Por CNBB – O cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB, visitou, nesta quinta-feira, 4 de abril, a Congregação Israelita Paulista e conversou com o rabino Michel Schlesinger. No encontro foram renovados os laços cordiais de amizade que sempre uniram a Conferência e a comunidade judaica.
Dom Damasceno lamentou a referência negativa aos judeus que foi publicada recentemente no comentário de liturgia diária do site da CNBB e afirmou que esse tipo de comentário não traduz o pensamento da Conferência que tem se empenhado no diálogo inter-religioso.
Segundo o site da Confederação Israelita do Brasil, Conib, o rabino Schlesinger, que é representante da Conib para o diálogo inter-religioso, comunicou ao cardeal Damasceno que as expectativas dos judeus brasileiros em relação ao papa Francisco são as melhores possíveis, em função da relação de proximidade do então cardeal Bergoglio com a comunidade judaica argentina.
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Supomos que o comentário lamentado por Dom Raymundo seja o mesmo a que se refere a Folha de São Paulo – 22-03-2013:
CNBB faz crítica a judeus em boletim
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) fez uma crítica aos judeus por não aceitarem os “valores novos e mais plenos” do cristianismo em seu boletim diário distribuído por e-mail.
“Quando a gente não está com o coração aberto, não está disposto a acolher a palavra de Jesus, não querendo de fato assumir um compromisso de fé com Deus e com os irmãos, não buscando novos valores e não querendo uma constante mudança de vida para cada vez mais procurar uma união mais íntima e profunda com Deus, qualquer coisa torna-se motivo para a crítica e para a rejeição de Jesus”, diz o texto da “Reflexão” que abre o boletim.
“Assim aconteceu com os judeus, que não quiseram abandonar antigos valores para viver valores novos e mais plenos, sempre procuraram motivos para dizer que eles estavam certos e Jesus estava errado”, completa o texto.
Embora não esteja em contradição com o que diz o Novo Testamento sobre a aceitação de Jesus pelos hebreus, e não necessariamente seja uma crítica aos judeus de hoje, a colocação parece fora de sintonia com os esforços ecumênicos da Igreja Católica.
Desde o pontificado de João Paulo 2º (1978-2005), houve um esforço de aproximação entre a igreja e o judaísmo, sendo que o papa polonês foi o primeiro a rezar numa sinagoga, em 1986 em Roma.
A Folha procurou a CNBB para comentar o caso, mas sua assessoria de imprensa já estava fechada.
O ecumenismo também se estende a outras religiões, em especial o islamismo. João Paulo 2º também foi o primeiro pontífice a rezar numa mesquita, no ano de 2001 em Damasco.
Seu sucessor, Bento 16, teve mais dificuldades, sendo duramente censurado por ter lembrado em discurso as críticas de um imperador bizantino aos métodos de conversão “pela espada” de Maomé.
O novo papa, Francisco, por sua vez é o fundador de uma instituição dedicada ao diálogo interreligioso.
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Comunidade judaica mostra decepção com texto da CNBB
Por Web Judaica – A comunidade judaica brasileira vem a público manifestar sua surpresa e decepção com a informação veiculada na semana passada pelo site da Folha de S. Paulo, relatando que o boletim da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou texto que se opõe aos esforços pelo aprofundamento do diálogo inter-religioso.
A coluna da Folha destaca o trecho: “Quando a gente não está com o coração aberto, não está disposto a acolher a palavra de Jesus, não querendo de fato assumir um compromisso de fé com Deus e com os irmãos, não buscando novos valores e não querendo uma constante mudança de vida para cada vez mais procurar uma união mais íntima e profunda com Deus, qualquer coisa torna-semotivo para a crítica e para a rejeição de Jesus”.
O jornal cita ainda a passagem: “Assim aconteceu com os judeus, que não quiseram abandonar antigos valores para viver valores novos e mais plenos, sempre procuraram motivos para dizer que eles estavam certos e Jesus estava errado”.
Nesta segunda-feira, a comunidade judaica de Roma recebeu uma mensagem do papa Francisco, que desejou seus melhores votos por ocasião de Pessach. A festa judaica se inicia nesta noite e comemora a libertação da escravidão no Egito dos faraós.
Lembramos que, durante os papados de João Paulo II e Bento XVI, houve diversas iniciativas da Igreja Católica pelo fortalecimento dos laços com o povo judeu.
A comunidade judaica considera que o diálogo inter-religioso é uma das ferramentas mais eficazes para a construção de um mundo modelado pela harmonia, baseado no respeito à diversidade e na democracia.
Confederação Israelita do Brasil
Federação Israelita do Estado de São Paulo
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