O novo livro de Antonio Socci, “O Segredo de Bento”, já é um sucesso editorial.

Por Campari e de Maistre, 22 de novembro de 2018 | Tradução: FratresInUnum.com: Não tem o que dizer! Antonio Socci, mais uma vez, soube captar a tendência. Bastou que se publicasse um link na sua página, relativo ao seu novo livro “O segredo de Bento XVI – Porque ele ainda é Papa”, para acabar no topo dos mais vendidos da Amazon, onde, no momento em que escrevo, está como o 20º livro mais vendido e obviamente o 1º na da sub-categoria dos livros religiosos. Isso quer dizer que, em pouco mais de 24h, foram compradas dezenas de milhares de cópias.

O problema é que o livro ainda nem foi publicado. Estará disponível em 27 de novembro. Portanto, foi comprado “na confiança”.

Mais uma vez, o grande público está bastante interessado pela hipótese de que Bento XVI seja ainda o Papa e os fiéis continuam a se perguntar o porquê da renúncia e quais seriam as consequências teológicas daquela escolha. Dificilmente, dizemo-lo a quem já está sugestionado, torcendo o nariz e gritando contra as “viúvas ratzingerianas”, ninguém aqui está querendo recolocar no trono o papa emérito… Mas entender o que aconteceu há cinco anos, isso queremos sim.

Veremos se o livro é apenas um blockbuster bem sucedido ou se explicará algo de novo.

Reportamos, neste meio tempo, a sinopse e o link:

O segredo de Bento XVI – Porque ainda é Papa. 

A Igreja atravessa a mais grave crise da sua história, segundo tantos observadores. Colocam-se sempre mais perguntas sobre aquilo que teria acontecido em 2013, com a surpreendente “renúncia” de Bento XVI, a sua decisão de se tornar “papa emérito” e a convivência de dois papas. Por que Bento XVI se tornou um sinal de contradição? O que estava acontecendo em nível geopolítico? Quem propunha uma revolução dentro da Igreja Católica? O papa realmente “se demitiu”? São as perguntas que Antonio Socci tenta responder através dos fatos, os gestos e as palavras de Bento XVI nestes seis anos, descobrindo, como em um apaixonante suspense, que ele ainda continua sendo o papa, e isto tem consequências ainda inexploradas. Nesta fascinante e documentada investigação, procura-se entender o que está acontecendo no Vaticano, mas sobretudo se indaga sobre a misteriosa renúncia à qual Bento XVI sentiu-se chamado, por causa da Igreja e do mundo. O autor ainda lança a hipótese de que tenham existido acontecimentos sobrenaturais na origem dessa escolha. Há que se decifrar, também, uma antiga profecia que diz respeito à Bento XVI, além de uma nova revelação que chega de Fátima, a qual não diz respeito apenas à Igreja, mas ao mundo inteiro.

Tempo de guerra e bombardeios. As mãos americanas sobre o Vaticano (e não só).

Por Antonio Socci, 18 de outubro de 2016 | Tradução: André Luiz – FratresInUnum.comÉ sempre mais evidente que o Vaticano se transformou na capelania do senhor Obama e de [Hillary] Clinton. E é infelizmente evidente que os mass media (principalmente) dão [apenas] uma versão de parte dos eventos em curso.

Exemplo hodierno. Os jornais italianos (em geral de obediência americana e de rito obamiano) hoje engrandecem o glorioso ataque a Mossul [cidade iraquiana] para libertar a cidade do ISIS. E o Corriere della Sera anuncia triunfalmente, até: “Helicópteros italianos na linha de frente”.

obama

Há apenas algumas perguntas que ninguém se põe [n.d.t.: os destaques em negrito e em caixa-alta são do autor]:

1) Por que precisamente agora, coincidentemente a vinte dias da votação das eleições presidenciais americanas? Esse movimento não terá nada a ver com o fato de que Trump há meses ataca a administração Obama/Clinton por haver deixado propagar-se organizações terroristas? Por que Obama – que está interferindo pesadamente na campanha para as eleições presidenciais – deixou Mossul por dois anos nas mãos do ISIS, permitindo que perpetrasse crimes imensos, mas três semanas antes das eleições chama a sétima cavalaria para libertar aquela mesma Mossul do ISIS? Ninguém sente cheiro de queimado e também de outras coisas?

2) Por que para libertar Mossul as milícias xiitas estão certas, enquanto para libertar Aleppo (sempre do ISIS) não?

3) Por que a mesma e idêntica operação de libertação de Mossul dos terroristas está certa se a faz o governo iraquiano e, ao contrário, é “criminosa” se a faz o governo sírio para libertar Aleppo?

4) Por que quando o governo sírio permitiu a ofensiva para libertar Aleppo leste dos terroristas, os EUA (e apoiadores) se insurgiram denunciando “crimes de guerra”, enquanto os bombardeios sobre Mossul (idênticos àqueles sobre Aleppo) são, pelo contrário, uma meritória obra de libertação? E é verdade – como acusa o governo sírio – que os americanos deixaram que os terroristas do ISIS fugissem de Mossul a fim de fazê-los ir para a Síria?

5) Por que os grandes jornais italianos como o Corriere della Sera, poucos dias atrás, no momento em que partiu a ofensiva do governo sírio, lançava manchetes do tipo “A Europa salve a sua honra impedindo o fim de Aleppo”, quando não estava em jogo senão a libertação de Aleppo? N.B.: A Europa e a Itália estão na linha de frente no ataque de hoje a Mossul, mas no Corriere vocês não lerão jamais o título “A Europa salve a sua honra impedindo o fim de Mossul”…

6) POR QUE O CAPELÃO DE OBAMA, PADRE BERGOGLIO, NOS DIAS DA OFENSIVA SÍRIA SOBRE ALEPPO SE APRESSOU A LANÇAR UM APELO PARA CESSAR AS ARMAS (EM UNÍSSONO COM A CASA BRANCA), ENQUANTO É CUIDADOSO PARA NÃO FAZÊ-LO NESTAS HORAS DURANTE A OFENSIVA SOBRE MOSSUL?

7) E POR QUE NINGUÉM NA IMPRENSA ITALIANA RECUPERA AS NOTÍCIAS DE WIKILEAKS RELATIVAS AOS PLANOS AMERICANOS SOBRE O VATICANO E SOBRE A IGREJA (OU SOBRE OS MASS MEDIA)?

8) POR QUE OS NOSSOS VATICANISTAS BERGOGLIANOS SÃO DESTA FORMA DESATENTOS E ACRÍTICOS EM RELAÇÃO AO IMPÉRIO EUA?

9) POR QUE FOI TOTALMENTE IGNORADO, SEJA PELA IMPRENSA ITALIANA, SEJA PELO VATICANO OU POR BERGOGLIO, O EXTRAORDINÁRIO E DRAMÁTICO TESTEMUNHO DO ARCEBISPO DE ALEPPO [DOM JOSEPH TOBJI, EM 04/10/2016] À COMISSÃO PARA ASSUSTOS EXTERNOS DO SENADO ITALIANO (AQUI)?

E OS INTELECTUAIS CATÓLICOS? ONDE ESTÃO AQUELES INTELECTUAIS CATÓLICOS HÁ UM TEMPO CRÍTICOS COM A TEORIA POLÍTICA E O OCIDENTALISMO?

NÃO É TRÁGICO TER-SE UM PAPA INFELIZMENTE TRANSFORMADO EM MORDOMO DA CASA BRANCA (LAICISTA E ANTICATÓLICA)?

E TUDO ISSO NÃO LANÇA UMA ESTRANHA LUZ SOBRE A MISTERIOSA DEMISSÃO DE BENTO XVI, QUE ERA UM HOMEM LIVRE E NÃO SUBMISSO AOS VALORES DE NENHUM IMPÉRIO?

Antonio Socci

Lo Straniero, 18 out. 2016.

Declarações explosivas de Dom Georg Gänswein: Existe um “ministério expandido” e Bento XVI ainda é Papa. Como é possível?

O que está por trás de tudo isso? E é isso o que ainda “impede” Bergoglio de dar o golpe definitivo que afundaria a Igreja, induzindo-a a mil ambiguidades? 

Por Antonio Socci | Tradução: FratresInUnum.com: O mistério continua e – na bandeira do Vaticano – o branco agora está sobressaindo. Na verdade, as declarações feitas ontem por Dom Georg Gäenswein,  sobre o “status” de Bento XVI e Francisco, são perturbadoras (Dom Georg é secretário de um e prefeito da Casa Pontifícia do outro).

dom-georgA essa altura, não dá para entender mais o que aconteceu no Vaticano em fevereiro de 2013 e o que está acontecendo hoje.

Antes de ver essas declarações, vou resumir a história que colocou a Igreja em uma situação jamais vista.

ESTRANHA RENÚNCIA

Depois de anos de ataques duríssimos, no dia 11 de fevereiro de 2013 Bento XVI anunciou sua clamorosa “renúncia”, sobre a qual as verdadeiras razões são ainda motivo de muitas perguntas legítimas (pois ele deu início ao seu pontificado com uma frase retumbante: “Ore por mim, para que eu não fuja para medo dos lobos”).

Além disso, depois de três anos e meio de renúncia, ficou claro que não haviam problemas de saúde iminentes, nem de lucidez.

Sua “renúncia” foi formalizada com uma “Declaração Final”, em um latim um pouco “frágil” (não escrito por ele) e sem fazer referência- como seria óbvio – ao cânon do Código de Direito Canônico que regula a própria renúncia do Papado.

Um descuido? Uma escolha? Não sabemos. Em qualquer caso, a renúncia ao papado não era uma novidade absoluta. Houve outras, em dois mil anos, embora muito raras. O que nunca existiu foi um “papa emérito” porque todos aqueles que saíram regressaram ao seu status precedente.

Em vez disso, Bento, cerca de dez dias depois da renúncia, e antes do início da sede vacante, fez saber – desmentindo até mesmo o porta-voz – de que ele se tornaria “papa emérito” e permaneceria no Vaticano.

UM ESCRITO CONFIDENCIAL? 

Tal escolha inédita não foi acompanhada por um ato que definisse e formalizasse  o “papado emérito” do ponto de vista do direito canônico e teológico.

E isso é muito estranho. Assim, permaneceu como indefinida uma situação delicadíssima e perturbadora. A menos que haja alguma coisa escrita, que, no entanto, permaneceu confidencial …

De resto, de acordo com os especialistas,  a figura do “papado emérito” não tem nada a ver com os bispos aposentados, criados após o Concílio, uma vez que o episcopado é o terceiro grau do sacramento da Ordem, e – quando um bispo de 75 anos renuncia à jurisdição sobre uma diocese – permanece para sempre como bispo (a Igreja codificou precisamente, em um ato oficial, todas as prerrogativas do Episcopado emérito).

O papado, por sua vez, não é um quarto grau no sacramento da Ordem e os canonistas sempre defenderam que, ao renunciá-lo, o seu sujeito poderia apenas voltar a ser bispo. (assim tem sido há dois mil anos).

Em vez disso, Papa Ratzinger – refinado homem de doutrina – se tornou  “papa emérito” e preservou o nome de Bento XVI do qual se segue o título de “Santo Padre” e até mesmo a insígnia papal no emblema (algo que surpreendeu, porque os símbolos são muito importantes no Vaticano) .

E tudo isso não por vaidade pessoal, pois Ratzinger é famoso pelo oposto: ele sempre viveu o cargo como um fardo e fez todo o possível para não ser eleito papa.

A questão, portanto, que rola há três anos, no Palácio do Vaticano, é esta: se demitiu ou realmente – por razões desconhecidas — ainda é Papa, mesmo que de uma forma nova?

Alimentando o mistério, há também o discurso de despedida que ele fez na audiência, em 27 de fevereiro de 2013, em que – recordando o seu “sim” na “eleição em 2005 – disse que era “para sempre ” e explicou:

“O ‘sempre’ também é um “para sempre”- já não há um retorno ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não o revoga. “

Eram palavras que deveriam colocar todos a questionar o que estava havendo (se tratava de uma renúncia unicamente ao “exercício ativo” do ministério petrino? Era plausível?).

Mas, naquele período de fevereiro a março de 2013, todos evitaram perguntar ao papa o porquê de sua renúncia, o sentido daquelas palavras de 27 de Fevereiro e a definição do cargo de “papa emérito”.

DOIS PAPAS?

O mesmo Papa Francisco – eleito no dia 13 de março de 2013 – encontrou-se em uma nova situação que, em seguida, ajudou a tornar ainda mais enigmática, desde que na noite da sua eleição, apareceu no balcão da Basílica de São Pedro, sem vestes papais e definindo-se seis vezes como “Bispo de Roma”, mas nunca como Papa (além do mais, não usou o pálio – símbolo coroação papal – no brasão de armas).

Como se não bastasse, o próprio Francisco continua a chamar Joseph Ratzinger de “Sua Santidade Bento XVI”

Em suma,  havia um papa reinante que não se definia como papa, mas bispo, e que chamava papa aquele que – de acordo com a oficialidade – já não era mais papa, mas havia voltado a ser bispo. Um emaranhado incompreensível.

A Igreja, pela primeira vez na história, se encontrava com dois papas: e quem disse isso foi o próprio Bergoglio, em julho de 2013, em um vôo do Brasil que o trouxe de volta para a Itália.

Mais tarde, alguém deve tê-lo explicado que – pela constituição divina da Igreja – não pode haver dois papas simultaneamente e, então, ele passou a explicar  em ocasiões posteriores, sua analogia com os “bispos eméritos”. Mas, ele mesmo sabe que não há nenhuma analogia, pelas razões que eu mencionei acima, e porque não há nenhum ato formal de criação do “papado emérito”.

HIPÓTESES

Alguns canonistas tentaram decifrar – do ponto de vista legal e teológico – a nova e inédita situação.

Stefano Violi, estudando a declaração do Papa Bento, conclui:

“(Bento XVI) renuncia ao” ministerium”. Não ao Papado, de acordo com o texto da regra de Bonifácio VIII; não ao “munus”segundo o que consta no canon 332 § 2, mas ao ‘ministerium”, ou como ele deixou especificado em sua última audiência, exercício ativo do ministério…”.

Violi então continua:

“O serviço na Igreja continua com o mesmo amor e a mesma dedicação, mesmo fora do exercício do poder. Objeto de renuncia, irrevogável, é de fato o “executio Muneris” mediante a ação e a palavra (agendo et loquendo), não o “munus” que lhe foi confiado de uma vez por todas”.

As consequências de tal fato, no entanto, seriam perturbadoras.

Um outra canonista, Valerio Gigliotti, escreveu que a situação de Bento XVI abre uma nova fase, que define “místico-pastoral”, uma “nova configuração da instituição do papado que está atualmente à mercê de uma reflexão canônica”. Isso também é perturbador.

A BOMBA DE DOM GEORG

Então ontem, Dom Gaenswein, durante a apresentação de um livro sobre Bento XVI, explicou que seu pontificado deve ser lido a partir de sua batalha contra a “ditadura do relativismo”.

Depois ele disse literalmente:

“Desde a eleição de seu sucessor, Papa Francisco –  no dia 13 de março de 2013 -, não há, portanto, dois Papas, mas na verdade um ministério expandido com um membro ativo e um outro contemplativo. Por este motivo, Bento não renunciou nem ao seu nome e nem à sua batina branca. Por isso, o título próprio pelo qual devemos nos dirigir a ele ainda é “santidade”. Além disso, ele não se retirou para um mosteiro isolado, mas continua dentro do Vaticano, como se tivesse apenas se afastado de lado para dar espaço para seu sucessor e para uma nova etapa na história do Papado que ele, com esse passo, enriqueceu com a centralidade da oração e da compaixão feitas nos jardins do Vaticano”.

Trata-se de declarações explosivas, cujo significado dá muito o que entender. Quer dizer que, de fato, desde o dia 13 de março de 2013, há “um ministério (petrino) expandido com um membro ativo e outro contemplativo”?

E dizer que Bento XVI “apenas” (enfatizo o “apenas”) deu um passo para o lado para dar espaço ao Sucessor? Chegam mesmo a falar de “uma nova etapa na história do Papado”.

E tudo isso – diz Gaenswein – faz entender por que Bento XVI “não desistiu de seu título e nem da batina branca” e por que o título pelo qual devemos nos dirigir a ele ainda é “Santidade”.

Uma coisa é certa: é uma situação anormal e misteriosa. E há algo importante que não estão dizendo…

Antonio Socci

“Libero”, 22 de maio de 2016

Bergoglio contra Jesus: o Papa que se acha melhor do que Nosso Salvador.

Por Antonio Socci, 10 de abril de 2016 | Tradução: FratresInUnum.comE não é que tinha razão o Cardeal Kasper, que há um mês anunciou a “grande revolução”? Com a Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” será que Bergoglio derruba o Magistério da Igreja, colocando-se acima das palavras de Cristo e dos Mandamentos de Deus?

A palavra é não, ele diz que não muda a doutrina. Mas, na verdade, hoje deu abertura a algo que até agora a Sagrada Escritura e a Igreja sempre proibiram.

A operação “dupla verdade” está embutida na ambiguidade dos discursos esfumaçados e enganosos. Por quê? Será que é para camuflar a “revolução”, já que não é permitido na Igreja derrubar a lei de Deus?

Sim, mas antes de tudo por uma questão de prudente gradualismo: é a estratégia da rã cozida que está sendo aplicada na Igreja.  Sabemos que se jogarmos uma rã numa panela de água fervente ela irá saltar fora. Mas se, ao invés, colocamos a rã em uma panela de água morna que aos poucos vai se esquentando, no fim ela acabará cozida sem perceber.

Assim, nos últimos meses, estamos assistindo a uma contínua demolição da doutrina católica. Todos os dias um golpe diferente. No final, a Igreja será empurrada a se dissolver em uma espécie de ONU das religiões com um toque de Greenpeace e CGIL.

De resto – repito – foi o próprio cardeal Kasper que falou sobre “primeiro passo” da “revolução” e Kasper é aquele que, em fevereiro de 2014, no Consistório, foi usado por Bergoglio para lançar a “bomba” da comunhão para divorciados novamente casados. 

FORA DO CAMINHO 

Esta “revolução” ocorre principalmente mediante a supressão da noção de “pecado mortal”. Algo que o próprio Cardeal Muller já havia alertado:

“O maior escândalo que pode dar a Igreja não é o fato de que dentro dela existam pecadores, mas que deixe de chamar pelo nome a diferença entre o bem e o mal e passe a relativá-la, que pare de explicar o que é o pecado ou finja justificá-lo em nome de uma alegada maior proximidade e misericórdia para com o pecador”.

João Paulo II já havia explicado que alertar sobre a gravidade do pecado e do risco de condenação eterna é a maior caridade materna por parte da Igreja.

Essa deveria ser a tarefa fundamental do papa: o mandato de Jesus Cristo a Pedro é “confirmar na fé” os irmãos, e não confundi-los, desestabilizá-los e desviá-los.

Mas na era de Bergoglio não é assim. O mesmo Cardeal Muller, guardião da fé, disse a um jornalista do Die Zeit, há três meses, que não considerava Bergoglio um papa herético, mas acrescentou: “Algo completamente diferente é quando um ensinamento de fé apresentado oficialmente seja talvez expresso de uma maneira lamentável, enganosa ou vaga”.

Considerando o papel desempenhado pelo cardeal, estas palavras parecem-me muito duras. Porque ser “desviante” significa levar para fora do caminho. E será que é admissível um papa desviante?

Além disso, a Exortação demonstra que esta ambiguidade desviante não é um acidente involuntário, mas uma estratégia deliberada e precisa. Tanto é assim, que desde ontem explodiu para todos os lados uma mistura violenta de interpretações da Exortação, devido à nebulosidade do texto e suas gritantes contradições.

DUPLA VERDADE 

A confusão, portanto, é alimentada pelo próprio papa Bergoglio que tem o dever – de acordo com o Evangelho – de falar com absoluta clareza: “que o vosso falar”, Jesus ordena: “seja sim (em caso afirmativo) ou não (se é não). Mais do que isso, vem do Maligno “(Mt 05, 37).

Em vez disso, hoje, o duplo binário e a dupla verdade são evidentes porque o partido bergogliano, para os de dentro de casa, tenta tranquilizar afirmando que nada muda (então por que causar esse terremoto dentro da Igreja nos últimos dois anos e soltar agora esse documento de 260 páginas?), enquanto para os de fora soa a fanfarra anunciando uma reviravolta épica. Não é sem motivo que todos os jornais seculares ultrabergoglianos comemoram com manchetes como: “Sínodo, as aberturas de papa Francisco: Comunhão possível para divorciados novamente casados” (Repubblica.it); “Sacramentos para os recasados. O Papa abre” (Corriere.it).

Por que Bergoglio não nomeia então padre Lombardi para desmentir essa interpretação dos jornais, uma vez que sempre o manda correndo para negar os boatos banais sobre a sua saúde física? Será que não é mais importante defender a fé contra possíveis falsas declarações do que desmentir problemas de saúde?

Um exemplo perfeito dessa ambiguidade proposital foi a constrangedora conferência de imprensa para apresentar a exortação, conduzida pelo Cardeal Schonborn, que ficou pisando em ovos pelo menos por duas horas.

É a dupla verdade que domina hoje no Vaticano.

DESPREZÍVEL

Aqui está um exemplo impressionante no texto da Exortação. Para ser capaz de afirmar – em palavras – que não muda nada na doutrina, Bergoglio deveria recordar de alguma forma em que condição até agora a Igreja permitiu aos recasados de se aproximarem da comunhão, ou seja, sob a condição de que eles vivam “como irmão e irmã.”

Essa foi a passagem decisiva da “Familiaris Consortio” de João Paulo II que deveria  ser central na Exortação de Bergoglio, se ela estivesse em continuidade com o Magistério de sempre.

Mas esta regra, Bergoglio nem sequer menciona no texto, prefere relegá-la a uma nota de rodapé, no No. 329, e logo depois acaba por demoli-la de vez, ao dizer que sem uma certa “intimidade” acabaria comprometida  a “fidelidade”.

O que demonstra que para Bergoglio não há mais diferença entre famílias e casais irregulares. Aliás, na verdade, não existem mais situações “irregulares” e “não se pode dizer”  que se trata em si mesmo de “pecado mortal”. Este é o ponto decisivo.

De fato, ainda que não se diga explicitamente que esses casais podem ser admitidos à comunhão sacramental, dá a entender que esta pode ser concedida “caso a caso”. 

LIQUIDAÇÃO DA IGREJA

Comprovadamente, a exortação contradiz a letra e o espírito do decreto sobre a justificação do Concílio de Trento, a Constituição dogmática Lumen Gentium (Vaticano II) e a encíclica sobre moral de João Paulo II, Veritatis Splendor.

Na verdade, ela não coloca como um bem absoluto a ser preservado o fato de estar na graça de Deus e, portanto, a salvação das almas (lei suprema da Igreja), mas sim considerações sociais, sociológicas e sentimentais, iludindo e enganando seriamente os fiéis sobre a sua situação perante Deus, colocando em grave perigo a salvação de suas almas.

Bergoglio evita falar da “lei moral” que a Igreja compilou por séculos em dogmas e regras canônicas ou, quando o faz, apresenta-os com desprezo como algo “abstrato” que não pode ser aplicado a situações “concretas”.

Ele chega ao ponto de desafiar o próprio Jesus em seu confronto com os fariseus sobre a questão do divórcio (Mt 19, 3-12). Com efeito, Bergoglio sustenta que não se deve apresentar “um ideal teológico do matrimônio demasiado abstrato, quase artificialmente construído, muito longe da situação real e das reais possibilidades da família como ela é” (36).

Seria uma “idealização excessiva”. Pior ainda: “não se deve jogar sobre duas pessoas limitadas o enorme fardo de ter que reproduzir de modo perfeito a união que existe entre Cristo e sua Igreja” (122).

Em compensação, Bergoglio institui novos pecados graves: o pecado  dos chamados “rigoristas”, culpados de recordar a lei de Deus. Mais especialmente, aqueles que não compartilham suas visões políticas sobre questões sociais.

No n. 186,  Bergoglio, finalmente, recorda a passagem de São Paulo, que impõe receber “dignamente o Corpo de Cristo”, caso contrário se “come e bebe a própria condenação”. Mas, para explicar o que significa “de modo digno” não diz “na graça de Deus” (como a Igreja sempre ensinou).

Não adverte casais em um estado de “pecado mortal”, mas sim aquelas “famílias que se fecham em seu próprio comodismo… que permanecem indiferentes ao sofrimento das famílias pobres e mais necessitadas”.

Os pecados morais são assim desclassificados, enquanto em contrapartida, Bergoglio institui os pecados sociais (ou socialistas). Portanto, para o bom entendedor, deveriam se abster de receber a Eucaristia todos aqueles que não compartilham de seus pontos de vista sobre a imigração.

Antonio Socci

Libero, 10 de abril de 2016

Dia da Família – Bastidores desconcertantes.

É possível que o Vaticano tenha chegado a esse ponto? 

Por Antonio Socci | Tradução: Gercione Lima – FratresInUnum.com: Como muitos já perceberam, eu não posso ser contado entre os fãs do Papa Bergoglio, no entanto, por uma esperança incurável, nunca desisto de esperar que qualquer surpresa agradável desminta minha opinião negativa. Até agora continuo pontualmente decepcionado.

12642742_1188265427852137_9116043699412535548_nSábado de manhã, argumentando com os amigos, eu dizia, se não por causa da paternidade, se não por causa dos ideais em comum, ou quem sabe pela esperteza política (que em Bergoglio nunca falha), eu esperava que o papa pelo menos desse um sinal.

No fundo, para esse povo composto por pessoas boas e corajosas bastaria apenas uma pequena mensagem e eles o teriam hosanado e enchido de aplausos filiais.

E de pensar que Bergoglio chegou a discursar para o Centro Social Leoncavallo e abençoou aqueles ativistas políticos, instando-os a continuar a luta! Pensei, então, que ele poderia dirigir pelo menos um cumprimento ou uma bênção para o povo do Dia da Família, que basicamente seria o seu povo católico.

Digo,  não falar diretamente, em pessoa, como fez com os centros sociais, mas pelo menos duas linhas de saudação por escrito. Se por nenhuma outra razão, pelo menos para não deixar transparecer com tanta evidência uma eventual hostilidade, o que seria objetivamente constrangedor e vergonhoso.

Nada a fazer. No dia 30 de janeiro, o Osservatore Romano saiu sem ter na primeira página sequer uma linha mencionando o dia da família.

Pela parte da manhã, Bergoglio fez a audiência do jubileu, sem o menor aceno àquele imenso povo cristão que estava se reunindo no Circo Massimo.

Nem um bilhete com saudações escritas e, durante o evento, nem sequer um daqueles seus telefonemas que normalmente faz ao amigo Scalfari e até mesmo Pannella.

Nos perguntamos entre amigos: é possível que um papa tenha essa hostilidade toda pelas famílias católicas, que com tantos sacrifícios testemunham a verdade, a ponto de nem sequer conseguir disfarçar?

Talvez ele esteja ressentido pelo fato de que a Igreja italiana – que ele vem tratando durante os três últimos anos com desdém – manifeste esta grande vivacidade popular que seguramente não têm as igrejas que aplicam as suas teorias. Será que ele está com raiva porque um tal Dia da Família pulveriza todo aquele seu discurso de censura à Igreja italiana, realizado em Florença?

Mas, será possível que ele não consiga sequer dissimular o rancor pelos filhos fiéis que frequentemente dão provas de verdadeiro heroísmo na vida cotidiana e não esperam mais nada dele, do que a paternidade?

Será possível que sinta um mal estar pessoal por um evento que João Paulo II e Bento XVI teriam coberto de louvores e bênçãos? Como podemos explicar tal comportamento? Por que ele é tão frio e hostil?

Confesso que – embora tenha manifestado antes muitas críticas à obra de Bergoglio – jamais cheguei ao ponto de temer que ele poderia ter essa hostilidade toda por nós católicos, sempre fiéis ao Magistério da Igreja.

Digo isso com a dor e inquietação. Mas este sentimento preciso me sobreveio quando chegou ao meu conhecimento um fato que até agora muitos desconheciam e que, infelizmente, nos permite compreender muitas coisas.

Como vocês sabem, na Basílica de São Pedro, toda manhã, são celebradas diversas missas que muitos grupos reservam com antecedência. Assim, nos dias que precederam o evento, um grupo de pessoas que estava vindo para o Dia da Família tinha reservado uma Missa às 7h no sábado de manhã. Tudo bem, tudo normal, como sempre.

Mas, no último instante, veio uma comunicação desconcertante: todas as missas estavam canceladas.

O pedido insistente de esclarecimento ao final foi respondido – segundo o que me referiram –: o motivo era que àqueles que iriam participar no “Dia da Família” não foi considerado oportuno permitir celebrar a missa…

Chegamos então a esse ponto. Acho que qualquer comentário é desnecessário. Este seria o Vaticano de hoje? Onde está a paternidade? Que tipo de pai Católico é esse que para punir os filhos (réus de viver sua fé com coragem e generosidade) chega a privá-los da Santa Missa?

Como é possível chegar ao ponto de consumar vinganças tão tolas e mesquinhas? Então seria esta a era da “misericórdia”?

Há algo urgente a fazer: orar por aqueles que hoje deveriam fazer as vezes de pastores do rebanho, por aqueles que deveriam ser “pastores”… Rezar hoje mais do que nunca. Realmente, rezar com todo o coração por nossa pobre Igreja.

Antonio Socci

Caro Papa, mas por que o senhor homenageia os tiranos e humilha os perseguidos?

Por Antonio Socci, 22 de Setembro de 2015 | Tradução: Gercione Lima –  FratresInUnum.comOs irmãos Castro — uma dinastia comunista – mantêm sob o calcanhar o povo cubano há quase sessenta anos e sem nenhum escrúpulo para que esse regime sobrevivesse, mesmo depois do naufrágio da URSS.

E, de fato, nesses últimos dias eles o demonstraram bem. Com o tácito consentimento do Vaticano de Bergoglio, transformaram a missa do papa argentino desse último domingo em uma manifestação do Partido Comunista Cubano.

Não só pelo pôster gigante de Che Guevara que colocaram sobre o altar (não ousaram fazê-lo com Bento XVI e nem com João Paulo II, que os fez colocar um grande ícone de Cristo) como também pelo fato de que houve uma verdadeira convocação oficial dos membros e militantes do partido para a missa na Praça da Revolução em Havana, como se fosse um dos comícios de Castro.

Assim escreve Alver Metalli, jornalista bergogliano e amigo pessoal do bispo de Roma: “O Partido Comunista de Cuba convocou seus membros para assistir à missa papal na Praça da Revolução em Havana, a missa de Holguín, a missa no Santuário da Virgem de la Caridad del Cobre e a Missa em Santiago de Cuba antes da despedida de Francisco da ilha”.

Certamente não foi assim que ocorreu com João Paulo II em 1998 e nem com Bento XVI em 2012.

No entanto, “desta vez”, escreve Metalli “o convite foi explícito e imperativo”, para que “os comunistas leais à linha do partido … manifestassem com calor a sua aprovação.”

A única que foi capaz de se eximir – graças a seu sobrenome – foi mesmo a filha de Che Guevara, vetero-comunista pura e dura, que não se comoveu nem um pouco com o fato do retrato do pai ter sido colocado no lugar de Jesus Cristo.

Aleida Guevara, militante comunista ultra-ortodoxa, declarou à agência France Press: “O PCC pede aos militantes para irem à missa, para ir receber o Papa Francisco quase como se fosse um dever do Partido. Algo com o qual eu não concordo de modo algum”.

Mas se os camaradas dirigentes tomaram a decisão de “arrebanhar” os militantes para a missa como se fosse para um comício, isso se deu por uma razão bem clara: eles sabiam que da parte do Papa Bergoglio nada tinham a temer.

 

PAPAS CATÓLICOS 

No entanto, não foi assim com João Paulo II, que de fato em Havana, no dia 25 de janeiro de 1998, trovejou: “Alguns desses sistemas tiveram a pretensão de reduzir a religião à esfera meramente privada, despojando-a de qualquer influência ou importância social. Neste sentido, vale lembrar que um Estado moderno não pode fazer do ateísmo ou da religião um dos seus sistemas políticos”(princípio que se aplica tanto aos estados comunistas, como para os islâmicos).

Também com Bento XVI, em 2012, o Partido Comunista Cubano sabia que tinha o que temer. De fato, já em sua chegada disse, “quando Deus é expulso, o mundo se torna um lugar inóspito para os seres humanos”.

E sua homilia na Praça da Revolução foi inspirada na primeira leitura, onde “os três jovens, perseguidos pelo governante da Babilônia, preferiram enfrentar a morte na fornalha, do que trair a sua consciência e sua fé … na convicção de que o Senhor do Cosmos e da história não iria abandoná-los à morte e ao nada. Na verdade, Deus nunca abandona os seus filhos”.

Depois, comentando o Evangelho, ele lembrou que “a verdade nos liberta” e concluiu: “não hesitem em seguir Jesus Cristo.”

Mas estes eram os papas “do Deus Católico”. Em vez disso, Bergoglio, o Papa de um Deus que – segundo diz ele – “não é católico”, poderia ter, de acordo com Castro, uma platéia de militantes do partido. De fato, ele não disse absolutamente nada que fosse inconveniente para a ditadura cubana.

Pelo contrário, ao longo de sua homilia, ecoou temas da retórica comunista como fraternidade e servir os excluídos.

APLAUSOS DO REGIME

Não houve uma só palavra que poderia incomodar o regime. Os jornais italianos até tentaram fazer referência a uma piada dita durante a  homilia como uma crítica vaga, mas que não passou de um mal-entendido retumbante.

Vejamos: segundo o Corriere della Sera, o papa em sua homilia “, adverte contra as ideologias”. A manchete de La Repubblica diz : “servir o povo e não às ideologias”. Na primeira página de La Stampa, se lia: “Nós servimos o povo e não  as ideologias”. E no IL Giornale se dizia ainda pior: ” As ideologias não servem.” E em Il Fatto: “Digamos basta às ideologias”.

Se naquela homilia Bergoglio tivesse dito estas coisas, ainda assim teria manifestado um conceito perfeitamente aceitável para um marxista, já que foi o próprio Marx que propôs destruir o conceito de “ideologia” por considerá-la “falsa consciência” e por sustentar – em sua obra “A ideologia Alemã “- que não se parte de idéias, mas de homens vivos. “Se parte de homens realmente vivos e atuantes e com base no processo real de suas vidas “. Ele defendia que, por isso mesmo a

“moral, a religião e a metafísica” são formas ideológicas.

Por outro lado, Bergoglio não disse o que os jornais lhe atribuem. O que ele fez foi uma exaltação do ativismo solidário que para qualquer militante do Partido Comunista Cubano soou apenas como uma confirmação, e não como uma contestação.

Na verdade, ele convidou-os a por “ao centro a questão do irmão: o serviço olha sempre o rosto do irmão (…) e visa a promoção do irmão. Por esta razão, o serviço nunca é ideológico, já que busca servir não à idéias, mas a pessoas “.

Para o Partido tal conceito é muito bom: é quase uma canonização da militância socialista. Como se vê, não há nenhum ataque ao regime e ao marxismo.

Teria sido diferente se Bergoglio tivesse falado de “servir a Deus”, mas nem sequer mencionou isso. Nem tampouco advertiu contra  “servir o partido.” Nada disso. De Bergoglio não se ouviu sequer menção em defesa dos direitos humanos (também atropelados durante a visita papal com vários aprisionamentos). Não se viu também o Bergoglio indignado do discurso de Lampedusa, nem o Bergoglio que durante meses trovejou contra o capitalismo como “a economia que mata.”

Aparentemente, o comunismo não mata. Sobre o Comunismo cubano (e outros), ou sobre seus desastres econômicos e humanos nenhuma denúncia. Absolutamente nada. Mas será que temos mesmo a certeza de que o comunismo não mata?

Talvez o comunismo faz tudo isso sem que Bergoglio o saiba. O papa argentino seria o único em todo o planeta que não foi informado sobre nada disso.

HOMENAGEM AOS PERSEGUIDORES

Mesmo o magistério dos gestos confirma aquele das palavras. Tomemos por exemplo o encontro de Fidel Castro com João Paulo II, que obteve preventivamente a libertação de centenas de prisioneiros. Castro recebeu o pontífice aos pés da escada do avião, onde o tirano teve que renunciar às divisas militares e vestir-se apenas de terno e gravata para a ocasião.

Bento XVI, que visitou Cuba em 2012  também foi com uma lista dos perseguidos a serem libertados e recebeu Castro na Nunciatura Apostólica em Havana como um sinal de respeito para com os fiéis oprimidos por meio século e para que não desse a impressão de que o Vigário de Cristo estava prestando uma homenagem ao tirano.

Bergoglio por sua vez, se dirigiu à residência de Fidel e ali o encontrou: o Papa foi recebido por Castro, não o contrário. Uma homenagem ao ditador.

E HUMILHA OS PERSEGUIDOS

Com os jóvens, logo em seguida, Bergoglio foi verdadeiramente constrangedor. Ele mencionou Jesus Cristo só ao final de um longo discurso, e mesmo assim marginalmente, depois de toneladas de retórica vazia sobre sonhos e sonhar, sobre a “fofoca” e contra “o deus do dinheiro”.

Mas, acima de tudo, Bergoglio – ao falar aos jovens católicos que sofrem a opressão do regime – ao invés de confortá-los e elogiar aqueles que heroicamente testemunham sua fé sob a ditadura, fez o oposto: ele atacou os católicos que – segundo ele – se fecham “em uma  camarilha de palavras, de orações, “eu sou o bom, você é mau “e de prescrições morais”.

Ou seja, ele atacou os católicos de verdade, já perseguidos pelo regime. E depois os convidou à “cultura do encontro”, elogiando aqueles que colaboram com o “camarada comunista ” ou de outra religião “, trabalhando juntos para o bem comum”. Porque “a inimizade social, destrói”.

Na prática, um convite para que se rendam ao regime.

O heroísmo dos mártires cristãos e as misérias do Vaticano.

Que o Papa faça evacuar os 300 cristãos de Trípoli, juntamente com seu bispo, para salvá-los do massacre

Por Antonio Socci (18.02.2015) | Tradução: Fratres in Unum.com – É preciso olhar de frente aqueles 21 jovens cristãos que, na Líbia, sofreram o martírio por não renegarem Cristo, e que antes de serem degolados pelo ISIS – segundo a leitura labial que foi feita – clamaram continuamente o nome de Jesus. Como os antigos mártires.

O NOME DE JESUS

O bispo deles disse:“Aquele nome sussurrado no último instante foi como que o selo do seu martírio”. Os cristãos coptas são gente forte, temperada por quatorze séculos de perseguição islâmica. São herdeiros daquele Santo Atanásio de Alexandria que salvou a verdadeira fé católica da heresia ariana, na qual tinha caído a maior parte dos bispos. São cristãos rijos, não uns invertebrados, como nós, católicos tíbios do Ocidente.

Eis aqui a verdadeira força: não aquela de quem odeia e mata os inermes (também as crianças), e crucifica quem tem uma fé diferente, e violenta as mulheres, desfraldando a bandeira negra e escondendo o próprio rosto.

A verdadeira força é a dos inermes que aceitam até o martírio para não renegarem a própria dignidade, isto é, a sua fé, para testemunharem a maravilha do “Belo Amor”, como diz uma antiga definição do Filho de Deus.

Um grande testemunho. Estes são os verdadeiros mártires: os cristãos. Não aqueles que massacram os inocentes inertes.

E esta é a glória dos cristãos: seguir um Deus que salvou o mundo fazendo-se matar e não matando os outros, como fazem todos os déspotas, agitadores e ideólogos (ou revolucionários) deste mundo, que são aclamados nos livros de história.

A LIÇÃO

Uma grande lição para um Ocidente embriagado do “politicamente correto”, que, como o desastroso Obama, se auto-impôs nem sequer pronunciar a palavra“islã” e “muçulmanos” quando fala dos massacres destes meses, desde o Norte do Iraque até Paris e Líbia. Um Ocidente nihilista, que se envergonha de suas raízes cristãs e não perde nenhuma ocasião para as cobrir de desprezo.

É uma dolorosa lição, enfim, sobretudo para a Igreja. Para uma Igreja que não testemunha mais o fogo ardente da fé.

Para a Igreja de Bergoglio que, enquanto existem homens e mulheres que dão a vida por Cristo, define como “uma solene besteira” o anúncio cristão e o proselitismo; para aquela Igreja de Bergoglio que, enquanto os cristãos são perseguidos e massacrados em todo o mundo muçulmano, faz um ato de adoração numa Mesquita, que vai atrás da ideologia obamiana dominante, evitando cuidadosamente pronunciar a palavra “Islã”, a não ser para louvá-lo (a propósito, o seu porta-voz em Buenos Aires atacou Bento XVI por causa de seu discurso em Ratisbona, sobre o Islã).

E sobretudo para aquele Papa Bergoglio que diz que a grande emergência atual da Igreja não é a fé, mas o meio-ambiente, e, depois, a acolhida aos novos tipos de casal e a comunhão para os divorciados recasados. Parece com o filme de Benigni, onde se dizia que o verdadeiro, o grande problema de Palermo é… “o trânsito!”.

É tanto assim que logo mais teremos a encíclica bergogliana sobre a ecologia e sobre as vantagens da coleta seletiva de lixo, ao invés de termos um grito de amor a Deus, neste mundo sem fé e sem esperança. Teremos um apelo contra a erosão, ao invés da denúncia do ódio anticristão em todo o planeta (pelo resto, já sabemos que em sua missa de entronização falou sobre o meio-ambiente, assim como no discurso à Expo, ao invés de falar de Cristo).

É o Papa Bergoglio que recebe e comove os centros sociais, tipo Leoncavallo, mas não os cristãos que heroica e pacificamente lutam para testemunhar a salvação, sofrendo o desprezo e as acusações do mundo.

É Bergoglio que escolhe os novos cardeais baseado em sua própria ideologia pessoal (deixando ver que, se quiser, pode inclusive decidir nomear o bispo de Ancona para o cardinalato), ao invés de conceder a púrpura, sinal do martírio, àqueles bispos que, justo nestes dias, concreta e heroicamente, vivem com as suas comunidades ameaçadas e, verdadeiramente, arriscam a sua vida com elas.

SALVAR AQUELES CRISTÃOS

Este é o caso do bispo de Tripoli, D. Martinelli, o mesmo bispo que, em 2011, quase sozinho (apenas com o apoio de Bento XVI), gritava todos os dias contra a guerra [liderada pela OTAN, no contexto do que se chamou de “Primavera Árabe”, que culminou com a queda de Muammar al-Gaddafi], explicando que aquilo abriria a“Caixa de Pandora”, exatamente como aconteceu depois.

Uma tragédia que devemos agradecer aos “Prêmios Nobel da Paz”, Obama e Sarkozy.

Hoje, na Itália e no exterior, aqueles que aclamaram a guerra se fazem de desentendidos. Enquanto nestes dias a Líbia corre o risco de se tornar uma base do Isis, o Bispo Martinelli decidiu permanecer ali, expondo-se à morte:

“Vi tantas cabeças cortadas – conta – e pensei que eu também poderia acabar assim. E se Deus quiser que meu fim seja ter a cabeça cortada, assim será […]. Poder dar testemunho é uma coisa preciosa. Eu agradeço ao Senhor que me permite fazê-lo, também com o martírio. Não sei até onde vai dar este caminho. Se me levar à morte, isso quer dizer que Deus quis assim… E eu não saio daqui. Eu não tenho medo”.

Ele não quer abandonar a sua pequena comunidade, constituída por cerca de trezentos trabalhadores filipinos, que estão compreensivelmente aterrorizados. O bispo é o único italiano que ficou em Trípoli, com alguns religiosos e religiosas não italianos.

Até ontem, não recebeu nenhuma ligação do Papa Bergoglio, habitualmente muito pródigo com os telefonemas (ligou até para Pannella [jornalista italiano de extrema-esquerda], além de ligar diversas vezes ao seu amigo Scalfari). Talvez, graças à pressão midiática, vai lhe telefonar uma hora destas…

Todavia, mais que de palavras, precisamos de fatos.

Eu queria propor uma coisa ao Papa. O Vaticano, também com a ajuda do governo italiano, poderia pedir um auxílio humanitário, uma operação relâmpago de socorro aos cristãos que ficaram lá, com o seu bispo. São apenas trezentos e arriscam a sua vida pela fé. O Vaticano poderia hospedá-los e, depois, eles decidiriam se é o caso de voltar às Filipinas.

A coisa é possível. Por que não fazê-la? Esta é a minha oração ao Papa Bergoglio: que salve do massacre toda uma comunidade cristã e o seu pastor.

Esta seria, realmente, uma coisa digna da Santa Sé. Não esse clima de caça às bruxas e de apuração, que desde alguns dias circula no establishment Vaticano, contra aqueles “grandes cardeais” (Ratzinger) que, fiéis à Igreja, ousaram se opor a Kasper no Sínodo de outubro.

Seria absurdo que o Vaticano se dedicasse às purgas, enquanto os cristãos são martirizados no mundo.

Segredos do Vaticano: jornal dos Bispos Italianos “Avvenire” revela que “houve uma conspiração para forçar a renúncia de Ratzinger”.

Por Antonio Socci | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: Ontem, ficamos sabendo – nada menos a partir das páginas de “Avvenire”, o jornal da Conferência Episcopal Italiana (CEI) – algo que nem mesmo eu cheguei a escrever no meu livro “Não é Francisco”, sobre a (até agora) misteriosa “renúncia” de Bento XVI.

De fato, na página 2 do jornal da Conferência Episcopal se podia ler, na íntegra, que houve “ambientes que, pelas razões habituais de poder e opressão, traíram e conspiraram para eliminar o Papa Ratzinger, apesar de reconhecê-lo como um excelente ‘teólogo’, e o “forçaram à renúncia”.

Você leu bem. É uma notícia perturbadora. Afirma-se – sem nenhuma condicional – que existem “ambientes” que “traíram e conspiraram para eliminar o Papa Ratzinger” e até mesmo “levá-lo à renúncia.”

A este ponto se torna absolutamente obrigatório citar nomes e dizer abertamente quem são eles.

Pois isso não se trata de coisa de pouca monta. Cabe aqui ressaltar que, se tudo aconteceu exatamente assim, aquela “renúncia” é inválida porque – para ser válida, sob o direito canônico – deve ser totalmente livre de condicionamentos e restrições de qualquer tipo (e, portanto, o sucessivo conclave também teria sido inválido).

O aspecto surpreendente da controvérsia é que essas linhas estão contidas em um artigo juntamente com outro e são expressamente confirmadas pelo diretor de “Avvenire”, Marco Tarquinio, que, sobre os dois artigos, escreve que eles “oferecem pensamentos e colocam questionamentos sérios”.

Nas palavras de Tarquinio, não há o menor distanciamento da notícia – dada como algo certo – sobre a “conspiração” que levou à “renúncia” de Ratzinger.

Evidentemente que Tarquinio foi também levado pela onda de ataques a Vittorio Messori – o qual  foi o alvo direto dos dois artigos – e assim, na página 2, acabou publicando esta “bomba” com a qual querem que acreditemos, com grande descaso pelo ridículo, que os “inimigos” de Francisco são exatamente os mesmos “inimigos” de Bento XVI.

De fato, esse foi o título que “Avvenire” deu ao artigo: “Messori: Inimigos de Francisco e de Bento”.

Caso Messori

Ora, o excesso de zelo de vez em quando prega umas peças bem feias, pois até as crianças estão cansadas de saber que aqueles que boicotaram incessantemente Papa Ratzinger hoje são todos defensores ardorosos de Bergoglio.

E é o que demonstra as notícias e crônicas publicadas atualmente. Tudo isso é de uma evidência solar, não apenas no mundo católico, mas também no secular, onde, entre os partidários do Papa Bergoglio, estão na linha da frente Eugenio Scalfari e Marco Pannella. Além do mais, se é ridículo afirmar que os “inimigos” de Ratzinger são os mesmos opositores de Bergoglio, mais inaceitável ainda é insinuar que Vittorio Messori poderia ser contado entre os “inimigos” de Bento XVI. Isso é realmente uma piada.

A parceria intelectual que o liga a Ratzinger é de longa data e começa com o livro que marcou época “Rapporto sulla fede”, um livro-entrevista com o então cardeal bávaro que marcou um ponto de virada na Igreja pós-conciliar porque pôs um freio na onda de “autodemolição” progressista e modernista dos anos 70 e expôs os fundamentos da reconstrução da era Wojtyla, que é a redescoberta da fé de todos os tempos.

Esse livro, entre outras coisas, fez com que ambos, tanto o cardeal como o jornalista, se tornassem alvos dos furiosos ataques dos círculos progressistas habituais. Eis como lembrou Messori em um de seus artigos: “O ‘Rapporto sulla Fede’ saiu em 1985.  Faltavam apenas quatro anos para a queda do Muro de Berlim, mas, apesar disso, dentro da Igreja vastos setores estavam ainda vivendo uma fase de enamoramento por um comunismo que haviam descoberto com paixão, igualmente tardia. Tudo naquele livro provocou a indignação de quem se dizia ‘progressista’ (e que estava prestes a acabar na contra-mão da história). Tudo, mas antes de qualquer outra coisa, a nova definição do marxismo segundo Ratzinger: ‘Não esperança, mas a vergonha nosso tempo'”.

A associação intelectual entre Ratzinger e Messori é de uma sincera estima recíproca e, com o tempo, eu creio que se tornou também uma amizade profunda.

Se tem um intelectual que podemos indicar como um símbolo da época Ratzinger (ou seja, do renascimento e reconstrução da ortodoxia) é justamente Messori. Assim, o fato de que hoje, o jornal da Conferência Episcopal Italiana ter como alvo Messori (pela enésima vez), além do mais por meio de artigos publicados (com a covarde estratégia de jogar a pedra e esconder a mão) com esse título:”Messori: ‘inimigos’ de Francisco e Bento”, me deixa literalmente indignado.

De resto, tenho certeza que Messori não se sente e não é “inimigo” nem mesmo de Francisco, pelo qual – juntamente com alguma apreciação – se limita a expor algumas de suas perplexidades.

Nas últimas décadas, os papas (de Paulo VI a João Paulo II e Bento XVI) foram “bombardeados” sem que ninguém reclamasse. Hoje, ao invés, chegamos então a um ponto de intolerância tão forte que um grande intelectual católico como Messori é jogado na fogueira, por uma nova Inquisição ideológica, apenas por expressar suas pacatas e respeitosas “perplexidades”?

Outras revelações

Além de tudo, aquele artigo — credenciado pelo diretor de “Avvenire” – antes das linhas explosivas sobre a “conspiração”, diz outra coisa que causa surpresa ao ler no jornal da CEI: “uma pessoa simples como eu tem a nítida sensação de que há uma luta de poder em ação na igreja e em torno dela, e que o ataque contra o Papa é dirigida por freqüentadores de ‘certos salões’ (…). Temo que se trate dos mesmos ambientes que, pelas razões habituais de poder e opressão, traíram e conspiraram para eliminar o Papa Ratzinger (…) e o forçaram à renúncia.”

A este ponto, seria o caso de exigir de Tarquinio, que publicou e aprovou tal artigo, que ele nos explique finalmente que “conspiração” foi essa da qual foi vítima Papa Bento XVI, que ilustre a atual “luta de poder na Igreja” e que, finalmente, revele claramente o que são esses “salões” e seus “frequentadores”.

Esta última referência, além de vaga, é absurda. Por que os “bons salões” dos poderes mundanos – como demonstra a cada dia seus jornais e diários – são todos de fãs ardentes do Papa Bergoglio.

Provavelmente, o zelo excessivo de Tarquinio ao querer exibir para qualquer poderoso da Cúria sua oposição a Messori acabou por fazê-lo escorregar numa casca de banana.

O diabo, dizem, faz as panelas, mas não as tampas. E agora nos deparamos com um jornal da CEI que afirma claramente que Bento XVI renunciou na sequência de uma “traição” e de uma “conspiração” e que hoje, na Igreja, está em ação uma “luta de poder”. Peço que Tarquinio tente colocar uma tampa nessa panela.

Talvez ele poderia fazê-lo através da publicação de outra entrevista, como aquela de alguns dias atrás, na “Radio Radical”, onde ele teceu um diálogo amigável e promissor com os radicais (saudações!) e voltou a defender o líder radical Pannella e a repetir suas críticas injustas e incoerentes contra Messori.

Até mesmo os líderes da CEI deveriam se ocupar dessa denúncia  e dar explicações sobre a “conspiração” contra Bento XVI que o “empurrou para a renúncia”, segundo o que podemos ler em “Avvenire”.

E, no Vaticano, o padre Federico Lombardi, diretor da imprensa, o que  tem a nos dizer sobre a notícia explosiva de “Avvenire” sobre a “conspiração” que levou à “renúncia” do Papa Bento XVI?

Antonio Socci

Do “Libero” 08 de janeiro de 2015

Como é duro escapar da inquisição do exército vermelho dos bergoglianos.

Por Antonio Socci | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: A furiosa “Inquisição progressista”, que nesses últimos dias se desencadeou contra Vittorio Messori, põe à vista uma grotesca intolerância que é o retrato da temporada bergogliana.

Eis o que aconteceu. No dia 24 de dezembro passado, Vittorio Messori assinou um comentário pacatíssimo, no Corriere della Sera, onde, com muito respeito, ao lado de elogios para com o Papa argentino, expôs algumas “perplexidades” sobre alguns de seus gestos e declarações. Dessa forma, o escritor deu voz a um desconforto que no mundo católico é cada vez mais vasto, ainda que não seja divulgado pela mídia secularista que anda muito ocupada em dar hosanas a Bergoglio todos os dias com um comportamento bajulador que chega ao ridículo “culto de personalidade”.

Muitos bispos e cardeais também estão enjoados desse personalismo exagerado e suspeito por parte dos eternos inimigos da Igreja, os quais, de fato, colocam Bergoglio acima da Igreja.

Muitos católicos estão abismados com essa busca ansiosa por aplausos a qualquer custo por parte do Papa Bergoglio, que não se ocupa dos cristãos perseguidos e massacrados, mas, digamos, depois de ter telefonado amorosamente a Pannella, também repetiu a dose com Benigni (citando-o de forma inadequada na missa em São Pedro) e ontem também chegou a intervir na cura do médico de Gino Strada.

No mundo católico circulam piadas sarcásticas sobre essa mundaneidade espiritual. Ao contrário, Messori evitou qualquer polêmica e toda aspereza. Nem sequer chegou a mencionar o traumático Consistório de fevereiro e o Sínodo de outubro, que viu pela primeira vez um papa dar apoio e sustentar, por trás dos bastidores, as teses heterodoxas de Kasper (bloqueadas por enquanto pela sublevação da maioria dos bispos e cardeais).

Ratzinger. Messori chegou mesmo a escrever isso – de qualquer modo -, o “Papa Emérito” deu “a aprovação plena às atividades de Francisco”, o que é verdade se com isso se entende que Bento XVI declarou o reconhecimento hierárquico a Francisco, mas temos que levar em conta que o Papa Bento jamais proferiu uma só palavra de adesão ao conteúdo do magistério de Bergoglio, ao contrário, em cada declaração pública nestes dois anos, Ratzinger confirmou o conteúdo de seu Pontificado que Bergoglio contradiz nos pontos mais importantes. As considerações de Messori foram pacatas e respeitosas. Mas para os inquisidores bergoglianos pouco importa. Basta demonstrar qualquer simples “perplexidade” para se tornar – aos olhos deles – suspeitos de sabotagem, de complô sombrio para acabar finalmente no Index dos livros proibidos. O cato-bergoglianismo defende o ecumenismo mais incondicional com protestantes ou ortodoxos, quer o diálogo com todos, secularistas, os maçons, os comunistas cubanos ou chineses, anti-globalistas*, islâmicos, e até mesmo com os terroristas do Estado Islâmico (como foi teorizado pelo próprio Bergoglio), mas nenhum diálogo com os católicos “ratzingerianos” ou – como ele mesmo chamou no Sínodo – “tradicionalistas”(isto é, fiéis ao Magistério de todos os tempos). Aqueles são “espancados”.

Então, em rajadas, eles alvejaram Messori. O primeiro a fazê-lo foi Luigi Alici, ex-presidente da Ação Católica – por assim dizer – martiniano, o qual definiu o artigo de Messori como “um exercício insuportável de jornalismo oblíquo” . Alici condena “escritores e jornalistas” que fazem comentários críticos sobre a “pessoa chamada para liderar a Igreja” (ou seja sobre a escolha de papa Bergoglio),  enquanto defende que o que deve ser “dessacralizado” é o próprio papado enquanto tal. De fato, ele elogia a ”obra providencial de dessacralização da figura do papa” que Francisco conduz “de maneira extraordinária”.

Na verdade, a doutrina católica diz exatamente o oposto de Alici: a sacralidade é própria do ofício papal (a “figura do papa”), não da pessoa, falível e pecadora, que, por sua vez, ocupa-o

Outro que chegou a se desencadear contra Messori foi Leonardo Boff, um dos nomes-símbolo da Teologia da Libertação na América do Sul. Boff exaltou Bergoglio e atacou, depois de Messori, o seu “amado Joseph Ratzinger” e “os outros Papas anteriores”. Boff é um ex-frade que em 1984 recebeu uma sentença negativa da Congregação para a Doutrina da Fé, presidida por Joseph Ratzinger. Em 1992, após várias advertências de João Paulo II, abandonou o hábito religioso. Suas posições impregnadas de marxismo (e agora também de new age) fizeram dele um líder anti-globalista. No dia 17 de dezembro, tornou-se público que o Papa Bergoglio ligou para ele solicitando seus livros, que servirão para preparar sua próxima encíclica sobre questões sociais e ecológicas (os conteúdos serão aqueles ouvidos no discurso papal no Centro Leoncavallo e outros centros sociais).

Boff diz: “O Papa pertence à teologia da libertação na versão argentina” . Ele acrescenta: “O Papa criticou a doutrina social da Igreja, ele a considera abstrata e não muito clara na distinção que deve ser nítida entre quem são os opressores e os oprimidos”. Apesar de ter deixado o hábito religioso, Boff diz: “eu celebro, eu faço batizados, casamentos, todos os sacramentos quando não há um padre. Os bispos sabem disso e me dizem, vá em frente. Eu me sinto bem, nesta veste de leigo”. E ninguém tem nada a dizer no Vaticano de Bergoglio, que também cancelou a suspensão “a divinis” dada por João Paulo II a Miguel D’Escoto, ministro sandinista que ainda hoje exalta Fidel Castro (isso explica o colapso desastroso de pertença à Igreja na América Latina: com pastores assim…). Finalmente, devemos mencionar o incrível ‘apelo’ intitulado “Não aos ataques contra o Papa Francisco” (Como? Com amordaçamento? Com a prisão dos dissidentes? Com a deportação para a Sibéria?).

O texto, com um abaixo-assinado da fina flor do cato-progressismo histórico, de Don Paolo Farinella a Alex Zanotelli, Don Santoro delle “Piagge” a Don Luigi Ciotti e das “Comunidades de  Base”, lança-se de cabeça contra o artigo de Messori, definindo-o como um “ataque direcionado e frontal”, “uma verdadeira declaração de guerra”, até mesmo “uma ameaça de caráter mafioso”. É engraçada esta conversão ultrapapalina do velho mundo da contestação. E esta vontade de censura? Não foi exatamente o cato-progressismo que se desencadeou na crítica contra os antecessores de Bergoglio? De resto, uma reação tão furiosa de intolerância contra Messori se fez notar até mesmo nos ambientes da corte bergogliana. E o diretor da revista Avvenire [ndr: da Conferência Episcopal Italiana] anteontem criou uma página inteira para demonstrar seu zelo ultra-bergogliano e condenar o pacato artigo do mais famoso escritor católico italiano, como se tratasse de um herege perigoso. Algo jamais visto, se recordamos o obséquio com o qual Avvenire sempre tratou certos clérigos que atacavam duramente Papa Wojtyla e Ratzinger.

O Conclave. É bem conhecida a reverência de Avvenire pelo cardeal Martini, que, nos seus últimos anos, divulgou críticas bem duras ao Pontificado de Ratzinger. Mas o “papa conservador” era humilde, aberto, com ele havia liberdade e tolerância. Em vez disso, o atual “número um” em palavras faz louvores  à “parresia”, mas, em seguida, de fato não suporta críticas e tem um estilo de comando sul-americano, que produz um clima de terror na Cúria. Resta então a pergunta de como é que um representante da “teologia da libertação”, como definido por Boff (agora consultor de Bergoglio), conseguiu conquistar o papado. A resposta está em um conclave apressado e confuso (provavelmente com algumas violações das regras, portanto, com uma possível nulidade da eleição). O Colégio Cardinalício mais conservador que se pode recordar foi persuadido a votar em um papa em continuidade com João Paulo II e Bento XVI quando, na verdade, estava votando no candidato da esquerda cato-progressista. Hoje muitos cardeais estão consternados. E tudo parece surreal. No Natal, trezentos dançarinos de tango alegremente se exibiram para o aniversário de Bergoglio no adro da Basílica de São Pedro, enquanto no mundo se intensifica o massacre dos cristãos.

Antonio Socci

Panella, Scalfari e Bertinotti se converteram? Ou foi o contrário?

Por Antonio Socci | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: Junto a Fausto Bertinotti e Eugenio Scalfari, Marco Pannella é o fã mais eletrizado do Papa Bergoglio (“Viva o Papa!”, “Nós radicais o amamos muito”, “Eu quero me tornar um cidadão do Vaticano.”)

Uma conversão “incrível” ao “ópio do povo”, a religião, como último refúgio na velhice, porque — nunca se sabe – quem sabe ali se poderia achar até mesmo a surpresa de Deus?

Não. Não há o menor vestígio de retorno à Igreja Católica, nem de arrependimento, nem de uma mudança de vida, nessa “conversão-relâmpago” que atingiu o líder do Partido Refundação Comunista e os dois outros símbolos do anti-clericalismo e da descristianização da Itália.

Pelo contrário! É exatamente o oposto. Existe – da parte deles – a sensação de um triunfo inédito da cultura radical e secularista na sociedade italiana e até mesmo dentro da Igreja.

E da parte de Bertinotti, existe o entusiasmo por um papa que se coloca como o novo líder revolucionário e da anti-globalização no mundo.

Mas será que é realmente assim? Será que Scalfari e Marco Pannella são simplesmente gratificados com telefonemas e entrevistas, dado o seu ego sempre em brasa?

E Bertinotti não teria simplesmente entendido mal a convocação à “luta” feita por Bergoglio ao Centro Leoncavallo e seus companheiros [participantes do encontro dos movimentos sociais no Vaticano]?

Recordo-me de intelectuais, jornalistas ou políticos que nutriram profunda admiração por papas precedentes. Em particular, o carismático João Paulo II e o sábio Bento XVI.

Nesses casos, no entanto, se tratava de um autêntico retorno à fé católica ou de “conversões culturais ” que os levava no mínimo a aderir ao ensino cultural e ético da Igreja.

Em vez disso, explicou Sandro Magister, a popularidade de Francisco “não provoca ondas de convertidos. Na verdade, nele há uma certa complacência com a cultura estranha ou hostil ao Cristianismo “.

Em que sentido? “Ao ver que o chefe da Igreja é que se converte às suas posições, que parece entendê-las e até mesmo aceitá-las”. Portanto, a exultação dos vários Scalfari, Pannella e Bertinotti não é aquela de quem reencontrou a fé, mas que considera ter “conquistado” até mesmo o Vaticano.

Digo e desdigo 

No entanto, se dirá que ontem Bergoglio falou aos médicos católicos contra o aborto e a eutanásia. Então, como ele poderia ser aclamado por Pannella e Scalfari? Quer prova melhor de que eles se enganaram?

Na verdade, o discurso de ontem não esfriou o entusiasmo deles por Bergoglio.

Antes de mais nada, porque as intervenções de Francisco sobre esses temas são raríssimas, enquanto entre seus predecessores eram a ordem do dia, principalmente quando queriam soar o alarme para uma humanidade que – de acordo com a Igreja – se encontra num estado de emergência, ao esquecer (segundo Madre Teresa de Calcutá) até mesmo o ABC da humanidade.

Bergoglio avisou logo que não adere à batalha sobre os “princípios inegociáveis” (e isso foi uma ruptura de peso com o Magistério) chegando até mesmo a julgar como uma “obsessão” essa escolha do magistério precedente.

Mas,por que os discursos do Papa Bergoglio parecem tão contraditórios entre si?

No outono de 2013, uma conhecida intelectual sul-americana, docente universitária, Lucrecia Rego de Planas, que conhece bem Bergoglio e trabalhou com ele, fez um retrato do homem, onde, entre outras coisas, escreveu:

“(Bergoglio) ama ser amado por todos e agradar a todos. Neste sentido, ele poderia um dia fazer um discurso na TV contra o aborto e no dia seguinte, no mesmo programa de TV, abençoar as feministas pró-aborto na Plaza de Mayo; poderia fazer um discurso maravilhoso contra os maçons e, horas mais tarde, comer e beber com eles no Rotary Club. Esse é o Bergoglio que eu conheci de perto. Num dia ele estava conversando animadamente com Dom Duarte Aguer sobre a defesa da vida e da liturgia e no mesmo dia, durante o jantar, conversando animadamente com Dom Ysern e Dom Rosa Chávez sobre as comunidades de base e os terríveis obstáculos que representam ‘os ensinamentos dogmáticos’ da Igreja. Um dia, amigo do Cardeal Cipriani e do Cardeal Rodriguez Maradiaga falando sobre ética empresarial e contra as ideologias da Nova Era e, pouco mais tarde, como amigo de Casaldáliga e Boff, discorrendo sobre luta de classes e da ‘riqueza’ que as técnicas orientais poderiam doar à Igreja”.

Assim, um vácuo de pensamento teológico e filosófico? Uma espécie de peronismo pastoral que contém tudo e o seu oposto? Sua formação cultural é realmente muito pobre (que ele chama de “pensamento incompleto”), mas a estratégia pastoral de seu ministério é muito evidente.

Carnaval

A incoerência dos conteúdos é uma escolha política que serve para atingir um fim preciso. Os fãs o aclamam: finalmente um papa moderno e secular. Na verdade, a bússola estratégica deste pontificado parece ser a “dessacralização”.

E é isso que nos mostra – além do abandono dos “princípios inegociáveis” – muitas pequenas e grandes escolhas, aparentemente sem nexo lógico entre si. Desde a sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro, na noite de 13 de março de 2013, quando ele se recusou a usar a estola sacerdotal e a mozzeta vermelha (símbolo do martírio de Pedro e da sua jurisdição) chamando-os de “fantasia de carnaval.”

Subitamente a mídia elogiou a “dessacralização” da instituição do papado percebida também em outros sinais, como o “boa noite” ao invés de “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo” e as quatro vezes que se referiu a si mesmo como “Bispo de Roma” e nunca como papa.

A dessacralização do papado (enquanto começava a construção do mito em torno ao homem Bergoglio) continuou, em seguida, com outras pequenas escolhas (tais como a recusa de viver no apartamento pontifício) e atitudes mais cheias de repercussão e consequências (embora ambíguas), como a frase “quem sou eu para julgar?”, a condenação do proselitismo católico e da chamada “interferência espiritual” (isto é, a influência cristã no mundo).

E o Sínodo não é uma dessacralização flagrante da família? E o ato de não se ajoelhar mais diante do tabernáculo ou durante a consagração? E a admissão de todos à Eucaristia como ele já fazia em Buenos Aires?

E dizer aos cristãos que não existe  nenhuma “verdade absoluta”?

E as afirmações  sobre o Bem e o Mal como opiniões subjetivas feitas a Scalfari? Isso não “relativizaria” talvez a objetividade da moral?

E o seu anúncio inédito de que “não existe um Deus católico” não é relativizar a fé? E o discurso em Caserta?

E sugerir — como fez em sua homilia do dia 20 de dezembro de 2013 – que Nossa Senhora aos pés da cruz “talvez tenha tido vontade de dizer: me enganaram” porque naquele momento as promessas messiânicas lhe pareciam “mentiras”?

Não é uma dessacralização da figura da Mãe de Deus? A doutrina católica sempre afirmou que — como lemos no Catecismo — “a sua fé nunca vacilou, Maria nunca deixou de acreditar no cumprimento da Palavra de Deus. Eis porque a Igreja venera em Maria a realização mais pura da fé”.

E poderíamos continuar mencionando também as piadinhas e o tom sarcástico (e às vezes pejorativo) contra os cristãos que rezam o rosário, os padres de batina, as freiras que estão jejuando, a perspectiva de profanação da liturgia e da vida de clausura.

E depois tem também os “lugares”: o imã convidado a rezar no Vaticano (onde ele invocou Alá pedindo vitória sobre os infiéis), a Capela Sistina concedida à Porsche para um evento corporativo, o Leoncavallo (e outros grupos marxistas) recebidos e elogiados pelo Papa  no dia 28 de outubro (e convidados a voltar), Patty Smith contratada para o concerto de Natal no Vaticano. Falta apenas o ativista transexual Vladimir Luxuria que teve sua participação adiada na TV2000 (emissora da Conferencia Episcopal Italiana). E quando será a partida de basquete em São Pedro?

Naufrágio

Em vez disso, com Bergoglio o que se vê é uma sacralização de temas sociais, típicos da esquerda. É por isto que a Igreja na América Latina há décadas está um caos, é a igreja que possui a crise mais séria em todo o planeta: os últimos dados, que acabaram de ser divulgados pelo “Pew Research Center” confirmam esta queda vertiginosa de pertença à Igreja Católica na América Latina.

Agora essa mesma receita de fracasso está sendo aplicada a toda a Igreja. E em breve veremos as mesmas ruínas. Efeito Bergoglio.

Antonio Socci

16 de novembro de 2014