Revolução nos Conventos: “Mudaremos seu modo de rezar”.

Por Luisella Scrosati, La Nuova Bussola Quotidiana, 19 de julho de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com – “Feita a Itália, é preciso fazer os italianos”: esta é a famosa declaração atribuída ao marquês Massimo d’Azeglio. Não se sabe se ele realmente pronunciou esse ditado, mas o que é certo é que correspondia ao seu pensamento. E – o que é ainda mais preocupante — foi o programa idealizado para o renascimento dos Sabóias.

A nação Italiana já existia há séculos, ligada por uma identidade profunda, mas aquele senso de italianidade era inadequado para as novas necessidades do novo Estado. Assim, os novos italianos tiveram que ser refeitos, em primeiro lugar, convencendo-os de que antes deles sequer existiam italianos! Um enorme aparato de leis foi estabelecido, apenas para deixar claro que o que tinha sido lícito até então não valia mais, e que as antigas liberdades eram na realidade escravidão e tinham que ser suprimidas para abrir caminho para o novo, muito novo e muito italiano.

Não há necessidade de ir além: toda revolução deve fazer um novo homem e eliminar aqueles que resistem. Se você der uma olhada no que está tramando a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA), você entenderá a razão da longa introdução.

O cardeal João Braz de Aviz, presidente daquela Congregação com um nome muito longo, explicou em uma recente entrevista seu programa para “fazer os italianos”:

“Estamos trabalhando muito para a transformação da formação. Devemos pensar em formação desde o ventre até o último alento […]. Tudo conta na formação, não se pode dizer que uma coisa é formação e a outra não é […] é necessário mudar muito”.

Se é necessário mudar muito na formação e a formação é um processo contínuo que diz respeito a todos os aspectos da vida, podemos dizer que o Prefeito pretende mudar tudo. Exatamente, deve “fazer os italianos” do zero.

O Cardeal continua:

“Muitas coisas da tradição, muitas das quais pertencem à cultura de um tempo passado, não funcionam mais”. E como sempre acontece, se alguma vez houve alguém um pouco preocupado com essa incursão na vida das comunidades, Braz de Aviz imediatamente quer tranquilizar que não é uma questão de tocar na substância, mas apenas nas coisas, que em sua opinião, não são essenciais: “Temos formas de vida que estão ligadas aos nossos fundadores mas que não são essenciais”. Exemplo? “Uma certa maneira de rezar, uma certa maneira de se vestir, dando mais importância a certas coisas que não são tão importantes e dando pouca a outras que são importantes. Essa visão global do conjunto, nós não a tínhamos antes, mas agora temos”.

Nós sim que temos a visão geral, não os fundadores! Nós sim que sabemos discernir as coisas essenciais das secundárias; portanto, “todas as coisas secundárias podem entrar em colapso, mas o carisma especial dos fundadores não entrará em colapso”.

É necessário estar sempre em alerta quando ouvimos falar essas pessoas, prontas a demolir aquilo que consideram secundário, em nome de preservar o essencial. Pegue uma cebola: nenhuma camada é essencial, mas depois de removê-las todas, uma por uma, você simplesmente não terá mais a cebola. Se você for ver o que aconteceu com as Pequenas Irmãs de Maria, Mãe do Redentor, entenderá o porquê. “Nós não tocaremos em seu carisma, mas em seu modo de vivê-lo”, parece ter sido o que disse uma das “kommissarie” designadas pela CIVCSVA. E parece também que as freiras tenham sido muito teimosas em acreditar que o carisma se encarna no modo de vivê-lo e que o modo de vivê-lo não as desagradava de maneira alguma. E então, por orar demais, por não querer mudar, elas receberam o ultimato de Braz de Aviz: ou vocês aceitam o comissariamento sem reservas ou podem sair do Instituto. Resultado? Quase todas as irmãs foram embora. Bela maneira de salvar o essencial!

A Congregação agora impõe quais são as coisas as quais se deve “dar mais importância” e quais de agora em diante são as de menos. E se formos ver o que produz a CIVCSVA, entenderemos que a situação é séria, extremamente séria. Em carta datada de 5 de maio de 2015, assinada pela dupla Braz de Aviz-Carballo (Secretário da Congregação), foi dado a conhecer aos Superiores Gerais que o acolhimento dos refugiados se tornou uma prioridade: “Parece-nos que é precisamente o Espírito Santo, a voz do Santo Padre e o grito desta humanidade sofredora, a questionar-nos e mostrar-nos a urgência de fazermos algo juntos”. E que algo seria esse? “A dinamização das estruturas, a reutilização de grandes casas em prol de obras mais sensíveis às necessidades atuais de evangelização e caridade, a adaptação das obras às novas necessidades”. Então todos rumo à exortação de sair de nós mesmos e ir com coragem para esta “periferia existencial.”  É, pois, o roteiro indicado por Carballo, ou seja, as dez palavras inspiradas no “magistério” do Papa Francisco sobre a vida consagrada. O novo decálogo faz uso extensivo da nova linguagem e dos slogans para esconder o nada que está por baixo: 

“Alimentem o relacionamento com Jesus na ansiedade da busca”, “Saiam do ninho”, “Sejam ousados! A profecia não é negociável para a vida consagrada”, e assim por diante. Não se pergunte onde estão as pedras angulares da vida consagrada, como o primado da oração e da adoração, a negação de si e o auto-sacrifício, a penitência, etc. Se a Itália foi feita, agora temos que fazer os italianos.

Vaticano destrói outra comunidade: 90% das freiras vão embora.

Por Gloria.tv, 11 de novembro de 2018 | Tradução: FratresInUnum.com – 34 das 39 freiras das Pequenas Irmãs de Maria pediram para ser dispensadas de seus votos. Fundada em 1949, elas administram quatro casas de misericórdia nas dioceses de Laval e Toulouse (França). As irmãs fazem uso do Novus Ordo em latim. Em 2012, elas se voltaram para o “vetus ordo”.

zi82f9tqq7mvhkdds7vob2zszhkdds7vob2zwA comunidade passou por duas visitas canônicas em 2016 e em 2018 foi acusada de “excessivo sectarismo”. As irmãs definiram o relatório emitido após a segunda visita como “uma caricatura” e um “preconceito”.

A madre superiora e a mestra das noviças foram exiladas para mosteiros distantes e substituídas por três comissárias modernistas. Todos os recursos canônicos e pedidos de misericórdia foram ignorados.

Uma comissária, irmã Geneviève Médeviellem, ensina no Instituto Católico de Paris e afirma que a fornicação é justificável.

Em 17 de setembro, o cardeal Braz de Aviz, responsável pela Congregação para os Religiosos, ordenou que as freiras aceitassem a intervenção “sem reservas” para não serem removidas.

34 freiras anunciaram no dia 7 de novembro que haviam decidido, em consciência, pedir a dissolução de seus votos.

No passado, o Vaticano já havia destruído as Irmãs de Auerbach (Alemanha), as Irmãs contemplativas de São João (França) e as Irmãs Franciscanas da Imaculada (Itália). Todas essas comunidades foram abençoadas com muitas vocações.

Em defesa do intocável Concílio.

É única e exclusivamente para isso que trabalha o dicastério do Cardeal Braz de Avis: fustigar qualquer vestígio de “retrocesso” nas reformas conciliares. Retroceder, jamais! É preciso ir adiante na descristianização do mundo e na paganização da vida religiosa. Divulgamos, a seguir, as palavras do Secretário da Congregação para os Religiosos, Dom José Rodríguez Carballo – créditos da tradução a Blogonicus:

(InfoVaticana) O Secretário da Congregação para a Vida Consagrada, o franciscano José Rodríguez Carballo, número dois há um ano neste organismo vaticano encarregado da vida religiosa, esteve na Espanha neste final de semana para assistir à reunião da União dos Religiosos da Catalunha.

Nela, Carballo situou como um ponto importante da vida religiosa a fidelidade ao Vaticano II: Para consagrados o Concílio é um ponto que não pode ser negociado. E afirmou que aqueles que buscam nas reformas do Vaticano II todos os males da vida religiosa “negam a presença do Espírito Santo na Igreja“.

Explicou que na Congregação para a Vida Consagrada estão “especialmente preocupados” com este tema:estamos vendo verdadeiros desvios. Sobretudo porque “não poucos institutos dão não só uma formação pré-conciliar, mas também ante-conciliar. Isso não é admissível, é se colocar fora da história. É algo que nos preocupa muito na Congregação”.

Pedimos a demissão de Pe. Volpi, comissário dos Franciscanos da Imaculada.

Por Roberto de Mattei – Corrispondenza Romana | Tradução: Fratres in Unum.com – Um grupo de associações e sites católicos iniciaram uma coleta de assinaturas para pedir a demissão do Padre Fidenzio Volpi de seu cargo de comissário dos Franciscanos da Imaculada. Todos aqueles que quiserem aderir a esse apelo podem fazê-lo clicando aqui.

Franciscanos da ImaculadaPedimos a demissão do Padre Fidenzio Volpi de seu cargo de comissário político dos Franciscanos da Imaculada. No espaço de cinco meses, o padre Volpi destruiu o Instituto, provocando caos e sofrimento em seu interior, escândalo nos fieis, críticas na imprensa, desconforto e perplexidade no mundo eclesiástico. Pouco importa saber se o padre Volpi é o artífice ou o executor do plano de destruição. O certo é que se o plano não for contido, as consequências serão desastrosas, e é para evitar que se acrescente desastre ao desastre que o Padre Volpi deve ser demitido.

Após o decreto de comissionamento do Instituto, de 11 de julho passado, o padre Volpi, com a ajuda de um manípulo de subcomissários sem restrições, entre os quais o padre  Alfonso de Bruno e o prof. Mario Castellano, começou a golpear com seu machado o Instituto. Proibiu a celebração da Santa Missa e da Liturgia das Horas na forma extraordinária, prevista no Motu Proprio Summorum Pontificum; depôs todo o governo geral da ordem a partir de seu fundador, o padre Stefano Maria Manelli, que se encontra em prisão domiciliar, mesmo sem saber os motivos; privou de autoridade e transferiu, um após o outro, os colaboradores mais fiéis do padre Manelli, todas elas pessoas de relevo intelectual e moral, dando seus cargos a Frades dissidentes, muitas vezes sem cultura e privadas de experiência no governo; ameaçou e puniu os Frades que enviaram uma petição à Santa Sé, e que se recusaram a retirá-la; e, por último, com um diktak datado de 8 de dezembro de 2013, fechou o seminário, suspendeu as ordenações sacerdotais e diaconais; atingiu as publicações da Casa Mariana com um interdito, proibindo sua distribuição nas igrejas e santuários confiados aos religiosos; ampliou sua guerra pessoal aos terciários e leigos que sustentam o Instituto, suspendendo todas as atividades da MIM ( Missão da Imaculada Medianeira ) e do Tofi (Ordem Terceira Franciscana da Imaculada); ameaçou de comissionamento as Irmãs Franciscanas da Imaculada e tirou-lhes, bem como das Clarissas da Imaculada, a assistência espiritual dos Frades; finalmente quer impor aos Frades um “juramento modernista” de fidelidade ao Novus Ordo Missae e do Concílio Vaticano II (para ler a carta clique aqui).

O padre Volpi acusa quem o critica de ser contra o Papa, mas este regime tirânico, além de ser desconhecido na história da Igreja, não está em contraste direto com o Papa Francisco, que recomendou evitar toda espécie de autoritarismo e de usar misericórdia e ternura para com os amigos e inimigos? Notou-o um vaticanista objetivo, Marco Tosatti, escrevendo em lastampa.it de 4 de dezembro: “mas o que alguma vez fizeram esses pobres religiosos? Especularam, abusaram de menores, levaram uma vida imoral? Nada disso”. A verdade é que o padre Volpi, por iniciativa própria, ou por conta de terceiros, quer normalizar os Franciscanos da Imaculada tornando-os semelhantes às outras ordens religiosas à deriva. Para obtê-lo, é necessário transformar sua doutrina espiritual e moral, destruir a disciplina interna, acabar com a reconquista da liturgia tradicional, abrir-se à corrupção do mundo, como o fizeram, com resultados catastróficos, ele e sua ordem dos capuchinhos.

Na Exortação apostólica Evangelica Testificatio, de 29 de junho de 1971, dirigida aos religiosos, Paulo VI lembra que se deve obedecer aos superiores, “exceção feita de uma ordem que fosse manifestamente contrária às leis de Deus ou às constituições do instituto, ou que implicasse um mal grave e certo – em cujo caso, de fato, a obrigação de obedecer não existe”. Se o padre Volpi não for demitido, abrir-se-á inevitavelmente um conflito de consciência nos religiosos e nas religiosas que quiserem conservar o carisma dos Franciscanos da Imaculada e a fidelidade à Tradição da Igreja.

“Ouso dizer: a Igreja nunca esteve tão bem como hoje”.

Oficial da cúria: mais de 3000 religiosos deixam a vida consagrada a cada ano

Por Catholic Culture | Tradução: Fratres in Unum.com – O Secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica afirmou, em uma conferência em 29 de outubro, que mais de 3000 religiosos e religiosas deixam a vida consagrada a cada ano.

No discurso — cujo excerto foi publicado em L’Osservatore Romano –, Dom José Rodríguez Carballo declarou que as estatísticas de sua Congregação, bem como as da Congregação para o Clero, indicam que nos últimos 5 anos, 2624 religiosos deixaram a vida consagrada anualmente. Quando se leva em consideração casos adicionais geridos pela Congregação para a Doutrina da Fé, o número supera 3000.

O prelado, que governou a Ordem dos Frades Menores de 2004 até a sua nomeação para a cúria em 2013, disse que a maioria dos casos ocorre em uma “idade relativamente jovem”. As causas, afirmou, incluem a “ausência de vida espiritual”, “a perda do sentido de comunidade” e a “perda de sentido de pertença à Igreja” — uma perda manifestada na divergência em relação ao ensinamento católico sobre “o sacerdócio feminino e a moralidade sexual”.

Outros casos incluem “problemas afetivos”, inclusive relações heterossexuais que prosseguem em casamentos e relações homossexuais, que são “mais claros em homens, mas também presentes, mais do que se imagina, entre mulheres”.

O mundo, continua o prelado, passa por profundas mudanças da modernidade à pós-modernidade — de pontos fixos de referência à incerteza, dúvida e insegurança. Em um mundo voltado para o mercado, “tudo é medido e avaliado conforme a utilidade e a lucratividade, inclusive pessoas”. É “um mundo onde tudo é suave”, onde “não há lugar para sacrifício nem renúncia”.

Em uma cultura de neo-individualismo e subjetivismo, acrescentou, “o indivíduo é a medida de tudo”, e as pessoas se sentem “únicas por excelência”.  “O homem moderno fala demais”, mas “não pode comunicar com profundidade”.

A solução, disse, é uma atenção renovada à centralidade do Deus Uno e Trino na vida religiosa, que, por sua vez, “traz consigo o dom de si mesmo aos outros”. Deve haver uma clara ênfase na “natureza radical do Evangelho”, e não no “número de membros ou na manutenção das obras”.

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Sobre o título do post, ver aqui.

Dossiê Franciscanos da Imaculada (I): A opinião de Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro.

Os dois importantes jornalistas italianos, cujas intervenções aparecem sempre no diário Il Foglio, se manifestam sobre a intervenção Aviz-Carballo na Congregação dos Frades Franciscanos da Imaculada.

Franciscanos da Imaculada e a crise da Igreja: por que não se pode calar

Por Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro | Tradução: Fratres in Unum.com* – Como muitas vezes acontece nas tragédias, são os detalhes que dão a idéia de sua magnitude, e o caso do comissariado dos Franciscanos da Imaculada não constitui exceção. 

O detalhe é que, no final do decreto da Comissão para os Institutos de Vida Consagrada, assinado pelo secretário, o franciscano José Rodríguez Carballo, se diz: “Finalmente, caberá aos Frades Franciscanos da Imaculada o reembolso das despesas incorridas pelo Comissário e pelos colaboradores eventualmente nomeados por ele, como o honorário pelo seu serviço.”  Isso mesmo, com uma cicatriz que evoca o uso dos regimes totalitários de debitar aos familiares dos condenados o custo das balas usadas para a execução. A imagem poderá parecer forte, mas o porte clamoroso do acontecimento a sugere.

Em um só movimento, não só desautorou o fundador de uma ordem florescente e os líderes que o assistem, mas também o Motu Proprio do Papa Bento XVI que liberou a celebração da missa em rito gregoriano, o Papa que o emitiu e, em última instância, a própria Missa. Porque, após a repartição das despesas suportadas pela vítima de uma medida injusta, vem o golpe final: “o Santo Padre Francisco ordenou que todos os religiosos da Congregação dos Frades Franciscanos da Imaculada Conceição deverão celebrar a liturgia de acordo com o rito ordinário e que, eventualmente, o uso da forma extraordinária (Vetus Ordo) deverá ser expressamente autorizado pela autoridade competente, para cada religioso e/ou comunidade que a requerer.”

Sendo a única ordem explícita contida no documento, é evidente que este é o problema: a Missa no rito antigo. E o que leva ao terrível hábito de celebrar este rito é explicado pelo comissário, padre Fidenzio Volpi, em sua carta de apresentação iniciada pela gentil saudação de “Paz e Bem!”, com uma quilométrica citação do atual Pontífice e uma sintética conclusão que começa com um sinistro “Creio nada dever acrescentar a um pensamento tão claro e tão urgente do Papa Francisco”.

Segundo o Padre Volpi, o terrível vício do antigo rito levaria ao crime de lesa-“eclesialidade”, um conceito que significa tudo e nada. Para se entender o que contém esse conceito, talvez seja necessário ter presente o acontecido no Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude enquanto para os Franciscanos da Imaculada vinham os comissários. Basta pensar, para dar apenas um exemplo, no que os meios de comunicação batizaram de “o Woodstock da Igreja”, a exibição grotesca de bispos dançando o Flashmob dirigidos por um Fiorello de quinta categoria: um espetáculo que nem sequer Lino Banfi e Bombolo em seu auge teriam sido capazes de colocar em cena.

Se isto é  “eclesialidade”, compreende-se por que os Franciscanos da Imaculada a violam constantemente: eles usam o hábito, fazem jejum e penitência, rezam, celebram a Missa, praticam e ensinam uma moral rígida, vão em missão levar Cristo em lugar de aspirina, não combatem a AIDS com preservativos, têm uma doutrina mariana que agrada pouco aos irmãos separados de toda ordem e grau. E ainda são pobres e humildes, com fatos e não com palavras. Diante de tudo isso, a determinação disciplinar contra este instituto deixa atônito só até certo ponto. É claro, uma tal dureza surpreende no contexto da Igreja contemporânea.

Uma Igreja na qual, uma vez tocada a sineta do intervalo, começou uma recreação que ninguém conseguiu ou quis acabar. Em dioceses e congregações religiosas de todo o mundo acontece de tudo: ensinam-se doutrinas não católicas, exalta-se  a teologia da libertação, perturbam-se as disciplinas e as regras de ordens milenares, desafia-se a autoridade da Igreja.

São “igrejas nacionais” inteiras que assinam em massa apelos para a abolição do celibato ou para o sacerdócio feminino, igrejas onde o concubinato habitual de sacerdotes tornou-se um fato normal e tolerado pela hierarquia. Uma Igreja na qual apenas os mais ingênuos podem ficar animados com os três milhões de participantes na Jornada Mundial da Juventude, quando na realidade a nave de Pedro prossegue em um mar tempestuoso sem um destino claro. E como se isso não bastasse, a equipe a bordo do navio está em falta. Enquanto a Congregação para os Institutos Religiosos usa esses métodos com os Franciscanos da Imaculada que têm abundantes vocações em todos os continentes, na maioria das outras famílias religiosas se consuma uma crise terrível. Enquanto em Roma se apressam para impedir que os frades franciscanos celebrem a Missa que fez séculos de santos e santidade, carmelitas e dominicanos, cistercienses e cartuxos entram no direito de fazer parte das espécies protegidas pela WWF [World Wildlife Fund – Fundo mundial de proteção dos animais selvagens e das espécies em perigo de extinção].

Mas, neste panorama, para a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada o problema são os Franciscanos da Imaculada que celebram nas duas formas permitidas pelo Motu Proprio Summorum Pontificum. Com o resultado de que a proibição de celebrar o rito antigo estabelece uma disciplina sobre a Missa que ignora quanto está contido no documento de Bento XVI. Evidentemente, a medida é para inserir numa ação ​​anti-Missa antiga um espectro mais amplo contido no conceito vago de “eclesialidade”. Um projeto que não está disposto a reconhecer na Missa no rito gregoriano a capacidade de produzir sequer os frutos espirituais que o extemporâneo magistério do papa Francisco reconheceu no ramadã muçulmano.

No entanto, o campo litúrgico é aquele no qual o laissez-faire de Roma chegou às alturas mais vertiginosas do tragicômico: sacerdotes que dançam e cantam as músicas dos Ricos e dos Pobres enquanto celebram um casamento; bispos que meneiam diante da televisão como em um vilarejo Alpitour; prelados que celebram o Novus Ordo elevando cibórios com as sagradas espécies para envergonhadas meninas JMJ vestidas de short; sacerdotes que acompanham a consagração com maravilhosas bolhas de sabão… E o problema de sobre quem descarregar a férula disciplinar incidiu nos Franciscanos da Imaculada que celebram a Missa antiga. Devemos reconhecer que, infelizmente, está na lógica de tudo isso.

Para concluir, são as modalidades processuais da investigação que desconcertam. Roma foi chamada a intervir por um grupo de religiosos dissidentes dos Franciscanos da Imaculada. Os acusados, no entanto, não puderam ver as cartas que lhes imputavam de terem embarcado num desvio pré-conciliar. Portanto, eles não tiveram sequer o direito elementar de defesa que consiste em conhecer detalhadamente os encargos e o chefe da acusação. Além disso, a Congregação deseja impedir que os franciscanos interponham recurso, opondo a vontade direta do Papa como base da medida. Em suma, no plano formal, a Igreja da misericórdia do período pós-conciliar, quando quer, sabe reviver métodos da santa inquisição.

Devemos acreditar, e esperamos, que os Franciscanos da Imaculada apelarão no plano canônico e defenderão firmemente seu bom direito de sacerdotes da Igreja Católica de celebrar a Missa também no rito antigo. Porque se esses excelentes frades aceitarem o diktat, logo seguirão repressões ainda mais duras contra aqueles que em todo o mundo celebram e acompanham a Missa de sempre. O exercício arbitrário do poder baseia sua força no silêncio das vítimas e pretende, de fato, o seu consentimento. Mas a história ensina que levaram a melhor aqueles que diante da injustiça não se calaram, porque impugnar legitimamente um ato injusto significa despertar desde os fundamentos o poder que o constituiu. Chegou o tempo de falar. (Alessandro Gnocchi – Mario Palmaro).

* Agradecemos a um caro amigo o fornecimento de sua tradução ao Fratres. O blog continua em recesso ao longo de todo o mês de agostoNeste período, a tradução de artigos (e não só a indicação) é mais do que bem-vinda. 

Cardeal Braz de Aviz disse o que disseram que disse. Oficial da Congregação para a Doutrina da Fé: “Isso não se faz”.

Do National Catholic Reporter:

Um cardeal negou alegações do Vaticano de que suas observações feitas ao NCR sobre uma controversa crítica de 2012 às irmãs católicas dos EUA foram mal interpretadas, afirmando considerar a matéria do NCR “muito precisa”.

Braz de Aviz, falando ao NCR na quarta-feira, no Vaticano, após a audiência papal com as líderes das irmãs católicas de todo o mundo, disse que a matéria do NCR sobre a sua conferência forneceu uma tradução imprecisa da palavra “autoridade” no momento das perguntas e respostas.

No entanto, “tratou-se somente de um pequeno, minúsculo ponto da entrevista”, disse.

NCR reportou o cardeal dizendo no domingo: “Estamos em um momento” onde as idéias de “obediência e autoridade devem ser renovadas, revistas”.

“Autoridade que controla, mata. Obediência que se torna uma cópia do que a outra pessoa diz infantiliza”, escreveu NCR como sendo suas palavras.

Braz de Aviz disse na quarta-feira: “A questão da obediência, esta parte estava ok. Mas a questão da autoridade, a tradução não estava precisa. Eu estava tentando enfatizar que a autoridade não pode ser uma dominação”.

Da matéria de Catholic News Agency (CNA):

Um oficial da Congregação para a Doutrina da Fé disse à CNA, em 7 de maio, sob a condição de anonimato, que a Congregação está “perplexa” com a afirmação do Cardeal João Braz de Aviz de que não se discutiu com ele a decisão de exigir que um grupo americano de superioras religiosas passe por reformas.

“Estamos perplexos porque a matéria é de exclusiva responsabilidade da congregação [para a Doutrina da Fé] e nós não estamos invadindo o terreno de ninguém”, afirmou a fonte no início da tarde de terça-feira.

A decisão foi resultado de uma avaliação de quatro anos que chegou à conclusão de que a Conferência de Superioras Religiosas promovia “temas feministas radicais incompatíveis com a fé católica” e divergia do ensinamento da Igreja em pontos que incluíam o sacerdócio sacramental masculino e a homossexualidade.

[…]

Comentando sobre as afirmações [do Cardeal Braz de Aviz] sobre a congregação doutrinal, a fonte interna declarou: “Isso não se faz. Eu não sei como os seus comentários beneficiam a ele ou a Igreja, e ele faz parecer que se está cometendo uma injustiça”.

“Foi um processo muito lento e objetivo e nossos membros são teólogos e filósofos extremamente profissionais, que consultam o Papa semanalmente”, explicou.

Mas de acordo com a fonte, “há muito orgulho e alguém sempre quer acreditar que está certo”.

“As pessoas estão muito mal informadas teológica, filosófica e academicamente” sobre as posições defendidas pela LCWR, acrescentou.

O oficial da doutrina acredita que “a parte mais importante já aconteceu, isto é, que os católicos foram informados de que essas mulheres estão erradas”.

Ele explicou que a LCWR segue a “ideologia de gênero” e “desenvolveu um feminismo ultra exacerbado que as faz rejeitar todo tipo de autoridade masculina”.

“Elas foram mandadas embora de várias paróquias porque ensinam coisas que provocam grande desconforto nas comunidades”, disse.

[…]

Após tentar obter comentários da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, CNA foi encaminhada ao Cardeal Braz de Aviz, que não estava disponível.

Resposta de Roma a recurso de Mosteiro Carmelita de Atibaia: “Comunicado” de bispo de Bragança Paulista é considerado inválido.

carta

O que, à primeira vista, parece algo desfavorável ao Mosteiro Carmelita é, na realidade, exatamente o oposto. O recurso de Frei Tiago não foi aceito simplesmente porque o documento que o “sentenciou” ao exílio, que não é um decreto, não foi considerado sequer um “ato administrativo singular” válido contra o qual se possa recorrer [“Cân. 1732 — O que acerca dos decretos se determina nos cânones desta secção, deve aplicar-se também a todos os actos administrativos singulares, dados no foro externo extrajudicial, com excepção dos emanados do próprio Romano Pontífice ou do próprio Concílio Ecuménico”].

O mérito da questão não foi julgado, no entanto, o episódio evidencia a incapacidade de nossos bispos de se aterem às próprias formalidades previstas em lei a fim de que seus atos tenham validade canônica.

A primeira nomeação para a Cúria de Francisco.

Compreende-se, pois, um dos motivos pelos quais o Cardeal João Braz de Aviz, prefeito da congregação, foi um dos primeiros a ser recebido em audiência pelo Papa.

Ministro-Geral OFM nomeado secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada

Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre nomeou Secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (cujo Prefeito é o Cardeal brasileiro João Braz de Aviz) o Fr. José Rodríguez Carballo, Ministro-Geral da Ordem Franciscana dos Frades Menores (O.F.M.), elevando-o à sede titular de Belcastro, com dignidade de Arcebispo.

Dom Carballo estava no seu segundo mandato como Ministro-Geral da Ordem, 119° sucessor de São Francisco de Assis. Em novembro de 2012, foi eleito também Presidente da União dos Superiores Gerais.

É membro das Congregações para a Evangelização dos Povos e para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, participou dos Sínodos dos Bispos de 2005, 2008 e 2012, e do Sínodo para o Oriente Médio em 2010; participou também da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de Aparecida em 2007.

É autor de inúmeros artigos e livros sobre a Vida Consagrada e religiosa, sobre a Teologia Pastoral, sobre a Sagrada Escritura e sobre a espiritualidade franciscana.

Dom Carballo sucede a Dom Joseph William Tobin.

O novo nº 2 para a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Por Fratres in Unum.com | Com informações de Katholisches – Indiscrições vaticanas já indicam o nome do provável secretário da Congregação para os Religiosos, que sucederia a Dom Joseph William Tobin, redentorista que permaneceu no cargo por apenas dois anos e que retorna aos Estados Unidos para a Sé — não cardinalícia — de Indianápolis.

Dom Thomas James Olmsted
Dom Thomas James Olmsted

Tobin, considerado demasiadamente light, quis, juntamente com o Cardeal Braz de Aviz, “não repreender, mas aprender” com as religiosas americanas que passaram por uma Visitação Apostólica à época do Cardeal Franc Rodé (antigo prefeito da congregação). Como dizíamos por ocasião da nomeação de Dom João Braz de Aviz para a chefia da congregação, em janeiro do ano passado:

“Assume o cargo no momento em que sua Congregação apresentará as medidas a serem tomadas após a Visitação Apostólica às religiosas americanas, cujos procedimentos foram muito criticados por seu excessivo rigor para com aquelas amáveis hippies dos anos 60 travestidas de freiras. Os enormes protestos dos meios progressistas nos EUA parecem ter surtido efeito: após a nomeação de um secretário conciliador, o redentorista Joseph W. Tobin, agora vem a nomeação deste insígne antístite tupiniquim para a chefia da congregação para os religiosos”.

Em suma, a dupla simplesmente jogou água no chopp do Cardeal Rodé e os resultados da visitação ainda não vieram à luz.

Para manter o equilíbrio de forças no Vaticano, assim como para atender às expectativas do episcopado americano quanto a uma reforma da vida religiosa no país, um bispo tido como conservador deve assumir a secretaria do dicastério.

E o nome seria o do também americano Dom Thomas James Olmsted, de 65 anos, atual ordinário de Phoenix, Arizona. Em seu histórico está a declaração de excomunhão de uma freira, em 2010, que procurava, dentro de uma comissão de ética, justificar um aborto realizado em um hospital católico. O bispo declarou na ocasião: “a vida de um nascituro é exatamente tão inviolável quanto a da mãe, nenhuma vida pode estar sujeita a outra”.

Outra disposição de Dom Olmsted que chamou a atenção foi a restrição do serviço do altar de sua catedral apenas a homens. “Não por conta de qualquer forma de misoginia ou sexismo clerical histérico, como alguns, que ignoram o ensinamento doutrinal católico, acusaram de forma negligente e apressada”. A decisão, justificou, visaria elevar o número de vocações, uma vez que o serviço do altar historicamente serve a este propósito como um primeiro estágio em direção à escolha da vida sacerdotal. Dom Olmsted está também entre os bispos americanos que já celebraram a Missa no rito tradicional.

O anúncio da nomeação é esperado para as próximas semanas.