FSSPX e Santa Sé: e agora?

Por Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro, Il Foglio, 27 de janeiro de 2012

Fonte: Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com

O acordo será feito ou não? O diálogo entre a Santa Sé e a Fraternidade de São Pio X [FSSPX / SSPX], fundada pelo Monsenhor Marcel Lefebvre, entrou em uma fase decisiva. O resultado deste diálogo é, acima de tudo, a grande preocupação do Papa Bento XVI, que o encorajou e nutriu pessoalmente; ele também é uma grande preocupação de todos os padres, religiosos e fiéis leigos que estão com a Fraternidade; ele é uma grande preocupação para grande parte do mundo católico que não faz parte da FSSPX, mas que está ao lado da Tradição. Por motivos diferentes, o catolicismo progressista e o mundo secular estão observando (a situação) com grande atenção e algum nervosismo.

Em outras palavras: a partida que está sendo disputada é importante e difícil, porém, um acordo não é impossível. Grande parte da resistência poderá desaparecer se considerarmos que ao discutir as questões canônicas, esta ocorre através de meios diplomáticos, também porque a resolução canônica da Fraternidade está em jogo. Neste caso estamos nos movendo em terreno misto onde é fundamental distinguir os níveis, o processo, que, objetivamente, nem sempre é fácil.

O caso prossegue em terreno instável. Se você puder compreender a desorientação de Roma com relação às hesitações da FSSPX, você também tem que compreender a perplexidade da Fraternidade quando ela reclama que Roma lhes pede algo que não foi pedido a ninguém, para que eles ostentem aquela categoria capciosa chamada “plena comunhão”.

Nesse ponto, nenhum dos dois lados pode esperar que o outro pague um preço impagável: por um lado, Roma não pode pedir que a Fraternidade São Pio X renegue a sua identidade; por outro, os lefebvristas não podem esperar que Roma perca o prestígio, com uma rendição incondicional e uma volta à forma no atual mundo católico como num conto de fadas, que objetivamente, é um acúmulo de muitas coisas contrastantes.

O sucesso das conversações exige uma conscientização que saiba como manter a fé e o realismo juntos. Por um lado, a visão sobrenatural: a crença de que a Igreja está em Roma (ela está em qualquer caso) apesar do fato de que ela está passando uma das mais graves crises em sua história; por outro lado, o caminho estreito do realismo, que objetiva dar à Fraternidade São Pio X a possibilidade de “ter a experiência da Tradição” de acordo com a fórmula que foi cunhada pelo próprio Mons. Marcel Lefebvre.

Mesmo que pareça fora de proporção, grande parte da responsabilidade reside com os sucessores de Lefebvre. Na história da Igreja a figura do anão que carrega o gigante em seus ombros é recorrente. É uma tarefa que, além do rigor moral e doutrinal, exige humildade e caridade, e o entendimento de que Roma é auxiliada pela permanência com Roma. Porém, a medida que o tempo passa, há um risco maior de pensar que existe somente uma alternativa entre dois (caminhos); a sirene que não convida a nenhuma resolução porque as condições na Igreja são muito sérias; e a sirene que convida à resolução sem discussão porque no final ‘tudo está bem’. No sentido mais profundo, nenhum dos caminhos se encaixa bem com uma instituição como a Fraternidade São Pio X, que nasceu em conseqüência da crise inquestionável que atingiu a Igreja após o Concílio Vaticano II.

Além das duas alternativas mencionadas acima, existe uma terceira alternativa e neste caso, ela é mais ou menos assim: a questão precisa ser resolvida tão logo possível precisamente porque a situação é grave, para o bem de toda a Igreja.

Nesse esforço, a Fraternidade São Pio X não pode ser deixada só com uma tamanha responsabilidade. O Papa Bento XVI é o avalista disso. Não se pode negar que esse Papa marcou o seu pontificado ao devolver a honra da Missa Gregoriana, revogando as excomunhões dos bispos da Fraternidade e iniciando as discussões doutrinais sobre questões polêmicas. Essas são todas as condições solicitadas pelos herdeiros de Mons. Lefebvre. Esse fato não pode ser ignorado pela FSSPX nem pelos negociadores que representam Roma. Os últimos estão muitíssimo cientes de que há mais catolicismo na comunidade lefebvrista (embora eles estejam em situação canônica irregular) do que em muitas comunidades regulares dentro do mundo católico. Chegou a hora de acabar com esse paradoxo, através de uma ação de boa vontade acompanhada de senso comum, de ambos os lados.

[Tradução para o inglês: Colaboradora Francesca Romana. Gnocchi e Palmaro, autores católicos tradicionais, escreveram “Report on Tradition – In conversation with the successor of Monsignor Lefebvre“]

O Vaticano e o ‘bispo rebelde’ do México.

IHU – O Vaticano pediu ao bispo mexicano Raúl Vera López para que dê esclarecimentos sobre a sua posição e o seu trabalho com grupos homossexuais. Mas, não apenas isso. Também sobre o seu apoio à despenalização do aborto e à adoção de crianças por parte de casais do mesmo sexo.

A reportagem é de Andrés Beltramo Alvarez e está publicada no sítio Vatican Insider, 12-09-2011. A tradução é do Cepat.

No começo de setembro o prelado da diocese de Saltillo esteve em Roma convocado pela Congregação para a Doutrina da Fé. A recomendação foi clara: deve definir sua postura em respeito à doutrina da Igreja católica, um pedido que o interessado pareceu ignorar parcialmente.

Na Cúria Romana Vera teve encontros com Marc Oullet, prefeito da Congregação para os Bispos, e com William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Além disso, no dia 6 de setembro, teve uma longa conversa com o sacerdote jesuíta espanhol Luis Ladaria Ferrer, secretário do ex-Santo Ofício.

De acordo com revelações feitas por fontes eclesiásticas tratou-se de reuniões cordiais e sem ânimo de admoestar, mas com uma recomendação precisa: o clérigo deveria estabelecer claramente sua adesão aos valores da Igreja à qual pertence, a católica, apostólica e romana. Nestes casos e para maior certeza se sugere que o interessado se retrate através de um texto escrito, talvez um artigo.

Ainda não está claro se efetivamente as autoridades vaticanas exigiram a Vera a redação deste escrito; mas também não ouviram suas explicações e lhe deram uma palmadinha nas costas, como se seu trabalho não tivesse inconvenientes.

Se o convocaram, foi pelas sérias dúvidas sobre a compatibilidade de suas declarações e suas ações com os valores “não negociáveis” defendidos pelo catolicismo no mundo de hoje: tanto a vida humana desde a sua concepção até a sua morte natural como a família fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher.

A viagem do pastor de Saltillo a Roma não foi um passeio turístico; foi convocado a comparecer. E assim o fez, explicando – entre outras coisas – que parte de seus mal-entendidos se encontra na agência católica de notícias ACI Prensa, cujo diretor, Alejandro Bermúdez, foi acusado de fazer uma campanha contra ele publicando informações infundadas e calúnias. Tudo parece indicar que o argumento não foi aceito, embora ele o tenha repetido diversas vezes aos seus interlocutores.

De qualquer maneira, as recomendações vaticanas pareceram surtir pouco efeito ou um efeito parcial porque, no seu retorno ao México, Raúl Vera manteve sua postura e antecipou que seu trabalho pastoral com a comunidade homossexual continuará, porque seus integrantes também são cristãos.

Em declarações à imprensa, reconheceu que a Sede Apostólica segue com atenção a pastoral social de sua diocese e que lhe fez uma série de observações, mas apenas de “tipo administrativo”. Nada mais.

“Não é nenhuma novidade que a Igreja apóie a diversidade sexual, porque nos Estados Unidos há, pelo menos, 50 dioceses que atendem comunidades homossexuais. A única diferença é que os bispos norte-americanos fizeram uma instrução para balizar a pastoral, coisa que não temos na América Latina”, disse.

Adiantou também que vai continuar apoiando as mulheres porque “não é justo” que, quando abortam por razões alheias à sua vontade, como ocorreu com mulheres indígenas, apenas elas são presas e não se pune os médicos e as clínicas onde são praticados os abortos.

“A diocese não tem nada a esconder, tudo é público; de maneira nenhuma nós promovemos a desonestidade, a promiscuidade e a maldade”, apontou.

Reconheceu que durante a conversa com Ladaria no Vaticano este lhe disse “algumas coisas que deveria fazer”, mas insistiu que estão de acordo na necessidade de atender espiritualmente os homossexuais.

Atacou mais uma vez a ACI Prensa por publicar notícias sobre o seu apoio aos grupos homossexuais com uma suposta “intenção sumamente desagradável”. “Da mesma maneira que os fariseus questionavam Jesus para pô-lo à prova, também com esse espírito apresentaram as coisas como queriam”, disparou.

Complementou suas declarações falando sobre as crianças adotadas por “casais homossexuais” e apontou: “Eu não vou abandonar essas crianças no momento em que uma lei aprova, e evidentemente que a Igreja parte do direito das crianças, não podemos abandoná-las”.

“Não podemos abandonar as pessoas de quem dependem, como também não vou desamparar crianças que num determinado momento estão vivendo com um casal onde houve um divórcio e uma segunda união”, sentenciou.

Dom Alfonso de Galarreta nomeado presidente da comissão de teólogos da FSSPX.

Dom GalarretaO hispano-argentino Mons. Alfonso de Galarreta foi nomeado presidente da Comissão de Teólogos da FSSPX a cargo das discussões doutrinais com Roma. Seu papel será coordenar e dirigir os encontros com a comissão designada pela Santa Sé. Como atualmente se encontra a cargo do seminário Nossa Senhora Corredentora de La Reja, Argentina, único de língua espanhola, deverá dividir seu tempo entre estas funções de diretor e as viagens à Europa que esta e outras obrigações lhe demandem.

[…] Segundo fontes próximas à FSSPX, permaneceria designado na Argentina até que o andamento das discussões determine se suas funções européias consomem demasiado tempo para atender o Seminário.

Fonte: Secretum Meum Mihi

Bomba: frade ‘criador’ de Medjugorje reduzido ao estado laical pelo Papa Bento XVI.

Por Simon Caldwell
The Daily Mail
26 de julho de 2009

Vlasic e uma das videntes, Marija Pavlović, nos anos 80.
Vlasic e uma das videntes, Marija Pavlović, nos anos 80.

O Papa laicizou o padre no centro das alegações de que a Virgem Maria vem aparecendo na cidade bosniana de Medjugorje.

O Vaticano decidiu punir o Padre Tomislav Vlasic depois de uma investigação em crescentes preocupações sobre as supostas aparições.

Padre Vlasic é o antigo ‘diretor espiritual’ de seis videntes que afirmam que Nossa Senhora as visitou aproximadamente 40.000 vezes em 28 anos. Ele também foi suspeito de inventar histórias das aparições da Virgem Maria.

O local atrai milhares de visitantes ingleses [ndt: e brasileiros também, especialmente de ‘peregrinações’ promovidas pela Canção Nova – vide abaixo) todo ano.

[Padre Vlasic] pediu para deixar o sacerdócio após o Vaticano também investigar acusações de que era culpado de imoralidade sexual ‘agravadas por motivações místicas’, depois de engravidar uma freira e então persuadi-la a silenciar o assunto.

Padre Vlasic se negou a cooperar com a investigação desde o princípio e foi exilado para um mosteiro em L’Aquila, Itália, onde foi proibido de se comunicar com qualquer pessoa, até mesmo seus advogados, sem a permissão de seu superior.

Veio à tona ontem que ele escolheu deixar o sacerdócio e sua ordem, uma mudança que levou a investigação a um fim abrupto.

A laicização de Padre Vlasic significa que ele está deposto de seu estado clerical.

Ela foi secretamente finalizada pelo Papa em março e representa um forte golpe em milhões de seguidores de Medjugorje por todo o mundo que esperavam que o Vaticano um dia reconhecesse o controverso santuário.

Padre Vlasic foi chamado de ‘criador’ do fenômeno, conforme Pavao Zanic, bispo local quando então as aparições começaram em 1981.

Mais cedo, em meio a uma discussão com o bispo local e o Vaticano, ele fez uma profecia de que a Virgem Maria apareceria na Bósnia.

Meses depois, seis crianças da região – Mirjana Dragićević, Marija Pavlović, Vicka Ivanković, Ivan Dragićević, Ivanka Ivanković e Jakov Colo – disseram ter visto a Virgem numa montanha próxima à sua cidade.

Logo depois, Padre Vlasic anunciou que era ‘diretor espiritual’ delas e em 1984 até mesmo ostentou ao Papa João Paulo II que ele era aquele ‘por meio de quem a providência divina guia os videntes de Medjugorje’.

Mas o clérigo bosniano posteriormente tomou uma posição mais modesta quando se soube que ele seria pai de uma criança com uma freira chamada Irmã Rufina e que se negou a deixar sua ordem para se casar com ela.

Padre Vlasic então se mudou para Parma, Itália, onde fundou uma comunidade religiosa mista (masculina e feminina) chamada Rainha da Paz, que foi dedicada às aparições.

Ele foi suspenso no ano passado pela Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé em meio a uma investigação sobre sua conduta depois de três comissões eclesiásticas terem fracassado em encontrar evidências para sustentar as afirmações dos videntes.

Os bispos da antiga Iugoslávia finalmente declararam que “não pode ser afirmado que estas matérias digam respeito a aparições ou revelações sobrenaturais”.

O Cardeal Joseph Ratzinger – agora Papa Bento XVI – também tinha proscrito peregrinações ao local, mas isso foi amplamente ignorado.

Pelo contrário, os videntes se enriqueceram como resultado de suas alegações – assim como sua cidade, que sofreu um boom como conseqüência da “corrida pelo ouro da Madonna”.

Alguns hoje são proprietários de casas inteligentes com jardins refinados, garagens duplas e entradas de segurança, uma delas possuindo uma quadra de tênis.

Também possuem carros caros e um deles, Ivan Dragicevic, se casou com uma antiga miss americana.

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OFÍCIO DO SUPERIOR GERAL DA ORDEM DOS FRADES MENORES

ORDO FRATRUM MINORUM
MINISTER GENERALIS

Prot. N. 098714

Aos Superiores Provinciais da Bósnia Herzegovina, Croácia e Itália.

Caro Irmão Superior,

O Santo Padre, aceitando a requisição do frade Tomislav Vlasic, O.F.M., membro da província dos frades menores de S. Bernardino de Siena (L’Aquila), responsável por conduta nociva à comunhão eclesial tanto na esfera doutrinal como disciplinar, e sob a censura de interdito, lhe concedeu o favor da redução ao estado laico (amissio status clericalis) e demissão da Ordem.

Além disso, o Santo Padre concedeu ao peticionário, motu proprio, a remissão da censura incorrida assim como o favor da dispensa dos votos religiosos e de todas as responsabilidades associadas às ordens sagradas, inclusive celibato.

Como um preceito penal salutar – sob pena de excomunhão que a Santa Sé declararia, e, se necessário, sem advertência canônica prévia – as seguintes ordens são impostas ao Sr. Tomislav Vlasic:

a) Absoluta proibição de exercer qualquer forma de apostolado (por exemplo, promover devoções públicas ou privadas, ensinar doutrina Cristã, direção espiritual, participação em associações leigas, etc) assim como aquisição e administração de bens destinados a propósitos religiosos;

b) Absoluta proibição de publicar declarações sobre matérias religiosas, especialmente a respeito do “fenômeno de Medjugorje”;

c) Absoluta proibição de residir em casas da Ordem dos Frades Menores.

Para a execução das medidas sérias impostas pela Santa Sé com respeito ao Sr. Tomislav Vlasic, a mesma Sé Apostólica comunica diretamente aos Superiores de Ordem.

Portanto, volto-me a vós para que sejais vigilantes e informeis aos Guardiães e superiores das casas filhas, respeitosamente, a respeito de Tomislav Vlasic, das medidas pontifícias a ele concernentes, em particular a respeito da proibição de residir em qualquer causa pertencente à Ordem dos Frades menores, sob pena de remoção do cargo.

Confiando em vossa plena compreensão e pronta cooperação, cumprimento-vos fraternalmente.

Roma, 10  de março de 2009.

Fr. José Rodriguez Carballo, OFM
Superior Geral

Fonte: Catholic Light

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“Com suas aparições, há anos consecutivos, em Medjugorje, onde pude estar presente, ela vem arrastando multidões no mundo todo a voltarem-se para Deus, numa conversão alicerçada no arrependimento dos pecados, na Confissão, na oração, no jejum, nos sacrifícios e na fé. Esses frutos autênticos são a maior prova de que as aparições são reais e aceitas por centenas de bispos, milhares de sacerdotes e milhões de fiéis. O Papa, embora não tenha ainda se pronunciado oficialmente, não desaprova as peregrinações de Medjugorje e se refere freqüentemente à Virgem Santíssima como a ‘Senhora das Mensagens’…” (Felipe Aquino em A Estrela da Evangelização, 25 de fevereiro de 2007 – documento já salvo, caso misteriosamente saia do ar).

Caso Fisichella: Esclarecimento da Congregação para Doutrina da Fé acerca do aborto provocado.

Esclarecimento da Congregação para Doutrina da Fé

Sobre o aborto provocado.

Recentemente foram recebidas pela Santa Sé diversas cartas, inclusive da parte de altas personalidades da vida política e eclesial, que informaram sobre a confusão criada em vários países, sobretudo na América Latina, após a manipulação e instrumentalização de um artigo de Sua Excelência Monsenhor Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, sobre a triste história da “menina brasileira”.

Em tal artigo, publicado no “L’Osservatore Romano” de 15 de março de 2009, era proposta a doutrina da Igreja, também tendo em conta a situação dramática da supracitada menina, que – como se pôde notar mais tarde – foi acompanhada com toda sensibilidade pastoral, em particular pelo então Arcebispo de Olinda e Recife, Sua Excelência Monsenhor José Cardoso Sobrinho. A respeito, a Congregação para a Doutrina da Fé reitera que a doutrina da Igreja sobre o aborto provocado não mudou nem poderia mudar.

Tal doutrina foi exposta nos números 2270-2273 do Catecismo da Igreja Católica nestes termos:

“A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida. «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi: antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei» (Jr 1, 5). «Vós conhecíeis já a minha alma e nada do meu ser Vos era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra» (Sl 139, 15). A Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral: «Não matarás o embrião por meio do aborto, nem farás que morra o recém-nascido» (Didaché, 2, 2). «Deus […], Senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis» (Concilio Vaticano II, Gaudium et spes, 51). A colaboração formal num aborto constitui falta grave. A Igreja pune com a pena canônica da excomunhão este delito contra a vida humana. «Quem procurar o aborto, seguindo-se o efeito («effectu secuto») incorre em excomunhão latae sententiae (Cic, can. 1398), isto é, «pelo fato mesmo de se cometer o delito» (Cic, can. 1314)  e nas condições previstas pelo Direito (cfr. Cic, cann. 1323-1324). A Igreja não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente, manifesta a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade. O inalienável direito à vida, por parte de todo o indivíduo humano inocente, é um elemento constitutivo da sociedade civil e da sua legislação: «Os direitos inalienáveis da pessoa deverão ser reconhecidos e respeitados pela sociedade civil e pela autoridade política. Os direitos do homem não dependem nem dos indivíduos, nem dos pais, nem mesmo representam uma concessão da sociedade e do Estado. Pertencem à natureza humana e são inerentes à pessoa, em razão do ato criador que lhe deu origem. Entre estes direitos fundamentais  deve aplicar-se o direito à vida e à integridade física de todo ser humano, desde a concepção até à morte»… «Desde o momento em que uma lei positiva priva determinada categoria de seres humanos da proteção que a legislação civil deve conceder-lhes, o Estado acaba por negar a igualdade de todos perante a lei. Quando o Estado não põe a sua força ao serviço dos direitos de todos os cidadãos, em particular dos mais fracos, encontram-se ameaçados os próprios fundamentos dum «Estado de direito» […]. Como consequência do respeito e da protecção que devem ser garantidos ao nascituro, desde o momento da sua concepção, a lei deve prever sanções penais apropriadas para toda a violação deliberada dos seus direitos » ” (Congregazione per la Dottrina della Fede, Istruzione Donum vitae, III).

Na encíclica Evangelium Vitae, o Papa João Paulo II reafirmou esta doutrina com a autoridade de Supremo Pastor da Igreja: “com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus Sucessores, em comunhão com os Bispos — que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que, na consulta referida anteriormente, apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina — declaro que o aborto directo, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal.” (n. 62).

No que diz respeito ao aborto provocado em determinadas situações difíceis e complexas, vale o ensinamento claro e preciso do Papa João Paulo II: “É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um carácter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes, teme-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas estas e outras razões semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser humano inocente” (Encíclica Evangelium Vitae, n. 58)

Quanto à problemática de determinados tratamentos médicos a fim de preservar a saúde da mãe, é necessário distinguir bem entre dois casos diversos: de um lado, uma ação que diretamente provoca a morte do feto, por vezes impropriamente chamado aborto “terapêutico”, que não nunca pode ser lícito enquanto é o assassinato direto de um ser humano inocente; de outro lado uma intervenção em si não abortiva que pode ter, como consequência colateral, a morte do filho: “Se, por exemplo, a salvação da vida da futura mãe, independentemente de seu estado de gravidez, requerer urgentemente um ato cirúrgico ou outra aplicação terapêutica que teria como conseqüência acessória, de nenhum modo desejada nem intencionada, mas inevitável, a morte do feto, um tal ato não pode ser dito um direto atentado à vida inocente. Nestas condições, a operação pode ser considerada lícita, como outras intervenções médicas similares, sempre que se trata de um bem de alto valor, isto é, a vida, e não seja possível restituí-la após o nascimento da criança, nem para utilizar outro remédio eficaz “(Pio XII, Discorso al “Fronte della Famiglia” e all’Associazione Famiglie numerose, 27 novembre 1951).

Quanto à responsabilidade dos profissionais de saúde, é preciso lembrar as palavras do Papa João Paulo II: “A sua profissão pede-lhes que sejam guardiães e servidores da vida humana. No atual contexto cultural e social, em que a ciência e a arte médica correm o risco de extraviar-se da sua dimensão ética originária, podem ser às vezes fortemente tentados a transformarem-se em fautores de manipulação da vida, ou mesmo até em agentes de morte. Perante tal tentação, a sua responsabilidade é hoje muito maior e encontra a sua inspiração mais profunda e o apoio mais forte precisamente na intrínseca e imprescindível dimensão ética da profissão clínica, como já reconhecia o antigo e sempre atual juramento de Hipócrates, segundo o qual é pedido a cada médico que se comprometa no respeito absoluto da vida humana e da sua sacralidade (Encíclica Evangelium Vitae, n. 89)

(©L’Osservatore Romano – 11 de julho de 2009)

Fonte: Papa Ratzinger Blog

Rumores: Motu Proprio de Bento XVI sobre Comissão Ecclesia Dei. Dom Ranjith para Colombo. Preparam as discussões doutrinais.

Nas próximas semanas será publicado um Motu Proprio de Bento XVI que fará a Comissão Ecclesia Dei… um organismo da Congregação para a Doutrina da Fé. Papa Ratzinger já tinha anunciado isso em março passado, numa carta enviada para todos os bispos do mundo dedicada ao caso Williamson e à revogação da excomunhão dos prelados consagrados por Lefebvre. No próximo 4 de julho Dario Castrillón Hoyos, atual Presidente da Ecclesia Dei, completará 80 anos de idade e deixará seu posto por motivos de idade. A Comissão será então presidida pelo Prefeito do ex-Santo Ofício, o americano Cardeal William Joseph Levada. O Vice-Presidente Mons. Perl irá permanecer em seu cargo enquanto será nomeado um novo Secretário para substituir o [recentemente] falecido Mons. Mario Marini. Exatamente nesta manhã, a agência francesa I.Media revelou que na reunião da “feria quarta” os cardeais membros da Congregação para Doutrina da Fé reuniram uma primeira plataforma para o início do diálogo com os Lefebvristas… Enquanto isso, como Il Giornale antecipou há poucos dias, neste Sábado deve ser anunciada a nomeação do Secretário da Congregação para a Culto Divino [Arcebispo] Malcom Ranjith Patabendige Don como Arcebispo de Colombom. Em seu lugar será designado o atual subsecretário do ex-Santo Ofício, o dominicano Di Noia.

Andrea Tornielli, via WDTPRS

[Atualização – 10 de junho de 2009, às 15:05] – Excerto de notícia de I.Media publicada também em WDTPRS, desta vez via Rorate-Caeli.

[…] Segundo a agência francesa I.Media, os cardeais do ex-Santo Ofício — a quem o Papa Ratzinger confiou o diálogo com os Lefebvristas em vista de sua eventual reinstalação, no futuro, na estrutura da Igreja — discutiram um texto “redigido para esclarecer os parâmetros do diálogo doutrinal com a Fraternidade”. Este diálogo deve começar com a necessidade “de aceitar o Concílio Vaticano Segundo e o Magistério do Papa” subsequente ao Concílio.

Conforme I.Media, o superior dos lefebvristas, [bispo] Bernard Fellay, foi recebido na Congregação para a Doutrina da Fé no último dia 5 de junho e, mesmo que não tenha sido identificado o “time” com o qual os dois lados conduzirão o diálogo, é provável que tomem parte o dominicano suíço pe. Charles Morerod, o novo secretário da Comissão Teológica Internacional e, da parte dos lefebvristas, padre Gregoire Celier, co-autor de um recente livro sobre Bento XVI.

Entretanto, enquanto o diálogo “doutrinal” com o Vaticano dá seus primeiros passos, os lefebvristas decidiram desafiar novamente a autoridade do Papa, anunciando a ordenação de ao menos 21 novos padres em três partes do mundo.

Curtas da semana.

Dom Fellay na Congregação para a Doutrina da Fé.

Dom Bernard Fellay(ReL) Na última sexta-feira voltou a circular em Roma os rumores sobre um possível acordo entre o Vaticano e a Fraternidade de São Pio X, fundada em 1970 pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre (1905-1991). Tudo surgiu ao se saber da presença do superior da congregação, monsenhor Bernard Fellay, na Cidade Eterna, que na sexta-feira teria uma audiência na Congregação para a Doutrina da Fé.

Súplica ao Santo Padre: caminhar para além das afirmações retóricas.

Mons. Gherardini Brunero‹‹ Para o bem da Igreja – e mais especificamente para a atuação da “salus animarum” que é a primeira e “suprema lex” – depois de décadas de livre criatividade exegética, teológica, litúrgica, historiográfica e “pastoral” em nome do Concílio Ecumênico Vaticano II, parece-me urgente que se faça um pouco de clareza, respondendo oficialmente à pergunta sobre a continuidade do mesmo – não declamada, mas demonstrada – com os outros Concílios e sua fidelidade à Tradição desde sempre em vigor na Igreja. […] Parece, de fato, difícil, se não impossível, colocar as mãos na esperada hermenêutica da continuidade, a menos que se proceda a uma análise cuidadosa e científica de cada um dos documentos, deles conjutamente e de todos os seus argumentos, suas fontes imediatas e remotas, e se continua em vez de falar apenas repetindo o conteúdo ou apresentando-o como uma novidade absoluta. Esse pensamento há tempos nasceu em minha mente – que ouso ora apresentar à Sua Santidade – de uma grande e Livro de Mons. Gherardini possivelmente definitiva purificação sobre o último Concílio em todos os seus aspectos e conteúdo. Parece, de fato, lógico e adequado que todos os aspectos e conteúdos sejam estudados em si e em conjunto com todos os outros, com os olhos fixos em todas as fontes, e sob o ângulo específico do Magistério eclesiástico precedente, solene e ordinário. A partir desse amplo e irrepreensível trabalho científico, comparado com os resultados seguros da atenção crítica ao secular Magistério da Igreja, será então possível elaborar um argumento para uma avaliação segura e objetiva do Concílio Vaticano II […] Mas se a conclusão científica do exame levar à hermenêutica da continuidade como a única devida e possível, será portanto necessário provar – para além de toda afirmação retórica – que a continuidade é real, e tal se manifesta apenas na identidade dogmática de fundo. […] [Se] não resultar cientificamente provado, seria necessário dizê-lo com serenidade e franqueza, em resposta à exigência de clareza sentida e esperada por quase meio século. ›› Do recém lançado livro de Monsenhor Brunero Gherardini, Concilio Ecumenico Vaticano II. Un discorso da fare, editado pela Casa Mariana Editrice di Frigento, fundada e dirigida pelos Franciscanos da Imaculada, com prefácio de Dom Mario Oliveri, bispo de Albenga e Imperia, e apresentação de Dom Albert Malcom Ranjith, secretário da Congregação para o Culto Divino.

Acordo secreto.

(Rorate-Caeli) Giacomo Galeazzi faz a resenha da nova biografia de Paulo VI escrita por Andrea Tornielli para o La Stampa e menciona que aquilo que muitos consideravam uma teoria da conspiração era verdade: sem dúvida, houve um acordo secreto, conduzido pelo Cardinal Tisserand, entre a União Soviética e a Santa Sé (sob João XXIII) em 1962 – um acordo que Paulo VI também respeitou, conforme Galeazzi diz:  ‹‹ Em uma nota de 15 de novembro de 1965, Montini, de fato, menciona explicitamente que dentre “os compromissos do Concílio” existe também aquele “de não mencionar o comunismo (1962)”.  A indicação da data do final da frase escrita por Paulo VI refere-se ao acordo secreto, relacionado por Tisserand, entre Roma e Moscou ›› .  E isso explicaria porque o Concílio Vaticano Segundo, que discutiu todo tipo de questões, relevantes e irrelevantes da mesma forma, ignorou a ameaça mais desafiadora de seu tempo: o comunismo.

Desempregado.

Padre Fioraso(Messa in Latino) ‹‹ Uma visitação canônica enviada pela Santa Sé decidiu pela substituição do abade de Santa Croce in Gerusalemme, Padre Simon Fioraso. O vigário de Roma, o Cardeal Agostino Vallini, nomeará em breve um padre da diocese como pároco enquanto a comunidade dos cistercienses não tiver na capital forças suficientes para garantir a cura da paróquia anexa ao Mosteiro. Assim confirmou à Agi Monsenhor Marco Fibbi, diretor do departamento de comunicações Sociais da diocese de Roma ›› .  Conforme o blog Messa in Latino, os motivos para o afastamento do pároco são os abusos na liturgia e na condução da paróquia.

Uma a cada cinco é extraordinária.

(Kreuz.net) No ano de 1966 ocorreram aproximadamente 900 ingressos nos seminários franceses. Em 2007 foram menos de 150, conforme informou a organização francesa ‘Paix Liturgique’ em um comunicado de imprensa de 28 de maio. Atualmente, 756 seminaristas estudam na França. Ao final do Concílio Vaticano II eram mais de 4.500. ‘Paix Liturgique’ ressalta também que hoje em dia na França surge uma nova categoria de seminaristas – aquela dos seminários tradicionalistas. Atualmente, existem no país 160 seminaristas tradicionalistas. Assim, eles já perfazem um quinto da soma total dos candidatos ao sacerdócio. A essa altura, deve-se levar em consideração – diz a ‘Paix Liturgique’ – que a Missa será celebrada regularmente no Rito Antigo em pouco menos de uma a cada cem paróquias francesas* : “Assim, temos que reconhecer a influência “extraordinária” que o Rito Antigo exerce sobre as vocações”. Nesse ínterim, o bispo de Toulon, Mons. Dominique Marie Jean Rey (56), decretou que todos os seus seminaristas devem aprender a celebração do Rito Antigo. Mons. Rey é membro da comunidade carismática ‘Emmanuel’ fundada na França.  * Nota de Tradução: Segundo o Serviço de Informações do Vaticano (Departamento Central de Estatísticas), na França existem 16.553 paróquias para uma população de 61.350.000, dos quais 46.427.000 (75,5 por cento) são católicos.

Progressistas e neo-conservadores, está tudo em casa.

(Kreuz.net). O Professor de Teologia Dogmática de Regensburgo, Wolfgang Beinert (76), emérito em 1998, publicou um livro contra a Fraternidade São Pio X chamado “Der Vatikan und die Pius-Brüder: Anatomie einer Krise“ [O Vaticano e a Fraternidade São Pio X: Anatomia de uma crise]. A obra inclui contribuições de notórios neo-conservadores e liberais inimigos da Tradição católica, dentre eles o Professor de Teologia Dogmática de Tubinga já aposentado, Pe. Peter Hünermann, o Bispo Kurt Koch de Basel, Bispo Gerhard Ludwig Müller de Regensburgo ou o Diretor da “Agência Católica de Notícias” da Alemanha, Ludwig Ring-Eifel.

Fundo do poço.

(Kath) Na Suécia os nascituros podem ser abortados quando a mãe não concorda com o sexo da criança, conforme decisão do Serviço Nacional de Saúde em Estocolmo. Uma mãe com duas filhas de Eskilstuna (ao sul da Suécia) fez dois abortos porque não queria uma terceira filha. Ao ficar grávida novamente ela pediu aos médicos que lhe informassem o sexo da criança. Estes pediram conselho ao Serviço Público. Resposta: os abortos motivados por insatisfação com o sexo não deveriam ser negados. Caso contrário se violaria a legislação em vigor, que permite o aborto até a 18ª semana. Segundo informe do jornal sueco, no momento, existe um turismo de aborto entre a Noruega e a Suécia: o fato de que na Noruega o aborto somente é permitido até a décima segunda semana, assim que ficam sabendo o sexo da criança, as gestantes viajam cada vez mais para o país vizinho. Entre elas estariam especialmente mulheres de outras culturas. “Quando uma mulher já tem três ou quatro meninas e vem da Turquia a pressão é grande para ter um menino” cita um abortista no jornal.

Arquidiocese de Olinda pode levar Dom Fisichella ao Tribunal Eclesiástico.

(Oblatvs) A Arquidiocese de Olinda e Recife distribuiu entre oficiais da Cúria Romana um memorando detalhando as medidas tomadas pela mesma na defesa da menina de 9 anos vítima de estupro. O objetivo do memorando é chegar a uma solução “cristã e amigável” para o impasse criado pelo artigo do Presidente da Pontifícia Academia para a Vida publicado no L’Osservatore Romano. Segundo Monsenhor Ignácio Barreiro, é a coisa certa a ser feita antes de buscar a solução no tribunal. […] O memorando de seis páginas é assinado pelo advogado da arquidiocese pernambucana e foi distribuído para centenas de oficiais da cúria. Ele desmonta a versão apresentada pelo artigo de Dom Fisichella e que repercutiu no mundo inteiro, em razão do autor e do jornal.[…] Dom Cardoso Sobrinho disse recentemente que o L’Osservatore se recusa a publicar sua versão dos fatos. O jornal já havia cometido uma injustiça contra Dom José e agora comete a segunda. Diante dos poderosos bispos americanos a atitude do corajoso editor do jornal foi bem outra.

Inquietação entre os tradicionalistas.

O destino dos tradicionalistas está por um fio na Cúria romana, porque lá os prelados sem convicção flertam de bom grado com o liberalismo dos últimos séculos.

Link para o originalO semanário liberal francês ‘Golias’ informa em seu sítio na Internet que se agrava a discordância entre o Papa Bento XVI e o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé nomeado pelo mesmo, Cardeal William Levada (72). O motivo: a questão dos tradicionalistas.

Em maio de 2005 o Cardeal Levada foi nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé pelo Papa. Anteriormente, ele havia atuado como arcebispo liberal de São Francisco, no estado da Califórnia.

Sem reconhecimento de desempenho considerável

O Prelado é um velho amigo do Santo Padre. O Papa deve tê-lo escolhido devido a sua discrição, sua diligência e seu pragmatismo.

Contudo, o Cardeal Levada era notório em sua arquidiocese devido a sua administração liberal e sua postura simpática aos homossexuais. Ele não interveio contra a atividade de uma paróquia envolvida em escândalo homossexual na Arquidiocese.

Por outro lado, no tempo do Arcebispo Levada em São Francisco era muito difícil obter uma autorização para a celebração do Missa Antiga.

Depois de sua nomeação para a Cúria romana ele desejou ser como o liberal Arcebispo George Niederauer, que continuou a obra de destruição em São Francisco.

Futuro incerto

Cardeal LevadaSegundo o ‘Golias’, o Cardeal Levada permaneceu fiel à sua antiga postura liberal como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Para os tradicionalistas isso é motivo para uma profunda inquietação, pois recentemente tornou-se fato conhecido que futuramente a Comissão ‘Ecclesia Dei’deverá se unir à Congregação para a Doutrina da Fé. A Comissão ocupa-se dos tradicionalistas.

Nas discussões internas da Cúria, o Cardinal sempre se expressou de maneira contrária à benevolência em relação aos tradicionalistas.

Sem dúvida correm boatos em Roma que o Cardeal não ficará por muito tempo no cargo e que devido a “um problema real de saúde”– conforme se expressa o ‘Golias’ – poderia se tornar emérito prematuramente.

De acordo com informações do ‘Golias’, essa perspectiva consola os tradicionalistas apenas pela metade.

Assim, até mesmo o Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, o Arcebispo Luis Ladaria (65), é polêmico do ponto de vista teológico.

Mons. Ladaria é um jesuíta, que, segundo o ‘Golias’, não abriu mão da linha teológica do Teólogo liberal Padre Karl Rahner († 1984). Padre Rahner tornou-se conhecido por reduzir a mensagem cristã à sua dimensão humana.

Agora alguns tradicionalistas temem que anos difíceis estão por vir aos tradicionalistas dentro do Vaticano.

Curtas da semana.

Escândalo: Presidente da Conferência Episcopal Alemã nega dogma da Redenção.

Mons. Robert Zollitsch(kreuz.net) Para o Presidente da Conferência Episcopal Alemã, que apostatou da Fé Católica, a crucifixão de Cristo é mais um apoio psicológico no sofrimento.  No Sábado de Aleluia, o Arcebispo de Freiburg e Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Mons. Robert Zollitsch, negou a morte expiatória de Cristo.  O Arcebispo Zollitsch fez essa afirmação em uma entrevista com Meinhard Schmidt-Degenhard para o programa “Horizente” do Canal de TV alemão ‘Hessischer Rundfunk’. Cristo “não teria morrido por causa dos pecados da humanidade, porque Deus tivesse precisado de uma vítima expiatória, um bode expiatório, por assim dizer”, disse o Arcebispo. O Salvador teria simplesmente se “solidarizado” com o sofrimento das pessoas até a morte. Ele teria mostrado que também o sofrimento e a dor seriam aceitos por Deus. Para Mons. Zollitsch isso significa “essa grande perspectiva, essa solidariedade imensa”, que vai tão longe que ele sofre “junto” comigo. Schmidt-Degenhard dá uma alfinetada: O senhor não diria mais que Deus efetivamente deu seu único Filho porque as pessoas pecaram? Essa expressão não seria mais formulada?” O Arcebispo Zollitsch confirmou a sua apostasia da Fé Católica com um sonoro “Não”: “Ele se envolveu comigo por solidariedade – de livre e espontânea vontade.” Assista a entrevista aqui.

Schola Cantorum Bento XVI seleciona cantores e organistas.

Capela Nossa Senhora de FátimaA Schola Cantorum Bento XVI, responsável pelo canto gregoriano na Missa Tridentina em Jacareí, São Paulo, está recrutando novos interessados em fazer parte do coral. Os ensaios são realizados todos os sábados, às 9 da manhã, na Igreja Matriz Imaculada Conceição, em Jacareí. Informações pelo e-mail scbentoxvi@hotmail.com ou no blog da schola.

Vaticano investiga liderança de religiosas nos Estados Unidos.

“A Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé iniciou uma investigação doutrinal da maior organização de lideranças de religiosas dos Estados Unidos, a Conferência de Lideranças de Mulheres Religiosas.  O Vaticano já anunciara um estudo separado em dezembro passado para avaliar a “qualidade de vida” nas comunidades apostólicas para religiosas por todo os Estados Unidos. A congregação do Vaticano informou aos representantes da conferência de lideranças de sua nova “avaliação doutrinal” numa carta de 20 de fevereiro, que os representantes receberam em 10 de março. A carta veio do Cardeal William Joseph Levada, o prefeito da congregação. Nela, Levada explicou que a congregação está realizando sua “avaliação” da conferência de lideranças femininas depois de preocupações doutrinárias iniciais do Vaticano terem sido expressas em 2001″. Leia a íntegra em National Catholic Reporter.

Auditório ou templo protestante?

Nova igreja do pe. Marcelo Rossi.“O novo espaço foi projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, que abriu mão da estética convencional dos templos religiosos e abusou das curvas, remetendo à estrutura de uma casa de shows.” Mais detalhes a nova igreja do Pe. Marcelo Rossi aqui.

Último corpo resgatado.

(kreuz.net – Tradução: T.M. Freixinho) Suíça. Conforme informou o periódico suíço ‘Sonntagszeitung’, foi resgatado recentemente o último corpo dos três seminaristas do seminário lefebvrista de Ecône, no cantão suíço de Wallli, mortos durante uma nevasca. Em 11 de fevereiro, uma nevasca surpreendeu quatro seminaristas durante um passeio com calçados de neve nas montanhas de Walliser. Um deles pôde ser libertado da massa de neve, dois foram arrancados de um lago congelado. O terceiro só agora pôde ser encontrado.

Legionários de Cristo reconhecem comportamento ‘inapropriado’ de fundador.

Link para o originalNew Haven, Fevereiro 3, 2009 / 01:29 pm – Respondendo a revelações não confirmadas de comportamentos impróprios pelo fundador dos Legionários de Cristo, Pe. Marcial Maciel, o porta-voz dos Legionários de Cristo dos Estados Unidos reconheceu de maneira não específica ações que “não eram apropriadas para um padre Católico”. Entretanto, ele insistiu que Pe. Maciel “foi e será sempre o pai da Legião”.

O blog “Exlcblog” afirmou que Pe. Scott Reilly, o Diretor Territorial dos Legionários de Cristo em Atlanta, Georgia, anunciou àqueles da Direção Territorial que Pe. Maciel tinha uma amante, era pai de uma criança e vivia uma vida dupla. O blog reivindicava que os Legionários de Cristo estão agora renunciando Padre Maciel como seu pai espiritual.

Padre Marcial Maciel DegolladoCNA contatou o porta-voz dos Legionários de Cristo, Jim Fair, mas recebeu uma confirmação não específica de qualquer das alegações.

“Soubemos de algumas coisas sobre a vida de nosso fundador que são surpreendentes e difíceis de entender”, disse Fair à CNA na terça-feira.

“Podemos confirmar que existem aspectos de sua vida que não foram apropriados a um padre Católico”.

“Obviamente, ele tinha sentimentos humanos, mas permanece verdade que através dele nós recebemos nosso carisma, que foi aprovado pela Igreja”

“Nosso comprometimento permanece e seguiremos adiante, amando a Cristo e servindo a Igreja”, observou.

Ao ser pedido para confirmar as acusações específicas, Fair respondeu:

“Pe. Maciel morreu há mais de um ano e obviamente o que quer que tenha ocorrido está entre ele e Deus, e o julgamento e misericórdia de Deus, então nós deixaremos ele tomar conta disso”.

CNA pediu a Fair que confirmasse se os Legionários de Cristo estavam distribuindo informações sobre as acusações através de seus diretores regionais.

“Nós comunicamos internamente, mas não posso fazer outro comentário além disso”. Respondeu Fair.

“Sei que houve rumores sobre nós estarmos de alguma maneira o denunciando. Obviamente nós não estamos. Padre Maciel foi e será sempre o pai da legião.”

“Um dos mistérios de nossa fé é que Deus às vezes trabalha através de seres humanos com defeitos”.

Em 2006, a Congregação para a Doutrina da Fé, citando a idade avançada e a pouca saúde de Pe. Maciel, decidiu abrir mão de ouvir as acusações de que ele abusou sexualmente de em torno de 20 adolescentes recrutados para os Legionários de Cristo já na década de 80. A Congregação convidou o Pe. Maciel a “uma vida reservada de penitência e oração, renunciando a qualquer forma de ministério público”.

Pe. Maciel morreu em 30 de janeiro de 2008.