Dom Vincenzo Paglia [o arcebispo do mural gay que outrora destruiu a Academia para a Vida] supervisiona amplas mudanças no instituto acadêmico dedicado ao matrimônio e à família.
Por ChurchMilitant.com, 26 de julho de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com– Tem causado preocupação as grandes mudanças que se desenrolam sobre um instituto acadêmico pro-família e pro-matrimônio gerido pelo Vaticano.
Dom Vincenzo Paglia e Francisco.
O Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família está no meio de um furação, segundo uma matéria divulgada na quarta-feira no jornal italiano La Nuova Bussola Quotidiana. Dois padres que ocupavam as cátedras de teologia moral no instituto, Pe. José Noriega e Mons. Livio Melina, foram agora demitidos de seus cargos, como parte de vastas mudanças pedidas pelo Papa Francisco.
Padre Noriega, professor de Teologia Moral específica, e Mons. Livio Melina, professor de Teologia Moral Fundamental, foram ambos informados, na segunda-feira, que estavam sendo dispensados. A demissão dos padres se deve, segundo informam, à decisão de extinguir um curso de teologia moral.
Todos os outros professores do instituto tomaram ciência, na segunda-feira, de que eles estavam oficialmente suspensos, no aguardo de decisões sobre o ano acadêmico seguinte. Alguns podem perder seus cargos, outros não. Informaram-lhes que a decisão final seria tomada dentro de alguns dias.
Supervisiona a reformulação o grão-chanceler do instituto, Dom Vincenzo Paglia — presidente da Pontifícia Academia para a Vida. As mudanças aparentemente contradizem a declaração dada por Paglia em 2007, onde afirmava que as mudanças vindouras não envolveriam o corte do corpo docente.
A demissão de Monsenhor Melina é especialmente significativa, uma vez que ele foi presidente do instituto de 2006 a 2016 e esteve envolvido com ele desde seu início, na década de 80.
Riccardo Cascioli, editor de La Nuova Bussola Quotidiana, observou, no artigo de quarta-feira, que “antes de tudo, a demissão de Mons. Melina é de grande e grave significado”.
Cascioli notou ainda no artigo que “Melina já havia entrado no instituto como estudante à época de sua fundação, em 1982, para então ser o primeiro [estudante do instituto] a obter um doutorado em 1985”.
Church Militant contatou a Dra. Jennifer Roback Morse, do Ruth Institute, uma entidade católica pró-família que busca combater os efeitos danosos da revolução sexual. Ela comentou que a demissão dos dois padres: “Trata-se de um ato de vandalismo intelectual”.
“Uma faculdade boa e ortodoxa deveria contratar esses dois professores de teologia moral”, acrescentou. “Qualquer instituição que fizesse isso certamente faria algo notável”.
A reformulação é resultado dos novos estatutos do Instituto João Paulo, supostamente elaborados no início do ano por Dom Paglia e pelo presidente do instituto, Mons. Pierangelo Sequeri. Dentre outros pontos, o novo estatuto concede um nível de controle sem precedentes ao grão-chanceler.
Logo após o documento, Dom Paglia comentou que a reestruturação incluiria um foco “teológico” e “científico” adicional, assim como acrescentar uma ênfase no “diálogo”.
Ele também afirmou: “É claro que o diálogo com aqueles que não são católicos deve ocorrer”.
A publicação de Summa Familiae Cura se deu em 8 de setembro de 2017, apenas dois dias após a morte do Cardeal Carlo Caffarra, em 6 de setembro, o fundador e presidente emérito do instituto.
O então Mons. Caffarra foi presidente do Instituto João Paulo II durante sua fundação no início de 1980.
Cardeal Caffarra foi um dos quatro cardeais que assinaram o dubia, uma série de questionamentos teológicos apresentados ao Papa Francisco, publicados em novembro de 2016. O dubia buscava esclarecimentos acerca de Amoris Laetitia, um documento papal criticado por ser ambíguo e interpretado por alguns como favorecedor da Sagrada Comunhão para divorciados recasados civilmente.
O Papa S. João Paulo II deu aprovação oficial ao Instituto, que posteriormente tomaria seu próprio nome, em outubro de 1982, com a constituição apostólica Magnum Matrimonii Sacramentum.
Hoje [n.d.t: exatamente 1 ano após o endereçamento dos dubiaa Francisco pelos cardeais Brandmüller, Burke, Caffarra e Meisner], esse histórico Instituto foi abolido e substituído por outro Instituto com um nome diferente.
“Com o presente Motu Proprio estabeleço o Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, o qual, vinculado à Pontifícia Universidade Lateranense, sucede, substituindo-o, ao Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, criado pela Constituição Apostólica Magnum Matrimonii Sacramentum, o qual, portanto, vem a cessar.”
E no artigo 4.º:
“O Pontifício Instituto Teológico, assim renovado, adequará suas próprias estruturas e disporá dos instrumentos necessários – cátedras, docentes, programas, pessoal administrativo – para realizar a missão científica e eclesial que lhe é designada.”
Os dois acompanham a publicação do Motu Proprio com uma nota, que sublinha o “envolvimento direto” do papa, o qual – prosseguem dizendo – “confia a tarefa de modelar as regras, as estruturas e a operacionalidade do novo Instituto Teológico” às mesmas “autoridades acadêmicas do histórico Instituto João Paulo II”, ou seja, justamente, precisamente a eles dois, e não a outros.
Ao descrever o “mais amplo horizonte” sobre o qual deverá mover-se o Instituto, Paglia e Sequeri remetem, naturalmente, à Amoris laetitia, mas também à Laudato si’ e ao “cuidado pela criação”.
Resta agora ver quais serão os docentes da nova instituição, quais serão confirmados e quais não, tanto em Roma quanto nas outras sedes pelo mundo.
Assim também se verá que destino terão as últimas publicações do falecido Instituto, especialmente o “vade-mécum” sobre a reta interpretação da Amoris laetitia, o qual é visto como peste pelos paladinos da comunhão aos divorciados recasados e do qual o mesmo Motu Proprio Summa familiae cura parece tomar distância, quando escreve que não mais se consentirá em “limitar-nos a práticas da pastoral e da missão que refletem modelos e formas do passado”.
Por Matthew Cullinan Hoffman, LifeSiteNews, 3 de março de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com: O arcebispo que agora está no comando da Pontifícia Academia para a Vida pagou a um artista homossexual para pintar um mural homoerótico blasfemo em sua igreja-catedral em 2007. No mural está incluída uma imagem do próprio arcebispo.
O arcebispo Vincenzo Paglia também foi recentemente nomeado pelo Papa Francisco como presidente do Pontifício Instituto João Paulo II de Estudos sobre Casamento e Família.
O enorme mural ainda cobre o lado oposto da fachada da igreja catedral da Diocese de Terni-Narni-Amelia. Ele retrata Jesus puxando duas redes para o céu cheia de homossexuais nus e semi-nus, transexuais, prostitutas e traficantes de drogas, misturados entre si em abraços eróticos.
O então bispo Vincenzo Paglia aparece em uma rede “erótica” abraçado a outro homem semi-nu.
Incluído em uma das redes está Dom Paglia, que era então bispo diocesano. A imagem do Salvador foi pintada usando como modelo o rosto de um cabeleireiro local e suas partes íntimas podem ser vistas através de suas vestes translúcidas.
De acordo com o artista, um argentino homossexual chamado Ricardo Cinalli, conhecido por suas pinturas de corpos masculinos, Dom Paglia o selecionou em uma lista onde constavam dez artistas internacionalmente conhecidos, com a tarefa específica de pintar a parede interna da fachada. Dom Paglia, juntamente com Padre Fabio Leonardis, supervisionou cada detalhe da obra de Cinalli. De acordo com Cinalli, que o diz em tom de aprovação, Dom Paglia nunca lhe perguntou se ele acreditava ou não na doutrina cristã da salvação.
“Trabalhar com ele foi humana e profissionalmente fantástico”, disse Cinalli ao jornal italiano La Repubblica, em março do ano passado. “Nunca, em quatro meses, durante os quais nos víamos quase três vezes por semana, Paglia jamais me perguntou se eu acreditava ou não na salvação. Ele nunca me colocou numa posição desconfortável”.
“Não houve nenhum detalhe que fosse feito livremente, por acaso”, acrescentou Cinalli. “Tudo foi analisado. Tudo foi discutido. Nunca me permitiram trabalhar sozinho.
O artista Ricadro Cinalli afirma que os personagens nas redes foram pintados com a intenção de serem eróticos.
Cinalli admite ao jornal La Repubblica que as pessoas nuas nas redes são destinadas a serem “eróticas”, embora Dom Paglia tenha traçado um limite quando Cinalli propôs mostrar as pessoas realmente copulando.
“Neste caso, não havia – neste sentido – uma intenção sexual, mas sim erótica”, disse Cinalli. “Eu acho que o aspecto erótico é o mais perceptível entre as pessoas que estão dentro das redes”. Ele acrescentou mais tarde: “A única coisa que eles não me permitiram inserir foi o coito explícito entre duas pessoas dentro desta rede, onde tudo é permitido”.
A razão pela qual ele não foi autorizado a ser tão explícito, diz Cinalli, é que sua pintura já havia feito o suficiente para demonstrar a noção de que o homem tem “liberdade” nesta vida, e até mesmo na próxima, para se engajar em qualquer comportamento sexual que que julgar apropriado. “O bispo e o Padre Leonardis… me disseram que não achavam necessário chegar a esse extremo para demonstrar a liberdade que o homem, na realidade, já tem neste mundo e no próximo”.
A Igreja Católica condena todas as formas de comportamento sexual fora da relação sexual natural entre um homem e uma mulher unidos no casamento, incluindo a sodomia homossexual, e adverte que aqueles que morrem sem o arrependimento de tais pecados sofrerão a condenação eterna. A doutrina, que é encontrada no Antigo e Novo Testamentos da Bíblia, está refletida no Catecismo da Igreja Católica, que chama os atos homossexuais de “intrinsecamente desordenados” e acrescenta: “Em nenhuma circunstância podem ser aprovados”.
Pintura na catedral representa Jesus levantando redes cheias de prostitutas, homossexuais, e outros personagens lascivos, para o céu.
Sob a supervisão de Paglia, Cinalli pintou o próprio arcebispo em uma das redes “eróticas”, semi-nu e abraçado a um homem de barba envolto apenas em um lençol solto. Ele também pintou o Padre Leonardis, então chefe do Escritório de Patrimônio Cultural, como um homem nu e musculoso, com uma tatuagem da flecha do cupido atravessando um coração contendo a palavra “amor”, enredado com outros em uma das redes “eróticas”.
Cinalli disse a La Repubblica que Padre Fabio, que morreu logo após a pintura ter sido concluída, era um homem ainda na casa dos cinquenta anos muito “aberto”, mas se recusou a dizer se ele era um homossexual.
“Padre Fabio era completamente aberto”, disse Cinalli. “Não cabe a mim dizer se ele era homossexual ou não – não é importante, mas sua abertura foi absoluta”.
Cinalli explicou ao jornal La Repubblica que ele usou como modelo para o rosto de Jesus, o rosto de um cabeleireiro local porque as pessoas vêem Cristo de uma maneira que é “muito masculina”.
Cinalli admite que sua obra não foi bem recebida por muitos na Diocese de Terni-Narni-Amelia, que ficaram tão indignados com a obra, que Cinalli chegou a pensar que ela poderia ser destruída depois da morte de Padre Fabio. No entanto, Dom Paglia resistiu a tais pressões até deixar a diocese em 2012, e seu sucessor também resolveu deixar o mural no lugar.
LifeSite pediu à assessoria do Arcebispo Paglia para comentar, mas nenhuma resposta foi recebida até agora.
Vincenzo Paglia encarregado das questões de vida e família pelo Vaticano
Embora o mural tenha gerado controvérsia na diocese de Paglia, ele passou despercebido pelo radar da mídia nacional italiana, e a promoção de Paglia a arcebispo, bem como sua nomeação para presidente do Conselho Pontifício para a Família em 2012, não geraram nenhuma controvérsia. Em pouco tempo, porém, ele começou a dar pistas de suas atitudes liberais em relação à moralidade sexual, alegando já em 2013 que a Igreja Católica favorece “proteções legais e de herança para pessoas que vivem juntas, mas não são casadas” e se opõe a enquadrar a homossexualidade como um crime. Quando seus comentários receberam uma cobertura negativa da mídia Católica, ele afirmou que suas intenções foram “deturpadas”, mas não se retratou das suas declarações.
Dom Vincenzo Paglia.
No início de 2015, sob a direção do Arcebispo Paglia, o Pontifício Conselho para a Família organizou uma série de palestras que levantaram a possibilidade de se dar a Sagrada Comunhão a pessoas que vivem em adultério mediante um segundo casamentos civil, após algum período de penitência pública. As palestras foram então publicadas em um livro, ironicamente chamado de “Família e Igreja: um vínculo indissolúvel”.
Em julho de 2016, ainda sob a direção do Arcebispo Paglia, o Pontifício Conselho para a Família publicou um novo programa de educação sexual que inclui imagens lascivas e pornográficas tão perturbadoras que um psicólogo sugeriu que o arcebispo fosse avaliado por uma comissão de revisão, de acordo com as normas da Carta de Dallas, que se destina a proteger crianças de abuso sexual.
“Minha reação profissional imediata foi de que essa abordagem obscena ou pornográfica abusa psicologicamente e espiritualmente dos jovens”, disse o Dr. Richard Fitzgibbons, um psiquiatra que foi consultor da Congregação para o Clero no Vaticano e que atuou como professor adjunto no Instituto João Paulo II de Estudos sobre Casamento e Família na Universidade Católica da América. “Como profissional que tratou tanto de sacerdotes como vítimas da crise do abuso sexual na Igreja, o que eu achei particularmente preocupante foi que as imagens pornográficas neste programa são semelhantes às usadas por predadores sexuais adultos de adolescentes”.
Padre Fabio Leonardis, hoje falecido, aparece em uma das redes “eróticas” totalmente nu.
Em agosto do ano passado, o Papa Francisco transferiu Dom Paglia do Pontifício Conselho para a Família para a presidência da Pontifícia Academia para a Vida, bem como do Pontifício Instituto João Paulo II de Estudos sobre Casamento e Família, duas organizações fundadas pelo Papa São João Paulo II para defender a santidade da vida humana e os valores familiares. Logo se tornou evidente que a Academia estava sendo radicalmente transformada, quando novos estatutos que já não exigiam que os membros assinassem uma declaração de fidelidade aos ensinamentos perenes da Igreja Católica sobre o direito à vida, foram sancionados. Em 17 de fevereiro, foi confirmado que todos os membros associados à Academia tinham sido demitidos, deixando apenas Paglia e sua equipe no topo de uma organização vazia e com outros propósitos.
No mesmo dia, o Arcebispo Paglia fez um discurso elogiando o recém-falecido fundador do Partido Radical da Itália, Marco Pannella, um bissexual promíscuo cuja carreira foi largamente vivida atacando os valores da fé católica e da própria Igreja Católica. Apesar de Pannella ter lutado vigorosamente pela legalização do aborto, do “casamento” homossexual, dos “direitos” dos transexuais, do divórcio e uniões livres, além de procurar dissolver a concordata entre a Igreja e o Estado Italiano, Paglia o chamou de “homem de grande espiritualidade”, e disse que sua morte foi “uma grande perda, não só para o povo do Partido Radical, mas também para o nosso país”.
“Sua história mostra como um homem pode ajudar a história a avançar na defesa da dignidade de cada pessoa, especialmente aqueles que são marginalizados”, disse o Arcebispo Paglia. “Tenho grande prazer em dizer que Marco era verdadeiramente um homem espiritual que lutou e esperou contra toda a esperança.” Paglia concluiu: “Devemos receber e manter a sua (Panella) vitalidade”.
Veja o vídeo La Repubblica com a entrevista com Ricardo Cinalli (em espanhol e italiano) e que contém imagens mais detalhadas do mural.
Entrevista com o ministro da Família do Vaticano. “Foi respeitado o mandado de Francisco”.
Por Giacomo Galeazzi – Vatican Insider | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: “A mudança já está em curso e não se volta mais atrás”. No Sínodo da família, as resistências contra a comunhão aos divorciados novamente casados e outras formas de convivência de fato “não modificaram um caminho que agora já está em curso”, garante o Arcebispo Vincenzo Paglia. “Foi respeitado o mandado de Francisco: acolher e sair”, diz o ministro da Família do Vaticano.
No Sínodo emergiu uma parte da hierarquia que se opõe à obra de renovação de Francisco?
“Em primeiro lugar gostaria de esclarecer uma coisa. A Igreja, com o Sínodo, tomou a responsabilidade de refletir sobre a difícil situação que atravessam as famílias do mundo. É importante ter essa perspectiva para entender o que está em jogo e, portanto, também a honestidade e a importância do debate. Como eu gostaria que em todas as outras instituições políticas, sociais, econômicas, se fizesse o que fizemos no Sínodo. De frente a um mar de problemas era evidente que se conduzisse um debate articulado e animado. Você fala sobre alguma oposição à renovação querida pelo Papa Francisco. O próprio Papa alertou sobre duas tentações, aquela de arrogar-se em defesa de posições auto-referenciais e a outra do bonismo superficial. O Sínodo foi convocado para ouvir a situação das famílias reais de hoje e vir ao seu encontro de um modo apaixonado e certamente não severo. Não foi e não deve ser uma mera repetição da Doutrina. Francisco pede uma Igreja que se coloca a caminho para acomodar a todos e recolher os necessitados. Jesus em primeiro lugar – disse o Papa Francisco – dá-nos o exemplo. A assembléia sinodal – mesmo com todas as suas limitações – procurou debruçar-se sobre o coração dos problemas das pessoas, famílias, querendo saber como responder. Eu acho que ainda é necessário continuar a ouvir e buscar respostas. O texto final – mesmo com toda a lentidão com que se apresenta – no entanto, abriu o caminho que deve agora prosseguir nas dioceses até o Sínodo Ordinário do próximo ano. Não podemos nos fechar em uma fortaleza que se entrincheira na rigidez dos preceitos”.
As novidades foram freadas?
“Repito, o caminho já foi aviado. Francisco está diante de todos nós, e abre o caminho. Ainda que alguma coisa não tenha funcionado como deveria, ele exercitou sua missão de pastor universal. Poderíamos dizer – comparando com uma imagem de veículos automóveis – que na franqueza do debate nem todos os pistões do motor se moveram em harmonia. Por isso, a máquina do Sínodo também precisou de alguns empurrões. Mas o resultado é que o carro foi igualmente colocado em movimento, saiu da garagem e já está na estrada. Não em um circuito fechado e reparado, mas pelas estradas do mundo, as mesmas percorridas pelo bom samaritano que, ao contrário do sacerdote e do levita não prosseguiu mais além, mas parou e se encarregou do ferido, ou seja, das inúmeras famílias feridas. É inevitável deixar-se ferir. É daqui que parte o caminho sinodal que deveremos percorrer esse ano. E não só os bispos, os 191 que participaram do Sínodo, mas todos, também as famílias cristãs. Espero que em todas as partes do mundo, haja uma espécie de despertar, o debate, a discussão, a ajuda para as famílias. Se inicialmente houve um questionário e, logo em seguida, um Sínodo Extraordinário, espero que agora se dê início a uma ação mais direta nas ruas para individualizar caminhos e soluções viáveis.
Por isso é que deveria ser evitada a lógica do muro contra muro?
“Absolutamente sim. Não quero dizer que devemos reduzir os debates, muito pelo contrário, eu gostaria que se levantasse as preocupações e o compromisso. Isso é o que eu pretendo ajudar , bem como o Conselho Pontifício para a Família. Nosso trabalho como pastores – eu diria a todos, incluindo as famílias – é sair da sacristia e das paredes das igrejas para ir ao encontro de pessoas em carne e osso. Não percamos tempo tentando salvaguardar posições abstratas. Somos chamados mais à “salus animarum” do que à “salus principiorum.” Temos que ir para a rua com o evangelho e com aquela “simpatia imensa” pelo homem da qual falava o bem-aventurado Paulo VI.
Mas não existe um atraso cultural?
“Eu diria que há um atraso tanto cultural como espiritual, um atraso em amar, em compreender de modo apaixonado os outros. O individualismo que hoje impera arrisca criar uma sociedade de pessoas solitárias. O Sínodo, através da reproposição da família como o motor da sociedade, pede a todos que redescubram a força cultural daquela palavra que está lá no início da Bíblia: ‘Não é bom que o homem esteja só’. Esta página está agora em perigo por causa do culto ao ego. O amigo Giuseppe De Rita fala de “egolatria”, uma seita em cujo altar se sacrifica tudo, até mesmo os afetos mais queridos. Redescobrir as dimensões familiares da vida significa ajudar a sociedade a ser mais firme e mais forte, menos “líquida” e mais coesa. Todos, sem exceção, precisamos de um amor mais robusto, mais generoso, que nos faça estender os braços, que nos faça abrir nossos corações. Na cruz, Jesus não olha para si mesmo, ele não chora sobre si mesmo e nem sobre seus próprios problemas. Ele olha para o jovem discípulo e sua mãe idosa, olha para cada um de nós. Os jovens sem esperança e os adultos endurecidos pela vida”.