CNBB, o teatro e a mordaça.

Por FratresInUnum.com, 19 de outubro de 2021 – Ontem, o Deputado Frederico D’Ávila (PSL-SP) publicou uma carta aberta em que pede desculpas pelo excesso de suas afirmações contra Dom Orlando Brandes, a CNBB e o Papa Francisco. Ele diz: “meu pronunciamento, que admito ter sido inapropriado e exagerado pelo calor do momento, se deu em resposta a alguns líderes religiosos que ultrapassam os limites da propagação da fé e da espiritualidade para fazer proselitismo político. Reitero que desculpo-me pelas palavras e exagero”.

Mesmo assim, a CNBB está resolvida a fazer pressão sobre a  Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) pedindo a cabeça do deputado. Não, não há misericórdia para ele. Eles pediram uma “correção exemplar” para Frederico d’Ávila. Dom Pedro Luiz Stringhini, presidente do regional Sul 1 da CNBB, foi pessoalmente para uma conversa com o presidente Carlão Pignatari, juntamente com dois padres (um dos quais, incardinado e em exercício de ministério na diocese de Taubaté, deputado estadual pelo PV, Afonso Lobato) e os deputados Reinaldo Alguz (PV), André do Prado (PL) e Emídio de Souza (PT).

Numa medida desproporcional e espetaculosa, a CNBB está mobilizando todos os seus esforços para dar a impressão de uma indignação nacional. Contudo, o método utilizado foi muito bem exemplificado pelo bispo de Itapeva, Dom Arnaldo Neto.

Num ato de desagravo (!!!) ao Papa, a Dom Orlando Brandes e à CNBB, ele expulsa da Igreja e pede para nunca mais voltar todo fiel que critica a CNBB, o Papa e a Campanha da Fraternidade (!!!). E ameaça: “com Deus não se brinca!”. No final, conclui: “Peço à PASCOM que faça em todos os lugares um texto em desagravo a Dom Orlando Brandes”.

Em outras palavras, o que está acontecendo desde o último domingo é um teatro calculado para causar uma impressão em si mesma falsa: a impressão de que há uma indignação por parte do povo católico, indignação que não existe. A metodologia é simples: a CNBB publica uma carta aberta, as dioceses e os bispos replicam; membros de dezenas de organismos minúsculos ou de instituições da Igreja começam a fazer notas a pedido de leigos engajados — no caso de Itapeva, do bispo mesmo!; na sequência, organismos mais discretos aderem por bom-mocismo ou medo; cria-se um alvoroço infernal que, no fundo, não tem nada de susbtancioso… O bom povo católico permanece frio e indiferente, torcendo mesmo é pela briga!

Quando a gente deixa a superfície e vai ao fundo da polêmica, percebe que ela não passa de uma grande bolha de sabão, produzida artificialmente por estes mesmos organismos que vivem acusando o presidente da república de ter uma rede de fakenews. Tudo não passa de uma articulação de fachada para criar nos parlamentares paulistas, desacostumados com pressões desta natureza, o pânico de se verem pressionados a fim de lhes proporcionar o enforcamento de um Judas neste “sábado de aleluia” fora de época.

A primeira finalidade dessa representação grotesca é criar um precedente político e jurídico que iniba as críticas à CNBB oriundas da população em geral. O povo já não tem mais respeito algum por essa entidade e isso pode ser facilmente comprovado nos comentários das pessoas normais nas próprias mídias sociais da instituição. Não é necessário fazer grandes especulações. Basta olhar em redor e perceber que as pessoas não estão dando a mínima atenção para este problema.

A segunda é fazer politicagem, como é praxe da CNBB: preparar o terreno para as eleições de 2022, em que ela poderá se dizer vítima da tal “violência da direita” alardeada pelo mesmo Dom Orlando Brandes, a fim de minar o espaço para candidatos conservadores entre os fieis.

O desespero por transformar a fala do deputado numa perseguição sanguinolenta digna de um Nero chegou ao ponto de pedirem uma nota ao CELAM – mais um ato deste teatro fake, sob medida, para dar a este episódio provinciano as dimensões de uma guerra mundial –, coisa bem adequada a Dom Odilo, que é membro do Conselho Diretivo, e assina a missiva. Dizendo-o doutro modo, são sempre os mesmos personagens, em posições diferentes, para dar a impressão de algo grandioso.

A verdade é que o deputado Frederico d’Ávila cometeu um destempero, pelo qual ele já se desculpou, mas deu voz às queixas de milhares de fieis tanto contra a fala de Dom Brandes quanto contra as posturas esquerdistas habituais da CNBB. Não há nenhum escândalo verdadeiro por parte dos fieis, mas apenas um fingimento histérico, calculado para ser usado politicamente como mordaça pela CNBB contra os seus críticos. Estão todos estes bispos e padres dando uma carteirada clerical para usar a ALESP e o poder judiciário como arma contra os seus desafetos. É tudo só isso!

Se os deputados da ALESP vão cair nesta comédia, não sabemos, mas, se o bom senso prevalecer, toda essa pirotecnia terminará no vazio.

O ruim e o pior. A fala do Deputado e a reação da CNBB.

Por FratresInUnum.com, 18 de outubro de 2021 – Na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, o arcebispo Dom Orlando Brandes fez, em seu sermão, uma afirmação politizada que despertou a cólera dos católicos: “Para ser pátria amada não pode ser pátria armada”. A retórica politiqueira é recorrente na boca de Dom Brandes na festa da padroeira. A tentação de transformar o altar em palanque é, para ele, irresistível demais. Não faltaram reações de crítica, muitas delas bastante contundentes, tanto por parte dos fiéis, quanto por parte dos jornalistas. O povo, em geral, desaprovou a “indireta” do arcebispo e o criticou duramente pelas redes sociais.

A Postagem | Padres contra o fascismo: Leia a carta assinada por 400 padres  contra Bolsonaro.Pois bem, dois dias depois, no dia 14 de outubro, o Deputado Estadual Frederico D’Ávila (PSL-SP) fez um veemente pronunciamento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), em que xinga Dom Orlando Brandes, a CNBB e o Papa Francisco. Houve destempero em sua fala, o que o faz perder muito de sua razão.

Ontem, a CNBB lançou uma forte carta ao presidente da ALESP praticamente pedindo a cabeça do deputado e dizendo que vão usar a força judicial contra ele. Em todos estes anos, talvez a missiva de ontem tenha sido o escrito mais agressivo da CNBB; nada de diálogo nem de misericórdia.

Na sequência, numerosos bispos, padres e leigos replicaram a nota em suas redes sociais, na mais rasgada demonstração de corporativismo, que é, no final das contas, a única religião do clero e do laicato engajado. Não existe mais a Fé católica nem os valores morais cristãos, não existe mais a honra de Deus nem a defesa da nossa santa religião, a única coisa que restou é a replicação das posições institucionais e a defesa dessas mesmas instituições; em suma, o bom-mocismo característico de uma sociedade hierárquica que já não tem mais convicções profundas.

Quiséramos ver tal demonstração de zelo quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi profanada num muro da cidade de São Paulo. Ali, Dom Odilo Scherer não fez nenhuma live de execração; mas ontem ele a fez para defender a CNBB. Em outras palavras, para ele e para os demais, a CNBB está acima de Nossa Senhora e merece defesa mais do que Ela. É isso que ele está confessando com os seus atos, ainda que de maneira insconsciente, pois esta cegado pelo bom-mocismo institucionalista.

Do mesmo modo, não param de acontecer profanações, blasfêmias e até sacrilégios por todo o país. Deus tem sido continuamente ofendido, até escolas de samba agridem a Cristo de forma proposital, enquanto o clero católico permanece imobilizado e mudo, como cães que não sabem ladrar.

Contudo, a verdadeira razão que está por traz de tão cenográfico chilique é evidentemente, aliás, como sempre, de natureza política. O parlamentar ousou atacar a teologia da libertação e colocou o dedo na ferida: o clero progressista é apenas panfletário do petismo mais rançoso que existe, daquele esquerdismo que abençoa invasões de terra e subscreve as ações da Via Campesina. Além do mais, foi eleito pelo PSL, partido que elegeu o presidente Bolsonaro. Eles se sentiram instigados em seu brio, o veneno da jararaca gritou feito demônio, foi impossível conter a manifestação de ódio e de rixa.

Com tamanha efervescência de instintos tão animais, quem na CNBB seria capaz do bom senso de perceber que o deputado se excedeu, mas deu voz à revolta de milhares de fiéis? Quem tem a sapiência de tirar a conclusão de que a Igreja está por demais politizada num país dividido e que ela, a CNBB, é culpada por parte desta divisão, da qual se tornou vítima? Quem tem a lucidez de perceber que o cenário que se abre para 2022 requer do clero muito comedimento, porque a situação será profundamente mais agressiva que em 2018?

A resposta é simples: praticamente ninguém, pois os poucos sensatos jamais serão ouvidos por bispos que foram treinados para serem cabos eleitorais fanáticos de um partido político dos mais vergonhosos que jamais existiram neste país. Eles são os petistas mais fanáticos e pretendem mais uma vez usar a máquina eclesial como ferramenta de campanha para o Lula em 2022.

Dito de outro modo, tudo se resume a isto: a campanha eleitoral já começou e quase ninguém ainda se deu conta!

A declaração do deputado foi ruim, mas a reação da CNBB e asseclas foi pior. Não há nada para ser louvado em todo esse evento, a não ser a sensatez do povo, que manifestou o seu repúdio sem perder o respeito pela Igreja, como de praxe em todo fiel católico brasileiro, que há décadas tem de aguentar a apostasia esquerdista dos seus pastores sem perder a linha nem a reverência pela sua santa religião.

E, para a CNBB um recadinho bem à moda do povo: “quem fala o que quer, escuta o que não quer”. E ainda mais: “aceita, que dói menos”. Dom Orlando quis usar o monopólio do microfone para soltar indiretas contra o presidente sem lhe dar direito de resposta, mas a resposta veio. E veio amarga. Agora, aguente!

Perseguição em Marília: Dom Cipolini proíbe a Missa Tradicional.

Por FratresInUnum.com, 29 de setembro de 2021 — Chegam-nos notícias da Diocese de Marília de que Dom Luiz Antonio Cipolini (não confundir com Dom Pedro Carlos Cipolini, bispo de Santo André e seu irmão de sangue) acaba de proibir a Missa Tradicional.

Na imagem, Dom Luiz Cipoli encontra-se com o Papa Francisco em setembro de 2019.

Vamos colocar trechos de uma mensagem enviada por um fiel, intercalados com comentários nossos.

“Vale notar que, com Summorum Pontificum em pleno vigor, o bispo permitiu a Missa Tridentina apenas uma vez por mês. Os fiéis pediram aumento da frequência das Missas por várias vezes, mas sem sucesso. Na verdade, Traditionis Custodes já estava em prática nessa Diocese do Oeste Paulista”.

Em outras palavras, o bispo já desobedecia o Motu Proprio anterior, abusando de sua autoridade contra uma legítima solicitação dos seus fiéis.

“Contudo, ao entrar o Traditionis Custodes, Dom Luiz Antonio Cipolini encontrou a ocasião para liquidar com a Missa Tridentina, ‘em obediência ao papa’, como ele escreveu a uma fiel”.

Trata-se daquela obediência seletiva. Quando o que a Santa Sé ordena está de acordo com a ideologia, então impõe-se de maneira ditatorial aquilo que se quer; mas quando o mandado não está ideologicamente alinhado, então se faz corpo mole e não se atende aos princípios anteriores. É o que ocorreu com Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto: quando Summorum Pontificum foi promulgado, demorou anos para permitir, a contragosto, sua implementação na sua diocese de então; agora, com Traditionis Custodes, em menos de um mês lançou um decreto varrendo a Missa Tradicional de Ribeirão Preto — e ainda é convidado pela CNBB para uma live, a fim de explicar o documento bergogliano.

“Em média 100 fiéis iam às Missas mensais. Agora foram todos misericordiosamente cancelados, mas com ‘bênção paternal’”.

É aquela velha misericórdia tão estimada na atual conjuntura eclesiástica: o assassinato pastoral acompanhado por palavras doces e carinhosas.

“Quando o papa permitia a Missa Tridentina, o bispo de Marília a restringia. Quando o papa injustamente a restringiu, o bispo de Marília a suprimiu. Em nome da ‘comunhão’ e da ‘sinodalidade’”.

Sempre as mesmas “palavras-talismã”, que transfiguram as piores maldades em suma caridade. Mas o pior vem aí:

“Enquanto isso, na diocese há livremente Missas sertanejas, de cerco de Jericó, Missa afro e afins. Pe. Valdemar Cardoso, por exemplo, nacionalmente conhecido pelas Missas que celebrava na Rede Vida, tem um consultório onde realiza práticas esotéricas”.

De fato, Francisco não escreveu um Motu Proprio proibindo feitiçaria e superstição, está supressa apenas a Missa Tridentina, que é perigosíssima e causa grandes abalos na Igreja pós-Conciliar.

O referido padre, prossegue nosso leitor, “comete abusos litúrgicos selvagens e fala na Missa, por exemplo, dos benefícios de se tomar o santo daime, substância alucinógena, bem como dos espíritos que ele ‘vê’ durante a Missa, além de interpretações violentas e espiritualmente destrutivas das leituras bíblicas. Pe. Valdemar não visita doentes, não faz exéquias e conduz seus penitentes para sua ‘clínica’, onde as ‘consultas’ são pagas. Ele frequenta abertamente ambientes esotéricos, mas com ele não acontece nada. Já participou do Conselho de Presbíteros e é atualmente membro do Colégio de Consultores, cujos participantes são todos livremente nomeados pelo bispo. Muitas dessas informações podem ser checadas na página ‘Paróquia Nossa Senhora da Glória – Tupi Paulista’ ou na página do próprio padre”.

Daqui a pouco, é capaz que este sacerdote seja nomeado até bispo ou quem sabe cardeal. Atualmente, até a cantora Anitta vai dividir palco com Francisco. Tudo está interligado!

Agradecemos ao leitor que nos enviou as informações acima. Esperamos que essa injustiça não prevaleça e os fiéis possam ser atendidos neste seu pedido tão piedoso: poderem participar da Santa Missa Tridentina. Deus tenha misericórdia da sua Igreja.

O verdadeiro grito dos excluídos.

Por FratresInUnum.com, 8 de setembro de 2021 — “A democracia é o consenso das cúpulas a ser acatado bovinamente pelo povo”. É esta a ideia que povoa a mente dos donos do poder. Eles não se conformam com o fato de que o povo queira se autodeterminar e, por isso, tentam suprimir inteiramente a existência política da população.

Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil

Como é possível que cadeias de televisão divulguem imagens de manifestações multitudinárias e coloquem, como legenda, que as mesmas são antidemocráticas? Se a democracia é, por definição, o governo do povo, o “lapso” só se justificaria pela existência de outra noção subjacente, por uma compreensão que delete a existência do povo e a substitua pelo mero consenso institucional de uma elite coesa. É disso que se trata!

Hoje, o poder da mídia foi definitivamente desmoralizado pelo povo. Ninguém mais acredita em nenhum desses desinformadores, que demonstraram ser apenas um órgão de informação do establishment para si mesmo. O presidente vem ao público pedir que os ministros do STF respeitem a constituição da qual são nomeados guardiães e é acusado de desrespeitar essa mesma constituição que ele está defendendo. Como é possível levar a sério este tipo de acusação?

A esquerda está acuada, já perdeu toda a credibilidade que lhe outorgava a mídia. Eles não têm mais nada, o povo desmantelou a farsa de democracia que eles insistiam em encenar. Agora, está mais fácil do que nunca perceber qual é a vontade verdadeiramente democrática!

Ontem, 7 de setembro de 2021, o Brasil testemunhou o verdadeiro “grito dos excluídos”. Não, não é este convocado pela CNBB, que pretende dar voz à revolução comunista. A iniciativa, como todos os anos, é fútil, é falida, é fracassada e é péssima. Este ano, chegou-se a incluir entre os contemplados “travestis, transexuais e religiões indígenas”.

O verdadeiro excluído, o banido, o relegado à inexistência é o povo brasileiro, a nossa brava gente, batalhadora, sofrida, cristã, raiz, conservadora. Eles são aqueles que sofrem preconceito, que são chamados de ignorantes, que são xingados de “gado” e, isso, por aqueles que vivem às suas custas e por muitos que deveriam pastoreá-los amorosamente.

A CNBB, como sempre, prefere ficar ao lado das cúpulas, da oficialidade chique e da classe intelectualizada das universidades esquerdistas. Essa instituição nunca esteve ao lado dos pobres nem da verdadeira luta pela libertação, sempre serviu-se do povo para emplacar o seu próprio projeto de uma “cristandade socialista”, algo como um círculo quadrado, em que seus prelados exerceriam o seu tão sonhado papel político.

Desdenhado por seus pastores, esnobado por aqueles que deveriam dar a vida para defendê-lo, o povo não tem para onde correr senão para os braços dos pastores pentecostais, cuja convocação para as manifestações de ontem foi imensamente bem-sucedida — o balde de água fria de Dom Walmor só foi notado pelos seus pares e não teve efeito algum, a não ser virar meme em grupos de WhatsApp.

A interface religiosa do evento de ontem mostra que a Igreja no Brasil fez a escolha de posicionar-se contra o seu povo e a favor dos seus opressores, o que redundará em grande deserção por parte dos fieis e na suicida atitude de atirar-se ela mesma no abismo da irrelevância. O povo não apenas desautorizou a mídia e as instituições da república a fingirem democracia, mas também mostrou que não é ingênuo quando o assunto é mexer com a sua fé em Jesus Cristo, mesmo quando isso supõe jogar no ostracismo os representantes da sua religião. “Deus, pátria e família” infelizmente não incluem mais a hierarquia católica, que preferiu dedicar-se a “ecologia, feminismo e revolução”.

Se o amor à verdade não os movesse à conversão, ao menos o medo de perder fiéis deveria movê-los, não fosse o seu fanatismo político a cegá-los de modo tão radical e obstinado. Nos próximos dias, certamente a CNBB lançará alguma nota manifestando de maneira ainda mais clara o seu distanciamento das ações mais incisivas solicitadas pelo povo ao presidente da república; e, mais uma vez, ninguém se importará: eles já se consagraram na posição do mais absoluto descrédito!

Cardeal Sérgio da Rocha celebra missa “em memória das vítimas da transfobia”.

FratresInUnum.com, 22 de abril de 2021 – Nós nunca pensamos que ele fosse disso… Inclusive, houve até quem duvidasse, que achou que fosse fake news, mas não era: com forte e forçado sotaque baiano, Dom Sérgio da Rocha, cardeal arcebispo primaz do Brasil, anterior presidente da CNBB, celebrou uma Missa “em memória das vítimas da transfobia”, como anunciou o G1.

A transmissão começou com a saudação de uma pessoa que disse: “Boa tarde a todos, a todas e a todes (sic!), eu sou Scarlette Sangalo, sou da comunicação do CPDD, além de transformista. Eu estou aqui, na Capela das Dorotéias, no Garcia, e já já vai começar a Missa em pról dos LGBTs assassinados, trans, lésbicas, gays, travestis, enfim, todas…”

Na sequência, falou Renildo Barbosa, que disse: “vamos assistir este marco histórico, que é uma missa celebrada aqui na Igreja, pelo Cardeal”, o que demonstra bem a consciência profunda que os promotores da celebração tinham acerca do alcance deste fato.

Cada palavra do sermão foi devidamente calibrada pelo cardeal, que teve o trabalho de redigi-lo (ou pedir para que alguém redigisse), a tal ponto que ele chegou ao requinte de evitar a letra Q (de Queer) da sigla LGBTQI+. Mas, no cuidado das palavras, ele não ocultou os seus sentimentos.

“Precisamos dizer ‘não’ à violência nas suas múltiplas faces. A violência contra a população LGBTI+ é um sinal triste de uma sociedade que convive com constantes violações da vida, da dignidade, dos direitos de tantas vítimas de morte brutal. A vida, a dignidade das pessoas, principalmente de grupos sociais mais vulneráveis, têm sido continuamente violadas em muitos lugares. Não se pode justificar nem reproduzir a violência disseminada na sociedade”.

Ele também deu explicações estatísticas: “Dados divulgados este mês sobre as mortes violentas de LGBTQI+ ocorridas em 2020 apontaram que o Nordeste ocupa tristemente o primeiro lugar no número de mortes no país, seguido pelo Centro-oeste. E que as capitais mais violentas foram Salvador e São Paulo… Temos muito a fazer para transformar esta triste realidade e construir uma cultura de fraternidade e de paz, de respeito à vida e à dignidade de cada pessoa, especialmente as que vivem em situações de exclusão social”.

Dom Sérgio valeu-se, na homilia, dos dados do Grupo Gay da Bahia, liderado por Luiz Mott (que, pelo contexto das palavras da Sra. Conceição, que falou ao final da Missa, estava presente na Cerimônia). Estes dados são há muito tempo questionados por checadores, que acusam o grupo de divulgar “casos de mortes por acidente, infarto, bala perdida, troca de tiros com a polícia, disputa de ponto de prostituição entre travestis, mortes ocorridas em outros países e até assassinatos de heterossexuais cometidos por homossexuais como se fossem ‘crimes motivados por homofobia no Brasil’”.

Em todo o caso, considerando-se os dados do Grupo Gay da Bahia, o número de assassinatos de homossexuais no Brasil vem se reduzindo há três anos. A explicação dada por Luiz Mott ao Portal Aids chega a ser incrível: “a explicação mais plausível para a diminuição em 28% do número total de mortes violentas de LGBT em comparação com o ano anterior se deve ao persistente discurso homofóbico do Presidente da República e sobretudo às mensagens aterrorizantes de seus seguidores nas redes sociais no dia a dia, levando o segmento LGBT a se acautelar mais, evitando situações de risco de ser a próxima vítima, exatamente como ocorreu quando da epidemia da Aids e a adoção de sexo seguro por parte dessa mesma população”.

Como Dom Sérgio da Rocha tem coragem de emprestar a Igreja e a sua púrpura cardinalícia para isso? Como pode permitir-se usar como palanque para esse tipo de absurdo? Mas a louvação não para por aí.

Na oração dos fieis, foi feita uma prece especial pelos mortos e familiares da Comunidade LGBTQIA+ (seja lá o que isso queira dizer, é a sigla do momento, até que se adicione outras letras). O cardeal, porém, não quis distribuir a Comunhão (possivelmente para evitar fotos), deixando aos padres que o fizessem. Vale notar que a Assembleia estava constituída por pastores, pais e mães-de-santo, além de militantes do movimento gay da Bahia.

Ao final da Missa, uma transformista cantou “Ave Maria do Morro”. O Cardeal agradeceu emocionado a execução, dizendo, por fim: “espero que, cada vez mais, a Igreja seja misericordiosa, acolhedora e solidária”, sugerindo discretamente maior “abertura”…

O que está acontecendo na Igreja? Além das absurdidades vistas na Alemanha, aqui no Brasil, duas sedes cardinalícias, Rio de Janeiro e, agora, Salvador, tornam-se palcos para a ostentação e naturalização da homossexualidade… O que está acontecendo com os cardeais? Serão ordens recebidas de cima? O que se está preparando? Qual será o apogeu disso tudo? A eleição de um papa abertamente homossexual? 

A que nível chegamos! O Primaz do Brasil, que tradicionalmente é um arcebispo sensato, equilibrado, austero, agora se presta a este tipo de panfletagem… Precisamos rezar muito, pois, com pastores assim, o povo fiel ficará cada dia mais desorientado e a cólera divina será cada vez mais insultada. Eles estão provocando a ira de Deus e isso não pode terminar bem.

Dom Júlio Akamine e a sua crítica à Campanha “Sem sacramentos – Sem dízimo”.

Por FratresInUnum.com, 14 de abril de 2021 – É impressionante como o órgão mais sensível no corpo dos bispos seja… o bolso. Quando as suas entradas são ameaçadas, eles reagem passionalmente, sem prestar atenção à lógica ou à coerência, arranjando argumentos de modo frenético.

SSSD

Dom Júlio Endi Akamine, arcebispo de Sorocaba, aventurou-se a comentar a tal campanha “Sem sacramentos, sem dízimo”. Deixemo-lo falar:

“Quem propõe e quem participa dessa campanha acusa a Igreja Católica de ser unicamente motivada e movida por dinheiro. ‘Enquanto não doer no bolso, não ouvirão o grito do povo!’ Seguindo nessa direção, o resultado será o da simonia: ‘Você quer o sacramento? Então pague o dízimo! A graça é difícil de ser alcançada? Então o dízimo deve ser mais alto’”.

Este é o núcleo da sua crítica, a tal campanha conduziria ao pecado de simonia. Contudo, o raciocínio do bispo padece da mais flagrante falta de lógica! Inclusive, esta é uma falácia catalogada classicamente no rol dos sofismas, chama-se: non-sequitur.

Em outras palavras, ao alguém afirmar “sem sacramentos, sem dízimo” não se segue uma proposta de uma compra de sacramentos. O arcebispo faz uma sutil inversão da frase para extrair dela um absurdo que não está de nenhum modo suposto na afirmação. Trata-se de uma pura e simples falsificação!

O Código de Direito Canônico afirma que “os fiéis têm a obrigação de prover às necessidades de Igreja, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade, e para a honesta sustentação dos seus ministros” (c. 222). Ora, se justamente o culto divino está sendo sonegado dos fieis, é inútil alegar ser um absurdo que eles se esquivem de contribuir.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que “A simonia define-se como a compra ou venda das realidades espirituais. (…) É impossível alguém apropriar-se dos bens espirituais e comportar-se a respeito deles como proprietário ou dono, pois eles têm a sua fonte em Deus, e só d’Ele se podem receber gratuitamente. ‘Além das ofertas determinadas pela autoridade competente, o ministro nada peça pela administração dos sacramentos, e tenha o cuidado de que os pobres, em razão da pobreza, não se vejam privados do auxílio dos sacramentos’. A autoridade competente fixa essas ‘oblações’ em virtude do princípio segundo o qual o povo cristão tem o dever de contribuir para o sustento dos ministros da Igreja” (nn. 2121-2122).

Em que momento os fieis estão exigindo comprar os sacramentos? Eles estão apenas mostrando que o dízimo tem relação com o culto divino, que lhes está sendo injustamente sonegado. Quem está agindo como proprietário dos sacramentos? Não seriam justamente os bispos e os padres, que os estão retendo de modo autoritário e clericalista, marginalizando o Povo de Deus?

Falando sobre o dízimo, São Tomás de Aquino diz que “a razão natural dita ao povo o dever de dar o sustento necessário aos ministros do culto divino, que oram pela salvação de seus membros” e diz, também, que “os ministros devem ter maior empenho em procurar o bem espiritual do povo, do que em recolher os bens temporais” (Suma Teológica, II-II, 87, 1).

Ora, quando os ministros sagrados, ao invés de cumprirem o seu dever espiritual, sonegam-no ao povo, furtando-se de ouvir confissões, de dar a Santa Comunhão e mesmo de celebrar Missas, consentindo passivamente naquilo que a autoridade secular determina de modo arbitrário, como alguém pode dizer que o dever de pagar o dízimo ainda se sustente ou, o que é pior, como alguém pode afirmar que dizê-lo equivaleria ou conduziria ao pecado de simonia?

Muito pelo contrário, a lei da Igreja proíbe que alguém administre sacramentos por simonia (c. 1380). Como explicar que haja bispos que celebram constantemente em certas paróquias ricas justamente porque estas lhes pagam espórtulas mais altas que as outras pobres paróquias? A Igreja proíbe, também, a concessão de um ofício eclesiástico por simonia (c. 149). Ora, o que dizer desses bispos que sempre colocam a sua patota nas paróquias mais ricas e recebem presentes ou mesadas?

Dom Júlio conclui o seu artigo com um chamado à conversão: “É por isso que sou obrigado, a contragosto, a alertar contra essa campanha: não podemos, não devemos, não queremos ceder ao pecado da simonia! É minha obrigação chamar os pecadores à conversão, sem esquecer a necessidade de buscar a própria e de fazer penitência pelos pecados próprios e alheios”.

Pois bem, se Dom Júlio chama de simonia aquilo que não o é, deveria exortar à conversão publicamente, como faziam os santos padres, aqueles que o fazem realmente e que estão se beneficiando do dinheiro suado do povo trabalhador. De nossa parte, convidamos humildemente este arcebispo a cumprir o seu dever de reparação. Seja lá quem for que tenha feito a tal campanha (aliás, muito pouco difundida), não tem absolutamente a intenção de simonia. O bispo incorre aqui em difamação, calúnia, juízo contra o próximo, todos pecados contra a veracidade e, sobretudo, contra a caridade.

Em todo caso, o que mostra muito bem a reação apaixonada do arcebispo de Sorocaba é que as pessoas que moveram esta iniciativa, cuja assertividade não queremos julgar, partiram de uma constatação verdadeira: os bispos não estão sentindo na pele a privação dos sacramentos dos seus fieis justamente porque eles são generosos e não estão deixando faltar ofertas no Templo de Deus. É triste! Abandonou-se Cristo por Mamon, abandonaram-se as ovelhas para viver apenas daquilo que elas podem dar: o leite, a carne, a lã, a vida.

STF decide que o Estado pode impedir cultos presenciais. O silêncio dos bispos e a reação dos católicos.

Por FratresInUnum.com, 9 de abril de 2021 – Por 9 votos contra 2, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os Estados e Municípios têm o direito de impedir as missas e cultos religiosos presenciais. Enquanto isso, o silêncio da CNBB grita e acusa o seu consentimento diante de uma decisão que deixa os católicos perplexos. 

Mas, e se a votação do STF tivesse sido favorável às Igrejas e deixasse o assunto para a discricionariedade dos bispos? A conclusão seria a mesma: a maioria dos bispos manterias as Igrejas fechadas. A única diferença que a decisão teve, em relação aos católicos, foi a de tirar o peso desta decisão dos ombros dos nossos prelados. O que muito lhes conveio! 

Já na noite de sábado, 3 de abril, Vigília Pascal, a liminar do ministro Nunes Marques liberava a celebração pública das missas, o que favoreceria os fieis que quisessem ao menos assistir a Missa de Páscoa. Houve bispos e padres que decidiram abrir imediatamente as igrejas, tomando todas as precauções sanitárias que o momento exige; precauções, diga-se de passagem, que não podem ser tomadas nos ônibus e trens superlotados, que o nosso povo precisa tomar todas as manhãs para tentar sobreviver no meio desse caos econômico.

A maioria dos bispos, porém, a despeito da liminar, resolveu manter as Igrejas fechadas. Há poucos minutos, o Governador João Dória Júnior disse que o Estado de São Paulo progride da fase emergencial para a fase vermelha, mas que os templos continuam fechados e o Paulistão volta a rodar (por pura pressão da Federação Paulista de Futebol).

Em outras palavras, está provado que as decisões dependem da pressão das autoridades eclesiásticas, cuidadosamente omitida por razões ideológicas.

A propósito, a decisão do STF deve ter sido comemorada efusivamente pela CNBB, que aderiu à seguinte lei: Igrejas vazias e cofres cheios, não deixem de doar.

Durante a Audiência Pública, nenhum bispo ou padre compareceu; foram apenas pastores e representantes de Igrejas evangélicas e um (hum, 01, one) católico que representou todos os fieis que desejam receber os sacramentos. A defesa de Taigara Fernandes, além de brilhante, trouxe outras realidades à tona.

Em primeiro lugar, por que não havia ali nenhum representante da CNBB ou mesmo algum bispo ou padre? Será que não existem clérigos que tenham posições divergentes a respeito, já que o assunto não é dogmático? Por que os bispos contrários à abertura das Igrejas não pediram voz e preferiram agir nos bastidores? Por que os bispos favoráveis também não resolveram falar? 

O motivo é simples: politicagem eclesiástica. Os favoráveis a que o Estado determine o fechamento das Igrejas não querem dar a cara para não atrair a cólera dos fieis; aqueles que são contrários, preferem guardar silêncio para não se indisporem contra o establishment cnbbístico. Em suma, tudo não passa daquela velha covardia dos pilantras.

Mas, em segundo lugar, a coragem de um católico leigo que, em nome do Centro do Bosco, entidade civil que agrega leigos, mostra o rosto e diz aquilo que a Igreja deveria dizer revela um panorama paradigmático.

Em 1996, o Pe. Ignace de la Potterie, conhecidíssimo exegeta, jesuíta, amigo de Joseph Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e, portanto, àquela altura, custódio do segredo de Fátima, deu uma entrevista ao Jornal da Conferência Episcopal Italiana, Avvenire, em que disse: “Tem realmente razão Nossa Senhora em Fátima: os leigos salvarão a Igreja dos sacerdotes e dos bispos”. 

A frase, apesar de ser desconcertante e de não aparecer em nenhum dos documentos publicados sobre Fátima, é muito coerente com outras afirmações de testemunhas do segredo.

Dom Alberto do Amaral, bispo emérito de Fátima, numa conferência de 1984, afirma: “O segredo de Fátima não fala nem de bomba atômica nem de artefatos nucleares […]. A perda da fé de um continente é pior que a destruição de uma nação; e é verdade que a fé diminui continuamente na Europa. A perda da fé católica na Igreja é bem mais grave que uma guerra nuclear” (declaração desmentida em 1986, mas depois confirmada em março de 1995).

O cardeal Alfredo Ottaviani, numa conferência de 1967, diz: “Eu tive a graça e o dom de ler o texto do terceiro segredo. […] Posso lhes dizer apenas isto: que virão tempos muito difíceis para a Igreja e que é preciso muita oração para que a apostasia não seja grande demais”.

Ainda mais explícito é o conteúdo de uma carta do cardeal Luigi Ciappi, por muito tempo teólogo da Casa Pontifícia, endereçada ao professor Baumgartner. Na missiva, escrita em 2000, mas tornada pública em março de 2002, o purpurado revela: “No terceiro segredo se prevê, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará do seu ponto mais alto”.

Ora, o que estamos vendo bem diante dos nossos olhos? A maioria do clero caiu na irreligião e no naturalismo e renunciou à sua missão sobrenatural, diante do silêncio cúmplice da outra parte, que resolve resistir em silêncio. A única voz que sobressai é a dos leigos. 

São os leigos, pais e mães de família honrados, a conservar a fé católica sem concessões ecumênicas ou maçônicas, são aqueles cristãos de respeito, não manchados pela torpeza da sodomia ou pelo dinheirismo, pela aburguesamento ou pelo egoísmo, aquelas famílias numerosas e destemidas que estão recebendo a graça de Nossa Senhora para este momento de grande bagunça dentro e fora dos muros da Santa Igreja.

Temos que permanecer firmes, pois os pastores nos abandonaram à fúria dos lobos. Eles realmente pensam que nós todos somos negacionistas e estão cegados por esta falsa preocupação pela vida – “que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?”.

Nós não estamos sós: a Virgem de Fátima nos está conferindo graças e mais graças para a luta. Mais do que nunca, é a hora de os fieis católicos leigos manifestarem sua filial e respeitosa RESISTÊNCIA

Mais católico que… os bispos!

FratresInUnum.com, 5 de abril de 2021. – O dia da mentira já passou, mas há verdades tão inverossímeis que parecem não verdadeiras. Antigamente, quando alguém queria usar uma hipérbole para se referir ao excesso de devoção de alguém, dizia que fulano “é mais católico que o papa”. Bem… Chegamos ao fundo do poço. Agora é oficial: um ministro do STF pode ser mais católico que um bispo. Explicamos.

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No último sábado, o Min. Kássio Nunes, do STF, emitiu uma liminar autorizando as Igrejas a realizarem cultos públicos com a lotação de 25% da sua capacidade: isto não equivale a uma restrição, mas ao reconhecimento de que o Estado não pode exigir menos do que isso, dado ser o culto público reconhecido como uma atividade essencial, direito que a Constituição chama inviolável.

Ora, o que se esperaria de um prelado da Igreja Católica em pleno domingo de Páscoa? Que rapidamente organizasse celebrações para os fiéis, seguindo as normas sanitárias. Mas…, nem na ficção jamais se viu tamanha impiedade e cegueira ideológica: muitos, diríamos mesmo a maioria, dos bispos mantiverem a decisão de conservar as Igrejas fechadas e de privar os fiéis dos sacramentos.

Em outras palavras, um ministro do STF é capaz de reconhecer a essencialidade do culto, essencialidade que um bispo nega em favor de uma genérica “defesa da vida”.

Ora, mas seria realmente impossível que se organizassem serviços religiosos sem aglomeração? Por exemplo, uma paróquia não poderia distribuir a Comunhão fora da Missa, como sempre se fez na Igreja, num intervalo largo de tempo, em que as pessoas entrassem e saíssem? Os liturgistas modernos desdenham dessa alternativa, pois supervalorizam a “participação comunitária”, esta mesma que agora eles inviabilizam com o seu fanatismo liturgicista do “tudo ou nada”.

Obviamente, a decisão monocrática do ministro pode ainda ser revertida pelo plenário do Supremo, mas, neste ínterim, ao menos fica escandalosamente respondida a questão que se faz parodiando a Escritura: “mas algo de bom pode vir do STF?”, pelo jeito ao menos não algo tão ruim quanto o que vem da cabeça destes nossos “pastores” (as aspas aqui são propositais, pois eles se comportam como mercenários – para utilizar a linguagem de Nosso Senhor no Evangelho de São João –, mercenários que apenas querem o dinheiro do povo, enquanto dispersam as ovelhas à mercê dos lobos).

Os neopentecostais é que se aproveitarão muito bem da situação e promoverão seus cultos de curandeirismo e exorcismo, atirando os católicos na sua superstição, enquanto os padres bons-moços desertam da batalha, com o consolo de serem mui obedientes aos seus bispos e de viveram a “comunhão”.

A situação tem algo de paradigmático, mostra exatamente a essência desta nova religião humanista professada pelo novo clero, formado segunda a mentalidade da teologia moderna: não importa mais a vida espiritual, a oração e os sacramentos; a única coisa que importa é a vida natural, a saúde e os direitos humanos. O novo credo dessa religião não admite a transcendência de Deus e a salvação da nossa alma, quer apenas imanentizar a esperança cristã, ensinando o homem a ter bem-estar e justiça social. As celebrações litúrgicas e os sacramentos não são vistos por eles como um bem em si mesmo, mas apenas como um momento para doutrinar o povo segundo as suas ideologias.

Realmente, o mundo virou de ponta-cabeça. Nós podemos esperar mais fé de um ministro do supremo do que de um pastor de almas. Se mesmo durante uma epidemia, como o povo não pode contar com o amparo dos padres, não é de se admirar que encontre guarida nos braços de um pastor evangélico. O cenário de um Brasil católico se torna cada vez mais longinquamente pretérito; o que se vai desenhando é um triste panorama: o futuro do Brasil é a confusão e o protestantismo.

Bispos abelhudos – A nota desastrosa do Regional Sul 2 contra o tratamento precoce da COVID19.

FratresInUnum.com, 28 de março de 2021 – Os bispos e essa sua mania meter o focinho onde não são chamados!… O clericalismo anda a solta na Igreja do Brasil e, com ele, esta mania desgraçada de sempre querer pôr a colher e dar palpite em assuntos que extrapolam a sua alçada.

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A nota dos bispos do Paraná. Fonte: Gazeta do Povo.

Os bispos precisam entender uma coisa simples: quando o assunto é medicina, química, matemática, política, futebol, culinária, eles são leigos, ou seja, devem deixar os especialistas falarem e não se meterem em polêmica. O assunto não lhes diz respeito! É simples assim

Chega a ser chocante essa dissonância, sobretudo entre estes que se gabam continuamente de serem os grandes defensores do Vaticano II, que, na Constituição Gaudium et spes propagou a ideia da “justa autonomia das realidades terrestres”, chegando a defender que “seja permitido deplorar certas atitudes de espírito que não faltaram entre os mesmos cristãos, por não reconhecerem suficientemente a legítima autonomia da ciência e que, pelas disputas e controvérsias a que deram origem, levaram muitos espíritos a pensar que a fé e a ciência eram incompatíveis” (n. 36).

Sem entrar no mérito da validade desta afirmação conciliar, é escandaloso que bispos se dêem ao trabalho de arbitrar entre tratamentos médicos que não ferem a lei natural e não implicam em nenhum tipo de desordem moral. É absurdo que pastores, por pura sanha política, se coloquem numa posição pró e contra numa questão eticamente aberta e a despeito de toda e qualquer competência no assunto.

Pois foi exatamente isso que fez o Regional Sul 2 da CNBB, que abrange todo o Estado do Paraná. Os bispos tiveram a coragem de, mesmo reconhecendo que “as entidades constituídas por tais estudos” (do que se trata isso?, os estudos agora constituem entidades?, que entidades são estas, que foram constituídas por estudos?, que estudos as teriam constituído, sejam elas quais forem?) “não chegaram a uma comprovação científica” e que não existe “recomendação unívoca” por sociedades médicas, dizer solenemente: “afirmamos que o ‘tratamento precoce’ não é opção e orientação da Igreja Católica no Regional Sul 2 da CNBB”. 

Estarrecedor! Isso, sim é o que podemos chamar de obscurantismo! Onde já se viu que, em pleno agravamento de uma pandemia, bispos venham declarar que as suas dioceses têm opção por este tratamento em detrimento daquele?… Chegamos ao suprassumo do desvario por parte dos nossos bispos.

Pior, a nota se conclui com um non sense gritante: depois de conclamar aos “cuidados de prevenção contra o contágio” (entenda-se: “fica em casa!”), terminam com uma frase de Nosso Senhor: “vinde a mim, todos os que estais cansados etc”, enquanto eles trancam as Igrejas e privam os fieis dos sacramentos, sequestrados por eles de modo clericalista. Com os seus gestos, eles estão dizendo aos fieis: “ide, malditos, para o fogo eterno” e não “vinde a mim”. A hipocrisia grita nas próprias palavras deste vergonhoso despropósito.

O resultado de pronunciamentos indignos como este é a completa erosão da autoridade da Igreja. Em outras palavras, estes senhores não percebem que estão a cair no ridículo: como bispos, eles não tem competência para se pronunciar sobre a eficácia de terapias e, portanto, tudo o que dizem a respeito não passa de intromissão e não tem nenhum poder doutrinalmente vinculante; e, como incompetentes em medicina, não são aptos para emitir juízos que sejam clinicamente respeitáveis. Em outras palavras, a nota não passa de uma tolice cuja vergonha poderia ter sido economizada nessa crise de popularidade pela qual passa a CNBB.

Desde que Edward Schillebeeckx inventou essa história de que a Igreja e o mundo são a mesma coisa, os teólogos pararam de falar de Deus e começaram a falar de saneamento básico, política partidária, sexo, uso medicinal da maconha, ecologia ou qualquer outro tema a fim de se enturmarem melhor com as novas agendas do movimento revolucionário. E os pastores seguiram na mesma toada.

Dom Peruzzo, que também teve COVID, seria capaz de divulgar que medicamento tomou? Ou se tratou só com “ciência”, água e culto à Pachamama?

Eles preferem esvaziar seu próprio lugar de fala do que falar dos temas que lhes são próprios: a fé, os sacramentos, os mandamentos e a oração. Os fieis à mingua, morrendo sem nenhuma palavra de conforto, sem nenhum sacramento ou ao menos uma bênção, e eles querendo protagonizar alguma lacração politicamente correta.

Os bispos deveriam parar com esse assanhamento e se conter um pouco, deveriam saber o seu lugar, deveriam ter o mínimo de bom senso e recolher-se à sua própria insignificância, naquilo em que são incompetentes. Parem de enfiar o bedelho onde não foram chamados! Parem de zarolhar! Comportem-se como homens sérios e não como um bando de palpiteiros, atirando a credibilidade do catolicismo no lixo pela sua obstinação em serem bispos abelhudos.