Declaração sobre a Presidência da Academia Pontifícia para a Vida
Após a Assembléia da Academia de 11-13 de fevereiro de 2010, Cidade do Vaticano.
A contestação da posição do Arcebispo Rino Fisichella como Presidente da Academia Pontifícia para a Vida, que diversos comentaristas previram, não ocorreu na Assembléia da Academia da última semana. Por quê? Essencialmente, por conta de uma decisão política feita por vários daqueles que eram signatários de uma carta de 2 de abril de 2009 ao Arcebispo Fisichella e de uma carta posterior ao Cardeal Levada, de 1º de maio de 2009, procurando a correção da impressão seriamente enganosa com relação ao ensinamento da Igreja sobre o aborto direto criada pelo artigo do Arcebispo Fisichella em L’Osservatore Romano de 15 de março de 2009. As razões para tal decisão política foram duas: (a) uma contestação aberta a Fisichella na Assembléia teria dividido a Academia, não necessariamente porque os acadêmicos concordassem com seu comportamento, mas porque muitos teriam considerado inapropriado tratar alguém nomeado pelo Papa, e que também é um Arcebispo, dessa maneira. Ademais, um desafio aberto por Acadêmicos leigos correria o risco de levar a Cúria a cerrar fileiras em torno de Fisichella, por conta da cultura clerical daquela corporação e apesar da falta de apoio a ele em muitos escalões. (b) Há informações confiáveis de que Fisichella é amplamente visto na Cúria como um Presidente inapropriado da PAV [Pontifícia Academia para a Vida] e há uma esperança razoável de que o Santo Padre reconhecerá a necessidade de dar-lhe uma ocupação melhor adaptada às suas habilidades.
A ausência de uma contestação aberta a Fisichela criou a desafortunada impressão de que os Acadêmicos apóiam sua Presidência, resignadamente ou não. Esta é uma impressão que ele está evidentemente interessado em propagar. Nada poderia estar mais distante da verdade, e uma das principais razões de sua falsidade é o precipitado discurso pronunciado por ele na abertura da Assembléia. Ele não mostrou a mínima ciência dos efeitos gravemente danosos de seu artigo no L’Osservatore Romano de 15 de março de 2009 e de sua própria responsabilidade por aqueles efeitos. Os esforços respeitosos dos Acadêmicos em procurar uma correção sua do artigo (que no momento ele rejeitou) foram por ele descritos como ataques pessoais a sua pessoa motivados por “rancor”; nenhum dos signatários tinha a menor razão para nutrir tais sentimentos por ele. Ele afirmou que a seu tempo o “Esclarecimento” publicado em 11 de julho de 2009 pela Congregação para a Doutrina da Fé o inocentou. Noutras palavras, não retratou nada do que disse em seu artigo. Fisichella está plausivelmente apto a fazer esta afirmação de ter sido inocentado por conta do primeiro parágrafo infeliz do “Esclarecimento” que diz:
“Recentemente, diversas cartas foram enviadas à Santa Sé, algumas delas de figuras proeminentes na vida política e eclesial, explicando a confusão que foi criada em vários países, especialmente na América Latina, após a manipulação e exploração de um artigo de Sua Excelência, o Arcebispo Rino Fisichella, Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, sobre o triste caso da “garota brasileira” [ênfase acrescentada].
O que geralmente não é conhecido é que estes não são os dizeres originais do parágrafo de abertura que se pretendia publicar no L’Osservatore Romano. Fisichella conseguiu vistas do texto antes de sua publicação e pediu que o parágrafo original fosse mudado tal como se lê na versão publicada. Dessa maneira ele pôde repudiar, com a autoridade aparente da Congregação para a Doutrina da Fé, toda responsabilidade pelo impacto danoso de seu artigo na defesa de vidas humanas inocentes antes de seu nascimento. A responsabilidade por esse dano pertence inteiramente ao modo com que outros “manipularam e exploraram” seu artigo! Mas não satisfeito em repudiar a responsabilidade pelo dano que seu artigo causou, Fisichella em seu discurso à Academia em 11 de fevereiro afirmou que a justificação se estendia ao conteúdo de seu artigo. Esta afirmação é certamente grave porque a implicação clara dos dizeres do artigo é que há situações difíceis nas quais os médios gozam de um escopo para o exercício autônomo de consciência ao decidir sobre realizar ou não um aborto direto. Pareceria, então, que o “Esclarecimento” da CDF fracassou em esclarecer a mente do Arcebispo Rino Fisichela, e, se este for o caso, ele levanta uma difícil questão sobre o quão geralmente eficaz foi o “Esclarecimento” em dissipar a falsa compreensão do ensinamento da Igreja sobre o aborto direto conduzida pelo artigo de 15 de março de 2009.
Longe de criar a unidade e a genuína harmonia na Academia, o discurso do Arcebispo Fisichella em 11 de fevereiro teve por efeito confirmar nas mentes de muitos Acadêmicos a impressão de que nós estamos sendo conduzidos por um clérigo que não compreende o que envolve o respeito absoluto pela vida humana. É um estado absurdo das coisas na Academia Pontifícia para a Vida, mas que pode ser corrigido apenas por aqueles que são responsáveis pela sua nomeação como Presidente.
Professor Luke Gormally, Membro Ordinário da Academia; antigo Diretor (1981 – 2000), The Linacre Centre for Healthcare Ethics, London, UK.
Sra. Christine de Marcellus de Vollmer, Membro Ordinário da Academia; presidente Alliance for the Family. Venezuela.
Monsenhor Michel Schooyans, Membro Ordinário da Academia; Professor Emérito da Universidade de Louvain, Bélgica.
Dra. Maria Smereczynska, Membro Correspondente da Academia; Polônia.
Dr. Thomas Ward, Membro Correspondente da Academia; Presidente da National Association of Catholic Families; Clínico geral aposentado, UK.
16 de fevereiro de 2010.
Fonte: Life Site News – destaques do original
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