Pell, novo prefeito para os Bispos. Sodano se nega a testemunhar no processo de João Paulo II.

Duas notícias trazidas por Andrea Tornielli:

Confirmação do Cardeal George Pell para o Congregação para os Bispos: “Nos últimos dias, Bento XVI recebeu novamente em audiência o Cardeal George Pell, arcebispo de Sydney, e oficializou a nomeação como prefeito da Congregação dos Bispos. Pell posteriormente teve uma longa conversa com o seu predecessor, o Cardeal Giovanni Battista Re. O anúncio da nomeação será feito nas próximas semanas…”

[Atualização – 06 de maio de 2010, às 13:33] Segundo matéria publicada no Kreuz.net hoje, ainda na Austrália, o Cardeal Pell mostrava estar em condições de cuidar da nomeação de bispos católicos. Desde que começou a atuar como arcebispo de Sidney, uma série de bispos católicos ortodoxos foram nomeados. O Cardeal Pell também é muito receptivo em relação à liturgia. Já como arcebispo de Melbourne, ele celebrava missas pontificais regularmente no Rito Antigo naquele local – muito antes do ‘Summorum Pontificum’.

Sodano e Sandri se recusam a testemunhar no processo de João Paulo II: Em carta de 17 de junho de 2008 ao postulador da causa de canonização de João Paulo II, Monsenhor Slawomir Oder, o Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado de João Paulo II por quinze anos, escreveu: “Pessoalmente considero que o Servo de Deus João Paulo II, de venerável memória, tenha vivido santamente, praticando as virtudes teologais e as virtudes cardeais […] A única dúvida que alguns hoje exprimem diz respeito à oportunidade de dar precedência a tal causa, saltando aquelas já em curso dos Servos de Deus Pio XII e Paulo VI”. A carta chegou no momento da conclusão da “Positio”, o volume com os testemunhos do processo. Convidados, os cardeais Angelo Sodano e Leonardo Sandri (hoje prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais e, na época, substituto da Secretaria de Estado), preferiram não testemunhar. A pergunta que não quer calar: por que os dois homens mais influentes da Secretaria de Estado no reinado de João Paulo II preferiram o silêncio?

Mudanças na Cúria à vista.

Dom BertelloSegundo Marco Tossatti, do La Stampa, “[e]ntre a Páscoa do próximo ano, segundo vozes recorrentes da Cúria, o Cardeal Giovanni Battista Re deve deixar o cargo de Prefeito da Congregação para os Bispos, um dos pontos-chave em termos de responsabilidade e delicadeza do governo central da Igreja”.  “O seu lugar, segundo fontes bem informadas, poderia ser ocupado pelo atual núncio na Itália, Dom Giuseppe Bertello”. […] “A decisão de colocá-lo à frente da Congregação para os Bispos é – segundo dizem – do Secretário de Estado, o Cardeal Tarcisio Bertone. Monsenhor Bertello desfruta da total confiança do Secretário de Estado…”

Outra mudança esperada seria a partida do Cardeal Walter Kasper, que “não teria visto com bons olhos o momento e o modo do ingresso dos dissidentes anglicanos, gerida de maneira totalmente autônoma (ou quase …) pela Congregação para a Doutrina da Fé. Em seu lugar assumiria o ex-aluno e amigo de Joseph Ratzinger, o Bispo de Regensburg, Gerhard Ludwig Muller.

Rocco Palmo informa que “círculos católicos em Roma e na Austrália estão alvoroçados com os rumores de que o Papa Bento XVI logo irá nomear o Cardeal australiano George Pell a um cargo prestigioso nos altos escalões da Cúria Romana” […]

Entre os Cardeais que já completaram 75 anos estão, além dos Cardeais Walter Kasper e Giovanni Battista Re, o Cardeal Franc Rode (prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica) e o Cardeal Paul Josef Cordes (presidente do Pontifício Conselho Cor Unum).

Cardeal Re teria atacado Cardeal Castrillón pelo levantamento das excomunhões.

cardeal-reO ultra-liberal Prefeito da Congregação para os Bispos, Giovanni Batistta Re, parece estar muito preocupado quanto às circustâncias do levantamento das excomunhões dos quatro bispos de Lefebvre.

O diário italiano ‘Italia Oggi’ relata.

No Vaticano eles estão atualmente se perguntando se alguém teria criado “armadilhas escondidas” no levantamento das excomunhões pelo Papa.

A resposta a essa questão supostamente foi dada àqueles que no último Domingo sentaram num ônibus fretado pelo Vaticano.

Uma vez por ano, dois ônibus transportam prelados do Vaticano da praça São Pedro até a Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde a Festa da Conversão de São Paulo Apóstolo ocorre.

Num dos bancos da frente de um desses ônibus é que a voz do Cardeal Re foi ouvida alta e clara: “Esse Pasticción!

A expressão era uma paródia do nome do presidente da Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei”, Dario Cardeal Castrillón Hoyos, que estava em sua mente.

A palavra Italiana “pasticcione” significa pessoa caótica ou desmazelada.

Conforme o Prefeito da Congregação para os Bispos, as afirmações sobre a câmara de gás (que a mídia anticlerical deu muito boas-vindas) por Dom Richard Williamson, e o subseqüente festival de escândalo foi inteiramente falta do Cardeal Castrillón-Pasticción.

Ele estava com pressa para levantar as excomunhões já que ele não queria perder a oportunidade histórica de terminar o conflito com a Sociedade de São Pio X.

“Eu, também, tive apenas poucas horas para ver o documento” — disse o Cardeal Re no ônibus.

O Cardeal também parece saber a razão das ações do Cardeal Castrillón:

“Todo mundo sabe que Castrillón logo terá 80 anos e se aposentará. Se a matéria não estiver imediatamente concluída, ele não poderia mais declará-la como seu próprio trabalho”.

A ira do Cardeal Re estava aparentemente direcionada também aos autores do decreto — o presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos, Dom Francesco Coccopalmerio – “que tem que se esforçar demais com a língua Italiana”.

Cardeal Re teria preferido aguardar por um mês — “e dar as notícias quando o novo estatuto para os apoiadores de Lefebvre estivesse pronto. Teria sido algo completemente  diferente e nós teriamos dado esse passo em falso”.

O Cardeal era um dos presentes quando foi levantada a questão se alguém sabia sobre a entrevista de Dom Williamson: “Mas como?” — respondeu: “Tudo isso era bem sabido pelo Castrillón-Pasticción. Mas ele provavelmente não disse nada, e certamente subestimou as conseqüências”.

Fonte: kreuz.net

Tradução da versão inglesa em Catholic Church Conservation