Dom Athanasius Schneider: O legado do pontificado do Papa Bento XVI

Fonte: Senza Pagare

Com o falecimento do Papa Bento XVI, muitos católicos sentiram que perderam um ponto de referência claro e seguro para sua fé.

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Pode-se ter a sensação de órfãs. Podemos dizer que o Papa Bento XVI foi um papa, que colocou no centro de sua vida pessoal e da vida da Igreja a visão sobrenatural da fé e da validade perene da Sagrada Tradição da Igreja, que constitui a fonte e a coluna da nossa fé juntamente com a Sagrada Escritura. Neste sentido, o maior e mais benéfico acto de seu pontificado foi o Motu Proprio Summorum Pontificum com a plena restauração da liturgia latina tradicional em toda a sua expressão: Santa Missa, sacramentos e todos os outros ritos sagrados. Este acto pontifício ficará na história como um marco histórico.

O Papa Bento XVI afirma que o rito tradicional da Santa Missa nunca foi abrogado e deve permanecer sempre na Igreja, porque o que era sagrado para nossos antepassados ​​e para os santos deve ser sagrado para nós e para as gerações futuras também. Numa época, como foi a posterior ao Concílio Vaticano II, em que havia no seio da Igreja um movimento quase generalizado de rejeição radical do rito litúrgico milenar da Santa Missa e, portanto, de ruptura com o próprio princípio da Tradição, o pontificado de Bento XVI valeu a pena apenas por ter emitido o Motu Proprio Summorum Pontificum, com o qual começou a cura da ferida no Corpo da Igreja, ferida causada pela atitude de rejeição e ódio da venerável ​​e milenar regra da oração da Igreja.

No seu testamento espiritual, o Papa Bento XVI deixou-nos, entre outras, esta breve e substancial frase, que considero a mais importante de todas: Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Assistimos hoje na vida da Igreja um processo de diluição da fé católica e de adaptação ao espírito dos hereges, incrédulos e apóstatas pelo nome ilusório e eufónico de sinodalidade e pelo abuso da instituição canônica de um sínodo. Tal situação é desmoralizante para todos os verdadeiros católicos.

Portanto, o legado do Papa Bento XVI que se expressa nas palavras “Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir!” e no seu epocal Motu Proprio Summorum Pontificum permanece uma luz, um encorajamento e uma consolação. Este papa era forte na fé, um verdadeiro amante da beleza imperecível e da firmeza do rito tradicional da Santa Missa, deu primazia à oração, à visão sobrenatural e à eternidade. Este legado vencerá graças à intervenção da Divina Providência, que nunca abandona a Sua Igreja, a enorme confusão doutrinária atual, a apostasia rastejante, especialmente entre uma casta mundana e incrédula de teólogos, que são os novos escribas e entre uma apostasia rastejante de não poucos membros do alto clero, que são os novos saduceus.

O Papa Bento XVI fez brilhar o seu lema episcopal “Cooperatores veritatis”, isto é, colaboradores da verdade. Com este lema ele quer dizer a cada fiel católico, a cada sacerdote, a cada bispo, a cada cardeal e também ao Papa Francisco: o que realmente conta é a fidelidade inabalável à verdade católica, à constante e venerável tradição litúrgica de a Igreja e o primado de Deus e da eternidade. Que Deus aceite as orações e sofrimentos espirituais, que o Papa Bento XVI ofereceu em sua vida retitada, e conceda para o futuro da Igreja bispos e papas totalmente católicos e totalmente apostólicos. Pois, como disse São Paulo: “Não podemos fazer nada contra a verdade, mas somente pela verdade” (2Cor 13, 8).

+ Athanasius Schneider

Dom Athanasius Schneider: “Santíssimo Padre, Papa Francisco, o senhor não conseguirá destruir o rito tradicional da Missa”.

Por ocasião da Conferência sobre a Identidade Católica organizada pela revista The Remnant nos dias 1 e 2 de outubro de 2022, em Pittsburgh (Estados Unidos), D. Athanasius Schneider fez várias declarações. Encontraremos aqui as palavras mais significativas do Bispo Auxiliar de Astana (Cazaquistão), sobre a Missa tradicional e as perseguições da qual é submetida em Roma e nas dioceses.

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

No LifeSiteNews de 4 de outubro, pode-se ler estas palavras extraídas de sua conferência em Pittsburgh: “As autoridades em exercício odeiam o que é sagrado, e é por isso que eles perseguem a Missa tradicional”. Palavras fortes complementadas por este sábio apelo: “no entanto, não devemos responder com raiva e pusilanimidade, mas com profunda certeza da verdade, paz interior, alegria e confiança na Providência divina.

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O prelado também afirmou: “O fato de declarar que o Rito reformado do Papa Paulo VI é a única expressão da lex orandi  do Rito Romano – como faz o Papa Francisco – é uma violação da tradição bimilenar respeitada por todos os pontífices romanos que nunca mostraram uma intolerância tão rígida.

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Dom Athanasius Schneider revela o que espera da consagração da Rússia.

Desde que o Santo Padre anunciou sua decisão de consagrar a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, como a Virgem havia solicitado nas aparições de Fátima, intensificaram-se os comentários questionando o alcance desse ato. Athanasius Schneider , bispo auxiliar de Astana e conhecido crítico da ‘renovação’ eclesial, confessa suas esperanças para esta cerimônia em uma entrevista com Diane Montagna em OnePeterFive.

Por Carlos Esteban,  Infovaticana, 23 de março de 2022 – Tradução: FratresInUnum.com: “Vim pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados”, anunciou Nossa Senhora aos pastorinhos nas aparições de Fátima, em 13 de julho de 1917, segundo uma dos videntes, Lúcia. “Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e haverá paz. Caso contrário, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Finalmente, meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre me consagrará a Rússia, que se converterá, e algum tempo de paz será concedido ao mundo”.

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As perguntas se acumulam: por que demorou tanto para cumprir as instruções da Virgem a partir de revelações aprovadas quando está nas mãos de qualquer Papa e suas consequências previstas são tão desejáveis? A consagração feita por São João Paulo II foi válida? Se sim, qual é o sentido de repeti-lo? E: será válido desta vez?

Em entrevista a Diane Montagna, Monsenhor Schneider explica que a própria vidente, Lúcia, que havia instado sem sucesso sucessivos pontífices a cumprir o desejo da Virgem expresso nas aparições, parecia se contradizer quanto à validade da consagração realizada por São João Paulo II em 1984, dizendo em uma ocasião que “nem todos os bispos participaram nem a Rússia foi explicitamente mencionada” e, posteriormente, “sim, foi aceito pelo céu”.

A razão pela qual a consagração da Rússia não foi realizada em todo esse tempo e que não foi explicitamente mencionada em 1984, lembra Schneider, tem a ver com razões diplomáticas, mas, quanto à sua validade, o bispo cazaque prefere falar em ‘graus de perfeição’ em relação ao cumprimento. Ou seja, o ato de consagração é benéfico mesmo que incompleto, podendo ser aperfeiçoado em uma cerimônia posterior.

Quanto às palavras de Lúcia, Schneider considera que “é legítimo conjecturar que, ao reavaliar o ato de João Paulo II em 1984, Irmã Lúcia se tenha deixado influenciar pelo clima de otimismo que se espalhou pelo mundo após a queda de o Império Soviético. Note-se que a Irmã Lúcia não usufruiu do carisma da infalibilidade na interpretação da sublime mensagem que recebeu. Cabe, pois, aos historiadores, teólogos e pastores da Igreja analisar a coerência destas declarações, recolhidas pelo Cardeal Bertone, com as declarações anteriores da própria Irmã Lúcia. No entanto, uma coisa é clara: os frutos da consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, anunciados por Nossa Senhora, estão longe de se concretizarem. Não há paz no mundo.”

Nesta ocasião, Schneider descarta a ideia de que a inclusão da Ucrânia na consagração contradiz a intenção da Virgem. “Dada a atual e dolorosa guerra na Ucrânia, é completamente compreensível que o Papa Francisco também mencione a Ucrânia”, diz Schneider. “Também deve-se ter em mente que, em julho de 1917, quando Nossa Senhora falou pela primeira vez sobre a consagração da Rússia, grande parte do território da atual Ucrânia pertencia ao Império Russo, que chamou certas regiões deste território «Pequena Ucrânia», «Rússia» e «Rússia do Sul». Se o Papa mencionasse apenas a Rússia hoje, uma grande parte do território (ou seja, a maior parte da Ucrânia de hoje), que Nossa Senhora tinha diante de seus olhos em julho de 1917, seria excluída da consagração”.

Por outro lado, o bispo desaconselha esperar resultados imediatos e espetaculares do ato. Embora seja feito exatamente, seguindo detalhadamente as instruções da Virgem, lembra Schneider, não é um sacramento, “cujo efeito se produz como consequência de uma celebração válida (ex opere operato). Um ato de consagração, teologicamente falando, é um sacramental, cujo efeito depende principalmente da oração de impetração da Igreja (ex opere operantis Ecclesiae).

“A teologia católica especifica que os sacramentais não produzem graça, mas preparam para ela. Um ato de consagração não tem efeito automático, imediato, espetacular ou sensacional. Deus, em sua soberana, sábia e misteriosa providência, reserva-se o direito de determinar o tempo e a maneira de realizar os efeitos de uma consagração. Fazemos bem em ter presente as palavras de Nosso Senhor: “Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai reservou exclusivamente ao seu poder” (Act 1, 7). O modo como a Divina Providência orienta a história da salvação e a história da sua Igreja caracteriza-se habitualmente por um crescimento orgânico e gradual. Nossa tarefa é fazer o que a Mãe de Deus disse; o resto corresponde à Providência: determinar segundo tempos e formas o que ainda não conhecemos.

Dom Schneider fala sobre a conduta da Igreja em face do coronavírus.

Por Diane Montagna, The Remnant, 27 de março de 2020 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com – À medida que o coronavírus continua a se espalhar, Dom Athanasius Schneider exorta os padres a imitar Jesus, o Bom Pastor, e, pelo bem das almas, até a desobedecer às ordens injustas dos bispos que, segundo ele, agora estão se comportando mais como “burocratas civis” do que como “pastores”.

Dom Athanasius em entrevista a Fratres in Unum.
Fevereiro de 2015 – Dom Schneider concede entrevista a Fratres in Unum em São Paulo.

Em uma nova entrevista sobre a conduta da Igreja em face da pandemia de coronavírus (ver o texto completo abaixo), o bispo auxiliar de Santa Maria em Astana, no Cazaquistão, disse acreditar que a maioria dos bispos católicos reagiu “precipitadamente e movidos pelo pânico ao proibir todas as missas públicas”. “A decisão de fechar as igrejas é ainda mais incompreensível” afirmou.

“Enquanto os supermercados estiverem abertos e acessíveis, e as pessoas tiverem acesso ao transporte público, não se vê razão plausível para proibir as pessoas de assistir à Santa Missa em uma igreja”, disse Dom Schneider. “Pode-se garantir nas igrejas as mesmas e melhores medidas de proteção higiênica”.

Ele disse que a conduta da Igreja em face da epidemia de coronavírus revelou uma “perda de visão sobrenatural”, particularmente entre os membros da hierarquia alguns dos quais, apesar da vigilância para combater o COVID-19, “permitiram tranquilamente que o vírus venenoso dos ensinamentos e práticas heréticos se espalhasse entre o seu rebanho”, observou.

Dom Schneider exortou os padres a se lembrarem de que são “o primeiro e mais importante pastor de almas imortais”, chamados por sua vocação sacerdotal a dar a vida pelas ovelhas. Em meio à pandemia de coronavírus, ele disse que os padres devem “observar todas as precauções de saúde necessárias”, mas também “ser extremamente criativos” para encontrar maneiras de celebrar a Santa Missa e fornecer os sacramentos, mesmo para um pequeno grupo de fiéis. “Esse era o comportamento pastoral de todos os sacerdotes que foram confessores e mártires por ocasião das perseguições”, disse o bispo, cujos primeiros anos foram passados na Igreja Católica subterrânea soviética.

Segundo ele, o cuidado das almas pode exigir em alguns casos que um padre desobedeça à ordem injusta de seu bispo. “Se um sacerdote é proibido por uma autoridade eclesial de visitar os doentes e moribundos, ele não pode obedecer. Essa proibição é um abuso de poder. Cristo não deu ao bispo o poder de proibir a visita de doentes e moribundos.”

Recordando o exemplo heroico do Cardeal arcebispo de Milão do século XVI, São Carlos Borromeo (1538-1584), que enfrentou com destemor uma praga a fim de servir às necessidades espirituais de suas vítimas, Dom Schneider disse que “um verdadeiro padre fará tudo o que puder para visitar uma pessoa que está morrendo”.

Perguntado se acredita que a pandemia de coronavírus é uma forma de retribuição divina pelos eventos da Pachamama realizados no Vaticano durante o Sínodo Amazônico de outubro de 2019, Dom Schneider disse que, embora não tenha “certeza” de que esses eventos estejam relacionados, a ideia “não é exagerada”.

“A veneração ritual do ídolo pagão da Pachamama dentro do Vaticano, com a aprovação do Papa, foi seguramente um grande pecado de infidelidade ao Primeiro Mandamento do Decálogo, foi uma abominação”, afirmou. E acrescentou que “esses atos de idolatria foram o culminar de uma série de outros atos de infidelidade à salvaguarda do depósito divino da fé por muitos membros de alto escalão da hierarquia da Igreja nas últimas décadas”.

Recordando a ameaça de punição e o chamado ao arrependimento do Senhor, dirigidos aos bispos no Livro do Apocalipse (cf. 2: 14-16), Dom Schneider disse estar convencido de que “Cristo repetiria as mesmas palavras ao Papa Francisco e aos outros bispos” que permitiram a veneração da Pachamama no Vaticano e que “aprovaram implicitamente relações sexuais fora de um casamento válido” ao permitir que católicos “divorciados e casados ​​novamente”, sexualmente ativos, recebam a Sagrada Comunhão.

Na entrevista sobre a resposta da Igreja ao coronavírus, Dom Schneider afirmou também que a singularidade e a severidade da proibição de missas públicas e da comunhão sacramental fazem com que os católicos considerem seu “significado mais profundo”.

Por mais de cinquenta anos observou , a presença eucarística de Jesus Cristo foi “banalizada” e até “profanada” através da prática da Comunhão na mão e da introdução de “elementos protestantes” na liturgia romana. “Agora o Senhor interveio e privou quase todos os fiéis de assistir à Santa Missa e receber sacramentalmente a Sagrada Comunhão. Os inocentes e os culpados estão suportando essa tribulação juntos, pois no mistério da Igreja todos estão mutuamente unidos como membros” acrescentou.

Para reparar a Deus, Dom Schneider disse que o Papa e os bispos quando a pandemia de coronavírus estiver controlada deveriam fazer urgentemente um ato público de reparação em Roma “pelos pecados contra a Sagrada Eucaristia”. Disse também que o Papa deveria emitir normas concretas convidando toda a Igreja a “se voltar para o Senhor” na liturgia e “proibir a prática da Comunhão na mão”.

E concluiu: “A Igreja não pode continuar tratando impunemente o Santo dos Santos na pequena Hóstia sagrada de uma maneira tão minimalista e insegura”.

Eis a nossa entrevista com Dom Athanasius Schneider

Diane Montagna: Excelência, qual é a sua impressão geral sobre o modo como a Igreja está lidando com a epidemia do coronavírus?

Dom Schneider: Minha impressão geral é de que a maioria predominante dos bispos reagiu precipitadamente e em pânico ao proibir todas as missas públicas e o que é ainda mais incompreensível – ao fechar as igrejas. Tais bispos reagiram mais como burocratas civis do que pastores. Ao se concentrarem exclusivamente em todas as medidas de proteção higiênicas, eles perderam uma visão sobrenatural e abandonaram a primazia do bem eterno das almas.

A Diocese de Roma suspendeu rapidamente todas as missas públicas para cumprir as diretrizes do governo. Os bispos de todo o mundo adotaram medidas semelhantes. Os bispos poloneses, por outro lado, pediram que mais missas fossem celebradas, a fim de que a concentração de fiéis fosse menor. Qual a sua opinião sobre a decisão de suspender as missas públicas para impedir a disseminação do coronavírus?

Enquanto os supermercados estiverem abertos e acessíveis e as pessoas tiverem acesso ao transporte público, não se vê uma razão plausível para proibir as pessoas de assistir à Santa Missa em uma igreja. Podem-se garantir nas igrejas as mesmas e ainda melhores medidas de proteção higiênica. Por exemplo, antes de cada missa, seria possível desinfetar os bancos e as portas, e todo mundo que entrasse na igreja poderia desinfetar as mãos. Outras medidas semelhantes também poderiam ser tomadas. Pode-se limitar o número de participantes e aumentar a frequência da celebração da missa. Temos um exemplo inspirador de visão sobrenatural em tempos de epidemia no Presidente da Tanzânia, John Magufuli. Católico praticante, no domingo 22 de março de 2020 (domingo de Laetare), na Catedral de São Paulo, na capital tanzaniana de Dodoma, ele declarou: “Insisto com vocês, meus irmãos cristãos e até muçulmanos: não tenham medo, não parem de se reunir para glorificar a Deus e louvá-Lo. Por isso, como governo, não fechamos igrejas ou mesquitas. Em vez disso, elas devem estar sempre abertas para o povo buscar refúgio em Deus. As igrejas são lugares onde as pessoas podem buscar a verdadeira cura, porque ali reside o Deus verdadeiro. Não tenham medo de louvar e buscar o rosto de Deus na igreja”.

Referindo-se à Sagrada Eucaristia, o presidente Magufuli também falou estas palavras encorajadoras: “O coronavírus não pode sobreviver no Corpo eucarístico de Cristo; em breve será queimado. Foi exatamente por isso que não entrei em pânico ao receber a Sagrada Comunhão, porque sabia que com Jesus na Eucaristia eu estou seguro. Este é o momento de construirmos nossa fé em Deus”.

Vossa Excelência julga ser atitude responsável um sacerdote celebrar uma missa particular com alguns fiéis leigos presentes, tomando as devidas precauções de saúde?

É responsável, e também meritório, e seria um autêntico ato pastoral, desde que o sacerdote tome as precauções de saúde necessárias.

Os padres estão em uma posição difícil nessa situação. Alguns bons padres estão sendo criticados por obedecerem às diretrizes de seu bispo para suspender as missas públicas (enquanto continuam a celebrar uma missa particular). Outros estão procurando maneiras criativas de ouvir confissões enquanto procuram proteger a saúde das pessoas. Que conselho V. Exa. daria aos padres para viverem sua vocação nesses tempos?

Os padres devem se recordar que são antes e acima de tudo pastores de almas imortais. Eles devem imitar a Cristo, que disse: “Eu sou o bom-pastor. O bom-pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, porém, que não é pastor, a quem as ovelhas não pertencem, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom-pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim” (Jo 10, 11-14). Se um sacerdote toma de maneira razoável todas as precauções de saúde necessárias e usa discrição, ele não deve obedecer às diretrizes de seu bispo ou do governo para suspender a missa pelos fiéis. Tais diretrizes constituem uma mera lei humana; no entanto, a lei suprema da Igreja é a salvação das almas. Os padres em tal situação precisam ser extremamente criativos para prover aos fiéis, mesmo para um pequeno grupo, a celebração da Santa Missa e a recepção dos sacramentos. Tal era o comportamento pastoral de todos os sacerdotes que foram confessores e mártires por ocasião das perseguições.

O desafio à autoridade, particularmente à autoridade eclesial, pelos padres é sempre legítimo (por exemplo, se um padre for instruído a não visitar os doentes e moribundos)?

Se um sacerdote for proibido por uma autoridade eclesiástica de visitar os doentes e moribundos, ele não pode obedecer. Essa proibição é um abuso de poder. Cristo não deu ao bispo o poder de proibir a visita aos doentes e moribundos. Um verdadeiro padre fará todo o possível para visitar uma pessoa que está morrendo. Muitos padres o fizeram mesmo quando isso significava colocar suas vidas em perigo, seja no caso de perseguição ou no caso de epidemia. Temos muitos exemplos desses padres na história da Igreja. São Carlos Borromeo, por exemplo, dava a Sagrada Comunhão com as próprias mãos na língua dos moribundos infectados pela praga. Em nossos dias, temos o exemplo emocionante e edificante de padres, especialmente da região de Bérgamo, no norte da Itália, que foram infectados e morreram porque cuidavam de pacientes com coronavírus que estavam morrendo. Um padre de 72 anos com coronavírus morreu há alguns dias na Itália após desistir do ventilador, do qual precisava para sobreviver, permitindo que o mesmo fosse disponibilizado a um paciente mais jovem. Não visitar os doentes e moribundos é comportamento mais de um mercenário do que de um bom pastor.

Seus primeiros anos foram gastos na igreja subterrânea soviética. Que luzes ou perspectivas Vossa Excelência gostaria de compartilhar com os fiéis leigos que não podem assistir à missa e, em alguns casos, nem sequer podem passar um tempo antes do abençoado Sacramento, porque todas as igrejas em sua diocese foram fechadas?

Eu encorajaria os fiéis a fazerem frequentes atos de comunhão espiritual. Eles poderiam ler e meditar as leituras diárias e todo o ordinário da Missa. Eles poderiam enviar seu santo Anjo da Guarda para adorar Jesus Cristo no tabernáculo em seu nome. Eles poderiam se unir espiritualmente com todos os cristãos que estão na prisão por causa de sua fé, com todos os cristãos que estão doentes e acamados, com todos os cristãos moribundos que estão privados dos sacramentos. Deus preencherá este tempo de privação temporal da Santa Missa e do Santíssimo Sacramento com muitas graças.

O Vaticano anunciou recentemente que as liturgias da Páscoa serão celebradas sem os fiéis presentes. Mais tarde, especificou que está estudando “formas de implementação e participação que respeitem as medidas de segurança adotadas para impedir a disseminação do coronavírus”. Qual é a sua opinião sobre essa decisão?

Dada a estrita proibição de reuniões em grupo pelas autoridades governamentais italianas, pode-se entender que o Papa não possa celebrar as liturgias da Semana Santa com a presença de um grande número de fiéis. Penso que as liturgias da Semana Santa poderiam ser celebradas pelo Papa com toda a dignidade e sem simplificações, por exemplo, na Capela Sistina – como era costume dos papas antes do Concílio Vaticano II –, com a participação do clero (cardeais, padres) e de um grupo selecionado de fiéis, aos quais s seriam aplicadas previamente medidas de proteção higiênica. Não se vê a lógica em proibir o acendimento do fogo, a bênção da água e o batismo na Vigília Pascal, como se essas ações litúrgicas disseminassem um vírus. Um medo quase patológico superou o bom senso e a visão sobrenatural.

Excelência, o que o manejo da epidemia do coronavírus pela Igreja revela do estado da Igreja e particularmente da hierarquia?

Está revelando a perda da visão sobrenatural. Nas últimas décadas, muitos membros da hierarquia da Igreja se imergiram predominantemente em assuntos seculares, mundanos e temporais e, portanto, ficaram cegos para as realidades sobrenaturais e eternas. Seus olhos foram preenchidos com o pó das ocupações terrenas, como disse São Gregório Magno (ver Regula pastoralis II, 7). A reação deles ao lidar com a epidemia do coronavírus revelou que dão mais importância ao corpo mortal do que à alma imortal dos homens, esquecendo as palavras de nosso Senhor: “Do que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se ele vier a perder sua alma? ”(Marcos 8:36). Os mesmos bispos que agora tentam proteger às vezes com medidas desproporcionais os corpos de seus fiéis da contaminação por um vírus material, permitiram tranquilamente que o vírus venenoso dos ensinamentos e práticas heréticos se espalhasse entre seus rebanhos.

O cardeal Vincent Nichols disse recentemente que teremos uma nova fome pela Eucaristia após o término da epidemia do coronavírus. Vossa Excelência concorda?

Espero que essas palavras venham a ser verdadeiras para muitos católicos. É uma experiência humana comum que a privação prolongada de uma realidade importante inflama os corações das pessoas com um desejo por ela. Isso se aplica, é claro, àqueles que realmente acreditam e amam a Eucaristia. Essa experiência também ajuda a refletir mais profundamente sobre o significado e o valor da Sagrada Eucaristia. Talvez aqueles católicos que estavam tão acostumados com o Santo dos Santos a ponto de considerá-Lo algo comum tenham uma conversão espiritual e passem a compreender e tratar a Sagrada Eucaristia como extraordinária e sublime.

No domingo, 15 de março, o Papa Francisco foi rezar diante da imagem do Salus Populo Romani em Santa Maria Maggiore e diante do milagroso crucifixo instalado na igreja de San Marcelo al Corso. Vossa Excelência julga importante que bispos e cardeais realizem atos semelhantes de oração pública pelo fim do coronavírus?

O exemplo do Papa Francisco pode encorajar muitos bispos a atos semelhantes de testemunho público de fé e oração e a sinais concretos de penitência implorando a Deus para que acabe com a epidemia. Pode-se recomendar aos bispos e padres a percorrerem regularmente suas cidades, vilas e aldeias com o Santíssimo Sacramento no ostensório acompanhado por um pequeno número de clérigos ou fiéis um, dois, ou três, dependendo dos regulamentos do governo. Tais procissões com Jesus Eucarístico transmitirão aos fiéis e aos cidadãos o consolo e a alegria de não estarem sozinhos em tempos de tribulação, de que o Senhor está verdadeiramente com eles, de que a Igreja é uma Mãe que não esqueceu nem abandonou seus filhos. Poder-se-ia lançar pelas ruas deste mundo uma cadeia mundial de ostensórios com Jesus Eucarístico. Tais pequenas procissões eucarísticas, mesmo que realizadas apenas por um bispo ou sacerdote, implorariam graças de cura e conversão física e espiritual.

O coronavírus eclodiu na China pouco depois do Sínodo da Amazônia. Alguns meios de comunicação acreditam firmemente que essa é uma retribuição divina pelos eventos de Pachamama no Vaticano? Outros acreditam tratar-se de um castigo divino para o acordo Vaticano-China? Vossa Excelência julga válida alguma dessas posições?

A epidemia de coronavírus, em minha opinião, é sem dúvida uma intervenção divina para castigar e purificar o mundo pecaminoso e também a Igreja. Não devemos esquecer que Nosso Senhor Jesus Cristo considerou as catástrofes físicas como castigos divinos. Lemos, por exemplo: “Neste mesmo tempo, alguns contavam o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. Jesus toma a palavra e lhes pergunta: ‘Pensais vós que esses galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo” (Lc 13, 1-5).

A adoração ritual ao ídolo pagão da Pachamama dentro do Vaticano com a aprovação do Papa foi certamente um grande pecado de infidelidade ao Primeiro Mandamento do Decálogo, foi uma abominação. Toda tentativa de minimizar esse ato de veneração não conseguiu resistir à enxurrada de evidências e razões óbvias. Penso que esses atos de idolatria foram o culminar de uma série de outros atos de infidelidade à salvaguarda do depósito divino da fé por muitos membros do alto escalão da hierarquia da Igreja nas últimas décadas. Não tenho certeza absoluta de que o surto de coronavírus seja um castigo divino pelos eventos de Pachamama no Vaticano, mas considerar tal possibilidade não seria exagero. Já no começo da Igreja, Cristo repreendeu os bispos (“anjos”) das igrejas de Pérgamo e Tiatira por causa de sua conivência com a idolatria e o adultério. A figura de “Jezabel”, que seduziu a igreja de Tiatira à idolatria e ao adultério (ver Ap 2:20), também pode ser entendida como um símbolo do mundo atual, com o qual muitos com cargo de responsabilidade na Igreja estão hoje flertando.

As seguintes palavras de Cristo também permanecem válidas para o nosso tempo: “Desta vez a lançarei num leito, e com ela os cúmplices de seus adultérios para aí sofrerem muito, se não se arrependerem das suas obras. Farei perecer pela peste os seus filhos, e todas as igrejas hão de saber que Eu sou aquele que sonda os rins e os corações, porque darei a cada um de vós segundo as vossas obras” (Ap 2, 22-23). Cristo ameaçou com o castigo e chamou as igrejas à penitência: “Tenho alguma coisa contra ti: é que tens aí sequazes da doutrina [de que é lícito] comer carne imolada aos ídolos e praticar a fornicação. (…) Arrepende-te, pois; senão virei em breve a ti e combaterei contra eles com a espada da minha boca” (Ap 2, 14 e 16). Estou convencido de que Cristo repetiria as mesmas palavras ao Papa Francisco e aos outros bispos que consentiram na veneração idólatra da Pachamama e aprovaram implicitamente relações sexuais fora de um casamento válido, permitindo que os chamados “divorciados em segunda união” sexualmente ativos possam receber a Sagrada Comunhão.

Vossa Excelência apontou para os evangelhos e o livro do Apocalipse. A maneira de Deus lidar com o povo eleito no Antigo Testamento nos dá alguma ideia da situação atual?

A epidemia do coronavírus causou dentro da Igreja uma situação que, ao meu conhecimento, é única, ou seja, uma proibição quase mundial de todas as missas públicas. Isso é parcialmente análogo à proibição do culto cristão em quase todo o Império Romano nos três primeiros séculos. A situação atual é sem precedentes. No entanto, por que no nosso caso a proibição do culto público foi emitida pelos bispos católicos antes mesmo dos mandatos governamentais respectivos?

De alguma forma, a situação atual também pode ser comparada à cessação do culto sacrificial do Templo de Jerusalém, durante o cativeiro babilônico do Povo Eleito. Na Bíblia, o castigo divino era considerado uma graça, por exemplo. “Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige! Não desprezes a lição do Todo-poderoso. Pois ele fere e cuida; se golpeia, sua mão cura” (Jó 5, 17-18), e “Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te” (Ap 3, 19). A única reação adequada às tribulações, catástrofes e epidemias e situações semelhantes – que são instrumentos da mão da Divina Providência para despertar as pessoas do sono do pecado e da indiferença aos mandamentos de Deus e à vida eterna – é a penitência e a conversão sincera a Deus. Na oração a seguir, o profeta Daniel dá aos fiéis de todos os tempos um exemplo da verdadeira mentalidade que eles devem ter e de como devem se comportar e orar em tempos de tribulação: “Todo o Israel transgrediu vossa Lei e se desviou, a fim de não obedecer à vossa voz” (…) Ó meu Deus, ficai atento para ouvir-nos; abri os olhos para ver nossa ruína e a cidade que ostenta um nome vindo de vós. Não é em nome dos nossos atos de justiça que depositamos a vossos pés nossas súplicas, mas em nome de vossa grande misericórdia. Senhor, escutai! Senhor, perdoai! Senhor, ficai atento! Agi! Por vosso próprio amor, ó meu Deus, não demoreis, pois vosso nome foi dado à vossa cidade e a vosso povo!”(Dan 9, 11,18-19).

São Roberto Belarmino escreveu: “Sinais seguros da vinda do Anticristo [serão] a maior e última perseguição, e também a completa interrupção do sacrifício público (da Missa)” (A Profecia de Daniel, páginas 37-38). ) Vossa Excelência acha que o que ele se refere aqui ao que estamos testemunhando agora? É o começo do grande castigo profetizado no Livro do Apocalipse?

A situação atual fornece motivos suficientemente razoáveis ​​para se pensar que estamos no início de um tempo apocalíptico, que inclui castigos divinos. Nosso Senhor se referiu à profecia de Daniel: “Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel  – o leitor entenda bem” (Mt 24, 15). O Livro do Apocalipse diz que a Igreja deverá fugir por um tempo para o deserto (ver Ap 12,14). A atual cessação quase geral da celebração pública da Missa poderia ser interpretada como uma fuga para um deserto espiritual. O que é lamentável em nossa situação é o fato de muitos membros da hierarquia da Igreja não verem a situação atual como uma tribulação, como um castigo divino, ou seja, como uma “visita divina” no sentido bíblico. Estas palavras do Senhor também se aplicam a muitos clérigos no meio da atual epidemia física e espiritual: “No conheceste o tempo em que foste visitada” (Lc 19, 44). A situação atual desse “fogo da provação” (ver 1 Pd 4, 12) deve ser tomada a sério pelo Papa e pelos bispos, a fim de levar a uma profunda conversão de toda a Igreja. Se isso não ocorrer, aplicar-se-á também à nossa situação atual a seguinte mensagem de Soren Kierkegaard: “Um incêndio eclodiu nos bastidores de um teatro. O palhaço saiu para avisar o público, que pensou que era uma piada e aplaudiu. Ele repetiu, mas a aclamação foi ainda maior. Eu acho que é assim que o mundo chegará ao fim: no meio dos aplausos gerais dos espertalhões que acreditarem tratar-se de uma piada”.

Excelência, qual é o significado mais profundo por trás de tudo isso?

A situação da cessação pública da Santa Missa e da Sagrada Comunhão sacramental é tão única e séria que se pode descobrir por trás de tudo isso um significado mais profundo. Isso ocorreu quase cinquenta anos após a introdução da Comunhão na mão (em 1969) e uma reforma radical no rito da Missa (em 1969/1970) com seus elementos protestantes (orações do ofertório) e seu estilo de celebração horizontal e instrutiva (momentos de estilo livre, celebração em círculo fechado e em direção ao povo). A práxis da Comunhão na mão durante os cinquenta anos levou rapidamente a uma profanação intencional e não intencional do Corpo Eucarístico de Cristo em uma escala sem precedentes. Por mais de cinquenta anos, o Corpo de Cristo foi (principalmente sem querer) pisoteado pelo clero e os leigos nas igrejas católicas em todo o mundo. O roubo de hóstias consagradas também tem aumentado a um ritmo alarmante. A prática de receber a Sagrada Comunhão diretamente com as próprias mãos e os dedos se assemelha cada vez mais ao gesto de comer comida comum. Em não poucos católicos a prática de receber a Comunhão na mão enfraqueceu a fé na Presença Real, na transubstanciação e no caráter divino e sublime da Sagrada Hóstia. Com o tempo, a presença eucarística de Cristo tornou-se inconscientemente para esses fiéis uma espécie de pão ou símbolo sagrado. Agora, o Senhor interveio e privou quase todos os fiéis de assistir à Santa Missa e de receber sacramentalmente a Sagrada Comunhão.

Os inocentes e os culpados estão suportando esta tribulação juntos, pois no mistério da Igreja todos estão mutuamente unidos como membros: “Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele” (1 Cor 12, 26). A atual cessação da Santa Missa e da Comunhão públicas poderia ser entendida pelo Papa e pelos bispos como uma repreensão divina pelos últimos cinquenta anos de profanações e banalizações eucarísticas e, ao mesmo tempo, como um apelo misericordioso para uma autêntica conversão eucarística da Igreja. Da Igreja inteira. Que o Espírito Santo toque o coração do Papa e dos bispos e leve-os a emitir normas litúrgicas concretas, a fim de que o culto eucarístico de toda a Igreja seja purificado e orientado novamente para o Senhor [ou seja, celebrando ad orientem e não versus populum].

Pode-se sugerir ao Papa que realize juntamente com cardeais e bispos um ato público de reparação em Roma pelos pecados contra a Sagrada Eucaristia, bem como pelo pecado dos atos de culto religioso às estátuas da Pachamama. Uma vez terminada a atual tribulação, o Papa deveria emitir normas litúrgicas concretas, nas quais convidasse toda a Igreja a se voltar novamente para o Senhor na forma de celebração, ou seja, com o celebrante e os fiéis voltados para a mesma direção durante a oração eucarística. O Papa também deveria proibir a prática da Comunhão na mão, pois a Igreja não pode continuar tratando impunemente, de maneira tão minimalista e insegura, o Santo dos Santos na pequena Hóstia consagrada.

A seguinte oração de Azarias na fornalha ardente, que todo sacerdote diz durante o ritual do ofertório da Missa, poderia inspirar o Papa e os bispos a ações concretas de reparação e restauração da glória do sacrifício eucarístico e do Corpo Eucarístico do Senhor: “Que a contrição de nosso coração e a humilhação de nosso espírito nos permita achar bom acolhimento junto a Vós, Senhor, como se nós nos apresentássemos com um holocausto de carneiros, de touros e milhares de gordos cordeiros! Que assim possa ser hoje o nosso sacrifício em vossa presença! Que possa reconciliar-nos convosco, porque nenhuma confusão existe para aqueles que põem em Vós sua confiança. É de todo nosso coração que agora Vos seguimos, Vos reverenciamos, buscamos a vossa face. Não nos confundais; tratai-nos com vossa habitual doçura e com todas as riquezas de vossa misericórdia. Ponde vossos prodígios em execução para nos salvar, Senhor, e cobri vosso nome de glória” (Dan 3: 39-43).

“Nós nos gloriamos nas tribulações”. Como viver a fé quando o culto público é proibido.

“Nós nos gloriamos nas tribulações” (Rom. 5:3) 

Por  Dom Athanasius Schneider , 19 de março de 2020 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com: Milhões de católicos no chamado mundo livre ocidental – nas próximas semanas ou até meses, especialmente durante a Semana Santa e a Páscoa, ponto culminante de todo o ano litúrgico – serão privados de quaisquer atos públicos de culto, devido à reação civil e eclesiástica ao surto do coronavírus (COVID-19). O mais doloroso e angustiante para eles é a privação da Santa Missa e da Sagrada Comunhão sacramental.

A atual atmosfera de um pânico quase planetário é continuamente alimentada pelo “dogma” universalmente proclamado da nova pandemia de coronavírus. As medidas de segurança drásticas e desproporcionais, com a negação dos direitos humanos fundamentais de liberdade de movimento, liberdade de reunião e liberdade de opinião, aparecem quase globalmente, orquestradas segundo um plano preciso. Assim, toda a humanidade se torna uma espécie de prisioneira de uma “ditadura sanitária” mundial que, por sua vez, também se revela como uma ditadura política.

Um efeito colateral importante dessa nova “ditadura sanitária” que está se disseminando por todo o mundo é a crescente e intransigente proibição de todas as formas de culto público. A partir de 16 de março de 2020, o governo alemão proibiu todas as formas de reuniões religiosas públicas para todos os credos. Uma medida tão drástica como essa teria sido inimaginável mesmo durante o Terceiro Reich.

Antes de tais medidas serem tomadas na Alemanha, uma proibição de qualquer culto público foi ordenada pelo governo italiano e aplicada em Roma, coração do catolicismo e do cristianismo, bem como em toda a Itália. A presente situação de proibição do culto público em Roma coloca a Igreja de volta ao tempo de análoga proibição feita pelos imperadores romanos pagãos nos primeiros séculos.

Clérigos que ousarem celebrar a Santa Missa na presença dos fiéis, nas atuais circunstâncias poderão ser punidos ou presos. A “ditadura sanitária” mundial criou uma situação que respira o ar das catacumbas, de uma Igreja perseguida, de uma Igreja subterrânea, especialmente em Roma.

O Papa Francisco – que no dia 15 de março caminhou com passos solitários e trêmulos pelas ruas desertas de Roma, em sua peregrinação desde o ícone da “Salus Populi Romani”, na igreja de Santa Maria Maggiore, até a Cruz Milagrosa na igreja de San Marcello – transmitiu uma imagem apocalíptica. Era uma reminiscência da seguinte descrição da terceira parte do Segredo de Fátima, feita pela Irmã Lúcia em sua “Quarta Memória”, em 1944: “O Santo Padre atravessou uma grande cidade meio em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena”.

Como os católicos devem reagir e se comportar em tal situação? Devemos aceitá-la como oriunda das mãos da Divina Providência, como uma provação, a qual nos trará um benefício espiritual maior do que se não a tivéssemos experimentado. Pode-se entender essa situação como uma intervenção divina na atual crise sem precedentes da Igreja. Deus se utiliza agora do mundo impiedoso da “ditadura sanitária” para purificar a Igreja, para despertar os responsáveis ​​na Igreja – em primeiro lugar o Papa e o Episcopado – da ilusão de um belo mundo moderno, da tentação de flertar com o mundo, da imersão nas coisas temporais e terrenas. Os poderes deste mundo agora separaram à força os fiéis de seus pastores, que são obrigados por seus governos a celebrar a liturgia sem o povo.

Essa intervenção divina purificadora tem o poder de mostrar a todos nós o que é verdadeiramente essencial na Igreja: o Sacrifício Eucarístico de Cristo com seu Corpo e Sangue, e a salvação eterna de almas imortais. Possam aqueles que se viram inesperada e subitamente privados do que é central na Igreja, começar a ver e apreciar mais profundamente o seu valor.

Apesar da dolorosa situação de se virem privados da Santa Missa e da Santa Comunhão, os católicos não devem ceder à frustração ou à melancolia. Eles devem aceitar essa provação como uma ocasião de graças abundantes, que a Providência Divina preparou para eles. Muitos católicos têm agora, de alguma forma, a ocasião de experimentar a situação das catacumbas, da Igreja subterrânea. É de se esperar que tal situação produza novos frutos espirituais de santidade e de confessores da fé.

Essa situação força as famílias católicas a viver literalmente o significado de uma igreja doméstica. Na impossibilidade de assistir à Santa Missa, mesmo aos domingos, os pais católicos deveriam reunir suas famílias em suas casas, onde poderiam assistir a uma Santa Missa transmitida pela televisão ou pela Internet, ou, se isso não for possível, dedicar uma hora santa de orações para santificar o Dia do Senhor e se unir espiritualmente às Missas Sagradas celebradas por padres a portas fechadas, em suas próprias cidades ou nas proximidades. Tal hora santa dominical de uma igreja doméstica poderia ser realizada, por exemplo, da seguinte maneira:

Recitação do Rosário, leitura do Evangelho dominical, Ato de Contrição, ato de Comunhão Espiritual, Ladainha, oração por todos os que sofrem e morrem, por todos os que são perseguidos, oração pelo Papa e pelos sacerdotes, oração pelo fim da atual epidemia física e espiritual. A família católica deveria também rezar as estações da Via Sacra às sextas-feiras da Quaresma. Além disso, aos domingos, os pais poderiam reunir seus filhos à tarde ou à noite para ler para eles as Vidas dos Santos, especialmente as histórias extraídas dos tempos de perseguição à Igreja. Tive o privilégio de ter vivido tal experiência na minha infância, e isso me deu o fundamento da fé católica por toda a minha vida.

Os católicos que estão privados de – por um curto período de semanas ou de meses, ainda não se sabe bem – assistir à Santa Missa e receber sacramentalmente a Comunhão, poderiam pensar naqueles tempos de perseguição, quando por anos a fio os fiéis não podiam assistir à Santa Missa nem receber outros sacramentos, como foi o caso, por exemplo, durante a perseguição comunista em muitos lugares do império soviético.

Que as seguintes palavras de Deus fortaleçam todos os católicos que atualmente sofrem por serem privados da Santa Missa e da Sagrada Comunhão:

 “Não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que possais vos alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória.” (1 Pedro 4: 12–13)

 “O Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em todas as nossas aflições, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma atribulação com a mesma consolação com que somos consolados por Deus.” (2 Cor. 1: 3-4)

“Para que a provação da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, ainda que provada pelo fogo, redunde em louvor, honra e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1: 6–7) .

No tempo de uma cruel perseguição à Igreja, São Cipriano de Cartago (+258) deu os seguintes ensinamentos edificantes sobre o valor da paciência:

 “É a paciência que fortalece firmemente os fundamentos da nossa fé. É ela que eleva ao alto o aumento da nossa esperança. É ela que direciona nossas ações para que possamos nos apegar ao caminho de Cristo enquanto andamos pela sua paciência. Quão grande é o Senhor Jesus e quão grande é sua paciência, para que Aquele que é adorado no Céu ainda não seja vingado na Terra! Amados irmãos, consideremos sua paciência em nossas perseguições e sofrimentos; demos uma obediência cheia de expectativa ao seu advento.” (De Patientia, 20; 24)

Queremos rezar com toda confiança na Mãe da Igreja, invocando o poder intercessor de seu Imaculado Coração, para que a atual situação de privação da Santa Missa redunde em abundantes frutos espirituais para uma verdadeira renovação da Igreja, após décadas da noite de perseguição aos verdadeiros católicos, clérigos e fiéis, que ocorreu dentro da Igreja. Ouçamos as seguintes e inspiradoras palavras de São Cipriano:

 “Se se reconhece a causa do desastre, logo se encontra um remédio para a ferida. O Senhor desejou que sua família fosse provada; e porque uma longa paz corrompeu a disciplina que nos foi divinamente entregue, a repreensão celestial despertou nossa fé, que estava cedendo, e eu quase disse, em letargo: apesar de merecermos mais por nossos pecados, o misericordiosíssimo Senhor de tal maneira moderou tudo, que aquilo que aconteceu parece ter sido mais uma provação do que uma perseguição.” (De lapsis, 5)

Queira Deus que esta breve prova de privação do culto público e da Santa Missa sirva para instilar no coração do Papa e dos bispos um novo zelo apostólico pelos tesouros espirituais perenes que lhes foram divinamente confiados, isto é: o zelo pela glória e honra de Deus; pela unicidade de Jesus Cristo e de seu sacrifício redentor; pela centralidade da Eucaristia e seu modo sagrado e sublime de celebração; pela maior glória do Corpo Eucarístico de Cristo; pela salvação das almas imortais; por um clero casto e apostólico. Ouçamos estas encorajadoras palavras de São Cipriano:

“Louvores sejam dados a Deus, cujos benefícios e dons devem ser celebrados com ações de graças, embora nossa voz não tenha cessado de agradecer nem em tempos de perseguição. Pois nenhum inimigo tem o suficiente poder para nos impedir, a nós que amamos o Senhor de todo o coração, vida e força, de declarar com glória suas bênçãos e louvores sempre e em toda parte. Chegou o dia sinceramente desejado pelas orações de todos; e após as trevas terríveis e perniciosas de uma longa noite, brilhou o mundo, irradiado pela luz do Senhor.” (De lapsis, 1)

19 de março de 2020

+ Athanasius Schneider, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Santa Maria em Astana, Cazaquistão.

Querida Amazonia: um vislumbre de esperança em meio à confusão em curso.

Por Dom Athanasius Schneider, Corrispondenza Romana | Tradução: Hélio Dias Viana, FratresInUnum.com – A maioria dos observadores concorda que a publicação da Exortação Apostólica Querida Amazonia [Nota do tradutor: Amazônia vai sem o acento circunflexo para manter o título original do documento, em espanhol] causou um terremoto espiritual. Nela o Papa Francisco não abriu a porta para a ordenação de homens casados, os chamados viri probati, e também rejeitou a proposta – aprovada com maioria de votos no Sínodo Pan-Amazônico – de ordenação sacramental de mulheres ao diaconato permanente. Tanto a grande mídia anticristã quanto a poderosa rede de cardeais, bispos, teólogos e burocratas leigos bem pagos, cujas mentes foram moldadas segundo o espírito agnóstico e relativista do mundo, ficaram inicialmente chocadas e boquiabertas. Mas depois manifestaram uma frustração declarada ou reprimida.

Em seu programa de notícias diárias Tagesthemen, de 13 de fevereiro de 2020, a emissora alemã do serviço público ARD permitiu que seu apresentador oficial criticasse o Papa Francisco com estas palavras: “O Papa Francisco nos surpreendeu com sua decisão de interpretar o celibato num sentido estrito. O mundo estava aparentemente preparado e ao seu lado. Não é mais segredo que o argentino defende pessoalmente o relaxamento da lei católica de continência para o clero. Para muitos fiéis, teria sido um passo lógico relaxar cautelosamente a lei do celibato como um primeiro passo, como foi proposto pelo Sínodo da Amazônia. Pior ainda do que o seu ‘não’ ao relaxamento do celibato é a decisão do Chefe da Igreja a respeito do papel das mulheres. Às mulheres continua a ser amplamente negada a possibilidade de fazer carreira na Igreja.”

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Dom Athanasius Schneider: O rito da Sagrada Comunhão em tempos de pandemia.

A proibição da Comunhão na boca é infundada em comparação com os grandes riscos à saúde da Comunhão nas mãos em época de uma pandemia. Essa proibição constitui um abuso de autoridade.

Por Dom Athanasius Schneider, Rorate-Caeli, 28 de fevereiro de 2020 | Tradução: FratresInUnum.com – Ninguém pode nos forçar a receber o Corpo de Cristo de uma maneira que represente o risco de perda dos fragmentos e diminuição da reverência, como ocorre com o modo de receber a Comunhão na mão. Embora seja verdade que se possa receber a Comunhão em um pequeno lenço branco e limpo (como um purificador, um pequeno corporal) diretamente na boca, nem sempre é possível praticá-lo e até mesmo recusado por alguns padres.

Nesses casos, é melhor fazer uma Comunhão Espiritual, que enche a alma de graças especiais. Em tempos de perseguição, muitos católicos foram incapazes de receber a Comunhão de maneira sacramental por longos períodos de tempo, mas fizeram uma Comunhão Espiritual com muito benefício espiritual.

A Comunhão na mão não é mais higiênica que a Comunhão na boca. De fato, pode ser perigoso para o contágio. Do ponto de vista higiênico, a mão carrega uma enorme quantidade de bactérias. Muitos patógenos são transmitidos pelas mãos. Seja apertando as mãos de outras pessoas ou tocando objetos com frequência, como maçanetas ou corrimãos e barras de apoio no transporte público, os germes podem passar rapidamente de mão em mão; e com essas mãos e dedos não higiênicos, as pessoas tocam frequentemente o nariz e a boca. Além disso, os germes às vezes podem sobreviver na superfície dos objetos tocados por dias. De acordo com um estudo de 2006, publicado na revista “BMC Infectious Diseases”, vírus da gripe e vírus semelhantes podem persistir em superfícies inanimadas, como por exemplo maçaneta, corrimão ou barras de apoio em transportes, e prédios públicos por alguns dias.

Muitas pessoas que vão à igreja e depois recebem a Sagrada Comunhão em suas mãos tocaram antes maçanetas ou corrimãos e barras de transporte público ou outros edifícios. Assim, os vírus são impressos na palma e nos dedos das mãos. E então, durante a Santa Missa, com essas mãos e dedos, às vezes tocam o nariz ou a boca. Com essas mãos e dedos, eles tocam a hóstia consagrada, levando o vírus também à hóstia, transportando os vírus através da hóstia para a boca.

A Comunhão na boca é certamente menos perigosa e mais higiênica em comparação com a Comunhão na mão. De fato, a palma da mão e os dedos da mão, sem lavagem intensa, inegavelmente contêm um acúmulo de vírus.

A proibição da Comunhão na boca é infundada em comparação com os grandes riscos à saúde da Comunhão nas mãos no tempo de uma pandemia. Essa proibição constitui um abuso de autoridade. Além disso, parece que algumas autoridades da Igreja estão usando a situação de uma epidemia como pretexto. Parece também que alguns deles têm uma espécie de alegria cínica por difundir cada vez mais o processo de banalização e dessacralização do Santíssimo e Divino Corpo de Cristo no Sacramento Eucarístico, expondo o próprio Corpo do Senhor ao verdadeiro perigo de irreverência (perda de fragmentos) e sacrilégios (roubo de hóstias consagradas).

Há também o fato de que, durante os 2.000 anos de história da Igreja, não houve casos comprovados de contágio devido à recepção da Sagrada Comunhão. Na igreja bizantina, o padre dá a Comunhão aos fiéis com uma colher, a mesma colher para todos. E então, o padre ou diácono bebe o vinho e a água com a qual purificou a colher, que às vezes foi tocada com a língua de um fiel durante a recepção da Santa Comunhão. Muitos fiéis das igrejas orientais ficam escandalizados quando veem a falta de fé dos bispos e padres do rito latino, ao introduzir a proibição de receber a comunhão na boca, uma proibição feita em última instância por falta de fé no sagrado e divino caráter do Corpo e Sangue do Cristo Eucarístico.

Se a Igreja em nossos dias não se esforçar novamente com o máximo zelo para aumentar as medidas de fé, reverência e segurança para o Corpo de Cristo, todas as medidas de segurança para os seres humanos serão em vão. Se a Igreja em nossos dias não se converter e se voltar para Cristo, dando primazia a Jesus, e nomeadamente a Jesus Eucarístico, Deus mostrará a verdade de Sua Palavra, que diz: “A menos que o Senhor edifique a casa, eles edificam em vão. A menos que o Senhor guarde a cidade, eles em vão a  vigiam” (Salmo 126: 1-2).

Recomenda-se a seguinte oração para fazer uma Comunhão Espiritual:

“Aos teus pés, ó meu Jesus, eu me prostro e ofereço-te o arrependimento do meu coração contrito, que é humilhado no meu nada e na tua santa presença. Eu Te adoro no Sacramento do Teu amor, a Eucaristia inefável. Desejo te receber na pobre habitação que meu coração te oferece. Enquanto espero a felicidade da Comunhão sacramental, desejo Te possuir em espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, já que eu, da minha parte, venho a Ti! O amor abraça todo o meu ser na vida e na morte. Eu acredito em Ti, espero em Ti, eu Te amo. Amém”

+ Athanasius Schneider, bispo auxiliar da arquidiocese de Santa Maria em Astana

Dom Athanasius Schneider: Oração de reparação pelos atos idolátricos praticados por ocasião do recente Sínodo para a Amazônia.

Por Dom Athanasius Schneider

cruz

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, recebei do nosso coração contrito, pelas mãos da Imaculada Mãe de Deus, a sempre-Virgem Maria, este sincero ato de reparação pelos atos de veneração de ídolos e símbolos de madeira que ocorreram em Roma, Cidade Eterna e coração do mundo católico. Derramai o Vosso Espírito no coração do nosso Santo Padre, o Papa Francisco, dos Cardeais, dos Bispos, dos sacerdotes e dos fiéis leigos; possa Ele expulsar as trevas das mentes, para que assim reconheçam a impiedade de tais atos, que ofenderam a Vossa divina majestade, e Vos ofereçam enfim atos públicos e privados de reparação.

Derramai em todos os membros da Igreja a luz da plenitude e da beleza da fé católica. Acendei neles o ardente zelo de levar a fé de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, único Salvador, a todos os homens, especialmente às pessoas da região amazônica que ainda são escravizadas pelo serviço a fracas e perecíveis coisas materiais, como o são os surdos e mudos símbolos e ídolos da “mãe terra”. Acendei a luz da fé naquelas pessoas, sobretudo nas pessoas das tribos da Amazônia, que ainda não têm a liberdade dos filhos de Deus e que não têm a felicidade indescritível de conhecer Jesus Cristo e participar por Ele na vida da Vossa natureza Divina.

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, Vós sois o único verdadeiro Deus, e além de Vós não há outro deus ou salvação, tende piedade da Vossa Igreja. Olhai especialmente para as lágrimas e os suspiros contritos e humildes dos pequeninos na Igreja. Olhai para as lágrimas e súplicas das crianças, dos jovens, dos pais e mães de família, e ainda as dos verdadeiros heróis cristãos, que movidos pelo zelo da Vossa glória e pelo amor da Santa Madre Igreja, arrojaram na água os símbolos da abominação que a poluíam. Tende piedade Poupai-nos, Senhor, parce Domine, parce Domine! Tende piedade de nós: Kyrie eleison! Amém.