Cardeal Pell absolvido.

G1 – A Alta Corte da Austrália aceitou o recurso da defesa do cardeal George Pell, acusado de abuso sexual de menores. Por unanimidade, os sete juízes do mais alto tribunal australiano decidiram nesta terça-feira (7) (horário local) absolver de todas as acusações o religioso, ex-chefe das finanças do Vaticano.

Com a decisão, o cardeal Pell deverá ser solto. Segundo a agência Reuters, os juízes entenderam que poderiam aplicar o benefício da dúvida em favor do clérigo.

Pell, antigo número 3 da hierarquia do Vaticano, foi condenado a 6 anos de prisão no ano passado. Ele é acusado de abusar de dois garotos na década de 1990 em Melbourne. As vítimas participavam do coral da Catedral St. Patrick, em Melbourne, sul da Austrália.

O cardeal foi prefeito da secretaria de Assuntos Econômicos e o eclesiástico de maior graduação já acusado de abuso sexual. Ele foi arcebispo de Melbourne entre 1996 e 2001 e depois se tornou arcebispo de Sydney até 2014, quando foi para o Vaticano, convocado pelo Papa Francisco para administrar as finanças da Igreja Católica.

Cardeal Pell: ‘Na Amazônia ou fora da Amazônia, a Igreja não pode permitir confusão.

REDAÇÃO CENTRAL, 09 Ago. 19 / 08:00 pm (ACI).- O cardeal George Pell escreveu uma carta a apoiadores afirmando estar “perturbado” com os preparativos para o próximo sínodo na Amazônia.

O texto da carta manuscrita de duas páginas circulou entre um grupo de fiéis próximos ao Cardeal na Austrália.

Na carta, escrita na Melbourne Assessment Prison, cujas imagens foram partilhadas com Catholic News Agency, a agência em inglês do grupo ACI, com data de 1º de agosto, o purpurado também diz que durante seu encarceramento tem se sentido sustentado pela sua fé e pelas orações dos fiéis, e que está oferecendo seu sofrimento na prisão pelo bem da Igreja.

“O conhecimento de que meu pequeno sofrimento pode ser usado em prol de bons propósitos estando unido a Jesus me proporciona direção e propósito”, escreve o Arcebispo Emérito na carta. “Desafios e problemas na vida da Igreja devem ser confrontados em um espírito similar de fé”, prossegue.

O prelado australiano afirma que os católicos “temos suficientes motivos para nos perturbarmos com o Instrumentum Laboris do Sínodo Amazônico”, que foi publicado em junho, antes da reunião que se desenvolverá entre os dias 06 a 27 de outubro no Vaticano.

Esse documento, que tem sido fonte de discussão e comentários em nível mundial, incluiu a discussão sobre o tema da ordenação de homens casados com o fim de responder à escassez de vocações sacerdotais.

O documento de trabalho, que se chama “Uma Igreja com uma rosto amazônico”, recomenda ainda que o Sínodo identifique “o tipo de ministério oficial que pode ser conferido à mulher, tendo em consideração o papel central que hoje ela desempenha na Igreja amazônica”.

“Este não é o primeiro documento de baixa qualidade que o secretariado do Sínodo produz”, escreve Pell.

O cardeal, aparentemente fez referência ao considerável debate e crítica provocados pela temática do Sínodo – que também incluiu alguns apelos por mudanças na liturgia da Missa – lembrando que “o Cardeal G. Müller, que comandava a Congregação para a Doutrina da Fé”, escreveu uma excelente crítica”.

“Eu não sou especialista na região”, diz Pell, embora tenha assinalado que já viajou a partes da Amazônia, mas adverte que “assim como na Amazônia, muita água ainda precisa correr antes do Sínodo”.

“Um ponto é fundamental, a Tradição Apostólica, o ensinamento de Jesus e dos Apóstolos, extraído do Novo Testamento e ensinado pelos Papas e concílios, pelo Magistério, é o único critério doutrinal para todo ensino sobre doutrina e prática.”

“Na Amazônia ou fora da Amazônia, em todas as terras, a Igreja, não pode permitir confusão alguma que cause um dano à Tradição Apostólica”, afirma.

O cardeal enfatizou a necessidade de unidade no essencial do ensinamento de Cristo, ao mesmo tempo em que pediu caridade em todas as coisas.

“Devemos sempre lembrar que a Igreja é una, não apenas no sentido de que boas famílias se mantêm juntas independentemente das suas diferenças, mas porque a Igreja de Cristo está fundamentada na Igreja Católica, que é o corpo de Cristo”.

Depois de sua condenação no Tribunal do Condado de Victoria em cinco acusações de abuso sexual infantil em dezembro do ano passado, O Cardeal George Pell foi condenado a seis anos de reclusão, dos quais ele deve cumprir em regime fechado pelo menos três anos e oito meses.

Peritos legais e comentaristas questionaram a condenação de Pell durante o julgamento, observando que o veredicto se baseia unicamente no depoimento das supostas vítimas de Pell.

Foi dada atenção à plausibilidade dos aparentes crimes de Pell, nos quais se supõe que ele abusou sexualmente de dois adolescentes na sacristia da catedral de Melbourne depois da missa, em um momento em que o espaço estaria lotado de pessoas e exposto ao público.

Apesar da imediata apelação da sentença pela equipe de advogados de Pell, o cardeal ainda permanece na prisão.

Nos dias 5 e 6 de junho, juízes da Suprema Corte de Vitória ouviram o recurso de Pell contra a decisão do júri sem pronunciar um veredito definitivo. Fontes próximas ao caso disseram a CNA que uma decisão é esperada nas próximas duas semanas.

Na carta, o Cardeal Pell diz que ele recebeu entre 1500-2000 mensagens de apoio durante seu tempo na prisão, e que ele pretende responder a todas elas.

As orações e cartas dos fiéis, disse ele, “trazem-me imensa consolação, humana e espiritual”.

“Minha fé no Senhor, como a de vocês, é uma fonte de força”, conclui a carta.

A condenação do cardeal Pell, a Igreja e o mundo.

Por Roberto de Mattei, Corrispondenza Romana, 27 de fevereiro de 2019 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com: A condenação do Cardeal Pell – que caiu como um raio após o encerramento da reunião de cúpula no Vaticano – recorda uma verdade que há cinquenta anos muitos querem esquecer: não há compromisso possível entre a Igreja e o mundo, porque o mundo odeia a Igreja e quer a sua destruição. A sentença também demonstra o fracasso da estratégia deste pontificado, que renunciou ao exercício da soberania da Igreja, confiando na benevolência do mundo.

Cardeal George Pell.
Cardeal George Pell.

A soberania da Igreja é expressa acima de tudo em sua lei canônica. A Igreja Católica enquanto sociedade visível é dotada de um direito, inclusive penal, que é o direito que Ela possui de punir os fiéis que cometeram violações à sua lei. O delito é uma violação externa da ordem jurídica da Igreja, distinto do pecado, que é uma violação da ordem moral.

Portanto, a Igreja, “por direito próprio e exclusivo”, tem o poder de julgar a violação das leis eclesiásticas e de sancionar crimes com penas canônicas (cânon 1402 §2). Entre os muitos crimes canônicos enumerados no Código, há a apostasia, a heresia e o cisma (cânon 1364), a communicatio in sacris [ou seja, a concelebração de sacramentos com hereges], a profanação das coisas sagradas (cânon 1376), além de uma série de violações graves do sexto mandamento (cânon 1395).

A distinção entre pecados e delitos não parece ser clara para o Papa Francisco, que proclama “tolerância zero” contra os crimes civis, como a pedofilia, mas invoca o “perdão” e a misericórdia para os “pecados da juventude”, como a homossexualidade, esquecendo a presença desse crime nas leis da Igreja.

Segundo as leis e o sentimento comum de grande parte dos países ocidentais, a pedofilia e o estupro são considerados um crime infame, mas não por causa da imoralidade do ato em si, mas pela violação que esses crimes implicam, respectivamente, dos direitos das crianças e das mulheres. Seguindo o exemplo dos Estados modernos, as autoridades eclesiásticas parecem ter desclassificado alguns pecados de atentados contra a moral em delitos contra a pessoa.

Nessa mesma linha de pensamento, o pecado não consistiria em violar a lei natural, mas em impedir com violência um indivíduo de seguir seus próprios instintos e tendências. Hoje, as autoridades do Vaticano tratam crimes como a sodomia como se fossem simples pecados particulares, limitando-se, nos casos ocorridos, a pedidos de expiação penitencial, sem aplicar as sanções penais exigidas pelos crimes.

Os únicos delitos reconhecidos como tais pela atual prática canônica são aqueles sancionados pelos Estados laicos, mas ainda no tocante a esse tipo de crimes, como o de pedofilia, as autoridades eclesiásticas se conformam hoje com as sentenças de culpa e de inocência dos processos nos tribunais estatais, renunciando a investigar e processar por conta própria, exceto quando tal se torna necessário para não perder a “credibilidade”, como aconteceu no “caso McCarrick”. Mas também a redução ao estado laical do cardeal Theodore McCarrick, como sublinhou Sandro Magister em recente artigo, é fruto de um processo não judicial, mas apenas administrativo (“Settimo Cielo”, 15 de fevereiro de 2019).

A Igreja, pelo contrário, tem o dever de abrir um processo criminal regular contra os acusados de abuso sexual, sem violar seus direitos fundamentais. De fato, não há apenas os direitos daqueles que afirmam serem vítimas, mas também os daqueles que são acusados ​​pelas vítimas.

Eles devem ser julgados de acordo com as normas do Direito Canônico, possivelmente antes do Estado, para se apurar a veracidade dos fatos. Uma vez que essa verdade tenha sido estabelecida, se eles forem considerados culpados, deverão ser submetidos às sanções corretas, mas se forem reconhecidos como inocentes, também deverão ser defendidos contra as autoridades civis dos Estados.

A Igreja, que é dotada de um direito penal e de tribunais, deve ter a coragem de desafiar o julgamento dos tribunais do mundo, na certeza de que não é o mundo que julga a Igreja, mas a Igreja que julga o mundo.

A crise moral da Igreja não se resolve com as chamadas melhores práticas – indicações práticas dadas pela Organização Mundial de Saúde, um corpo laico que promove a educação sexual e gostaria de incluir a contracepção e o aborto em todos os programas nacionais de planejamento familiar –, nem instituindo novas comissões ou forças-tarefa de “especialistas”, mas com uma visão sobrenatural, que infelizmente está totalmente ausente do discurso do Papa Francisco, que concluiu a cúpula do Vaticano em 24 de fevereiro passado.

As consequências são de que se ouve falar de uma maior sinodalidade das igrejas locais, “abertas” às contribuições do mundo secularizado, e da abolição do segredo pontifício em nome da “transparência”. A “cultura do segredo” é aquela denunciada por Frédéric Martel em seu recente panfleto tendente a “normalizar” a sodomia dentro da Igreja. Mas que segredo existe de mais impenetrável do que o segredo imposto aos sacerdotes pelo sacramento da confissão? Esta parece ser a próxima pedra que os inimigos da Igreja querem remover, para cuja obtenção o julgamento do Tribunal de Victoria [Austrália] parece ter preparado o caminho.

Na Austrália, no território de Canberra, adotou-se uma lei que torna processável o padre que não denunciar casos de abuso infantil, mesmo que tome conhecimento deles durante a confissão.

A lei – que aplica as recomendações da Royal Commission, uma comissão encarregada pelo governo australiano de ocupar-se dos abusos sexuais contra menores – foi aprovada em junho passado pela Assembleia Legislativa do território da capital australiana e estende a denúncia obrigatória de abusos contra menores também à Igreja e às suas atividades, incluindo o confessionário. Entre essas recomendações havia precisamente a ideia de tornar crime a não denúncia por um padre de perseguições e violências contra menores das quais ele tome conhecimento no exercício do Sacramento da Confissão (Acistampa, 29 de junho de 2017).

Enquanto isso, as Nações Unidas pediram à Itália para estabelecer uma “comissão independente e imparcial de inquérito para examinar todos os casos de abuso sexual de crianças por membros religiosos da Igreja Católica”, e “tornar obrigatória para todos, mesmo para os funcionários religiosos da Igreja Católica, a denúncia de qualquer caso de suposta violência contra menores às autoridades competentes do Estado”.

O pedido foi feito pelo Comitê da ONU para os Direitos da Infância e da Adolescência, com sede em Genebra. Por fim, solicitou-se a revisão das Concordatas nacionais (como o Tratado de Latrão com a Itália) na parte em que elas dispensam a hierarquia da obrigação de delatar. Na Itália, de acordo com a Nova Concordata de 1984, “a República italiana assegura que a autoridade judicial comunicará à autoridade eclesiástica competente pelo território do processo penal promovido contra os eclesiásticos” (Protocolo Adicional nº 2b).

Este princípio deve agora ser revertido, porque a ONU pede ao Vaticano para prestar total cooperação às autoridades civis que julgam os abusos nos vários países, fornecendo, por exemplo, todas as informações recolhidas pela Congregação para a Doutrina da Fé.

A questão da obrigatoriedade da denúncia às autoridades civis, sobre a qual o padre Lombardi afirmou que “é certo que se trata de uma questão abordada nesta reunião” (cúpula de 21 de fevereiro, n.d.r.), abre caminho para o pedido de violação do sacramento da confissão e do segredo pontifício. Outrora o Estado era o “braço secular” da Igreja, agora a Igreja se tornaria quase um “braço secular” do Estado.

Mas uma lei civil que quisesse impor a violação do sigilo confessional para alguns crimes, como a pedofilia, seria uma lei injusta, diante da qual os sacerdotes deveriam opor o seu “non possumus”, até o martírio. É este testemunho, e não outros, que tornaria a Igreja credível diante de Deus e do mundo. Contudo, cumpre reverter a relação que a Igreja tem há mais de cinquenta anos com o mundo secularizado e anticristão.

A destruição do Cardeal Pell.

Por Steve Skojec, One Peter Five, em 1 de julho de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com – Há dois anos, quando essa história veio a público, perguntei a alguns amigos e colegas jornalistas, “este é o tiro de misericórdia em Pell?” Na época, é claro, seu nome não foi sequer ser mencionado. Mas na medida em que os eventos foram se desenvolvendo no que mais tarde viria a ser referido como “Vatileaks II,”  ou seja novas alegações na mídia sobre relatórios de má gestão financeira no Vaticano,  ficou então em aberto se Pell, como o homem colocado no poder para resolver as coisas, estaria ou não no olho da mira.

Na época, já pairava no ar uma impressão de que Pell, durante o mandato de sua investigação sobre o banco do Vaticano (também conhecido como o Instituto para as Obras de Religião, ou IOR), tinha rapidamente se tornado uma persona non grata. Quando ele assinou a Carta dos 13 cardeais expressando preocupação sobre o modo como o Sínodo estava sendo conduzido – algo que o próprio Francisco tomou como algo pessoal – sua queda em desgraça só se acelerou.

O clima parecia ter se tranquilizado por um tempo, especialmente depois que o próprio papa Francisco mandou interromper a auditoria que ele estava fazendo no banco do Vaticano em setembro do ano passado.

E então, esta semana, tudo explodiu. Alegações de que Pell esteve envolvido em casos de abuso sexual há algumas décadas e que haviam emergido há dois anos atrás agora passaram de uma investigação a indiciamento oficial. De acordo com fontes que conhecem o cardeal australiano, a mídia em sua terra natal sempre foi hostil para com ele e por muitos anos. Além do mais, ele não é bem-amado por uma parcela significativa do clero de lá. De acordo com a própria resposta de Pell, ele está ansioso para finalmente ter seu dia no tribunal e lutar contra as acusações que ele categoricamente nega.

No entanto, em um artigo de Nancy Flory no The Stream, todo o assunto pode ser caracterizado como uma “caça às bruxas”, projetado para destruir a reputação de Pell:

“Pell jamais conseguirá obter um julgamento justo”, escreveu a colunista australiana Angela Shanahan. Ela está descrevendo a ” caça às bruxas promovida pela mídia” que vem perseguindo o cardeal George Pell por dois anos. Novas e vagas acusações – de “históricos crimes sexuais” – foram apresentadas contra o cardeal Pell ontem pela manhã. Cardeal Pell repetidamente negou as alegações de abuso sexual feitas contra ele. Ainda assim, a mídia na Austrália não se cansa de repetir alegações sobre a culpa do cardeal. Eles imprimiram informação vazadas das  investigações contra Pell e afirmaram que um indiciamento era iminente. Além do mais, um livro negativo sobre o cardeal Pell (Cardinal: The Rise and Fall of George Pell) saiu em maio.

A “caça às bruxas”.

Algumas poucas almas corajosas têm questionado abertamente as insinuações feitas por esse julgamento midiático do Cardeal. Amanda Vanstone, colunista do The Sydney Morning Herald e que não é “nenhuma fã de religião organizada”, denunciou a histeria da mídia em relação ao cardeal Pell. “O que estamos vendo não é melhor do que um linchamento público da idade das trevas …  é pior do que fazer uma simples avaliação de culpabilidade. A arena pública está sendo usada para destruir uma reputação e provavelmente evitar um julgamento justo “, escreveu Vanstone. “O normal não seria tentar garantir que uma pessoa possa ter um julgamento justo”, pergunta ela , “mantendo fora da arena pública material prejudicial e que não foi devidamente comprovado?”

É de se perguntar se alegações sobre fatos ocorridos há décadas atrás – geralmente impossíveis de serem provadas – poderiam fazer outra coisa, senão deixar um homem como Pell com uma reputação totalmente arruinada. Certamente, um veredito de culpado sob tais circunstâncias, parece improvável. Mas, com manchetes como “Os pedófilos do Papa ” circulando agora na mídia,  mesmo uma absolvição unânime jamais conseguirá restaurar o seu bom nome.

Muitas pessoas vieram me perguntar se eu acho que ele é culpado. O que eu posso dizer é que sei muito pouco sobre as circunstâncias até mesmo para emitir um simples palpite. A busca implacável pela sua destruição tende a fazer com que eu me torne por reflexo solidário, mas a verdade aqui tem uma grande importância. Por amor a ela e para o bem das supostas vítimas, espero que um julgamento completo e justo seja possível, e que a verdade venha à tona.

Uma possível consideração deve ser feita em relação a uma potencial culpa de Pell . Refiro-me ao estilo gerencial do Papa Francisco. Como já observei antes, o papa parece ter uma tendência de se cercar de homens comprometidos. Desde Mons. Battista Ricca (também envolvido com a reforma bancária do Vaticano) ao Arcebispo Vincenzo Paglia , o Cardeal Francesco Coccopalmerio e o Cardeal Reinhard Marx,  percebemos que alguns dos homens mais notáveis e próximos a Francisco são sempre homens com esqueletos em seus armários, que poderiam ser facilmente retirados e colocados em exposição se eles vierem a se tornar … digamos assim inconvenientes. Se Pell fosse um homem com alguma história de  abuso sexual em seu passado, certamente isso poderia ser usado contra ele, se e quando necessário. Mas, ainda que ele seja tão inocente e puro como a neve, o simples fato dessas alegações existirem poderia prover uma arma necessária para colocá-lo em uma posição tão delicada. Afinal, Pell tinha permissão para investigar a caixa de Pandora que são as finanças do Vaticano. E é difícil não se perguntar se ele acabou descobrindo mais do que devia.

Lembre-se que em Janeiro de 2015, o “presidente deposto do banco do Vaticano”, Ettore Gotti Tedeschi, escreveu um artigo no Catholic Herald no qual ele alertava que Pell poderia não estar muito a par dos fatos acontecidos na história recente do banco – e como ele acreditava que ele havia sido demitido  devido à sua “decisão de apresentar um plano que teria mudado totalmente o papel e governo do banco”. Depois de ter apresentado o seu próprio lado da história, Gotti Tedeschi fez uma série de recomendações a Pell.

Por fim, acredito que o cardeal Pell deveria desvendar também esses quatro mistérios, embora eu tenha certeza de que é tarde demais, pelo menos para mim:

1) Quem mudou a lei contra lavagem de dinheiro do Vaticano, em Dezembro de 2011, e por quê?

2) Quem realmente decidiu que eu tinha que ser removido pelo Conselho Laico como presidente do Banco do Vaticano no dia 24 de maio de 2012, e por quê?

3) Quem foi que desobedeceu Bento XVI, o qual queria a minha reabilitação?

4) Quem decidiu que meus pedidos e súplicas para que eu fosse interrogado sobre os fatos acima deveriam ser ignorados? Quem não quer que venha a público a minha versão da verdade, e por quê?

É impossível ler essa lista e não vê-la como uma acusação de prevaricação intencional por parte de atores desconhecidos, mas gente de peso dentro da estrutura de poder do Vaticano.

A questão das mãos invisíveis operando alterações dentro do IOR é uma questão intrigante. Parece relevante aqui notar que parte do contexto por trás do golpe que derrubou a Soberana Ordem Militar de Malta (SMOM) envolve uma alegação de que um enorme legado (30 milhões de francos suíços) doado à Ordem foi entregue ao Banco do Vaticano. Marc Odendall, uma das peças-chave na facção Von Boeselager na história da Ordem de Malta, foi nomeado pelo Papa Francisco em 2014 para o Conselho de Autoridade de Informação Financeira do Vaticano – um órgão de supervisão criado pelo Papa Bento XVI para ajudar a limpar a corrupção e má gestão no IOR. Em dezembro passado, em torno do mesmo tempo que Albrecht von Boeselager estava sendo forçado a sair de seu cargo como Grand Chancellor da Ordem, o seu irmão Georg foi nomeado para um cargo de supervisão no Banco do Vaticano. E no meio de tudo isso, a administradora da doação de 30 milhões de francos foi acusada, em um relatório anonimamente escrito que foi divulgado para a mídia no início deste ano, de ter feito ameaças segundo as quais se o processo contra ela (arquivado pelo Ordem de Malta para obter o controle de seu legado) não fosse retirado, ela iria revelar segredos sujos sobre o que vem acontecendo dentro das próprias instituições financeiras do Vaticano:

“Ela sabia muito sobre alguns dos negócios financeiros e funcionamento interno do Vaticano, incluindo, devemos presumir, alguns que não eram inteiramente honestos.”

Ele continua: “Ela estava, agora acredita-se, indicando que se ela continuasse a ser processada ou indiciada, iria abrir a boca no trombone revelando ao mundo tudo o que ela sabia sobre essas transações financeiras internas do Vaticano e não hesitaria em divulgar os nomes de certos altos funcionários do Vaticano e suas conexões com as operações e negócios “.

Voltando ao papel do próprio Pell em acertar as finanças do Vaticano, me lembro também que foi ele que descobriu mais de um bilhão de euros “escondidos” dos livros de contabilidade do IOR em 2015:

As vastas somas de dinheiro não declaradas estavam escondidas em várias contas bancárias de organizações e grupos dentro da Santa Sé em Roma.

Os fundos não foram utilizados abusivamente e não fazem parte da onda de corrupção e escândalo que anteriormente trouxeram vergonha ao Vaticano, mas o dinheiro não foi devidamente declarado ou colocado em disponibilidade para a plena utilização do Vaticano porque foi escondido em uma prática italiana de manter à parte fundos não declarados.

“Em uma prática italiana de manter à parte fundos não declarados.”

Fala sério! Então, o que seria ilegal para qualquer outra pessoa é apenas “uma prática italiana”?

Há também uma outra história recente que poderia parecer ter um impacto mínimo se a considerarmos isoladamente, mas que assume um significado maior à luz das questões maiores que envolvem a corrupção no IOR. Libero Milone, o novo Auditor Geral nomeado pelo Papa Francisco em 2015 para mergulhar na situação financeira do Vaticano, de repente e inesperadamente renunciou no mês passado. Nenhum detalhe foi dado, mas é claro que desde o início Milone enfrentou resistência dentro da burocracia do Vaticano para reformas financeiras. No início de seu mandato, por exemplo, seu computador foi hackeado. E de acordo com Edward Pentin, “A divulgação dessa história deu lugar ao escândalo Vatileaks II.”

Pentin também observou um ponto em particular sobre a resistência enfrentada tanto por Milone como Pell:

Mais recentemente, ele [Milone] assinou uma carta com o cardeal George Pell, prefeito da Secretaria da Economia, repreendendo a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA), o órgão do Vaticano responsável pela gestão imobiliária do Vaticano, depois que esse ordenou aos departamentos do Vaticano para fornecer suas informações financeiras não ao auditor geral, mas a um outro de fora.

Milone e Cardeal Pell enviaram então uma carta em maio para todos os dicastérios dizendo “com profundo pesar” que tiveram que intervir refutando a instrução de APSA.  A ação arbitrária e unilateral por parte da APSA foi vista como uma resistência extraordinária, não só contra a autoridade da Secretaria de Economia e o auditor geral, mas também contra a Secretaria de Estado. E ao contrário da auditoria final da PwC no ano passado, fontes dentro do Vaticano disseram que isso não veio de uma autoridade superior, e foi, portanto, lida como um movimento provocativo da parte da APSA para “recuperar” alguns dos seus poderes.

APSA tem sido até agora, sem dúvida a mais resistente a reformas que envolvem um maior escrutínio financeiro.

De acordo com uma reportagem do website americano Newsmax.com, foi esta situação com a APSA que poderia ter levado o Papa Francisco a se voltar contra Pell e seu trabalho:

Pell de fato, encontrou uma nova fonte potencial de receita nos espaços comerciais e residenciais em Roma valorizados em cerca de 1 bilhão de euros e geridos pela Administração do Patrimônio da Santa Sé, ou APSA. Segundo o cardeal, a gestão não estava à altura e em julho de 2014 o Papa Francisco passou a Pell o controle das propriedades.

No entanto, o presidente da APSA, o Cardeal Domenico Calcagno, recentemente se tornou muito próximo ao Papa Francisco, tendo sido visto muitas vezes jantando com ele na residência Santa Marta. Ao longo de 18 meses, Francisco foi removendo Pell do controle imobiliário da APSA. Alguns culpam a crença de Pell no mercado livre,  algo do qual o papa Francisco é um conhecido crítico.

Francisco matou sua própria auditoria em setembro passado.

Então, aqui, mais uma vez, estamos diante de um mistério: por que Milone renunciou apenas há pouco menos de uma semana antes que Pell fosse formalmente indiciado? Será que ele sabia o que estava a caminho? Será que ele percebeu que os obstáculos empilhados contra seu trabalho eram simplesmente muito altos? Que o buraco da corrupção dentro do sistema financeiro do Vaticano era muito mais profundo?

Lembrem-se, também, como Professor Germano Dottori do Instituto de Estudos Estratégicos da LUISS-Guido Universidade Carli, em Roma, escreveu um artigo no início deste ano, demonstrando porque ele acredita que a alavancagem financeira foi armada por forças internacionais que acabaram culminando na renúncia do Papa Bento XVI:

Tanto o Governos italiano como o Papal foram simultaneamente atingidos por uma campanha escandalosa, coordenada, excepcionalmente violenta e sem precedentes, envolvendo até mesmo manobras mais ou menos nubulosas no domínio financeiro, com o efeito final culminando em novembro de 2011 com a saída de Berlusconi do Palácio Chigi e, em 10 de Fevereiro [sic – 11], de 2013, com a abdicação de Ratzinger. No auge da crise, a Itália viu progressivamente o seu acesso aos mercados financeiros internacionais fechados, enquanto o Instituto para as Obras Religiosas (IOR) [o Banco do Vaticano] foi temporariamente cortado do circuito do Swift 4. [Ênfase adicionada]

Um dos fatores menos conhecidos na abdicação do Papa Bento XVI é que, nos dias anteriores à sua declaração de renúncia, operações bancárias dentro do Vaticano tornaram-se de todo impossíveis. A situação foi resultado de uma pressão intencional feita contra o Vaticano –  Uma pressão que alguns dizem que foi usada para forçar o Vaticano a limpar sua corrupção financeira e cumprir com as normas bancárias internacionais, mas já outros acreditavam que equivalia a uma forma de chantagem contra a pessoa do papa.

Imagine o que deve ter sido fazer uma auditoria dessa confusão, descascando camada após camada de corrupção e ofuscação, para descobrir um  bilhão de euros onde não deveriam estar, e para tentar identificar os homens por trás dos bastidores, mexendo as cordas e desviando atenção.

Este ano, nós ouvimos até boatos de que o Vaticano tornou-se financeiramente insolvente. Rumores dizem que é por isso que a Igreja alemã, financiada anualmente pelos bilhões de euros recolhidos pelo imposto obrigatório à Igreja, tornou-se uma influência tão poderosa em Roma. Será possível que o fluxo do Reno que se derrama sobre o Tibre é transportado por uma torrente de liquidez?

Pergunto-me se alguma vez ficaremos sabendo.

Então não é preciso fazer muita ginástica mental pra se concluir que o cardeal Pell fez inimigos poderosos dentro do Vaticano na medida em que ele causava uma erosão neste sistema complicado e engessado da gestão financeira em busca de maior transparência e conformidade com as normas bancárias. Uma fonte que se comunicou comigo esta semana disse-me ainda que acredita que há aqueles que, depois de terem abusado dos privilégios dos seus ofícios no Vaticano para o ganho financeiro pessoal, estão ajudando a financiar a campanha contra Pell.

Boatos não passam de alegações até que a verdade venha à tona. Se Pell é culpado de abuso sexual, ele deve ser responsabilizado. Mas se esta é uma campanha para destruí-lo encabeçada por aqueles que tem muito mais a perder se o Vaticano fizer uma limpeza em sua gestão financeira, as pessoas com o conhecimento do que está acontecendo deveriam se apresentar para exonerar o homem.

De qualquer forma, a destruição do cardeal Pell parece ser nesta altura do campeonato, um fato consumado.

Cardeal George Pell golpeia encíclica sobre meio ambiente do Papa Francisco.

Por The Wanderer | Tradução: FratresInUnum.com –  O responsável pelas finanças do Vaticano, Cardeal George Pell, deu um passo incomum ao criticar a revolucionária encíclica sobre o meio ambiente do Papa Francisco, argumentando que a Igreja Católica “não tem competência particular em ciência”.

Cardeal George Pell
Cardeal George Pell

Após ser trazido, há cerca de 18 meses, ao Vaticano pelo Papa Francisco e incumbido de reformar as questões financeiras da cidade-estado, o cardeal australiano deu uma entrevista ao Financial Times, golpeando o histórico documento de seu chefe.

“Ela tem muitos, muitos elementos interessantes. Há partes dela que são belas”, afirmou. “Mas a Igreja não tem competência particular em ciência… a Igreja não recebeu mandato do Senhor de se pronunciar em matérias científicas. Nós cremos na autonomia da ciência”, Pell declarou ao Financial Times na quinta-feira (16 de julho).

Na carta papal, lançada no mês passado, Francisco instou a uma ação global sobre as mudanças climáticas e criticou os líderes globais por não abordar o assunto de modo urgente, como seria necessário. Enquanto o Papa recebeu o louvor de ativistas ambientais, outros argumentaram que ele não deveria se inserir no debate político e científico.

Até agora, Pell permanecera calado sobre o conteúdo da encíclica, apesar de gozar da reputação de “negacionista” das mudanças climáticas na Austrália. Em 2011, ele bateu de frente com o então chefe do Departamento de Meteorologia da Austrália, Greg Ayers, que afirmou que Pell estava “enganado” em suas opiniões sobre mudanças climáticas.

Apesar das críticas do cardeal à abordagem sobre o meio ambiente do Papa, Pell observou que a encíclica foi “muito bem recebida” e declarou que Francisco “lançou nossas obrigações para com as gerações futuras de nossas obrigações com o meio ambiente de maneira muito bela”.

Desde a publicação do documento, o Vaticano promoveu um encontro de alto nível sobre o meio ambiente, enquanto Francisco levou sua mensagem em sua viagem pela América Latina.

E que tal Henrique VIII?

O Cardeal George Pell, secretário para a Economia, tem sido alvo de ataques no que alguns chamaram de retorno dos Vatileaks. Evidentemente, isso só ocorre por conta de seu claro posicionamento em favor da família. Não se vê vazamentos nem torpedos contra Kasper, Paglia, Marx…

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Por Cardeal George Pell | Tradução: Teresa Maria Freixinho – Fratres in Unum.com: Curiosamente, o rígido ensinamento de Jesus de que “portanto, não separe o homem o que Deus uniu ” (Mt 19: 6) não ocorre muito tempo depois de sua insistência a Pedro sobre a necessidade do perdão (cf. Mateus 18: 21–35).

Cardeal George Pell.
Cardeal George Pell.

É verdade que Jesus não condenou a mulher adúltera que fora ameaçada de morte por apedrejamento, mas Ele não lhe disse para continuar do mesmo jeito ou ir levando a vida sem se modificar. Ele lhe disse para não mais pecar (cf. João 8: 1–11).

Uma barreira intransponível para aqueles que defendem uma nova disciplina doutrinal e pastoral a fim de receber a Sagrada Comunhão é a unanimidade quase completa de dois mil anos de história católica sobre esse assunto. É verdade que os ortodoxos têm uma tradição de longa data, embora diferente, que lhes foi imposta originalmente por seus imperadores bizantinos, porém, essa nunca foi a prática católica.

Alguém talvez alegue que as disciplinas penitenciais nos primeiros séculos antes do Concílio de Nicéia eram muito rigorosas, uma vez que eles discutiam se os culpados de assassinato, adultério ou apostasia poderiam ser reconciliados pela Igreja com suas comunidades locais uma única vez — ou nunca. Eles sempre reconheceram que Deus poderia perdoar, mesmo quando a capacidade da Igreja de readmitir pecadores à comunidade era limitada.

Esse rigor era a norma no tempo em que a Igreja estava se expandindo em número, apesar da perseguição. Não se pode ignorá-los, tanto quanto não se pode ignorar os ensinamentos do Concílio de Trento ou de São João Paulo II ou Bento XVI sobre o matrimônio. Será que as decisões que se seguiram ao divórcio de Henrique VIII foram totalmente desnecessárias?

Cardeal Pell responde a Dom Fellay. Sobre Vaticano II: “Você não tem que aceitar todo ‘pingo’ ou ‘til’ dele”.

Da entrevista concedida pelo Cardeal Pell, arcebispo de Sydney e um dos oito membro do conselho de Cardeais do Papa, a Gerard O’Connell, do La Stampa:

Cardeal George Pell.
Cardeal George Pell.

Q: Dom Fellay denunciou o Papa Francisco como “um genuíno modernista” e acusou que, enquanto a Igreja estava “um desastre” antes de sua eleição, ele está tornando-a “10.000 vezes pior”. O que o senhor diz disso?

Para responder educadamente, creio que isso seja uma absoluta besteira. Francisco afirmou ser um leal filho da Igreja, e sua história o demonstra. Ele é muito, muito preocupado com a vida do dia-a-dia do povo e com aqueles que sofrem, aqueles em dificuldades financeiras e aqueles em situações difíceis. Ele é um expoente completamente fiel dos ensinamentos de Cristo e da tradição da Igreja.

Q. Então as pessoas como Fellay têm interpretado mal o Papa Francisco? 

A. Sim, uma má interpretação gigantesca! Na realidade, os lefebvristas — muitos deles — têm interpretado mal a situação por décadas. Para grande crédito de Bento XVI, ele tentou se reconciliar com eles, mas eles não responderam. Agora, a Igreja hoje aceita o Concílio Vaticano II. Você não tem que aceitar todo “pingo” ou “til” dele, mas ele faz parte da vida da Igreja atualmente, não há meia-volta nisso.

Fonte: Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com 

Cardeal Pell: “Gosto de papas que agem como papas”.

Cardeal Pell: “Haverá uma grande reforma na Cúria. Francisco quer o Vaticano como um lugar onde as pessoas levem à sério o serviço a Cristo e aos outros”

Cardeal George Pell.
Cardeal George Pell.

Cidade do Vaticano (RV) – O Cardeal-arcebispo de Sydney, George Pell, um dos oito Cardeais nomeados como Conselheiro do Papa Francisco, prevê uma “mega reorganização da Cúria Romana” e espera que se encontrem métodos mais eficazes para a seleção de seus membros. Falando ao Vatican Insider, o Cardeal afirmou que “o Papa que temos agora é diferente e está realizando muitas coisas”.

O Cardeal considerou o encontro do Papa Francisco com os motociclistas das Harley Davidson como “emblemático”. “O Papa se sentiu completamente à vontade com eles e os abençoou – observou Pell. É um Papa que compreende a importância dos símbolos. Ele escolheu Francisco como nome. São Francisco de Assis caracterizou-se por muitas coisas, entre as quais um ditado atribuído a ele, em que, dirigindo-se a seus irmãos, disse: ‘Preguem o Evangelho com ações e se necessário, usem as palavras’. Acredito que o Santo Padre entenda muito bem tudo isto e por esta razão o seu estilo de ensino é bastante diferente daquele de Bento XVI. Alguém disse que Bento era um bom professor para os intelectuais, bispos e padres, mas Francisco é muito mais imediato e direto, e fala às pessoas comuns”, afirmou.

Sobre a decisão de Papa Francisco em permanecer na Casa Santa Marta, o Cardeal Pell afirmou que ele gosta de companhia e arriscou um palpite: “é a escolha de um homem que não quer ser controlado. E eu sou a favor dos Papas que agem como Papas”.

Ao analisar os primeiros cem dias de pontificado, o Cardeal-arcebispo de Sydney mostrou alguma preocupação em relação à saúde de Francisco, especialmente devido ao seu ritmo de trabalho: “Penso que ele deveria cuidar de sua saúde. Não é mais jovem e está trabalhando sem descanso. Obviamente, que é muito forte, mas penso que todos estejam interessados de que ele não exagere, ou melhor, que trabalhe duramente mas de uma forma correlata às suas forças. Francisco está trabalhando num ritmo extraordinário”.
O Papa decidiu passar suas férias de verão no Vaticano. O Cardeal Pell afirmou que gostaria muito que Francisco fosse a Castel Gandolfo, mas “ele é um jesuíta do velho estilo, fez um juramento de pobreza e o está levando muito a sério”. Além disto, o purpurado também atribuiu a não ida de Francisco a Castel Gandolfo, à ida de Bento XVI, que poderá passar uma temporada na Casa de verão dos Papas.

Perguntado se o estilo de vida simples de Francisco faria com que tantos bispos e sacerdotes repensassem seu estilo de vida à luz deste modelo, o Cardeal-arcebispo de Sydney afirmou não ter dúvida quanto a isto: “o estilo de seu pontificado, seus ensinamentos e seu modo de viver, afetam a vida de toda a Igreja. Certamente, o Papa Bergoglio não quer que o Vaticano seja visto como uma corte renascentista ou do século XVIII, mas sim como um lugar onde as pessoas levam a sério o serviço a Cristo e aos outros”.

O Cardeal Pell é um dos oito cardeais escolhidos como conselheiro do Papa. Na sua opinião, ao invés de partir de uma grande reorganização da Cúria – que será realizada em grande parte -, deve-se “concentrar em alguns problemas concretos. Por exemplo, deveríamos nos perguntar se o Vaticano tem um número suficiente de transcritores e sobre o número de pessoas com doutorado que passam o tempo transcrevendo. Este é apenas um pequeno exemplo dos problemas práticos que existem hoje.”.

O Cardeal Pell também observou que é necessário melhorar “a disciplina e o aspecto motivacional”. “Eu acho que Francisco fez grandes progressos no que tange ao IOR, mas poder-se-ia fazer muito mais. Para ser mais específico, eu acho que se deveriam realizar inspeções externas a cada ano, como é feito em qualquer lugar no mundo anglo-saxão. Além disso, nas realidades vaticanas que lidam com a comunicação, existe uma falta de coordenação e se gasta muito em determinadas agências. Estes são alguns aspectos práticos que precisamos resolver”. (JE)

As palavras ácidas do Cardeal Pell.

Cardeal George Pell.
Cardeal George Pell.

Fratres in Unum.com – O Cardeal George Pell, 71 anos, Arcebispo de Sidney, é o segundo cardeal a tecer palavras críticas sobre a renúncia do Papa Bento XVI.

Considerado homem de confiança e alinhado às idéias do agora “Papa Emérito”, Pell foi claro sobre as conseqüências futuras que poderiam advir do precedente aberto com a renúncia do Sumo Pontífice: “Poderia haver pessoas que, estando em desacordo com um futuro Papa, montariam uma campanha contra ele para convencê-lo a renunciar”. Pell ainda deu o seu parecer sobre o Papa Ratzinger: “Ele conhece muito bem a teologia, mas eu creio que prefiro alguém que possa dirigir a Igreja e recuperar a unidade”. Para ele, o o governo de Bento XVI “nem sempre foi brilhante”.

As declarações, dadas a uma rede de televisão da Austrália poucos minutos antes do início da sede vacante, juntam-se às reservas do Cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário pessoal de João Paulo II, e de Dom Roland Minnerath, bispo de Dijon, França, quanto à drástica decisão de Bento XVI. A Sala de Imprensa da Santa Sé não quis se pronunciar sobre as afirmações de Pell, que ainda acrescentou que o Papa estava “muito ciente” do fato de que a sua abdicação era “um rompimento com a tradição” e “particularmente desestabilizadora” para a Igreja.

Congregação para os Bispos: A sorte está lançada.

O Cardeal Marc Ouellet, arcebispo de Quebec, deve assumir a chefia da Congregação para os Bispos.
O Cardeal Marc Ouellet deve assumir a chefia da Congregação para os Bispos.

(Kreuz.net, Cidade do Vaticano) Ao que parece, o Papa Bento XVI decidiu: o neo-conservador Cardeal Arcebispo Marc Ouellet (66), de Quebec, Canadá, será o Prefeito da Congregação Pontifícia para os Bispos, informou hoje o conhecido vaticanista Andrea Tornielli no jornal italiano ‘Il Giornale’.

A Congregação para os Bispos prepara a nomeação de bispos e seria o dicastério mais importante para uma renovação da Igreja.

Com o Cardeal Ouellet, antigo liberal e neo-conservador, o declínio mortal continuará a pleno vapor.

Tornielli soube que o nome do Príncipe da Igreja será anunciado nas próximas semanas.

Se não houver decisões inesperadas de última hora – o que também é possível – nada impedirá o Cardeal Ouellet.

Até a sua nomeação como bispo, o Cardeal Ouellet lecionava Teologia Dogmática no Instituto Romano para as Famílias.

Ele fazia parte do círculo ideológico que se reunia em torno do Papa João Paulo II e representa a teologia do polêmico teólogo suíço, Cardeal Hans Urs von Balthasar († 1988).

Impedido por bispos liberais sob a falsa alegação de abuso

Enquanto isso, o jornalista londrino Damian Thompson afirmou em seu blog o motivo da detonação da nomeação anteriormente planejada do catolicíssimo Arcebispo de Sidney, Cardeal George Pell.

O cardeal Pell disse ter recusado a nomeação. Como razões oficiais ele mencionou a sua idade – em 8 de junho ele completou 69 anos – e sua suposta saúde frágil.

O prelado usa um marca passo.

Ontem Thompson deu nome ao verdadeiro motivo da detonação da nomeação do Cardeal Pell: “Ele é vítima de uma campanha de difamação por parte de vários bispos, especialmente, italianos.”

Os bispos desenterraram antigos – e há muito refutados – casos de abuso, difamação, para inviabilizar o cardeal.

As acusações foram levantadas durante o tempo que atuou como Arcebispo de Melbourne, nos anos 90, por um criminoso condenado anteriormente mais de trinta vezes.

O então arcebispo negou as acusações veementemente, suspendeu suas funções imediatamente e instruiu uma comissão independente para examinar as alegações.

Estes acabaram por ser rejeitadas como “totalmente infundadas”.