Sínodo: os bilhetinhos do Papa.

Qual seria o conteúdo dos bilhetinhos que o Papa Francisco escrevia e mandava ao Secretário Geral do Sínodo, o cardeal Lorenzo Baldisseri, durante as assembléias sinodais? Curiosidade sem esperança. Segundo o presidente da Conferência dos bispos poloneses, o relatório lido ontem no Sínodo: “inaceitável para muitos bispos”.

Por Marco Tosatti – La Stampa | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: Infelizmente esse é um desejo impossível de ser realizado, mas eu pagaria não pouco para saber o que estava escrito nos bilhetinhos que durante a assembléia do sínodo, Papa Francisco escrevia e, em seguida, enviava ao Secretário-Geral do Sínodo, o cardeal Lorenzo Baldisseri.

Bergoglio e Baldisseri recém-criado cardeal.
Bergoglio e Baldisseri recém-criado cardeal.

O Cardeal Baldisseri lia, tomava nota e em seguida retornava a mensagem ao Papa, que a metia no bolso. Esse é um fenômeno que se repetiu muitas vezes nos dias de reunião da Assembléia Geral do Sínodo, e que foi observado por vários participantes. Ele deu origem à impressão de que o Papa estava passando as disposições ao Secretário-Geral.

Desde ontem, os Padres estão nas Comissões Linguísticas. Mas entre os Padres sinodais, há um mal-estar generalizado com relação à gestão global do Sínodo, e pelo fato de que muitos não se reconhecem no documento, assinado pelo Cardeal Erdo, mas escrito por outros, o que marcou o fim da primeira fase da Assembléia Geral.

O mesmo Erdo sublinhou a sua alienação parcial, indicando o Arcebispo Bruno Forte como o autor das passagens relativas à homossexualidade.

É um mal-estar presente em várias personalidades de destaque, como deixou claro o Presidente da Conferência Episcopal polonesa, Cardeal Gadecki.

Em entrevista à Rádio Vaticano, o prelado afirmou sem meio-termos que a “Relatio” apresentada ontem é “inaceitável para muitos bispos e se distancia do magistério de Papas anteriores, contém traços de uma ideologia anti-matrimonial e demonstra uma falta de visão clara da parte da Assembléia sinodal”. Em sua entrevista, Dom Gadecki ressalta que “o ponto que trata da possibilidade de casais do mesmo se responsabilizarem por crianças é apresentado como algo aceitável. É um dos erros do texto, ao invés de incentivar a fidelidade e os valores familiares, aceitar as coisas como elas se apresentam. Dá a impressão de que o ensino da Igreja tenha sido até agora implacável e só agora se começa a ensinar a misericórdia”.

Cardeal Baldisseri: Vaticano promoverá “pastoral de misericórdia” para os divorciados e casais do mesmo sexo.

Vaticano, 26 Jun. 14 / 05:52 pm (ACI/Europa Press).- O Vaticano anunciou que promoverá uma “pastoral de misericórdia” para aqueles casais que estão em situações de irregularidade canônica, como os que convivem, os divorciados, os desquitados, os divorciados que voltaram a casar pelo civil, as mães solteiras ou casais do mesmo sexo e o cuidado a ser dado aos eventuais filhos adotivos. O conteúdo do anúncio foi feito pelo cardeal Lorenzo Baldisseri durante a apresentação do Instrumento de trabalho que será usado pelos bispos de todo o mundo durante Sínodo sobre os desafios pastorais para a Família, que se celebra entre os dias 5 e 19 de outubro.

O Instrumento de trabalho, que será estudado durante o Sínodo pelos prelados e demais participantes, constitui um diagnóstico da preocupação pelas situações familiares, fruto das respostas enviadas ao Vaticano por episcopados, congregações e movimentos de todo o mundo.

Deste modo, o secretário geral do Sínodo dos bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, assinalou que serão consideradas de maneira particular as situações pastorais difíceis que se referem, entre outras, às situações de “convivência e uniões de fato, casais desquitados e divorciados (que casaram pela Igreja) e voltaram a casar”, aqueles que se encontram em condições de “irregularidade canônica” ou que pedem casar-se pela Igreja “sem ser crentes ou praticantes”.

Sobre os casais que se uniram em matrimônio religioso e após o divórcio estão impedidos de casar pela Igreja ou aceder aos sacramentos, o Secretário do Sínodo e Ex-Núncio apostólico no Brasil reconheceu que estes “vivem com sofrimento sua situação de irregularidade na Igreja” e afirmou que a Igreja “sente-se interpelada a encontrar soluções compatíveis com sua doutrina, que guiem uma vida serena e reconciliada”.

Assim, manifestou a “relevância” de “simplificar e agilizar os processos judiciais de nulidade matrimonial”.

Sobre os que se casam “sem fé explícita”, reclamou “maior atenção da pastoral eclesiástica” e uma “melhor qualidade” nos cursos de preparação do matrimônio para que os esposos possam continuar sendo “recém casados depois das bodas”.

Cuidado dos filhos de casais do mesmo sexo

Sobre os casais do mesmo sexo, o Cardeal Baldisseri distinguiu contextos, segundo a legislação civil seja “mais ou menos favorável”, e insistiu na necessidade de um “cuidado pastoral das Igrejas particulares”, sobretudo pensando em “questões relacionadas com os eventuais filhos”, referindo-se ao contexto das uniões civis de mesmo sexo que em diversos países, em um número crescente, podem adotar filhos.

“Urge permitir às pessoas feridas curar-se e reconciliar-se, encontrando de novo confiança e serenidade”, acrescentou.

Por isso, promoveu a necessidade de uma pastoral capaz de oferecer a “misericórdia que Deus concede a todos sem medida”, e evidenciou que a Igreja deve “propor e não impor”, “acompanhar e não empurrar” e “convidar e não expulsar”.

Do mesmo modo, o Cardeal Baldisseri reconheceu que “a convivência e as uniões de fato” estão em crescente difusão e atribuiu o fato a “diversas razões sociais, econômicas e culturais”.

“A Igreja sente o dever de acompanhar estes casais na confiança de poder sustentar uma responsabilidade como é a do matrimônio”, disse.

Por sua parte, o relator Geral da III Assembléia Geral Extraordinária do Sínodo de Bispos e Arcebispo de Budapest, Hungria, Cardeal Peter Erdo, comentou que o documento de trabalho oferece “uma panorâmica da situação da pastoral da família”, a partir da perspectiva do nível da consciência, que proporcional ao conhecimento, “dos ensinamentos de Cristo e da Igreja sobre o matrimônio” e do nível relativo “ao comportamento real das pessoas”, onde se apresentam as “situações críticas”.

O Cardeal Erdo expressou que muitas das respostas evidenciam que as pessoas, em geral, “casam-se cada vez se casa menos, também de maneira civil”. “Tal fenômeno se insere no contexto do individualismo e do subjetivismo prático”, acrescentou.

Sobre o tema dos divorciados que voltaram a casar, o Cardeal Erdo manifestou que em algumas partes do mundo se fala de “um sofrimento causado por não receber os sacramentos” e que a pergunta “o que pedem os divorciados à Igreja?” em outras partes do mundo a resposta mais frequente é que “não pedem nada, ou porque ignoram que não podem participar dos sacramentos ou se mostraram indiferentes tanto antes como depois do matrimônio civil, inválido desde o ponto de vista eclesiástico”.

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Atenção: Blog em recesso.

O piedosíssimo Baldisseri comovido com sofrimento dos fiéis. Ooohhhh!

Os brasileiros conhecem bem a solicitude pastoral de seu antigo Núncio Apostólico. Ooohhh, tão amável coração! Vejam que comovente a participação desse exímio pianista afetuoso pastor nas dores de suas ovelhas. Ninguém sequer poderia cogitar “segundas intenções”, interesses ocultos, como, por exemplo, o de simplesmente minar a moral católica e mudar a disciplina eclesiástica, não é mesmo?! Baldisseri comete apenas um pequeno lapso, movido, certamente, pela ternura de sua alma: não é a Igreja quem abandona os errantes, mas, pelo contrário, os adúlteros abandonam a Igreja e calcam as promessas de seu batismo.

Sínodo sobre a família em debate

Secretário-geral da instituição revelou que o inquérito enviado aos católicos de todo o mundo mostrou «sofrimento»

Dom Lorenzo Baldisseri e Lula
Dom Lorenzo Baldisseri e Lula

Cidade do Vaticano, 24 fev 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco promove entre hoje e amanhã uma reunião da Secretaria do Sínodo dos Bispos para preparar a próxima assembleia extraordinária do episcopado católico, marcada para outubro, sobre o tema da família.

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos disse ao jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, que as respostas ao questionário enviado aos católicos de todo o mundo mostraram “muito sofrimento” de quem se sente fora da Igreja.

“As respostas apresentam muito sofrimento, sobretudo da parte dos que sentem excluídos ou abandonados pela Igreja por se encontrarem num estado de vida que não corresponde à sua doutrina e à sua disciplina”, declarou o cardeal Lorenzo Baldisseri.

O texto preparatório para o próximo Sínodo, que de 5 a 19 de outubro vai analisar o tema ‘Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização’, foi acompanhado por um questionário com 38 perguntas para promover uma consulta alargada às comunidades católicas sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento [questionário que Baldisseri, por conta própria, solicitou que fosse encaminhado a todas as paróquias e não se restringisse apenas a respostas de bispos. Algumas conferências episcopais fizeram até enquete na internet!].

D. Lorenzo Baldisseri adianta que até 19 de fevereiro tinham chegado à Secretaria Geral cerca de 80% das respostas que são esperadas no Vaticano, enviadas pelas Conferências Episcopais, além de mais de 700 respostas individuais e de grupo.

O responsável afirmou que a iniciativa sinodal abriu “um caminho de confiança para muitos que a tinham perdido”.

A figura do Papa Francisco comprova, dia após dia, uma nova abordagem humana e cristã que faz vibrar as pessoas, dispondo-as à escuta e ao acolhimento daquilo que é bom para elas, mesmo quando há sofrimento”, precisou.

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos destaca que os contributos sublinham “a urgência de tomar consciência das realidades vividas pelas pessoas, de retomar o diálogo pastoral com as pessoas que se afastaram, por várias razões”.

Os membros da Secretaria Geral vão analisar o primeiro esboço do instrumento de trabalho (‘instrumentum laboris’) para a assembleia sinodal extraordinária, “fruto do inquérito efetuado com o documento preparatório que incluía o questionário”.

A elaboração deste instrumento de trabalho vai incluir um período de dois meses para integrar novos contributos e “estudos pontuais” sobre aspetos de “maior interesse e complexidade.

O tema da família esteve em debate entre quinta e sexta-feira no consistório extraordinário convocado pelo Papa Francisco, com a presença de cerca de 150 prelados e intervenções de 69 cardeais.

“O Santo Padre pronunciou um breve discurso de encerramento, agradecendo a todos os participantes e manifestando a convicção de que o Senhor levou a Igreja a enfrentar o tema do Evangelho da família”, revelou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, em comunicado.

O Sínodo dos Bispos, uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, vai ter duas assembleias gerais dedicadas ao tema da família, uma extraordinária em outubro de 2014 e outra ordinária em outubro de 2015.

D. Lorenzo Baldisseri afirmou, a respeito desta instituição, que é “óbvio que o Papa Francisco quer um papel novo para o Sínodo”.

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Morujão, disse à Agência ECCLESIA que milhares de portugueses responderam ao inquérito e que as propostas resumidas e enviadas para o Vaticano vão na linha de “uma maior compreensão para os casos difíceis da família”.

Não há consenso sobre o significado do questionário do Sínodo.

Por Joshua J. McElwee | Tradução: Fratres in Unum.com – Aproximadamente uma semana após a divulgação de notícias de que o Vaticano teria solicitado aos bispos de todo o mundo que, “imediatamente” e o “mais amplamente possível”, distribuíssem entre os católicos um questionário sobre assuntos como contracepção, casamento homossexual e divórcio, não há consenso sobre o que esta ordem significa.

Lorenzo Baldisseri e Francisco.
Lorenzo Baldisseri e Francisco.

Ademais, comparando as observações das declarações recentes do Vaticano, é díficil decifrar se o pedido de consulta é sem precedentes ou se é algo que ocorre há décadas.

O porta-voz chefe do Vaticano afirmou, numa entrevista no final de semana, que o pedido do Vaticano para que os bispos questionassem os católicos sobre como certos assuntos afetam suas vidas era parte da “praxis” habitual.

Todavia, o oficial [da conferência episcopal americana] que enviou o questionário [aos bispos dos EUA] declarou, na terça-feira, que se trata de parte de um amplo projeto para reformar o modo como o Vaticano chega aos bispos e fiéis espalhados pelo mundo.

O questionário foi enviado em 18 de outubro pelo Sínodo dos Bispos do Vaticano, que está preparando um encontro global de prelados para o próximo mês de outubro. Convocado pelo Papa Francisco no mês passado, o encontro, que ocorrerá entre 5 e 19 de outubro de 2014, será focado no tema “Desafios Pastorais da Família no Contexto da Evangelização”.

Francisco e seu conselho de Cardeais, um grupo de oito cardeais que aconselham Francisco sobre as reformas da burocracia central do Vaticano, discutiram o sínodo sobre a família em seu encontro de 1 a 3 de outubro. Após a reunião, fontes do Vaticano disseram a NCR que o sínodo sobre a família não terminará sem novidades, como ocorre de costume.

O futuro sínodo, disseram, seria preparado com consultas substanciais a nível local, envolvendo dioceses e paróquias. NCR recebeu informações, no início de outubro, de que oficiais do Vaticano cogitaram o uso da internet para permitir que as bases católicas oferecessem idéias e respostas ao longo do processo.

Parece que os bispos da Inglaterra e País de Gales compreenderam assim; eles colocaram o questionário de 18 de outubro do Vaticano no ar [ndt: com um formulário para responder às questões].

Mas quando Dom Lorenzo Baldisseri foi questionado na conferência de imprensa  do Vaticano, na terça-feira, se esta ação era algo a ser imitada por outras conferências episcopais, ela respondeu que a “questão responde a si mesma” e que “não merecia ser considerada”.

Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos, é o autor da carta de 18 de outubro.

A missiva, divulgada primeiro por NCR, pede às conferências que questionem suas populações sobre assuntos por vezes controversos, em preparação para o sínodo sobre a família de outubro do ano que vem. Um sínodo é um encontro global de bispos católicos, geralmente voltado a um tema particular.

Baldisseri, que foi nomeado para essa função no Vaticano em 21 de setembro, falou publicamente pela primeira vez sobre o sínodo e seu pedido às conferências episcopais na conferência de imprensa de terça-feira, juntamente com outros dois prelados importantes.

Mencionando que o seu cargo deve passar por uma revisão com as reformas na burocracia vaticana realizadas por Francisco, ele afirmou que o papa quer fortalecer a sua função para promover a colegialidade e a consulta entre o pontífice e os bispos do mundo.

O documento a respeito do sínodo do ano que vem, declarou, foi enviado “para iniciar um processo de consulta”. O documento foi enviado a dioceses por todo o mundo “visando obter dados concretos e reais sobre o tema sinodal”, declarou.

O Padre jesuíta Federico Lombardi, no entanto, disse em uma entrevista à Catholic News Agency, no sábado, que as perguntas somente serão usadas pelo sínodo como consulta. Lombardi é o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Na carta que enviou às conferências dos bispos em outubro, Baldisseri orientou os prelados a distribuir o questionário “imediatamente, de modo mais amplo possível, às reitorias e paróquias a fim de que os dados das fontes locais possam ser recebidos”.

Uma questão é se o arcebispo e o Vaticano pretendiam que os bispos do mundo conduzissem uma pesquisa com suas populações usando o questionário. A conferência dos bispos dos EUA não solicitou ao episcopado que realizasse uma ampla consulta, dizendo aos bispos, em um memorando de 30 de outubro enviado juntamente com a carta de Baldisseri, para apenas fornecer as suas próprias observações.

Falando nos bastidores ao NCR ao longo das últimas semanas, vários bispos americanos e antigos oficiais da conferência episcopal disseram que consideraram conflitantes as instruções da carta de 30 de outubro de Baldisseri e do memorando de Jenkins de 30 de outubro. Entre os dois documentos, afirmaram, não ficava claro que tipo de consulta se espera da parte dos bispos.

Dolores Leckey, que dirigiu o secretariado dos bispos americanos para a Família, Leigos, Mulheres e Jovens de 1977 a 1997, declarou em uma entrevista que nunca havia visto um pedido parecido da parte do Vaticano durante o seu tempo com os bispos dos EUA.

Leckey afirmou que seu departamento havia conduzido um processo consultivo de dois anos para o Sínodo sobre o Laicato, de 1987, mas este processo surgiu como uma iniciativa dos bispos americanos, e não a pedido do Vaticano.

Os bispos eleitos para representar os EUA naquela sínodo decidiram que “queriam ouvir o que o povo tinha para dizer”, declarou Leckey.

Enquanto o Vaticano, inicialmente, não havia disponibilizado o documento de 18 de outubro, ele acabou publicado, na terça-feira, no website do Sínodo dos Bispos, e foi distribuído pela Sala de Imprensa do Vaticano.

Baldisseri disse que os pastores deveriam fornecer resumos das posições e experiências dos paroquianos e que seus resultados seriam “entregues”, mais tarde, pelas conferências episcopais para última análise pelo sínodo.

Católicos individualmente são bem-vindos para comunicar suas visões diretamente aos escritórios do sínodo no Vaticano, disse Baldisseri. Sua equipe está preparando o documento de trabalho do sínodo, que deve ser publicado em maio.

Dom Bruno Forte, um italiano que atuará como secretário no futuro sínodo, declarou na conferência de terça-feira que o processo para este sínodo é um “processo amplo e profundo de escuta da vida da Igreja e dos mais urgentes desafios que lhes são colocados”.

Forte disse que queria enfatizar a “inclinação pastoral” do tema como “uma perspectiva pela qual o Santo Padre nos convida a olhar para o valor da família e os desafios que ela encara atualmente”.

“Não se trata, portanto, de uma questão de debates sobre problemas doutrinais”, disse Fortes. “Mas, antes, de como compreender e como efetivamente proclamar o Evangelho da família no tempo em que vivemos, caracterizado por uma clara crise social e espiritual”.

Entre as questões feitas pelo Vaticano no documento de 18 de outubro estão temas que por vezes dividiram bruscamente a Igreja norte-americana, como o ensinamento católico acerca da proibição do uso da contracepção artificial, a possibilidade de um católico divorciado se casar novamente ou de receber a comunhão, e o número de casais que escolhem viver juntos antes do casamento.

Baldisseri declarou, na terça-feira, que estava solicitando às conferências episcopais que respondessem por volta do fim de janeiro, a fim de que seu secretariado pudesse usar o materiais nas reuniões agendadas para fevereiro.

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O documento de preparação para o Sínodo, no qual consta o questionário completo, pode ser lido aqui.

Enquete do dia.

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Quem é a pessoa da foto?

Sacra Congregatio pro Episcopis, Secretarius Archiepiscopus: o brasileiro Monsenhor Ilson Montanari foi nomeado, no último sábado, Secretário da Congregação para os Bispos, substituindo o exímio pianista e antigo núncio apostólico no Brasil, Dom Lourenço Baldisseri. Monsenhor Ilson, originário da Arquidiocese de Ribeirão Preto, é alçado de maneira insólita da categoria de mero oficial para secretário da Congregação — a indicação de Baldisseri certamente foi determinante para isso.

Por suas mãos passarão as nomeações episcopais do mundo todo e, seguramente, receberão maior atenção as da Terra de Santa Cruz.

Em geral, o Secretário da Congregação para os Bispos também se torna Secretário do Colégio de Cardeais, tendo a função de Secretário em um eventual conclave e se tornando, assim, um dos poucos não cardeais presentes na Capela Sistina para eleição do Sucessor de Pedro.

Bem, aquele porte eclesiástico e a romanitá para o posto, como bem mostra a imagem, é o que não falta para o brasileiro, não é mesmo?

Piacenza transferido para a Penitenciária Apostólica. Stella para o Clero e Baldisseri para o Sínodo.

Inicia o spoil system de Francisco. O cardeal Piacenza passa para a Penitenciária Apostólica [ndr: um dos purpurados mais fiéis a Bento XVI deixa uma Congregação de primeiro escalão para uma bem mais modesta…].

Cardeal Piacenza
Cardeal Piacenza

Por Marco Tosatti | Tradução: Fratres in Unum.com – Amanhã, pela manhã, a Santa Sé anunciará duas importantes trocas na Cúria. O cardeal Mauro Piacenza, Prefeito para o Clero, deixa o posto que lhe foi confiado há três anos por Bento XVI. E também o arcebispo croata, Nikola Eterovic, será substituído na função de Secretário do Sínodo dos bispos, que conduziu por nove anos.

O cardeal Piacenza vai assumir a função de Penitenciário Mor, assumido pelo cardeal português Manuel Monteiro de Castro. O novo Prefeito da Congregação para o Clero será um diplomata, o arcebispo Beniamino Stella, atual presidente da Academia Eclesiástica, instituto no qual são instruídos e formados os futuros Núncios da Santa Sé. Stella, originário da província de Treviso, é presidente da Academia desde 2007. Nikola Eterovic, por sua vez, assumirá o cargo de núncio apostólico na Alemanha, em Berlim. Em breve se espera também a nomeação de Mons. Crociata, atual secretario geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI), como Ordinário militar na Itália.

A mudança acontecerá faltando pouco para a reunião colegial do papa Francisco com os oito cardeais de todo o mundo, que são os seus “consultores” para a reforma das estruturas da Igreja, reunião marcada para os inícios de outubro. E é, na verdade, a primeira grande mudança feita pelo Pontífice em relação à estrutura herdada de Bento XVI, além da nomeação do arcebispo Pietro Parolin como sucessor do Secretário de Estado do Papa Ratzinger, Tarcísio Bertone.

Como via de regra, nesses casos, não nos são informadas as motivações das mudanças, que são uma prerrogativa pontifícia. Mauro Piacenza começou a trabalhar na Congregação para o Clero em 1990, antes de ser nomeado Presidente da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais, e de voltar, depois, para o Clero, como Secretário, quando era prefeito o brasileiro Claudio Hummes, grande eleitor, segundo alguns, do Papa Francisco. Piacenza sucedeu Hummes em 2010, quando este se aposentou por idade.

Há alguns meses, a Congregação para o Clero assumiu também a tarefa de cuidar dos Seminários, e imediatamente tinham começado as visitas, em particular aos institutos romanos. A gestão destes últimos anos foi marcada pela publicação do nosso Diretório para os sacerdotes, com textos que, por ocasião do aniversário dos 50 anos do Concílio Vaticano II, tendiam a corrigir interpretações distorcidas, e por uma forte chamada a uma visão espiritual, mais que hierárquica e administrativa, da figura do sacerdote.

O cardeal Piacenza, originário de Genova, era muito estimado por Bento XVI e pelo seu Secretário de Estado, o cardeal Tarcísio Bertone, seja por suas notáveis capacidades de trabalho como pelo profundo conhecimento da “máquina” e dos problemas da Congregação, além de ser intérprete de uma linha eclesiástica atenta à tradição. O seu sucessor, Beniamino Stella, tem um curriculum “clássico”, típico de um diplomata: de 1987 a 2007 esteve em várias nunciaturas em todo o mundo, antes de ser chamado a Roma para ocupar-se da formação dos futuros embaixadores do Papa. Assim como o novo Secretário para o Sínodo, o arcebispo Lorenzo Baldisseri. A “mudança” faz pensar que Papa Francisco queira colocar homens “seus” em dois pontos que considera centrais para a sua futura ação.

Catástrofe Romana: Dom Lorenzo Baldisseri nomeado Secretário da Congregação para os Bispos.

É o que anuncia hoje o Bollettino da Sala de Imprensa.

O Brasil perdeu um pianista e a Igreja Universal não ganhou nada, muito pelo contrário: perderá, e muito, com a universalização dos desastrosos critérios de escolha de bispos aplicados no Brasil.

Aposentadoria bate à porta: conforta-nos, ao menos, a recordação da idade de Dom Lorenzo, 71 anos. Dificilmente ele alcançará cargo de maior relevância na Cúria que lhe garantisse o chapéu cardinalício.

Dom Baldisseri, núncio na Itália?

OBLATVS – Confirmou-se hoje o rumor de que o Núncio na Itália, Dom Giuseppe Bertello, seria nomeado Presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano e Presidente do Governo do mesmo Estado.

A nomeação ganha importância para o Brasil porque há quem preveja que Dom Lourenzo Baldisseri, núncio aqui, seria nomeado para a nunciatura na Itália [como informamos em junho]. Se permanecer no cargo até novembro, serão 9 anos à frente de uma das mais importantes nunciaturas e costumeira credencial para o cardinalato.

Caso se confirme o boato de sua nomeação para a nunciatura na Itália, é possível que o chapéu vermelho não venha, afinal Dom Lourenzo Baldisseri já é septuagenário.

Arrivederci!

Segundo Andrea Tornielli, Dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil, estaria se despedindo da Terra de Santa Cruz. Aos 71 anos, seu destino poderia ser a nunciatura apostólica na Itália ou mesmo alguma posição na Cúria Romana.

Seu substituto em Brasília poderia ser o atual secretário da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, o Arcebispo Carlo Maria Viganò.

O Brasil perderia, certamente, um exímio… pianista.

Agradecimento ao leitor Lucas Carvalho de Freitas pelo envio da notícia.