a promulgação da “nova missa”. Este novo começo sinalizou uma mudança desnecessária. O propósito de renovação do Concílio Vaticano II poderia ter sido realizado com ligeiras modificações do Rito Romano existente, ou melhor, com a correção das alterações produzidas na história. A finalidade conciliar foi significativamente chamada de instauratio, isto é, restauração.

A partir da década de 1970, surgiu uma dissidência bruta, diante da teimosia de Roma em se apegar ao novo. Bento XVI, por meio de seu motu proprio Summorum Pontificum, liberou a forma extraordinária do Rito Romano; foi uma solução salomônica que poderia satisfazer as aspirações dos sacerdotes e fiéis ligados à Tradição e, ao mesmo tempo, dar um fundamento sólido para as objeções dirigidas contra a Missa promulgada por Paulo VI.

Esta sensibilidade prudente e pastoral permitiu-nos esperar uma paz estável, com o regresso à obediência de numerosas comunidades que viviam em conflito com Roma. É verdade que as divergências com o Vaticano II iam muito além da ordem litúrgica e se estendiam ao campo doutrinal e jurídico-pastoral. O magistério litúrgico do Papa alemão retomou a teologia da liturgia desenvolvida pelo cardeal Ratzinger, que seguiu os passos de Romano Guardini e Klaus Gamber.

À luz de tudo isso, um infeliz revés ocorreu com o motu proprio Traditiones Custodes, que eliminou a forma extraordinária do Rito Romano e impôs duras condições para a concessão do uso da Missa de Sempre. Nesta perspectiva, pode-se apreciar novamente a gravidade da ação de Paulo VI, que iniciou uma nova etapa em todos os âmbitos da vida eclesial, e deu lugar no período pós-conciliar a erros e mutilações piores do que as sustentadas pelo modernismo do início século XX, condenado por São Pio X.

A linha aberta pelo motu proprio de Francisco foi recentemente ratificada e agravada por um “rescrito”, que impõe aos bispos a obrigação de obter o placet pontifício antes de autorizar o uso da Missa de Sempre. Esta implausível imposição solapa a tão propalada “sinodalidade”; a autoridade dos bispos foi reduzida em uma área essencial de seu munus como sucessores dos apóstolos.

É de recear que esta obstinação antilitúrgica dê novamente origem a atitudes contrárias à “unidade” que Roma pretende professar. Da mesma fonte vem – me parece – a ilusão de uma reforma eclesial, que teria sido solicitada pelo conclave que elegeu o atual papa. A Companhia de Jesus sempre foi uma força de reentrincheiramento da Igreja na sociedade, em contraposição à Maçonaria. O Vaticano hoje, porém, está cheio de maçons, e o papa tenta fazer uso deles. Acho maravilhosamente surpreendente a complacência do Papa em sua década de governo, e a ficção de atribuir sucessos a seus colaboradores; mas um problema crônico da Sociedade tem sido o da humildade.

O aliturgismo inclui a devastação do que vem da Tradição na liturgia do Rito Romano. A obsessão antilitúrgica, que já mencionei, vai ao extremo do boicote à sinodalidade. Um bispo, para autorizar um padre a celebrar com o Missal de João XXIII – ou seja, a Missa de Sempre – precisa pedir permissão a Roma. Tal é o teor do recente rescrito: uma verdadeira tirania pontifícia que desqualifica os sucessores dos apóstolos no cumprimento de seu ministério em matéria tão fundamental.

Essa nova orientação permite que a devastação da liturgia [isto é, o Novus Ordo] avance impunemente. Novamente, direi que esta liberdade contradiz o que o Concílio prescreve, na Constituição sobre a Liturgia Sacrosanctum Concilium, a saber, que ninguém, mesmo sendo sacerdote, deve alterar, acrescentar ou subtrair dos ritos litúrgicos por sua própria iniciativa . A liberdade de devastação anda de mãos dadas com a perseguição aos tradicionalistas.

Uma flagrante contradição: os tradicionalistas são perseguidos, mas consente-se a integração no Rito Romano de ritmos percussivos e dançantes e a adoção de ritos pagãos, hindus ou budistas, segundo os princípios da Nova Ordem Mundial, concorrendo com a Maçonaria. Nas visitas às várias nações, considera-se aceitável introduzir na liturgia ritos tribais da cultura ancestral dos povos visitados. Assim, a deformação do culto divino beira a idolatria.

Esta atitude se repete em muitos países, como uma perversão do diálogo inter-religioso. Em 2019, o Papa assinou em Abu Dhabi o Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Coexistência Comum, no qual se afirma: “O pluralismo e a diversidade de religião, cor, sexo, raça e língua são uma sábia vontade divina, pela qual Deus seres humanos criados. Esta Sabedoria divina é a origem da qual deriva o direito à liberdade de crença e à liberdade de ser diferente.” Deus, o Criador, seria então o autor do politeísmo!

Esta afirmação equivale a renunciar à missão essencial e original da Igreja, expressamente afirmada no Evangelho: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16,15-16). Tal renúncia só pode ser vista como apostasia.

A mesma atitude se encontra em 2020, na aceitação da proposta de um dia de oração e jejum de todas as religiões, no dia 14 de maio. O Pontífice referiu-se à aceitação da proposta: “Aceitei a proposta do Alto Comitê para Fraternidade que, no próximo dia 14 de maio, os fiéis de todas as religiões se unam espiritualmente em um dia de oração e jejum e obras de caridade.” Fica evidente assim que a Igreja ignora sua missão original de anunciar o Evangelho da salvação e se junta ao concerto politeísta mundial, participando assim, como uma das religiões da Nova Ordem Mundial preconizada pela Maçonaria. Isso não seria possível se o Vaticano já não estivesse infiltrado pela Maçonaria. Nesta perspectiva, pode-se compreender a incorporação dos ritos pagãos na liturgia. Também explica a perseguição aos tradicionalistas, que com sua recusa impedem a plena inserção da Igreja nesta Nova Ordem Mundial; assim a Igreja caminha para o reinado do Anticristo. A confusão dos crentes é a consequência; é o mysterium iniquitatis implantado pelo diabo.

O documento de Abu Dhabi implica a apostasia da fé católica para aderir – como já escrevi – à Nova Ordem Mundial. Não há compatibilidade entre esta e a fé cristã; a confusão em que os crentes são lançados não poderia ser maior. Esse contraste aparece em cada intervenção do Pontífice, o que prova que é assim que ele entende a missão da Igreja, e assim é entendida a sua tarefa de governo.

Um exemplo muito claro se encontra na carta dirigida a ele por políticos argentinos por ocasião do décimo aniversário de seu pontificado: “Queremos expressar nossa admiração por seu trabalho em favor da Humanidade [dessa forma, com letra maiúscula no original], em particular das pessoas excluídas e dos povos pobres, sua firme defesa da paz mundial e sua promoção permanente de uma Ecologia integral [letra maiúscula no original], que nos permite ouvir o grito da Mãe Terra e do Ser Humano [linguagem politeísta e maçônica] diante de situações destrutivas que ameaçam as pessoas e a natureza.”

Neste contexto, explica-se a paixão antilitúrgica contra a “Missa de Sempre”, na qual brilha com clareza a verdadeira Fé e a coerência com a vontade de Jesus Cristo e a missão tradicional da Igreja.

Uma nova compreensão da sinodalidade é agora insinuada: se um bispo deseja autorizar um padre a celebrar a missa antiga, ele deve pedir permissão a Roma. Estamos lidando aqui com uma obsessão que não tem mais limites.

+ Hector Aguer
Arcebispo Emérito de La Plata
Buenos Aires
30 de março de 2023

São José.

“Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt. 5, 48). O ideal, pois, da santidade pede do homem uma assimilação da vida divina. Ideal nobilíssimo, quanto mais o seja, mas que supera totalmente as forças humanas. Por isso, na sua inefável bondade, Deus nos enviou um modelo: seu próprio filho, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Para que ele fosse dos nossos, de nossa raça, nosso irmão, podendo legitimamente nos representar, deu-lhe uma natureza humana, formada do puríssimo sangue da Santíssima Virgem Maria; fê-lo nascer de mulher, como os demais homens, de maneira que a todo homem, ao vir a este mundo, Ele pudesse ser apresentado como o protótipo de santidade. Conclui-se que o homem se santifica na medida em que reproduz, na sua vida, a maneira de viver de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Disse alguém que nenhum homem é uma ilha, pois todo indivíduo se acha no seio de uma sociedade doméstica ou sua sucedânea, através da qual ele ingressa na grande sociedade civil. Jesus Cristo não fugiu à regra. Como homem, teve também sua sociedade mais íntima, seus familiares.

É o que se lê em diversos lugares da Sagrada Escritura.

É a São José que o anjo aparece para recomendar-lhe que fuja à ira de Herodes. É ao mesmo São José que, morto o monstro, o anjo adverte que retorne a Canaã com a Sagrada Família.

Maria Santíssima queixa-se a Jesus o ter-se afastado dela e de seu pai quando permaneceu no Templo, aos 12 anos. E a Sagrada Escritura diz igualmente que em Nazaré, Jesus era simplesmente o Filho do Carpinteiro.

Costuma-se dizer que São José é o Pai putativo, Pai nutrício, Pai legal, etc., de Jesus Cristo. Todas expressões verdadeiras, mas que terminam encobrindo o conceito mais profundo e exato de paternidade de São José. Pois que ele é de fato o pai da família nazaretana. E a razão exata porque São José é o pai da família nazaretana, é porque é o verdadeiro esposo de Maria Santíssima, a mãe daquela abençoada família. E como esposo legítimo e verdadeiro, participa da maternidade que sua esposa tem com relação aos frutos de seu seio, ainda que virginais.

Da posição de São José na Sagrada Família decorre o esplendor singular da sua pessoa e a extensão e valor do seu patrocínio.

Com justiça foi declarado por Pio IX patrono da Igreja Universal. E a Santa Igreja recomenda aos fiéis que se acolham sob seu patrocínio. Especialmente como patrono da boa morte é ele invocado, uma vez que teve a ventura de morrer nos braços de Jesus e de Maria Santíssima.

Dom Antonio de Castro Mayer, Heri et Hodie, março de 1986.

Publicado originalmente em 1º de maio de 2013.

Fraternidade e fome ou Hipocrisia e fartura?

Por FratresInUnum.com, 28 de fevereiro de 2023 – Como todos os católicos brasileiros já estão cansados de saber, a Campanha da Fraternidade 2023 tem como tema “Fraternidade e fome” e, como lema, “Dai-lhes vós mesmos de comer”.

Em novembro do ano passado, o Ministério da Saúde informou que 55,7% dos brasileiros está acima do peso, índice que, decerto, é muito maior entre o clero.

De fato, enquanto muitas pessoas passam fome e moram debaixo das pontes, significativa parte dos padres (com honrosas e menos exibidas exceções — Deo gratias!) se exibe nas redes sociais fazendo check-in em restaurantes caros, tomando cerveja soberbamente, quando não outras bebidas, fazendo cruzeiros e cuidando muito, muito bem de sua aparência física (não faltam, inclusive, os que ostentam seus tratamentos estéticos, como harmonização facial, implante capilar, limpezas de pele e outras futilidades que, comumente, ocupam mais o público feminino).

O mais interessante, porém, é ver os nossos venerandos epíscopos, dos quais muitos rechonchudos (e também com honrosas, e aqui muito menos numerosas, exceções), pregando o moralismo socialista da partilha e da solidariedade, sem se darem conta que as suas caras imensas e as suas barrigas enormes – o calvário para a cruz peitoral, dizem, gracejando – são o próprio desmentido daquilo que sua boca fala.

A CNBB – em sentido que seria muito mais quaresmal, diga-se de passagem –, deveria fazer uma campanha pelo jejum, a começar pelos bispos, passando pelos padres. Essa obesidade expressiva do nosso clero deveria, inclusive, mobilizar os agentes da pastoral da saúde. Deveriam começar uma nova pastoral: a dos “gulosos anônimos”, com a proibição expressa de ter lanchinho no final da reunião – sim, porque, como diz o povo, não fica bem ir a uma reunião contra a gula e… “comer feito um padre”.

Embora estes temas sejam ainda tão pouco transcendentais, o que repugnaria enormemente a sanha horizontalista dos nossos bispos, mesmo sendo, assim, tão naturalistas, tão nada sobrenaturais, pelo menos conversariam mais com a realidade e, sobretudo, não pecariam pela incoerência.

Sabe-se de casas paroquiais que têm despesas altíssimas com comida. Sim, porque os nossos padres (novamente, não esqueçamos das valorosas exceções!), geralmente,  apesar de terem vindo de famílias pobres, gostam de coisas muito boas, como queijos refinados, vinhos importados, frios nobres, além de muitos outros requintes gastronômicos. E os bispos não ficam atrás, porque frequentemente recebem como presentinho aquelas cestas de comida, para não falarmos dos bajuladores que não perdem a ocasião de lhes levar uma feijoada ou qualquer outra comida paroquial que lhe possa encher o estômago.

É verdade que o drama da insegurança alimentar atinge grande parte da população brasileira e que o país, lamentavelmente, voltou ao mapa da fome, ainda que a metodologia para tais estudos possa ser questionada. Porém, ao invés de ficar no palavrório, talvez o nosso estimado clero pudesse fazer um gesto concreto, como gostam eles de dizer: possivelmente, se deixassem de comer as iguarias caras e gordas que comem, poderiam sustentar com arroz, feijão e carne algumas famílias, pois o que falta na mesa do pobre sobre na mesa do clero.

Até mesmo o bezerro de ouro da CNBB, há pouco, afirmou que: “Se nós produzimos alimento demais no planeta Terra e, se neste país, a gente produz alimento demais, e tem gente com fome, significa que alguém está comendo mais do que deveria comer para que o outro pudesse comer um pouco”. Há na CNBB muita audiência para esse tipo de groselha, não? Pois que a ouçam!

Há um tempo, um padre petista ultra-libertador, exibia-se dizendo que só consome produtos orgânicos e que faz suas compras nos supermercados mais especializados em boa alimentação, luxos dos quais não podem desfrutar os pobres paroquianos que, trabalhando de sol a sol, dão o seu dinheiro sofrido para sustentarem uma Igreja que se diz engajada na luta do povo, enquanto se enfatua com manjares que são até desconhecidos por aqueles que os pagam.

Em tempos nos quais padres vão ao master-chef, talvez faltem mais padres que se resignem ao jejum do Evangelho e imitem Cristo em seu deserto quaresmal.

O jejum e a abstinência na lei da Igreja.


Jejum e abstinência no Novo Código de Direito Canônico de 1983.

Os dias e períodos de penitência para a Igreja universal são todas as sextas-feiras de todo o ano e o tempo da Quaresma [Cânon 1250]. A abstinência de carne ou de qualquer outro alimento determinado pela Conferência Episcopal deve ser observada em todas as sextas, exceto nas solenidades. [Cânon 1251].

A abstinência e o jejum devem ser observados na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. [Cânon 1252]. A lei da abstinência vincula a todos que completaram 14 anos. A lei do jejum vincula a todos que chegaram à maioridade, até o início dos 60 anos [Cânon 1252].

Jejum e abstinência tradicionais conforme o Código de Direito Canônico de 1917.

Entre 1917 e o Novo Código de 1983, certos países tinham dias de jejum e abstinência particulares, e.g., os Estados Unidos tinham a vigília da Imaculada Conceição em vez da Assunção como dia de abstinência; dispensas para S. Patrício e São José, etc. Não é possível relacioná-los todos. Publicamos as prescrições do código de 1917, com menção da extensão do jejum e abstinência até meia noite do Sábado Santo que foi ordenada por Pio XII.

Dias de jejum simples:

O jejum consiste numa refeição completa e duas menores, que juntas são menos que uma refeição inteira. Não é permitido comer entre as refeições, mas líquidos podem ser tomados. É permitido comer carne em dia de jejum simples. Os dias de jejum simples são: segundas, terças, quartas e quintas-feiras da Quaresma. [Cânon 1252/3]

Todos eram vinculados à lei do jejum a partir dos 21 até os 60 anos.

Dias de abstinência:

A abstinência consiste em abster-se de comer carne de animais de sangue quente, molhos ou sopa de carne nos dias de abstinência. A abstinência era em todas as sextas-feiras, a não ser que fosse um Dia de Guarda [cânon 1252/4]. A lei da abstinência vinculava a todos que tinham completado 7 anos de idade. [Cânon 1254/1].

Dias de jejum e abstinência:

O jejum e abstinência consistem numa refeição completa e duas refeições menores que juntas são menos que uma refeição inteira. Não era permitido comer carne de animais de sangue quente, molhos e sopas de carne. Não era permitido comer entre as refeições, embora bebidas pudessem ser tomadas. Esses dias eram: quarta-feira de cinzas, toda sexta e sábado da Quaresma (até meia noite no Sábado Santo), em cada uma das Quatro Temporas, Vigília de Pentecostes, Assunção, Todos os Santos e Natal. [Cânon 1252/2]

Os dias tradicionais de abstinência aos que usam o Escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo são Quartas e Sábados.

Fonte: The year of Our Lord Jesus Christ 2009, The Desert Will Flower Press.

(Post originalmente publicado na quaresma de 2009)

Ai de vós!

Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade – São Mateus, 23

Quo Primum.

Nova Constituição Apostólica contra a Missa de sempre? E agora?

Há rumores de que, após a morte do Papa Bento XVI, o Cardeal Arthur Roche, prefeito do Discatério para o Culto Divino e a Disciplina dos sacramentos teria dito ao Papa Francisco: “Podemos, agora, assinar o documento”.

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Os primeiros vazamentos indicam que haveria não apenas maior repressão do rito romano tradicional – o qual não poderia mais ser celebrado exclusivamente em nenhuma igreja e nunca aos domingos, com total proibição do ritual romano e do pontifical tradicionais –, mas também os sacerdotes que celebram segundo o Vetus Ordo seriam obrigados a celebrar a Missa Nova.

Prevê-se que tais medidas possam impactar os institutos em que o uso do rito tradicional é permitido. Exatamente por isso, alguns grupos já começaram a argumentar em seu favor a partir do seu direito particular.

Trata-se de uma medida milimetricamente calculada pelos progressistas que se apoderaram do Vaticano, com Papa Francisco à cabeça, para promover uma espécie de “excomunhão branca”, um chega-pra-lá nos grupos tradicionais, para que os revolucionários tenham completa hegemonia na destruição do catolicismo de sempre.

Obviamente, os grandes favorecidos por tais previsões seriam os grupos tradicionalistas autônomos, os quais têm, naturalmente, crescido bastante nos últimos tempos desse pontificado tenebroso. Quem perde, lamentavelmente, é a Igreja como um todo, que ficaria ainda mais exposta ao debandar das paróquias uma parte qualitativamente significativa dos seus fiéis.

A nossa posição, a se concretizar o rumor, será a da simples desobediência a essas normativas totalmente descabidas. Quando promulgou o Missal, S. Pio V restaurou o Rito Romano em sua mais original fidelidade, com todo o desenvolvimento orgânico que ele “sofreu” ao longo dos séculos. Na Bula que o inicia, o Santo Papa escreve:

“Da mesma forma decretamos e declaramos que os Prelados, Administradores, Cônegos, Capelães e todos os outros Padres seculares, designados com qualquer denominação, ou Regulares, de qualquer Ordem, não sejam obrigados a celebrar a Missa de outro modo que o por Nós ordenado; nem sejam coagidos e forçados, por quem quer que seja, a modificar o presente Missal, e a presente Bula não poderá jamais, em tempo algum, ser revogada nem modificada, mas permanecerá sempre firme e válida, em toda a sua força” (Bula Quo Primum Tempore, art. 9).

A nossa resposta, portanto, é a da resistência filial, em total fidelidade à tradição, sem abandonarmos jamais a estrutura da Igreja, entregando-a aos vândalos, mas, ao contrário, marcando devidamente a nossa persistente e clara adesão à Missa de Sempre. Posição, de fato, que é a mais incômoda para os inimigos da Igreja e a mais sacrificada para nós, contando, exatamente por isso, com a marca distintiva dos verdadeiros discípulos de Nosso Senhor: a marca da Santa Cruz!

A contracultura de Bento XVI.

O que sempre atraiu na figura de Bento XVI não era o carisma, mas a determinação com que procurava tornar acessível a doutrina da fé. Suas palavras eram “de vida eterna”. Por isso os fiéis lhe conservaram uma enorme gratidão, não obstante sua renúncia, dez anos atrás.

Por Jerônimo Lourenço 

Quem imaginaria isso? Nem mesmo a equipe de liturgia do Vaticano estava preparada para a multidão de fiéis — crianças, jovens, adultos e idosos — que chegaram à Praça de São Pedro a fim de prestar as últimas homenagens a Bento XVI.

Logo que a confirmação da morte do Papa emérito foi anunciada, no dia 31 de dezembro de 2022, os preparativos para o funeral começaram de forma modesta. Esperavam-se no máximo 60 mil pessoas para as cerimônias fúnebres, entre os dias 2 e 5 de janeiro. Por quê?

As razões são várias. Primeiro, desde a renúncia, em 28 de fevereiro de 2013, Bento XVI manteve-se quase em anonimato, com raríssimas aparições públicas nos últimos anos. Além disso, mesmo durante o seu pontificado, ele jamais desfrutou de popularidade entre o “grande público”. A mídia, por exemplo, o considerava “pouco carismático”. Finalmente, o coro de seus adversários fez questão de macular sua imagem como pôde, do cinema (vide o filme “Dois Papas”, de Fernando Meirelles) às redes sociais (no Twitter, houve quem o chamasse de Papa “fracassado”). Um verdadeiro attacco a Ratzinger, como escreveu Andrea Tornielli.

Mas nem um nem outro motivo foram capazes de inibir os mais de 200 mil peregrinos que, entre 2 e 4 de janeiro, se revezaram durante horas, em filas quilométricas, para rezar diante do corpo do Pontífice. Ao contrário, finda a Missa de Exéquias, celebrada pelo Papa Francisco no último dia 5, podia-se ouvir dentre os 50 mil presentes na Praça de São Pedro um clamor surpreendente: Santo subito, ecoado por escrito em vários cartazes. Uma prece popular talvez apressada — pode-se discutir —, mas eloquente para o mundo e para a Igreja.

A renúncia de Bento XVI aconteceu há quase uma década, em meio ao Ano da Fé, que ele mesmo proclamara. De lá para cá, a Igreja e o mundo parecem ter mergulhado no processo de simbiose descrito por Schillebeeckx no século passado: “As fronteiras entre a Igreja e a humanidade se apagam em direção à Igreja, mas ainda podemos afirmar que se apagam também em direção à humanidade e ao mundo”. As agendas e preocupações de uma e de outro estão agora em plena sintonia, como se finalmente os católicos tivéssemos “progredido” 200 anos em 10, para fazer referência ao “testamento espiritual” do já falecido Cardeal Martini.

POPE BENEDICT MEETS WITH ITALIAN CARDINAL MARTINI

Bento XVI saiu e a Cúria mudou, consequentemente. Da liturgia indo aos temas mais delicados de moral sexual, tudo agora parece suscetível de “mudança” e “abertura”: Comunhão para recasados, relações homossexuais, ordenação de mulheres, fim do celibato, uso de anticoncepcionais… enfim, assuntos que voltaram à ordem do dia, especialmente em sínodos recentes. Nunca houve tantos aplausos e elogios por parte da imprensa quanto hoje. Terá a Igreja encontrado a fórmula perfeita para voltar a ser atraente aos olhos da humanidade?…

Será isso mesmo? Estará a Igreja de fato em sua melhor fase?

A realidade, no mais das vezes, é severamente realista para quem vive de utopias, e por mais que tentem passar a impressão de que a Barca de Pedro vai de vento em popa, os dados mostram precisamente o contrário. Segundo a própria imprensa progressista, os acenos da Igreja ao mundo moderno (e à sua cultura) não conseguiram criar a primavera esperada.

Quase o oposto. Com raras exceções, os seminários estão vazios, os mosteiros estão vazios, as igrejas estão vazias. O que vimos, em contrapartida, foi uma rápida e agressiva laicização da cultura, na Europa e em qualquer outro lugar, de modo que a fé católica já praticamente não tem a menor influência sobre as decisões dos Estados ou da população em geral. A esse respeito, podemos lembrar dois casos emblemáticos nos quais a Santa Sé mesmo preferiu não intervir: a legalização do “casamento gay” na Itália, em 2016, e a legalização do aborto na Argentina, em 2020.

O mundo, no fim das contas, embora aplauda a Igreja, não sente falta dela. Se a Igreja é o mundo, e vice-versa, ninguém precisa sair de onde está para supostamente se encontrar com Deus. Não há por que se converter.

Ao mesmo tempo, comunidades ditas “mais tradicionais” apresentam um vigor estonteante, com apelos vocacionais cujo alcance causa preocupação em Roma. Diante de uma cultura cambiante, em que não se acha facilmente um apoio firme para se sustentar, os que desejam conservar a Tradição não veem alternativa senão a do profeta Jeremias: parar na estrada para observar, perguntar sobre as veredas de outrora, qual o bom caminho, e andar nele (6, 16).

Foi justamente o que fizeram os anglicanos “tradicionalistas”, ao pedirem para ingressar na Igreja Católica, durante o pontificado de Bento XVI, atraídos pela firmeza da ortodoxia, como diria Chesterton.

Em 2010, Bento XVI esteve na Inglaterra e respondeu precisamente à questão de como a Igreja, na relação com os britânicos, crentes e não-crentes, poderia se tornar mais “crível e atraente para todos”:

Diria que uma Igreja que procura sobretudo ser atraente já estaria num caminho errado, porque a Igreja não trabalha para si, não trabalha para aumentar os próprios números e, assim, o próprio poder. A Igreja está ao serviço de um Outro: não serve a si mesma, para ser um corpo forte, mas serve para tornar acessível o anúncio de Jesus Cristo, as grandes verdades e as grandes forças de amor, de reconciliação que apareceu nesta figura e que provém sempre da presença de Jesus Cristo. Neste sentido a Igreja não procura tornar-se atraente, mas deve ser transparente para Jesus Cristo e, na medida em que não é para si mesma, como corpo forte, poderosa no mundo, que pretende ter poder, mas faz-se simplesmente voz de um Outro, torna-se realmente transparência para a grande figura de Cristo e para as grandes verdades que ele trouxe à humanidade.

Eis a chave para entender o “sucesso” de público no funeral de Bento XVI. Na Inglaterra, “o êxito real desta viagem não foi Bento XVI”, escreveu uma correspondente do The Guardian, “mas o seu rebanho, que desafiou as expectativas e a publicidade negativa para dar as boas-vindas ao Papa”.

Em Roma, dessa vez, o rebanho se reuniu para lhe dar adeus. Seja como for, em ambas ocasiões os fiéis foram ao encontro de seu pastor não tanto por ele mesmo, mas por ter encontrado em seu magistério “o anúncio de Jesus Cristo, as grandes verdades e as grandes forças de amor, de reconciliação”. O que sempre atraiu na figura de Bento XVI não era o carisma, mas a determinação com que procurava tornar acessível a doutrina da fé. Suas palavras eram “palavras de vida eterna”. Por isso, passados já 10 anos, os fiéis católicos conservaram a ele uma enorme gratidão.

Para as categorias mundanas da imprensa e do “grande público”, deve ser assustadora a estima de tantos católicos por Bento. Uma jornalista que cobria o funeral não conseguiu disfarçar a perplexidade quando ouviu os fiéis suplicarem: Santo subito. A mesma perplexidade foi vista quando, na eleição de 2005, jovens em Roma se abraçaram, comemorando-a efusivamente. Também na JMJ de Madri, a despeito de todas as manifestações contrárias, viu-se o entusiasmo com que 1,5 milhão de peregrinos permaneceram ao lado do Santo Padre, mesmo sob forte chuva.

Bento XVI jamais foi o homem “dogmático”, no sentido pejorativo do termo, pintado pela imprensa. Foi um Papa muito pouco legislador. A sua preocupação, antes disso, foi desenvolver uma nova cultura cristã, conduzindo a porção eleita da grei de Cristo aos fundamentos da Verdade, a fim de que, quando chegasse a hora de a Igreja se tornar novamente “uma pequena comunidade de fiéis”, ela fosse capaz de ser uma resposta aos anseios “dos habitantes de um mundo rigorosamente planificado” e “indizivelmente sós”. Os católicos deveriam ser transparentes para Cristo, vivendo de “modo a mostrar que o infinito de que o homem tem necessidade pode provir somente de Deus” [i].

Daí o zelo com que o Papa Ratzinger lutou para preservar a fé e os mandamentos de Nosso Senhor. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 23). Os cristãos estão no mundo, mas não podem viver como mundanos, simplesmente inculturados; devem promover uma contracultura que desperte aqueles ao seu redor para a vida sobrenatural.

Afinal, como Ratzinger dizia ainda na década de 1990, num evento do movimento Comunhão e Libertação: “A libertação fundamental que a Igreja nos pode oferecer consiste em nos manter dentro do horizonte do eterno… Por isso, a própria fé, em toda a sua grandeza e amplitude, é sempre a reforma essencial de que precisamos”. Essa é, na verdade, a grande revolução cristã, que dá aos homens o rumo decisivo. É a cultura do encontro com a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus e ao qual nos unimos pela virtude da fé.

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De fato, foi essa a primeira lição da Encíclica Deus Caritas Est e a tônica de todo um pontificado. Na verdade, ao longo de toda a sua vida sacerdotal, não só como Papa, Ratzinger se propôs a dissipar as névoas que escureciam a visão dos homens e os impediam de enxergar a Cristo e encontrá-lo. Pessoas de boa vontade que se abriram à sua escuta não acolheram apenas uma “grande ideia” ou uma “decisão ética”, mas se encontraram com o próprio Senhor, atravessando a porta da fé, que Ratzinger lhes havia aberto. Foi o caso de personalidades como Scott Hahn, ex-ministro protestante, e Peter Seewald, jornalista e ex-ateu, que, como tantos outros, se deixaram conduzir pelas lições de Bento XVI.

Não admira, portanto, que em seu “testamento espiritual” o Santo Padre tenha feito um único pedido: “Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir”. Numa hora em que a Igreja inicia mais uma tarefa sinodal, é preciso levar em conta esse apelo do Papa, para que o clima febril de confusão não se agrave.

A imagem de um sacerdote negando a Comunhão a um fiel que queria recebê-la na boca e de joelhos, durante a Missa de Réquiem de Bento XVI, sintetiza bem como está abalada a relação dos fiéis com os pastores. Enquanto estes se inclinam para o mundo, em busca de aberturas e aggiornamentos, aqueles se inclinam para Deus, porque querem adorá-lo e preservar as suas palavras no coração.

Por isso eles foram a Bento XVI. Por isso gritaram: Santo subito. Por isso já o querem “Doutor da Igreja”. Precipitados ou não, eles deram o recado, mostraram o que realmente desejam: nada além da fé católica!

Referências:

  1. Bento XVI, Luz do mundo. São Paulo: Paulinas, 2011, p. 84.
  2. Joseph Ratzinger, Compreender a Igreja hoje. 3. ed., Petrópolis: Vozes, 2006, p. 81.

 

 

 

 

Dom Athanasius Schneider: O legado do pontificado do Papa Bento XVI

Fonte: Senza Pagare

Com o falecimento do Papa Bento XVI, muitos católicos sentiram que perderam um ponto de referência claro e seguro para sua fé.

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Pode-se ter a sensação de órfãs. Podemos dizer que o Papa Bento XVI foi um papa, que colocou no centro de sua vida pessoal e da vida da Igreja a visão sobrenatural da fé e da validade perene da Sagrada Tradição da Igreja, que constitui a fonte e a coluna da nossa fé juntamente com a Sagrada Escritura. Neste sentido, o maior e mais benéfico acto de seu pontificado foi o Motu Proprio Summorum Pontificum com a plena restauração da liturgia latina tradicional em toda a sua expressão: Santa Missa, sacramentos e todos os outros ritos sagrados. Este acto pontifício ficará na história como um marco histórico.

O Papa Bento XVI afirma que o rito tradicional da Santa Missa nunca foi abrogado e deve permanecer sempre na Igreja, porque o que era sagrado para nossos antepassados ​​e para os santos deve ser sagrado para nós e para as gerações futuras também. Numa época, como foi a posterior ao Concílio Vaticano II, em que havia no seio da Igreja um movimento quase generalizado de rejeição radical do rito litúrgico milenar da Santa Missa e, portanto, de ruptura com o próprio princípio da Tradição, o pontificado de Bento XVI valeu a pena apenas por ter emitido o Motu Proprio Summorum Pontificum, com o qual começou a cura da ferida no Corpo da Igreja, ferida causada pela atitude de rejeição e ódio da venerável ​​e milenar regra da oração da Igreja.

No seu testamento espiritual, o Papa Bento XVI deixou-nos, entre outras, esta breve e substancial frase, que considero a mais importante de todas: Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Assistimos hoje na vida da Igreja um processo de diluição da fé católica e de adaptação ao espírito dos hereges, incrédulos e apóstatas pelo nome ilusório e eufónico de sinodalidade e pelo abuso da instituição canônica de um sínodo. Tal situação é desmoralizante para todos os verdadeiros católicos.

Portanto, o legado do Papa Bento XVI que se expressa nas palavras “Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir!” e no seu epocal Motu Proprio Summorum Pontificum permanece uma luz, um encorajamento e uma consolação. Este papa era forte na fé, um verdadeiro amante da beleza imperecível e da firmeza do rito tradicional da Santa Missa, deu primazia à oração, à visão sobrenatural e à eternidade. Este legado vencerá graças à intervenção da Divina Providência, que nunca abandona a Sua Igreja, a enorme confusão doutrinária atual, a apostasia rastejante, especialmente entre uma casta mundana e incrédula de teólogos, que são os novos escribas e entre uma apostasia rastejante de não poucos membros do alto clero, que são os novos saduceus.

O Papa Bento XVI fez brilhar o seu lema episcopal “Cooperatores veritatis”, isto é, colaboradores da verdade. Com este lema ele quer dizer a cada fiel católico, a cada sacerdote, a cada bispo, a cada cardeal e também ao Papa Francisco: o que realmente conta é a fidelidade inabalável à verdade católica, à constante e venerável tradição litúrgica de a Igreja e o primado de Deus e da eternidade. Que Deus aceite as orações e sofrimentos espirituais, que o Papa Bento XVI ofereceu em sua vida retitada, e conceda para o futuro da Igreja bispos e papas totalmente católicos e totalmente apostólicos. Pois, como disse São Paulo: “Não podemos fazer nada contra a verdade, mas somente pela verdade” (2Cor 13, 8).

+ Athanasius Schneider