Casaldáliga eterno.

Dom Eugenio Rixen Ameaça ou Salvação na Prelazia do Araguaia?

Por Kalixto Guimaraes – Correio do Brasil

Em substituição a Leonardo Steiner, que fora promovido bispo auxiliar na capital federal, Brasília-DF, e ao cargo de secretario geral da CNBB, Dom Eugênio Rixen, Belga de nascimento e brasileiro por opção, foi empossado como novo administrador apostólico da prelázia de São Félix do Araguaia-MT. Sem a badalação e os festejos por ocasião da posse de Leonardo, Dom Rixen, chega silenciosamente e cônscio de que está assumindo o seu cargo em uma das mais problemáticas seções da igreja católica no país, que na prática ainda continua sob o total controle do bispo aposentado Pedro Casaldáliga, tanto que, em sua carta de apresentação publicada no informativo da prelazia, dom Rixen faz questão de esclarecer que sua função é “provisoria” até que se ordena um novo e efetivo bispo [ndr: de fato, o cargo de administrador apostólico é provisório, até que um bispo seja nomeado para a sede vacante]. A prelazia de São Félix do Araguaia, que há muito, já devia ter se elevado a categoria de uma diocese, desde a aposentadoria compulsória de Casaldáliga, passou a configurar um impasse na diplomacia episcopal entre o Vaticano e a CNBB. A solicitação de dom Baldisseri, representante direto da cúria romana no Brasil, para que o ex-bispo Pedro Casaldáliga, “deixasse” a cidade de São Félix do Araguaia, para não “constranger” o novo bispo que fora nomeado, suscitou uma situação delicada e reveladora nas próprias palavras de Casaldáliga, que na época concedeu uma entrevista (13/01/2005) à Folha de São Paulo, dizendo que os membros de sua prelazia “Resolveram fazer um manifesto protestando contra o procedimento da eleição de um bispo, feita em segredo e sem participação da igreja interessada e do bispo resignatário”. Mais adiante, demonstrando a sua indignação, ele afirma; “Os nomes que foram apresentados por nós, por outras pessoas e por outros bispos foram ignorados. O comentário que alguns fazem, e tem cabimento, é o de que o novo bispo não deve ser da nossa linha, porque, se fosse, ele faria questão de se encontrar comigo.” Seis anos depois, uma coisa ficou bem clara: Dom Pedro Casaldáliga não foi embora e se sagrou em bispo vitalício de sua amada e idolatrada prelazia. Nenhum outro “dom” vai apoderar-se de seus dominios. Nem Steiner, nem Rixen, pelo menos enquanto o velho Lôbo do Araguaia estiver vivo.

Quanto a nomeação de Rixen, como administrador apostólico da Prelazia do Araguaia, é bom que ele entenda que os conflitos eternizados por Casaldáliga não representam a realidade histórica regional e também não condiz com o atual panorama sócio-econômico onde atua a sua rebelde prelázia. Dom Rixe, que presidiu a Comissão para a Animação Biblico- Catequética em dois mandatos consecutivos, parece não ser da “laia” radical de Casaldáliga, apesar de suas declarações contraditórias em carta de orientação politica-eleitoral, escrita em outubro de 2010, pedindo “indiscretamente,” votos para a entao candidata e hoje presidente Dilma Roussef , onde disse textualmente; “Queremos um país com mais justiça social, terra para os pobres, o limite de propriedade de terra, a defesa do meio ambiente, especialmente do cerrado, tão agredido pelo agro negócio”. [ndr: na mesma carta, Rixen critica bispos “conservadores“.] Espera-se, que tal afirmação não tenha passado de retórica, pois, os arroubos revolucionários de dom Rixen são controlados e não fazem parte de seu apostolado, a não ser que ele resolva agora fazer o seu mestrado sobre a heresia cristã embutida na teologia da libertação, concepção teorica da qual Casaldáliga é um grande mestre. Caso isso venha a ocorrer, a prelazia estará salva, mas os seus féis vão está na “lavoura” e o agronegócio correndo riscos e debaixo das pragas de dois bispos estrangeiros. Que Deus tenha piedade de nós!

Luta fratricida na CNBB (II): Dom Rixem não toca no assunto aborto e critica bispos ligados a “movimentos conservadores”.

Goiás, 05 de outubro de 2010

Dom Eugênio Rixem, à esquerda, bispo de Goiás e responsável pela Comissão de Catequese de CNBB, ao lado do Grão-Mestre do Grande Oriente do Estado de Goiás. O bispo esteve presente em um evento na Loja Azilo da Razão 167; para mais informações, clique na imagem.
Dom Eugênio Rixem, à esquerda, bispo de Goiás e responsável pela Comissão de Catequese de CNBB, ao lado do Grão-Mestre do Grande Oriente do Estado de Goiás. O bispo esteve presente em um evento na Loja Azilo da Razão 167; para mais informações, clique na imagem.

Queridos/as irmãos/ãs na fé,

A Igreja tem como dever ser fiel a Jesus Cristo e divulgar a justiça e a verdade.

Diante de falsas denúncias, gostaria, como bispo de Goiás fazer os seguintes esclarecimentos quanto ao 2º turno das eleições, tanto para presidente, como para governador.

A Igreja Católica, como já disse numa carta anterior, não apóia nenhum candidato. Alguns bispos católicos, principalmente do estado de São Paulo ou ligados a movimentos conservadores, declararam publicamente para não votar na candidata do PT. Esta, nunca falou que “nem Jesus Cristo tiraria esta vitória”.

A Igreja defende o respeito à vida em todos os aspectos: educação, moradia, trabalho, segurança desde a infância até a velhice.

O que está em questão nestas eleições são dois projetos diferentes sobre o futuro do nosso país. Um que defende os interesses dos pobres, mais justiça social e melhor distribuição de renda nacional. Outro, quer manter os privilégios daqueles que sempre marginalizaram a classe dos excluídos. Queremos um país com mais justiça social, terra para os pobres, o limite de propriedade de terra, a defesa do meio ambiente, especialmente do cerrado, tão agredido pelo agro negócio.

Queremos votar de maneira consciente e não nos deixar manipular por falsas promessas e informações gananciosas; escolher candidatos que governem com a participação do povo e a sociedade organizada.

Queremos um Brasil mais justo e solidário, onde os pobres também têm direito a uma vida plena.

+ Eugênio Rixen – Bispo de Goiás.

Fonte aqui.