Mas o que Dom Zeno Hastenteufel, bispo de Novo Hamburgo, está esperando para agir da mesma forma?

Dom Zeno Hastenteufel, bispo de Novo Hamburgo.
Dom Zeno Hastenteufel, bispo de Novo Hamburgo.

O que espera Dom Zeno Hastenteufel, bispo diocesano de Novo Hamburgo, para tomar as devidas providências quanto ao Congresso herético-libertário latino-americano, com muito dinheiro no banco e vindo do interior do RS — São Leopoldo?  O arcebispo de Rosário, Argentina, mostrou como se faz: há menos de uma semana, baniu de sua diocese Andrés Torres Queiruga — teólogo espanhol idolatrado por mentes brilhantes como Padre Fábio de Melo e Dom Redovino Rizzardo — que participará, com outras estrelas dos infernos, do congresso que preocupa o Vaticano.

Tome alguma medida, Excelência, e honre o seu episcopado: “É lamentável que enquanto nos aproximamos do ano da Fé, se promovam esses atos, que distorcem a verdadeira fé da Igreja”. Recomendamos a nossos leitores que encaminhem suas mensagens ao bispo de Novo Hamburgo e ao senhor Núncio Apostólico.

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Arcebispo de Rosário proíbe as conferências de Torres Queiruga em um colégio dos maristas.

Dom José Luis Mollaghan, Arcebispo de Rosário (Argentina) comunicou ao Superior dos Irmãos Maristas em sua arquidiocese que não autoriza nem aprova as conferências que Andrés Torres Queiruga tinha pensado em proferir no colégio dos religiosos. O comunicado recorda que os ensinamentos do teólogo nem sempre são compatíveis com a fé católica e lamenta que «enquanto nos aproximamos do ano da Fé, se promovam esses atos que distorcem a verdadeira fé da Igreja.»

Luis F. Pérez – InfoCatólica | Tradução: Fratres in Unum.com –  Para seu interesse reproduzimos o comunicado da Arquidiocese de Rosário sobre uma Conferência do Senhor Professor Andrés Torres Queiruga promovida pela Fundação Civil Diálogo no Colégio Marista de Rosário:

Rosário, 28 de setembro de 2012.

Dom José Luis Mollaghan, arcebispo de Rosário, Argentina.
Dom José Luis Mollaghan, arcebispo de Rosário, Argentina.

1º. Em razão de um convite da Fundação Diálogo, presidida pelo Dr. Ariel Álvarez Valdes, sem autorização para ensinar matérias religiosas em sua própria diocese, a uma conferência do Professor espanhol Andrés Torres Queiruga, a realizar-se no colégio Marista desta Cidade, o Arcebispo de Rosário, Dom José Luis Mollaghan, comunica que a referida entidade civil não tem nenhuma autorização para organizar cursos ou promover conferências sobre a Doutrina católica em um Colégio ou em uma instituição católica da Arquidiocese.

Por este motivo, a Arquidiocese de Rosário se dirigiu oportunamente ao Superior dos Irmãos Maristas a cargo da Comunidade religiosa em Rosário e, por seu intermédio, ao Diretor Geral do Colégio Marista, dando a conhecer as disposições desta Arquidiocese e a atitude que causa confusão entre os fiéis de permitir estas atividades no âmbito do Colégio religioso.

2º Tendo em conta a Notificação da Conferência Episcopal Espanhola (30.III.2012) e, em particular, da Comissão episcopal para a Doutrina da Fé, sobre os escritos e tese do Professor Andrés Torres Queiruga, a Arquidiocese de Rosário não aprova nem autoriza que o referido Professor profira conferências sobre a doutrina católica na sede de um colégio ou instituição católica; “dado que seus ensinamentos nem sempre são compatíveis com a interpretação autêntica dada pela Igreja à Palavra de Deus escrita e transmitida“.

Isso também se aplica particularmente, entre outras posições suas, ao tema de sua exposição sobre a criação, já que sempre se deve levar em conta a clara distinção entre o mundo e o criador, e a possibilidade de que Deus intervenha na história e no mundo mais além das leis que Ele mesmo estabeleceu (CEE, Not. Nº27).

É lamentável que enquanto nos aproximamos do ano da Fé, se promovam esses atos, que distorcem a verdadeira fé da Igreja; a mesma Fé “que atua pelo amor e se converte em um novo critério de pensamento e de ação que modifica toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Col 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Co 5, 17)” (Porta Fidei, nº 6).

Pbro. Juan Pablo Masramón

Secretário

Arquidiocese de Rosário

O inferno modernista de Dom Redovino Rizzardo.

Será que ficaram no passado os tempos em que os bispos citavam o Catecismo e protegiam seus rebanhos de idéias heréticas?…

Dom Redovino Rizzardo.
Dom Redovino Rizzardo.

É essa a pergunta que nos veio à mente quando lemos artigo de D. Redovino Rizzardo, abaixo publicado.

No artigo, ocupa-se de um tema bastante fora de moda nos ambões paroquiais: nada mais, nada menos que do inferno!

Inferno?! Sim, inferno.

Mas não o inferno dos Evangelhos, nos quais Nosso Senhor disse que “haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13,50); não aquele, ao qual os ímpios “irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna” (Mt 25,46).

O inferno de D. Redovino é mais light: todo mundo vai pra lá! Ué?!, ele também? Por supuesto!

De fato, ele importa essa doutrina curiosa – para dizer pouco! – da Espanha, de um filósofo metido a teólogo venerado pelos TLs do Brasil, Andrés Torres Queiruga.

Aliás, Queiruga causa divisões até no episcopado: enquanto é censurado pelo bispo de Bilbao (Espanha), D. Mario Iceta, é difundido pelo bispo de Dourados (MS-Brasil), D. Redovino. Ué?!, mas onde está a tal da colegialidade episcopal? Com que parte do colégio ficamos agora?! Socorro, Vaticano II!

Mas…, voltemos ao “inferno”, quer dizer, ao tema em questão…

Para Queiruga e para D. Redovino, o inferno seria a expiração de todas as nossas falências e a consagração da impotência de Deus diante da liberdade humana. Desse modo, uma parte de nós, a parte boa, cultivada no bem, será eternamente bem-aventurada; e uma outra parte de nós, a parte má, será eternamente falida, ou seja, condenada, aniquilada. Em outras palavras, todo mundo vai pro céu e pro inferno ao mesmo tempo, porque o que iria para o céu ou para o inferno não seria o “eu” integral da pessoa, mas apenas uma parcela dela que seria salva ou destruída, plenificada ou extinguida… afinal de contas, nem todo mundo é tão ruim assim, né?! Hitler que o diga!

Porém, Queiruga e seu divulgador brasileiro, D. Redovino, descuidam de um elemento importante nesse raciocínio: quem rouba é ladrão, quem mente é mentiroso, quem nega a fé é herege… Não é que nossas ações afetam apenas uma parte do nosso caráter. Quem peca se corrompe e, se não se arrepende, se converte e se confessa, pode ir para o inferno. É simples assim.

É isso o que ensina o Evangelho e a Igreja: “o ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, ‘o fogo eterno’. A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1035).

Claro, D. Redovino é “prudente”. Para não ser acusado da autoria dessas idéias, apenas alude às próprias de Queiruga. Mas…, quem difunde um erro sem condená-lo, antes, divulgando-o, torna-se cúmplice.

Bom…, mas D. Redovino não tem nada a temer pois, certamente, essas idéias não corrompem-no inteiramente. Para ele, se estas forem más, apenas elas irão para o inferno.

Agradecemos a um caro amigo pela redação desta introdução.

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Um inferno diferente?

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados – MS

«Pouco se fala do inferno. Ainda bem, pois muitos estragos já se fizeram. Desde cedo, apelou-se ao medo, quase sempre com boa intenção; mas a própria sabedoria popular sabe, há muito tempo, que ele é mau conselheiro e que a pastoral do medo conduz necessariamente ao fracasso. De qualquer modo, no entanto, calar sem mais nem menos não é sadio. O nome continua aí; e onde está o nome, rápido pode-se evocar o fantasma e, com o fantasma, a confusão e o terror».

É com essas palavras que o teólogo espanhol Andrés Torres Queiruga apresenta o seu livro: “O queremos dizer quando dizemos inferno”, publicado no Brasil, em 1997.

Antes de tudo – afirma Queiruga –, é preciso esclarecer o caráter metafórico da linguagem bíblica sobre as realidades do “além” e, mais concretamente, sobre o inferno. Algo elementar que, felizmente, adquiriu evidência pública, mas sobre o qual convém insistir, pois são muitos os que recordam com horror as descrições literais dos tormentos dos condenados, imersos em caldeirões, com fogo, enxofre e diabos por todos os lados.

Em seguida, ele faz uma pergunta: é possível conciliar o inferno com a imagem de Deus revelada por Jesus? Um Pai que cria por amor e só pensa em nossa salvação; que perdoa a todos de maneira incondicional e está interessado unicamente na vida do pecador; que não quer o mal – nem sequer o permite –, mas que, colocando-se do nosso lado, luta incansavelmente contra ele; e que, como o pai da parábola do “filho pródigo” (Lc 15,11-32), não pensa em castigo, mas todo dia perscruta o caminho com o coração triste e cheio de esperança?!

Uma coisa é certa: não se pode falar do inferno como castigo de Deus e, menos ainda, como vingança. Caso contrário, Deus não passaria de um ser mesquinho, que pune a quem não lhe presta a devida honra; um juiz implacável, que persegue o culpado por toda a eternidade; um tirano injusto, que cria sem permissão, que não oferece alternativa senão servi-lo ou expor-se à sua ira, e que castiga falhas de criaturas fracas e limitadas com penas infinitas e eternas – numa palavra, um autêntico déspota, à imagem e semelhança do que de pior existe no ser humano…

O que é, então, o inferno para o Pe. Andrés? Uma frustração, ainda que limitada e parcial, do projeto de um Pai que «quer que todos os homens se salvem» (1Tm 2,4). Uma “dor” para Deus, por uma “perda” que acompanhará definitivamente as suas criaturas. Algo que ele “não pode” evitar, não por incapacidade própria, mas pelas limitações do ser humano, sobretudo em relação à liberdade. Uma liberdade que Deus quer e apoia como o bem mais precioso que doou a seus filhos, mas que, sendo finita, está exposta a falhas e ao fracasso moral.

Conjugando essas duas verdades – um Deus que tudo faz para salvar e uma liberdade que é inclinada ao mal –, e reinterpretando a doutrina da “restauração de todas as coisas em Cristo” assim como foi vista por Orígenes, Queiruga julga que Deus salva tudo quanto pode, tudo quanto a liberdade humana permite, até o menor resquício de bondade que existe na pessoa humana. Na ressurreição final, quando «Deus será tudo em todos» (1Cor 15,28), cada um de seus filhos participará da felicidade eterna, mas em grau diferente, de acordo com a sua capacidade, «assim como as estrelas se distinguem no brilho uma da outra» (1Cor 15,41).

Desta forma – explica o Pe. Andrés – «salvar-se-á o bem que está em cada um e se perderá, aniquilando-se, o mal». Talvez prevendo a reação de quem visse em sua argumentação a eliminação pura e simples do inferno – e, por isso, uma heresia –, ele lembra que a Igreja sempre contou com santos e teólogos que não pensaram diferente. Entre eles, Santo Ambrósio, para quem «a mesma pessoa em parte se salva e em parte se condena», e Hans Urs von Balthasar, que afirmava: «Cada pecador escutará ambas as palavras: “Afaste-se de mim para o fogo eterno!” e “Venha, bendito de meu Pai!”».

Em seu último livro “Repensar o Mal”, publicado em 2010, talvez para evitar mal-entendidos, Queiruga julgou necessário voltar ao assunto: «Esta interpretação do inferno constitui uma hipótese, que não pode pretender ser convincente para todos; contudo, ela se move dentro dos parâmetros de um legítimo pluralismo teológico».