Bento XVI: “O Senhor não abandona a sua Igreja, mesmo se, às vezes, a barca esteja quase repleta a ponto de soçobrar”.

Uma palavra de saudação de Bento XVI, Papa Emérito, por ocasião da missa de requiem do Cardeal Joachim Meisner, no dia 15 de julho de 2017.

Fonte: Rorate-Caeli | Tradução: FratresInUnum.com

Retirado da homenagem escrita de 2 páginas (original em alemão) pelo Papa Emérito Bento:

Neste momento, quando a Igreja de Colônia e os fiéis mais distantes se despedem do Cardeal Joachim Meisner, estou junto deles em meu coração e pensamentos e tenho a satisfação de atender ao desejo do Cardeal Woelki e dirigir-lhes uma palavra de reflexão.

Meisner
Bento XVI e o Cardeal Joachim Meisner.

Quando, na quarta-feira passada, fui informado, por telefone, sobre a morte do Cardeal Meissner, a princípio, não consegui acreditar. Havíamos conversado no dia anterior. Pela maneira de falar, ele estava grato por agora estar descansando, depois de ter participado no domingo anterior (25 de junho) da beatificação do bispo Teofilius Maturlionis, em Vilnius. Seu amor pelas Igrejas vizinhas do Oriente, que sofreram perseguição sob o Comunismo, bem como a gratidão pela resistência no sofrimento durante esse tempo deixaram uma marca indelével no Cardeal. Portanto, certamente não foi por acaso que a última visita de sua vida foi a um confessor da fé.

O que me impressionava de modo particular nas últimas conversas que tive com o Cardeal, agora de volta à casa do Pai, era a alegria natural, a paz interior e a tranquilidade que ele havia encontrado. Sabemos que foi difícil para ele, um apaixonado pastor de almas, deixar seu cargo, e isso precisamente no momento em que a Igreja tinha necessidade urgente de pastores que se oporiam à ditadura do zeitgeist [espírito do tempo], totalmente decididos a agir e pensar da perspectiva da fé. No entanto, fiquei ainda mais impressionado porque, nesse último período de sua vida, ele aprendeu a relaxar e viver cada vez mais da convicção de que o Senhor não abandona a sua Igreja, mesmo se, às vezes, a barca esteja quase repleta a ponto de soçobrar.

Havia duas coisas que nesse período final lhe permitiram ficar cada vez mais feliz e tranquilo:

– A primeira foi que ele sempre me contava que o que o enchia de profunda alegria era experimentar, no Sacramento da Penitência, como os mais jovens, acima de todos os jovens, passaram a experimentar a misericórdia do perdão, o dom de efetivamente  descobrir a vida, que só Deus pode lhes dar.

    – A segunda, que sempre lhe comovia e deixava feliz, foi o aumento perceptível da adoração Eucarística. Para ele esse foi o tema central na Jornada Mundial da Juventude em Colônia – o fato de que havia Adoração, um silêncio, em que o Senhor sozinho fala aos corações.

Algumas autoridades pastorais e litúrgicas consideravam que não seria possível conseguir esse silêncio na contemplação do Senhor com um número tão grande de pessoas. Alguns também pensavam que a adoração Eucarística, como tal, foi ultrapassada, porque o Senhor queria ser recebido no pão Eucarístico, em vez de ser contemplado. No entanto, o fato de que uma pessoa não pode comer esse pão apenas como uma espécie de alimento, e que “receber” o Senhor no Sacramento Eucarístico inclui todas as dimensões da nossa existência – receber tem que ser adoração, algo que entrementes tornou-se cada vez mais claro. Assim, o período de adoração Eucarística na Jornada Mundial da Juventude de Colônia tornou-se um evento interior que permanece inesquecível, e não apenas ao Cardeal. Posteriormente, esse momento esteve sempre presente em seu coração e lhe deu grandes luzes.

Quando na última manhã o Cardeal Meisner não apareceu para a Missa, ele foi encontrado morto em seu quarto. O breviário havia escorregado de suas mãos: ele morreu enquanto rezava, seu rosto estava voltado para o Senhor, em conversa com o Senhor. A arte de morrer, que lhe foi dada, demonstrou novamente como ele havia vivido: com a face voltada para o Senhor e conversando com ele. Assim, podemos confiar sua alma à bondade de Deus. Senhor, agradecemos o testemunho desse seu servo, Joachim. Deixai-o agora interceder pela Igreja de Colônia e pelo mundo inteiro! Descanse em paz!

[Nota: Traduzido por Dom Michael G Campbell OSA, Bispo de Lancaster, Reino Unido, e publicado no site da Diocese de Lancaster como um arquivo PDF.]

 

Surpreso.

Da edição de ontem de Il Foglio (tradução: Fratres in Unum.com): No dia de Natal, ele completou oitenta anos — comemorados com a irrupção de uma ativista do Femen fazendo topless na Catedral de Colónia, enquanto celebrava missa — e “no mais tardar, no final de fevereiro”, deixará, após 25 anos, o governo da grande diocese da Renânia Setentrional.

Cardeal Joachim Meisner.
Cardeal Joachim Meisner.

Antes das saudações, no entanto, o Cardeal Joachim Meisner quis advertir o seu superior imediato, o Papa, de que não se envolvesse demais em disputas com o mundo. Não o fez por meio da imprensa ou por carta entregue na Casa Santa Marta, mas em pessoa. Um encontro olho a olho no qual “pude falar livremente ao Santo Padre sobre muitas coisas”, disse Meisner à rádio pública alemã. “Disse-lhe que seus pronunciamentos em forma de entrevistas e declarações breves deixa muitas perguntas sem respostas, que, pelo contrário, deveriam ser explicadas de modo mais amplo”. Francisco, acrescentou o prelado, “ficou surpreso e me pediu para lhe dar alguns exemplos. E eu falei acerca do que ele disse durante a viagem de volta de avião do Rio para Roma”. Ponto sensível, as frases sobre a readmissão dos divorciados recasados aos sacramentos, a comunhão primeiramente. Falar muito misericórdia de é também perigoso: “Arrisca-se cobrir com essa palavra todas as falhas humanas”. Nesse ponto — declarou ainda o arcebispo de Colônia — o Papa “respondeu de modo muito enérgico que ele é filho da igreja e não disse nada senão reafirmar os ensinamentos da Igreja”. A misericórdia, esclareceu Francisco no encontro com Meisner, “deve corresponder à verdade ou não pode ser definida como misericórdia”. Ademais, se houver qualquer questão teológica pendente , “há a Congregação para a Doutrina da Fé”, acrescentou Bergoglio. Assim, para dúvidas ou questões específicas, há Dom Gerhard Müller, o guardião da ortodoxia, colocado aí por Joseph Ratzinger e o primeiro monsenhor da cúria a ser confirmado por seu sucessor.

* * *

[Atualização – 3 de janeiro de 2014, às 8:36] Um gentil leitor nos envia sua tradução de excertos da entrevista veiculada em espanhol por Info Católica:

–(…) Os temas família e matrimônio são atuais, o debate sobre os divorciados que voltaram a casar parece dividir a Igreja na Alemanha. Qual é sua posição?

–Caro senhor Liminski, em todo momento, a Igreja, especialmente os bispos junto com o Papa têm o dever de dar o exemplo, diante dos homens, de obediência à Palavra de Deus. Os bispos também compartilham com o Papa o Magistério. Mas sempre cum Petro et sub Petro, isto é, com Pedro e sob Pedro. Assim, que qualquer dissenso entre o ensinamento do Papa e o do bispo é teoricamente inadmissível. Deixe-me acrescentar algo mais: desde tempos imemoriais a Igreja está convencida de que a unidade de Cristo com sua Igreja, que é o seu corpo, é normativa também para o matrimônio. E o apóstolo Paulo o disse explicitamente: «O matrimônio é um mistério profundo. Eu me refiro a Cristo e à Igreja». E Cristo disse então, logicamente, que o que Deus uniu, não o separe o homem. A isto não há realmente nada mais a acrescentar. Pode você pensar talvez que isto eu lanço como um tiro. É que todos os dias me vejo confrontado com estas questões e por isso sua pergunta não era nova para mim.

–Esta não é a mesma posição, idêntica, que a de seu colega Zollitsch. Ele chama a uma maior integração na vida comunitária, também uma integração das pessoas divorciadas. E crê que em Roma também haveria diferentes opiniões sobre isso. Desse modo a opinião da CDF, não seria, portanto, mais importante que as outras. Então, o que é que está valendo?

–Sr. Liminski, escute por uma vez a um velho bispo. Em minha última visita ao Papa Francisco pude falar muito francamente com o Santo Padre sobre todos os temas. E também lhe disse que quando fala em forma de entrevistas e breves discursos ficam algumas perguntas abertas, que para os não iniciados deveriam na realidade explicar-se melhor. O Papa me olhou fixamente e me disse para lhe mencionar um exemplo.

E minha resposta foi então que em seu regresso do Rio a Roma, enquanto viajava no avião, mencionou-se a ele o problema dos divorciados que voltaram a se casar. Então o Papa simplesmente me respondeu: «os divorciados podem comungar, mas não os divorciados casados novamente. Na Igreja Ortodoxa se pode casar duas vezes». Até aqui sua declaração.

Logo falou da misericórdia que, contudo, em meu modo de ver, e assim lhe disse, neste país sempre se interpreta como um substituto de todas as possíveis faltas do homem. E o Papa me respondeu muito enérgico que era um filho da Igreja Católica, e que ele não disse outra coisa que o que a Igreja ensina. E a misericórdia deve ser idêntica à verdade, caso contrário não merece o nome de misericórdia.

E, ademais, ele me disse expressamente que quando certas questões teológicas se mantêm abertas, então a importante Congregação para a Doutrina da Fé está aí, para esclarecer e formular detalhadamente. Também deve-se pensar que antes do Concílio o próprio Papa era o prefeito desta congregação, e ela é, na ordem curial, a que está no primeiro lugar, hoje como antes. Não se pode falar do Prefeito como se fosse um cidadão particular, somente porque ele anteriormente foi membro da Conferência Episcopal (alemã).

–Agora o Papa iniciou uma consulta de opinião acerca da família, do matrimônio e da moral sexual diante do Sínodo do próximo outono. E para Colônia já há resultados. Assim se observa que em relação ao povo as coisas vão de modo diferente que em Roma. A Igreja não deveria, deve, adaptar-se?

–Também disse com antecipação que a Igreja tem que adaptar-se à Palavra de Deus e não à opinião das pessoas. Devemos, como Igreja, conhecer a opinião das pessoas, para depois proclamar a Palavra de Deus em função disto. Mas adaptar-se do modo que você pergunta não é uma categoria do Evangelho. É surpreendente que, por exemplo, a Igreja Evangélica Luterana, com seu documento de tomada de posição sobre a temática da sexualidade, se tenha alinhado totalmente com o chamado espírito dos tempos nos assuntos da sexualidade. E como se encontra a situação da Igreja Evangélica Luterana?  Ouvi dizer que os números de abandono da igreja luterana são ainda mais altos que os nossos. De maneira que, em última instância, este êxodo não pode dever-se à questão da sexualidade.

–O ZdK (comitê central dos católicos alemães) o vê um pouco diferente. O Presidente Glück advoga por adaptar-se e integrar plenamente os divorciados que voltaram a casar, isto é, admiti-los também na Eucaristia. O ZdK quer casar-se com o espírito dos tempos, se poderia dizer. Aí desertam unidades inteiras dos exércitos cristãos. Não tem medo do isolamento?

–Bem, não conheço o medo do isolamento. Na escola primária, na Turíngia, eu era o único aluno católico. E sempre estava no meio e não me deixava isolar. A missão do ZdK é fazer visível e efetivo o Evangelho nas dimensões do secular, quer dizer, no mundo. E aqui, este grêmio deve se fazer realmente, com seriedade, a pergunta: mantiveram-se fiéis a sua missão e vocação?

E formula você, neste contexto, a pergunta de se eu hei de temer um certo isolamento? O que eu tenho é autêntica preocupação pelas pessoas que deformam como lhes convêm sua própria fé ao invés de aceitá-la respeitosamente como o próprio Cristo nos confiou. Isto não traz nenhuma solução. No século IV, por causa da heresia dos arianos, se dizia que da noite para o dia, a Igreja havia se tornado ariana. Mas isso não ficou assim. Converteu-se em católica de novo. E por isso, por hostis que sejam os números, não me assustam. Devo dizer que simplesmente devemos nos perguntar o que Deus quer.
E a Igreja sabe desde há 2.000 anos que o que Deus uniu o homem não pode separar. Outra questão diferente é a de se todos os matrimônios são realmente válidos. Se deveria haver critérios novos que permitissem determinar se um matrimônio não ocorreu realmente e não é válido. Mas essa é outra questão. Aí não se trata da admissão dos divorciados que voltaram a casar à Santa Comunhão.

Natal na Catedral de Colônia: ativista do Femen profana altar diante do Cardeal Meisner.

Por Spiegel Online | Tradução: Fratres in Unum.com – Colônia: Pouco depois do início da Missa matutina de Natal, na Catedral de Colônia, a ativista do Femen Josephine Witt (20) arrojou-se da primeira fileira e pulou em cima do altar vestindo apenas uma roupa íntima. Ela havia pintado a expressão “Eu sou Deus” em seu peito. A mulher foi retirada das vistas do Arcebispo Cardeal Joachim Meisner pelo serviço de segurança da Catedral.

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Witt, que se autodenomina “Markmann”, tornou-se conhecida através de diversos protestos do Femen, incluindo um protesto contra Wladimir Putin. No final de maio ela fez parte das ativistas do Femen que foram presas e condenadas a quatro meses de prisão após protestarem nuas na Tunísia. As mulheres foram liberadas com ajuda diplomática em junho de 2013.

Segundo informações da polícia, até o início da celebração católica, Witt estava sentada na primeira fileira, vestindo um casaco de couro, um vestido e um lenço na cabeça. Por volta das 10:05h, ela despiu-se, puxando o vestido por baixo e pulou em cima do altar.

Witt foi prontamente detida e retirada da Catedral pelo serviço de vigilância. A polícia deteve a mulher até o final da missa e apresentou queixa contra perturbação de culto religioso e invasão de domicílio.

“Foi um protesto individual planejado, que funciona melhor do que quando muitas mulheres estão envolvidas”, disse Witt à agência de notícias dpa. Com a ação, a organização Femen International quis protestar contra o monopólio de poder da Igreja Católica.

O processo todo durou apenas alguns minutos. Segundo informações do periódico “Kölner Stadtanzeiger”, Meisner benzeu o altar após o incidente com um breve ritual e prosseguiu com a Missa. As pessoas queriamm celebrar o Natal e não estragar o clima. Ao final da missa, ele incluiu a ativista em suas orações.

Meisner, que deixará seu cargo já no primeiro semestre de 2014, é considerado um dos cardeais mais conservadores. O cardeal alemão, que ocupa uma das mais altas posições, frequentemente, é criticado como um linha-dura e, recentemente, esclareceu publicamente que não via qualquer necessidade de reforma dentro da Igreja Católica. Meisner nasceu há 80 anos no dia de Natal.

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=A2Iz1ieJTS4

Nota do Fratres: No dia 19 de dezembro, Inna Schewtschenko, uma proeminente ativista ucraniana do Femen, insurgiu-se contra a política da Igreja Católica em relação ao aborto correndo nua na Praça de São Pedro. Em seu peito lia-se “O Natal está cancelado”. 

“O senhor tem que demitir o Cardeal Bertone!”

Cardeal Joachim Meisner.
Cardeal Joachim Meisner.

O Cardeal Secretário de Estado não fazia esse papel [de homem de confiança do Papa, tal como Ratzinger foi de João Paulo II]. Durante o caso Williamson, eu, uma vez, em nome de um certo número de cardeais, fui ao Papa e disse: “‘Santo Padre, o senhor tem que demitir o Cardeal Bertone! Ele está no controle’ — como se fosse o ministro responsável em um governo secular. Ele me olhou e disse: ‘Ouça com atenção! Bertone fica! Basta! Basta! Basta!’. Depois disso, eu nunca mais toquei no assunto. Diga-se de passagem, isso é típico: os Ratzingers são leais. Isso faz da vida deles nem sempre fácil. O Papa basicamente levou os seus colaboradores mais próximos da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) para a nova função, Cardeal Bertone, assim como o seu secretário, o agora Arcebispo Gänswein. Mas o antigo prefeito da CDF, Cardeal Levada, não fazia para Ratzinger o papel da forma que ele fez para João Paulo II. E o novo prefeito, Dom Müller, acabou de assumir o cargo e deve descobrir a sua própria função. Ele é um homem esperto, embora diferente do próprio Ratzinger”.

Da interessantíssima entrevista do Cardeal Joachim Meisner, arcebispo de Colônia e amigo muito próximo de Bento XVI, concedida ao Frankfurter Rundschau.

Cardeal Meisner, arcebispo de Colônia, abre as portas à “pílula do dia seguinte” em casos de violência sexual.

“Alternativa católica” à pílula do dia seguinte. Segundo o cardeal de Colônia, Meisner, os novos conhecimentos científicos permitiriam distinguir entre evitar a fecundação e impedir a implantação no útero.

Por Andrea Tornielli, Vatican Insider | Tradução: Fratres in Unum.com – Após as polêmicas por causa da menina que foi vítima de estupro, a quem dois hospitais [católicos] de Colônia negaram a administração da pílula do dia seguinte, o Cardeal Joachim Meisner, arcebispo da cidade, pronunciou essas palavras, que abriram a possibilidade de oferecer a pílula e que foram recebidas com satisfação pelos agentes sanitários da Alemanha.

Cardeal Joachim Meisner.
Cardeal Joachim Meisner.

O delegado da associação dos hospitais católicos, Thomas Vortkamp, em uma entrevista com http://www.domradio.de, disse que as declarações do purpurado contêm “muitos esclarecimentos sobre como deveriam se comportar os hospitais católicos no futuro em relação às vítimas de violência. Para nós é importante que os colaboradores nos hospitais tenham as coisas claras: que seja um dever oferecer ajuda às mulheres em dificuldades, desde a acolhida até a ajuda posterior”.

Vortkamp explicou também que “muitas incertezas foram eliminadas” e que sob o nome de “pílulas do dia seguinte” encontram-se muitos produtos com diferentes princípios ativos: “No passado, a pílula do dia seguinte era sempre considerada como uma pílula abortiva e condenada somente desse ponto de vista. Estaremos sempre contra a pílula abortiva. Porém, nos casos de mulheres violentadas, é útil esclarecer as coisas para poder oferecer-lhes uma pílula do dia seguinte como prevenção. Se a mulher, com a pílula do dia seguinte, recebe ajuda no sentido da prevenção, tudo bem. Porém, se, por exemplo, a implantação já ocorreu, há que se discutir como se pode proceder. E se a mulher opta pelo aborto, então há que explicar que ele deve ser realizado em outro hospital”.

Segundo as palavras do delegado da associação de hospitais católicos, deduz-se que a pílula do dia seguinte não é considerada abortiva, porque não atua depois da implantação, mas sim antes, para impedir a fecundação ou a implantação do ovócito fecundado. Porém, o cardeal, para dizer verdade, fez a respeito desse tema uma distinção muito clara e precisa, pois explicou que se a pílula “é utilizada com a intenção de impedir a fecundação, então, no meu ponto de vista, é sustentável”.

Por outro lado, seu uso “não é aceitável” quando se usa para impedir que um óvulo já fecundado se implante no útero. Meisner, o cardeal alemão mais em sintonia com Bento XVI, de quem é amigo pessoal, indicou que com as novas tecnologias científicas é possível distinguir entre uma e outra situação.

Em 2005, a Pontifícia Academia da Vida expressou-se sobre esta pílula com uma declaração que diz: “A pílula do dia seguinte é um conjunto de hormônios, que, administrada antes do transcurso de 72 horas depois de uma relação sexual presumivelmente fértil, sofre um mecanismo prevalentemente de tipo ‘anti-nidatório’, ou seja, impede que o eventual óvulo fecundado (que é um embrião humano), que já alcançou o estágio de blastocele (de 5 a 6 dias após a fecundação), se implante na parede uterina, mediante um mecanismo de alteração dessa mesma parede. O resultado final será, portanto, a expulsão e a perda deste embrião. Somente se a administração de tal pílula pudesse ser anterior ao evento da ovulação, esta poderia atuar como um mecanismo para bloquear esta última (neste caso se trataria de uma ação tipicamente “anticonceptiva”)”.

O mesmo documento indicava que o uso da pílula do dia seguinte, “na realidade, não é outra coisa que um aborto que se realiza por meios químicos. Não é coerente intelectualmente, nem justificável cientificamente, afirmar que não se trata da mesma coisa. Ademais, parece bastante claro que a intenção de quem pede ou propõe o uso da chamada pílula está direcionada diretamente à interrupção de uma eventual gravidez em ato, exatamente como no caso do aborto. A gravidez, de fato, começa na fecundação e não a partir da implantação do blastocele na parede uterina, como se trata de sugerir implicitamente”.

Devemos recordar que normalmente as legislações estatais e nos protocolos sanitários o efeito de impedir a implantação do óvulo fecundado não se considera abortivo, visto que muitos casos se verificam naturalmente, enquanto se define aborto como a destruição de um óvulo já implantado no útero (efeito que não se obtém com a pílula do dia seguinte, mas sim com a pílula RU486). Para a Igreja, pelo contrário, a ação de evitar a implantação deve ser considerada abortiva.

Bispos da Alemanha vendem editora que veiculava conteúdo esotérico e pornográfico.

Por KNA/FSSPX-Alemanha | Tradução: Fratres in Unum.com

Bonn/Würzburg – Os bispos católicos decidiram vender o grupo editorial Weltbild e alterar parcialmente o Conselho de Fiscal da empresa.

Os bispos, que são os acionistas da editora, tomaram essa decisão na segunda-feira à noite, em Würzburg. A assembléia de acionistas foi convocada subitamente em razão de uma exigência da Assembléia Geral da Associação de Dioceses Alemãs (VDD).

Eles instruíram o Conselho de Fiscal a proceder à venda do grupo editorial “sem qualquer demora”, comunicou a Conferência dos Bispos Alemães na terça-feira, em Bonn. A editora foi criticada porque disponibilizava para venda conteúdo esotérico e pornográfico. (Veja informe em pius.info)

A VDD detém 24,2% da maior parte do grupo editorial, que pertence também a 12 dioceses católicas e a pastoral dos soldados.

A VDD dirigiu suas críticas à direção da empresa da editora Weltbild. “A disseminação via Internet, bem como a produção de mídia que contradigam os objetivos dos sócios, em seu próprio escopo corporativo, não devem prosseguir. A credibilidade do grupo editorial e de seus acionistas foi afetada”.

Os sócios da Weltbild decidiram igualmente fazer alterações no Conselho Fiscal.

Nesse ínterim, o “Südeutsche Zeitung” informou (terça-feira) sobre possíveis compradores para a Weltbild. Entre outros, foram mencionadas as editoras Bertelsmann, Burda e Holtzbrinck. Assim, o presidente da Hubert Burda Media Holding, Paul-Bernhard Kallen, ficaria no Conselho Fiscal da Weltbild.

A editora de Augsburgo foi alvo de críticas porque oferecia também literatura erótica e esotérica para venda por Internet. Na semana passada, o representante do Conselho Fiscal, Klaus Donaubauer, demitiu-se. Duas semanas atrás, o Papa Bento XVI alertou que era hora de “restringir energicamente” a ampla disseminação de material com conteúdo erótico ou pornográfico, sobretudo, em países ocidentais, esclareceu o pontífice.

A Santa Sé vai se certificar de “que o empenho necessário em relação a esses abusos por parte da Igreja Católica na Alemanha seja claro e decisivo”.

Um pouco mais tarde os cardeais Joachim Meisner (Colônia) e Reinhard Marx (Munique), entre outros, criticaram duramente a orientação da Weltbild.

O boletim da Fraternidade Sacerdotal São Pio X – “Mitteilungsblatt” – apontou para os abusos já nos anos de 2006 e 2008. (pius.info berichtete).

“Ai daqueles que escandalizarem um destes pequeninos!” (Mt 18, 6). Ecumenismo recomendado apenas para maiores de 18 anos.

Golias – Está decidido. O Cardeal Joachim Meisner, arcebispo de Colônia, acaba de cortar. Os estudantes católicos não participarão mais de celebrações inter-religiosas. O purpurado, muito conservador, amigo de Joseph Ratzinger, exige que os alunos católicos não participem mais de celebrações religiosas em comum com crianças de outras religiões.

Numa diretriz, alegou que a fé das crianças não era suficientemente desenvolvida e que lhes faltava a capacidade de “distinção” necessária. Pediu igualmente que os alunos católicos não rezassem mais juntamente com os alunos muçulmanos ou judeus.

Como era esperado, tal retrocesso suscita vivas controvérsias e joga gasolina sobre o fogo que já queima. O conselho central dos muçulmanos da Alemanha pediu à conferência dos bispos um posicionamento claro, esperando que ela contradiga Meisner, ou ao menos dê uma versão completamente diferente. Tanto mais que a orientação de Meisner se encontra em contradição com decisões que a própria conferência episcopal estabeleceu sobre as festas multi-religiosas.

O ministro da Integração do Land de Renânia‑do‑Norte‑Vestefália, Armin Laschet, apesar de conservador, lamentou a decisão de Dom Joachim Meisner no diário Die Welt: “Creio que a nossa época não tem menos necessidade de mais atitudes comuns entre as religiões”.

Meisner: ‘O Cisma da Fraternidade ainda persiste’.

Publicamos as recentes declarações do Cardeal Joachim Meisner, Arcebispo de Colônia, em que defende o Papa das críticas da mídia, ao mesmo tempo em que defende o Concílio com unhas e dentes e ataca a Fraternidade. Kath.net é liberal, ainda que disfarçada de conservadora; parecem querer botar lenha na fogueira e emprestam a voz para os prelados liberais fazerem a festa, sem fazer qualquer observação. As declarações de Dom Williamson caíram tão mal na mídia e entre o clero de língua alemã que só mesmo um milagre para esperarmos um próximo passo no sentido da plena regularização da FSSPX para breve.

Vale lembrar também que essa sofreguidão por defender os “resultados” do Concílio por parte dos bispos de lingua alemã encontra eco na formação da famosa Aliança Européia durante o desdobramento do Concílio. Isso junto com o terror que os alemães sentem pelo tema do Holocausto (terror esse plenamente conhecido pelo próprio Dom Williamson na lastimável entrevista) resultou no cataclisma que estamos assistindo. No Brasil não se tem idéia do que esse tema do Holocausto representa para os Alemães. Basta alguém frequentar a biblioteca do Goethe Institute para saber. As prateleiras estão sempre abarrotadas de livros e DVDs sobre tudo relacionado à guerra e ao nazismo. Os livros didáticos sempre fazem referência à guerra e ao pós guerra. Até o material didático preparatório para os grandes exames de KDS e GDS versam sobre esses temas.

 

 

 

O Cardeal Meisner, de Colônia, defende o Papa Bento contra ataques da mídia: o levantamento das excomunhões é por assim dizer um adiantamento de misericórdia para os quatro excomungados, a fim de que estes retornem novamente à plena comunhão com a Igreja

Cardeal Joachim MeisnerColônia (kath.net) O Cardeal Joachim Meisner, de Colônia, defendeu o Papa Bento em uma entrevista para o “Kölner Stadtanzeiger” contra os ataques dirigidos pela mídia relativamente ao levantamento das excomunhões dos quatro bispos da Fraternidade. Meisner disse que “a confusão resultante desse evento tomou grandes proporções, necessitando assim de uma palavra clara e tranquilizadora, para que os fatos verdadeiros se tornem visíveis. Dessa forma, eu, como Cardeal, também não posso assistir calado quando uma tal confusão se propaga. A princípio, uma excomunhão, bem como o seu levantamento, constitui um ato jurídico puramente eclesial sem qualquer intenção política. Ele diz respeito apenas a aspectos teológicos. Neste caso, deu-se uma confusão através das declarações inacreditavelmente estúpidas e totalmente inquestionáveis do bispo Williamson, que compreensivelmente irritou e indignou a muitos. Exatamente por essa razão é preciso prestar muita atenção: o levantamento das excomunhões possibilita aos quatro bispos somente uma participação na vida de Fé da Igreja tal como leigos católicos, porém, não como bispos. Assim, eles têm novamente a possibilidade de receber os sacramentos. Esse desejo tocou o coração do Papa. A suspensão continua existindo, que só afeta aos clérigos, proibindo aos mesmos qualquer eficácia como bispos da Igreja. Eles não têm permissão nem para presidir a Missa nem para administrar os sacramentos. Infelizmente, o furor causado pela entrevista com Williamson se justapôs aos anseios reais do Papa de servir à unidade da Igreja.”

Meisner declara então que a “missão mais importante do Papa” seria preocupar-se com a “unidade da Igreja”, ou seja, produzi-la novamente, onde ela foi destroçada. “Essa missão foi confiada a Pedro e, portanto, ao Papa pelo próprio Senhor, quando ele disse a Pedro: “Apascenta o meu rebanho” (Jo 21,15). Agora o Papa fez isso, e o Presidente da nossa Conferência de Bispos Alemães não fez outra coisa que também enfatizar isso em seu esclarecimento datado de 24 de janeiro. O levantamento de uma excomunhão não depende do pecado da pessoa afetada ou de suas declarações. O Papa corresponde à missão do Senhor como o Pastor da ovelha perdida. O Pastor – pastor latino – pensa em primeiro lugar em termos pastorais. Para falar isso mais uma vez: o levantamento da excomunhão é por assim dizer um adiantamento de misericórdia para os quatro excomungados, a fim de que estes retornem novamente à plena comunhão com a Igreja.”, salientou Meisner.

 

Quanto à pergunta se com esse gesto Bento não estaria voltando atrás no Vaticano Segundo, Meisner esclareceu: “Essa acusação não tem base alguma. O Papa é como o pai misericordioso da Bíblia, que foi ao encontro do filho perdido, na medida em que ele levantou a excomunhão, mas não a suspensão.” Em primeiro lugar, cabe à Fraternidade comprovar sua unidade com a Igreja, conforme seu desejo manifestado. O reconhecimento de seu Magistério diz respeito à unidade da Igreja Católica. Segundo Meisner, isso inclui a aceitação de todos os Concílios, inclusive o Vaticano Segundo.

 

Meisner espera também que a Fraternidade retire todas as críticas relativas ao Papa, no sentido de que ele não seria ortodoxo. “Quem nega afirmações magisteriais, no todo ou em parte, não pode permanecer na plena comunhão com a Igreja. Consequentemente, a Fraternidade permanece um grupo cismático e seus bispos continuam suspensos, até que eles reconheçam plenamente o Concílio Vaticano Segundo, incluindo o seu Decreto sobre a Liberdade Religiosa e o relacionamento perante os judeus, bem como a Forma atual válida da liturgia da Igreja Católica.”

 

Seria insustentável querer agora reprovar o Papa em seu serviço de unidade com “motivos teologicamente desonestos” ou dizer que ele desejasse relativizar os “resultados e intenções do Vaticano II”. “Tais críticos têm a sua contraparte na figura do irmão do filho perdido que ficou para trás na parábola do Pai misericordioso: ele ficou com raiva da atitude do pai, porque este prodigalizou muita misericórdia ao irmão. Com Bento XVI não será dado nenhum passo para trás no que tange o Concílio”, salientou Meisner.

 

O cardeal de Colônia também deixa claro que não devemos nos misturar “com pessoas como o bispo Williamson”. Quanto à pergunta se os católicos podem participar da Missa celebrada pelos padres da Fraternidade, Meisner enfatizou: “Não, isso não é possível, porque o cisma – a separação da Igreja – ainda persiste. As excomunhões que foram levantadas dizem respeito exclusivamente aos quatro bispos. Para terminar com o cisma, agora é preciso seguir-se a concretização da plena comunhão com a Igreja por parte de toda a Fraternidade Pio X.”