Não tem nada a ver com uma rejeição da autoridade do Concílio Vaticano Segundo per se, ou o posterior múnus papal de ensinar. Antes, tem a ver com certas afirmações ou ensinamentos nos documentos conciliares sobre a liberdade religiosa, ecumenismo, relações com religiões não-cristãs, o conceito das reformas litúrgicas, a unidade do Magistério vis-à-vis com a tradição. Em geral, as dificuldades da FSSPX tem a ver com a continuidade ou o desenvolvimento coerente de certos ensinamentos do Concílio, e o múnus papal de ensinar em vista do Magistério imutável da Igreja e da tradição. Não me parece que a FSSPX rejeite por princípio que seja possível ou legítimo haver um desenvolvimento, ou um aprofundamento orgânico, coerente, da doutrina Católica. O que separa a FSSPX da posição da Santa Sé é o juízo feito sobre a continuidade ou consistência entre certos ensinamentos do Concílio Vaticano Segundo e as declarações anteriores do Magistério. Creio que as declarações mais recentes do Papa Bento XVI sobre a hermenêutica de renovação na continuidade com a tradição e o perene Magistério da Igreja fornecem um princípio básico para a solução do conflito. Elas giram em torno de aplicar este princípio tanto nos casos particulares como no todo — mais do que até agora vem sendo.
[…]
O caso de Dom Williamson é um incidente isolado, e cabe ao Superior da FSSPX lidar com ele dentro da Fraternidade, mesmo com medidas disciplinares, como ditarem as circunstâncias. A Santa Sé já se expressou com absoluta clareza sobre a questão das posições de Williamson. No livro Luz do Mundo, que acabou de ser publicado, o Santo Padre confirmou que o caso Williamson, na medida em que tem a ver com seus pronunciamentos errôneos com relação ao holocausto, é uma questão separada. Ela deve ser completamente separada da questão da relação entre a FSSPX e a Santa Sé, que tem a ver com problemas de doutrina e direito canônico”.
Monsenhor Guido Pozzo em entrevista concedida à Rádio Vaticano
As questões que dividem e o caso Williamson.
O Papa sobre os bispos da FSSPX: “suas excomunhões não tinham nada a ver com o Vaticano II”.
Apresentamos nossa tradução de trecho de matéria do jornal francês La Croix, ainda sobre o livro-entrevista do Papa:
Sobre o episódio Ratisbona, [o Papa fez] esta confissão: “tinha concebido e tinha feito este discurso como um texto estritamente acadêmico, sem ter consciência que a leitura que se faz de um discurso pontifício não é acadêmica, mas política”, após constatar uma retomada do diálogo islamo-cristão.
Sobre o caso Williamson, [expressou] o sentimento não ter sido compreendido: “suas excomunhões [dos bispos da FSSPX] não tinham nada a ver com o Vaticano II; foram pronunciadas em razão de uma transgressão ao princípio da primazia. Eles acabavam de proclamar numa carta a sua aprovação a este princípio; a consequência jurídica por conseguinte estava perfeitamente clara”. Mas, enfatiza ainda, “infelizmente realizamos um mau trabalho de informação do público”. E sobretudo, chegou “a catástrofe Williamson”: “cometemos o erro de não estudar e preparar suficientemente este caso”.
Comunicado oficial da FSSPX: “A desobediência a esta ordem faria incorrer a Mons. Williamson a exclusão da Fraternidade Sacerdotal São Pio X”.
O Superior Geral, Mons. Bernard Fellay, tomou conhecimento pela imprensa da decisão de Mons. Richard Williamson de destituir, dez dias antes de seu julgamento, o advogado encarregado de seus interesses para se deixar defender por um advogado abertamente ligado ao movimento dito neo-nazi na Alemanha e a outros de seus grupos.
Mons. Fellay determinou formalmente a Mons. Williamson voltar atrás nesta decisão e não se deixar instrumentalizar por teses políticas totalmente alheias à sua missão de bispo católico a serviço da Fraternidade São Pio X.
A desobediência a esta ordem faria incorrer a Mons. Williamson a exclusão da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Menzingen, 20 de novembro de 2010.
Padre Christian Thouvenot, secretário geral
Fonte: DICI
Dom Fellay sobre suposto Motu Proprio: fofoca desautorizada.
Excerto de notícia de The Remmant via Rorate-Caeli:
Dom Fellay nega qualquer conhecimento sobre novo Motu Proprio – Rotula o rumor de Dom Williamson de “fofoca” e “desautorizado”
24 de agosto de 2010 — O Superior Geral da Fraternidade São Pio X (FSSPX), Dom Bernard Fellay, um dos quatro bispos cujas excomunhões foram levantadas pelo Papa Bento XVI em janeiro de 2009, negou hoje categoricamente qualquer conhecimento de um suposto motu proprio especial sendo planejado pela Santa Sé para a FSSPX, como afirmado recentemente pelo bispo da FSSPX Richard Williamson.
“Estou muito contrariado com essa coisa toda”, disse Dom Fellay. “A declaração de Dom Williamson é uma afirmação desautorizada e é sua declaração pessoal, e a não da Fraternidade”
“Nunca foi a posição da Fraternidade basear qualquer espécie de ação ou política em fofocas. Não tenho absolutamente nenhum conhecimento de qualquer motu proprio”.
[…]
Dom Williamson também disse que, segundo fontes tanto da Santa Sé como da FSSPX, as discussões doutrinais em curso supostamente “se chocaram contra uma parede”.
No entanto, na entrevista de hoje, Dom Fellay decisivamente negou esta afirmação. Ele disse que as conversações doutrinais entre os representantes da FSSPX e os teólogos da Santa Sé estão em andamento e prosseguindo como planejado, com o próximo encontro agendado para setembro.
“Nada mudou”, disse Dom Fellay. “Tudo isso são fofocas e rumores e eu não tenho nada a ver com rumores e fofocas. Tudo isso é nulo — vazio”.
“Por enquanto, tudo está bem e tudo está indo suavemente segundo o planejado”, disse.
Dom Fellay afirma ainda que “um alto prelado” do Vaticano, tratando do efeito potencial deste documento sobre o futuro do Novus Ordo Missae, teria declarado pensar que “teríamos de 20 a 25 até que a Nova Missa desaparecesse”. Amém!
Caso Williamson longe do fim.
A Fraternidade de São Pio X teria proibido Dom Richard Williamson de fazer qualquer comunicação pública.
Em uma carta dirigida no início de março a Dom Richard Williamson pelo Secretário Geral da Fraternidade, Padre Christian Thouvenot, em nome do Superior Geral, o bispo inglês teria recebido “ordem expressa” de não comparecer ao tribunal em Regensburg hoje, sexta-feira. É o que afirma o jornal Der Tagesspiegel, que diz ter tido acesso à cópia desta carta. Dom Williamson foi representado por seu advogado. Na terça-feira [13] foi anunciado que Williamson não tomaria parte no processo movido contra ele por acusações de crime de incitação a ódio.
Segundo o jornal, a carta também acrescentaria que “Williamson será proibido ainda de dar entrevistas públicas que tratem de outros temas que não as questões estritamente religiosas. E também para essas questões ele precisará da permissão do Superior Geral”.
Além disso, Dom Williamson seria “encorajado” a encerrar todas as suas atividades na Internet. “O Superior Geral pede para incluir [no pedido de silêncio] toda a comunicação via Internet, seja em um blog, fórum ou sua página”, escreve o Secretário Geral, Padre Thouvenot. Dom Williamson inclusive teria sido instruído a cancelar seu atual endereço de e-mail, passando a usar um novo fornecido pela Fraternidade.
Dom Richard Williamson é acusado de crime de incitação a ódio, depois de uma entrevista concedida a uma equipe de TV sueca, em novembro de 2008, em que questionava o uso das câmaras de gás e o número dos judeus mortos pelo regime nazista. Consequentemente, o tribunal distrital de Regensburg enviou-lhe uma multa com taxa diária por 120 dias, o que significa uma condenação prévia. Em seguida, Dom Williamson optou pelo processo judicial, cuja sentença proferida hoje confirmou a multa aplicada.
O porta-voz da Casa Geral da Fraternidade, em Menzingen, na Suíça, não quis falar nada sobre a carta recebida pelo Tagesspiegel – “sem comentários”.
Notas: entrevista de D. Fellay ao seminário St. Thomas Aquinas.
Apresentamos algumas notas tomadas da entrevista concedida por Dom Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, ao seminário americano da mesma em 5 de abril, Domingo de Ramos, deste ano. Não se trata de uma transcrição ipsis litteris, mas de anotações que buscam resumir o que há de mais importante nas quase duas horas de entrevista. Caso nossos amigos encontrem algo relevante que não tenha sido relatado abaixo, poderá nos informar na caixa de comentários.
Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.
Primeira parte da entrevista aqui.
– É fato, Dom Williamson não atua mais como bispo na FSSPX. O “silenciamento” de Williamson é conseqüência de suas palavras “altamente imprudentes” que infringem leis em vários países de Europa. Segundo Dom Fellay, em fevereiro um homem foi sentenciado a 6 anos de prisão por dizer o mesmo que Dom Williamson. Com a União Européia, a possibilidade de Dom Williamson ser preso na Alemanha, mesmo estando na Inglaterra, é “muito grande”. As afirmações não trouxeram apenas limitações para dom Williamson, mas também problemas civis para a Fraternidade , que chegou a perder centros de missas e capelas, cujos locadores se recusaram a continuar tendo a FSSPX em suas dependências. Também outros projetos de expansão da Fraternidade foram perdidos. Conforme Dom Fellay, a FSSPX é uma organização da Igreja Católica e trabalha pelos propósitos da Igreja, que é a salvação das almas através da pregação da Revelação. Adentrar em matérias históricas não faz parte deste objetivo.
– Pressão sobre Bento XVI: Dom Fellay crê que a entrevista feita em novembro foi usada exatamente no momento do levantamento das excomunhões para pôr pressão sobre o Papa, “tentando bloqueá-lo em seus esforços para fazer alguma restauração na Igreja e ir na direção correta”.
– Questionado se Dom Williamson poderá servir a FSSPX de maneira ativa novamente, respondeu: “É uma questão difícil”. Se ele permanecer em sua posição, é difícil pensar que poderá realizar ordenações ou coisas importantes, pois a má fama de Dom Williamson se espalhará facilmente e atingirá a Fraternidade. “Posso dizer que o único modo que aparece agora, ao menos que essas circunstâncias mudem, seria que Dom Williamson se retratasse”.
– “Mesma necessidade, mesma solução”: Sobre consagrar novos bispos numa nova “operação sobrevivência”, afirma que se as mesmas circunstâncias e necessidades se realizassem novamente e não existissem outras possibilidades, sim. Mas não crê que estas circunstâncias estejam já presentes.
– Aos que crêem que qualquer contato com Roma constitui um compromisso e um perigo para a conservação da Fé Católica, Dom Fellay responde que o propósito em se manter relações deve ser a unidade na única Igreja Católica, que tem as promessas de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, e à qual devemos pertencer para ser salvos. Também sabemos que na Igreja há problemas e que eles sempre existiram em toda sua história. Comparando a crise da Igreja com um câncer, Dom Fellay diz que se deve combater o câncer, mas não a pessoa que dele padece. Temos que sustentar que a Igreja é um corpo visível. Quando se diz “igreja moderna”, “igreja conciliar”, “igreja oficial”, se faz uma simplificação que estritamente não é correta. As conversações não são fáceis e sem perigos, mas quando se espera que a Igreja melhore é necessário ajudar. A FSSPX conseguiu grandes feitos de Roma sem sequer uma concessão.
– Ainda o caso Williamson: Dom Fellay diz que Roma teria inicialmente acolhido o pedido de desculpas de Dom Williamson, mas com o passar dos dias a pressão teria aumentado muito. Para aliviar a pressão sobre o Papa, Roma teria diminuído a importância da FSSPX e feito uma exigência até então nunca realizada com tal vigor: a plena aceitação do Concílio Vaticano II. Dom Fellay considera tal postura autoritária e muito estranha, que teria se dado para tranqüilizar os progressistas. Muitas conferências episcopais temem perder o que conquistaram desde o Concílio. Também considera muito estranho que se peça a aceitação da “Shoah”, quando a Igreja só deve exigir a fé católica. Não sabe como as coisas continuarão, já que a Fraternidade não esperava tudo isso, mas considera que essas ações sejam sinais para que ajam com muita prudência.
– Na cúria: há aqueles muito favoráveis à verdadeira restauração da Igreja, têm um real entendimento da crise, mas são poucos. Contudo, as coisas estão muito melhores que há dez anos.
– Devemos esperar que a situação se reverta. No Concílio, inicialmente, os liberais não eram maioria e manobraram para tomar a liderança. As pequenas coisas que vemos atualmente talvez sejam o começo de uma reviravolta que Dom Fellay espera que seja similar àquela. O progressismo está morrendo e não tem futuro, enquanto há força nos tradicionalistas. Cristo é a cabeça da Igreja e o Espírito Santo sua alma; Deus pode permitir que a Igreja sofra, mas também que seja curada, do modo que Ele quiser, quando quiser, aconteça o que acontecer. Deus pode permitir que da situação difícil venha a “ressurreição” da Igreja para provar ainda mais sua divindade.
– Coragem e Fé: Não há dúvida que o levantamento do decreto das excomunhões foi um ato corajoso do Papa. Mas alguns questionam: ele tem Fé? Dom Fellay está certo que ele quer ter a Fé, mas alguns de seus livros de quando era jovem são “verdadeiramente embaraçosos, preocupantes”. O modo filosófico com que expressa sua fé pode inquietar algumas pessoas. É necessário fazer distinções, pois há heresias diretas onde se perde a fé ao pronunciá-las, pois heresia é contradizer um dogma, o que não é o caso. Dom Fellay crê que se alguém perguntar ao Papa se ele crê em determinado dogma, receberia a resposta católica, embora em determinados livros se tenha teses embaraçosas.
– Discussões doutrinárias: Sua Excelência crê que começarão logo, pois todos querem que comecem. Não há elementos concretos. Não sabe onde serão realizadas e prefere textos em vez de conversas. A idéia é apresentar os problemas que a FSSPX tem com relação ao Concílio e esperar esclarecimentos.
– Princípios que guiarão a FSSPX : a Fé e a Tradição. João Paulo II e hoje Bento XVI defendem uma ligação entre o Concílio e a Tradição. Mesmo não havendo consenso sobre a palavra Tradição, Dom Fellay pensa ser uma boa direção. Direção esta que a FSSPX sempre seguiu. Afinal, o que seria mais importante: o Concílio ou o que a Igreja disse até agora? É claro que a Igreja não pode começar no Vaticano II; se é assim, há uma “nova Igreja” e os que a defendem não são católicos. Na Igreja não há nada novo, mas apenas crescimento homogêneo (precisões ou novos termos para eliminar erros, por exemplo, o uso do termo “transubstanciação”). Portanto, deve-se considerar o concílio à luz da Tradição, isto é, seguindo o critério da Tradição. É absolutamente necessário que a luz da Tradição ilumine a Igreja hoje. Não se pode excluir que, por se estar tratando com filosofia moderna, é possível se ter um final não esperado. Neste caso a FSSPX continuaria seu caminho, colocando tudo nas mãos de Deus.
– Novos padres podem se aproximar da FSSPX por causa do levantamento das excomunhões. A FSSPX reordenará estes padres sob condição? A idéia de que toda ordenação no Novus Ordo seria inválida é errada. A posição correta é a mesma com relação à nova missa. “Em si mesma, estritamente falando, se todas as condições requeridas pela natureza dos sacramentos são respeitadas, temos que contar com a validade, embora experimentemos que certo número dos sacramentos são distribuídos invalidamente por falta de um dos elementos”. São bispos que têm um conceito errôneo do que é ser padre. Em casos onde as dúvidas eram muito sérias, e considerando que a Igreja requer que se tenha certeza neste aspecto, realiza-se a reordenação sob condição. Dos que não há dúvidas, não há porque reordenar.
– Dom Fellay ouviu em Roma que se pretende impor o latim no cânon da nova missa.
– O estado de necessidade ainda existe, pois a missa não é o único problema. É necessário ter uma visão ampla da situação da igreja. De jure há missa, mas na prática não. O Papa na carta aos bispos diz a fé corre o risco de desaparecer (“No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento”) . Isso prova o estado de necessidade.
– Para se evitar posições extremas (se referindo aos que não querem contato algum com Roma) basta rezar pelo Papa, que tem o trabalho mais difícil da terra.
– Maior desafio a ser ultrapassado na Igreja: sair da crise sem provocar uma maior. Colocar o trem nos trilhos quando há muita resistência. O risco de se despedaçar é enorme. Deve-se ir em direção à restauração sem sofrer maiores danos do que os atuais. É como ter um grande trem ou navio e uma grande curva. Não se impõe a um trem em alta velocidade uma curva acentuada.
– Sítios sedevecantistas americanos: Dom Fellay não vê grandes diferenças entre internet, televisão, rádio e imprensa em geral. São meios que darão frutos conforme seu bom ou mau uso. Os fiéis que colocam sua confiança em pseudo doutores sem autoridade nem missão na Igreja correm sério risco de pecar. Alguns sites citam palavras de Mons. Lefebvre ao cardeal Ratzinger onde ele diz, em suma, que mesmo se Roma desse a ele tudo que fosse necessário, não poderiam trabalhar juntos por Roma não aceitar a doutrina de Cristo Rei. Dom Lefebvre relatou este diálogo que se deu no verão de 1987 numa conferência aos seminaristas. Depois disso, Dom Lefebvre ainda diria numa carta entre julho-agosto de 1987 aos futuros bispos que Roma estava ocupada por ‘anticristos’. Todavia, estes sites nunca citam que após estes acontecimentos Dom Lefebvre pediu uma visitação canônica de Roma, cujas discussões aconteceram em abril de 1988. Tais citações devem ser analisadas, portanto, em seu contexto. É prática atual analisar as coisas sem suas circunstâncias. É questão de honestidade intelectual procurar compreender o que quis dizer o autor da frase. Tivemos um tempo difícil com Roma e hoje o problema persiste. Dissemos ao Cardeal Castrillón o mesmo que Lefebvre disse em 1987: “Se nos querem, devem respeitar nossa identidade. Não vai dar certo se nos pedir para mudar nossa identidade”. Nosso Senhor é Senhor, e todos os poderes Lhe devem ser dados no céu e na terra. “Definitivamente não vamos mudar isso”.
– Dom Fellay crê que a entrevista feita em novembro foi usada exatamente no momento do levantamento das excomunhões para pôr pressão sobre o Papa, “tentando bloqueá-lo seus esforços para fazer alguma restauração na Igreja e ir na direção correta”.
– Questionado se Dom Williamson poderá servir a FSSPX de maneira ativa novamente, respondeu: “É uma questão difícil”. Se ele permanecer em sua posição, é difícil pensar que poderá realizar ordenações ou coisas importantes, pois a má fama de Dom Williamson se espalhará facilmente e atingirá a Fraternidade. “Posso dizer que o único modo que aparece agora, ao menos que essas circunstâncias mudem, seria que Dom Williamson se retratasse”.
– “Mesma necessidade, mesma solução”: Sobre consagrar novos bispos numa nova “operação sobrevivência”: se as mesmas circunstâncias e necessidades se realizassem novamente e não existissem outras possibilidades, sim. Mas não crê que estas circunstâncias estejam já presentes.
– Aos que crêem que qualquer contato com Roma constitui um compromisso e um perigo para a conservação da Fé Católica, Dom Fellay responde que o propósito em se manter relações deve ser a unidade na única Igreja Católica, que tem as promessas de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, e à qual devemos pertencer para sermos salvos. Também sabemos que na Igreja há problemas e que eles sempre existiram em toda sua história. Comparando a crise da Igreja com um câncer, Dom Fellay diz que se deve combater o câncer, mas não a pessoa que dele padece. Temos que sustentar que a Igreja é um corpo visível. Quando se diz “igreja moderna”, “igreja conciliar”, “igreja oficial”, se faz uma simplificação que estritamente não é correta. As conversações não são fáceis e sem perigos, mas quando se espera que a Igreja melhore é necessário ajudar. A FSSPX conseguiu grandes feitos de Roma sem sequer uma concessão.
– Dom Fellay diz que Roma teria inicialmente acolhido o pedido de desculpas de Dom Williamson, mas que com o passar dos dias a pressão aumentou muito. Para aliviar a pressão sobre o Papa, Roma teria diminuído a importância da FSSPX e feito uma exigência até então nunca realizada com tal vigor: a plena aceitação do Concílio Vaticano II. Dom Fellay considera tal postura autoritária e muito estranha, que teria se dado para tranqüilizar os progressistas. Muitas conferências de bispos temem perder o que conquistaram desde o Concílio. Também considera muito estranho que se peça a aceitação da “Shoah”, quando a Igreja só deve exigir a fé católica. Não sabe como as coisas continuarão, já que a Fraternidade não esperava tudo isso, mas considera que essas ações sejam sinais para que ajam com muita prudência.
– Na cúria: há aqueles muito favoráveis à verdadeira restauração da Igreja, têm um real entendimento da crise, mas são poucos. Contudo, as coisas estão muito melhores que há dez anos.
– Devemos esperar que a situação se reverta. No Concílio, inicialmente, os liberais não eram maioria e manobraram para tomar a liderança. As pequenas coisas que vemos atualmente talvez sejam o começo de uma reviravolta que Dom Fellay espera que seja similar. O progressismo está morrendo e não tem futuro, enquanto há força nos tradicionalistas. Cristo é a cabeça da Igreja e o Espírito Santo sua alma; Deus pode permitir que a Igreja sofra, mas também que seja curada, do modo que Ele quiser, quando quiser, aconteça o que acontecer. Deus pode permitir que da situação difícil venha a “ressurreição” da Igreja para provar ainda mais sua divindade.
– Não há dúvida que o levantamento do decreto das excomunhões foi um ato corajoso do Papa. Mas alguns questionam: ele tem Fé? Dom Fellay está certo que ele quer ter a Fé, mas alguns de seus livros de quando era jovem são “verdadeiramente embaraçosos, preocupantes”. O modo filosófico com que expressa sua fé pode inquietar algumas pessoas. É necessário fazer distinções, pois há heresias diretas onde se perde a fé ao pronunciá-las, pois heresia é contradizer um dogma, o que não é o caso. Dom Fellay crê que se alguém perguntar ao Papa se ele crê em determinado dogma, receberia a resposta católica, embora em determinados livros se tenha teses embaraçosas.
– Discussões doutrinárias: Sua Excelência crê que começarão logo, pois todos querem que comecem. Não há elementos concretos. Não sabe onde serão realizadas e prefere textos em vez de conversas. A idéia é apresentar os problemas que a FSSPX tem com relação ao Concílio e esperar esclarecimentos.
– Princípios que guiarão a FSSPX : a Fé e a Tradição. João Paulo II e hoje Bento XVI defendem uma ligação entre o Concílio e a Tradição. Mesmo não havendo consenso sobre a palavra Tradição, Dom Fellay pensa ser uma boa direção. Direção esta que a FSSPX sempre seguiu. Afinal, o que seria mais importante: o Concílio ou o que a Igreja disse até agora? É claro que a Igreja não pode começar no Vaticano II; se é assim, há uma “nova Igreja” e os que a defendem não são católicos. Na Igreja não há nada novo, mas apenas crescimento homogêneo (precisões ou novos termos para eliminar erros, por exemplo, o uso do termo “transubstanciação”). Portanto, deve-se considerar o concílio à luz da Tradição, isto é, seguindo o critério da Tradição. É absolutamente necessário que a luz da Tradição ilumine a igreja hoje. Não se pode excluir que, por se estar tratando com filosofia moderna, é possível se ter um final não esperado. Neste caso a FSSPX continuaria seu caminho, colocando tudo nas mãos de Deus.
– Novos padres podem se aproximar da FSSPX por causa do levantamento das excomunhões. A FSSPX reordenará estes padres sob condição? A idéia de que toda ordenação no Novus Ordo seria inválida é errada. A posição correta é a mesma com relação à nova missa. “Em si mesma, estritamente falando, se todas as condições requeridas pela natureza dos sacramentos são respeitadas, temos que contar com a validade, embora experimentemos que certo número dos sacramentos são distribuídos invalidamente por falta de um dos elementos”. São bispos que têm um conceito errôneo do que é ser padre. Em casos onde as dúvidas eram muito sérias, e considerando que a Igreja requer que se tenha certeza neste aspecto, realiza-se a reordenação sob condição. Dos que não há dúvidas, não há porque reordenar.
– Dom Fellay ouviu em Roma que se pretende impor o latim no cânon da nova missa.
– O estado de necessidade ainda existe, pois a missa não é o único problema. É necessário ter uma visão ampla da situação da igreja. De jure há missa, mas na prática não. O Papa na carta aos bispos diz a fé corre o risco de desaparecer (“No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento”) . Isso prova o estado de necessidade.
– Para se evitar posições extremas (se referindo aos que não querem contato algum com Roma) basta rezar pelo Papa, que tem o trabalho mais difícil da terra.
– Maior desafio a ser ultrapassado na Igreja: sair da crise sem provocar uma maior. Colocar o trem nos trilhos quando há muita resistência. O risco de se despedaçar é enorme. Deve-se ir em direção à restauração sem sofrer maiores danos do que os atuais. É como ter um grande trem ou navio e uma grande curva. Não se impõe a um trem em alta velocidade uma curva acentuada.
– Sítios sedevecantistas americanos: Dom Fellay não vê grandes diferenças entre internet, televisão, rádio e imprensa em geral. São meios que darão frutos conforme seu bom ou mau uso. Os fiéis que colocam sua confiança em pseudo doutores sem autoridade nem missão na Igreja correm sério risco de pecar. Alguns sites citam palavras de Mons. Lefebvre ao cardeal Ratzinger onde ele diz, em suma, que mesmo se Roma desse a ele tudo que fosse necessário, não poderiam trabalhar juntos por Roma não aceitar a doutrina de Cristo Rei. Dom Lefebvre relatou este diálogo que se deu no verão de 1987 numa conferência aos seminaristas. Depois disso, Dom Lefebvre ainda diria numa carta entre julho-agosto de 1987 aos futuros bispos que Roma estava ocupada por ‘anticristos’. Todavia, estes sites nunca citam que após estes acontecimentos Dom Lefebvre pediu uma visitação canônica de Roma, cujas discussões aconteceram em abril de 1988. Tais citações devem ser analisadas, portanto, em seu contexto. É prática atual analisar as coisas sem suas circunstâncias. É questão de honestidade intelectual procurar compreender o que quis dizer o autor da frase. Tivemos um tempo difícil com Roma e hoje o problema persiste. Dissemos ao Cardeal Castrillón o mesmo que Lefebvre disse em 1987: “Se nos querem, devem respeitar nossa identidade. Não vai dar certo se nos pedir para mudar nossa identidade”. Nosso Senhor é Senhor, e todos os poderes Lhe devem ser dados no céu e na terra. “Definitivamente não vamos mudar isso”.
Carta do Papa aos bispos de todo o mundo sobre o levantamento das excomunhões: “Estou entristecido pelo fato de que mesmo os Católicos consideraram ter de me atingir com uma hostilidade pronta para o ataque”. [ATUALIZADO]
Atualização [11/03/2009, às 13:34] Circulam pela internet versões não oficiais que não publicaremos, já que a tradução portuguesa oficial será publicada amanhã pela Santa Sé. Apenas uma nota: o propósito do Papa de unir a Comissão Ecclesia Dei à Congregação para a Doutrina da Fé vem confirmar notícias sobre a aposentadoria do Cardeal Dario Castrillón Hoyos. Já noticiamos anteriormente rumores de que o Arcebispo Raymond Burke assumiria o comando da Comissão. Entretanto, pode-se cogitar a própria dissolução da Ecclesia Dei, dividindo-se em dois órgãos internos de duas congregações: a do Culto Divino e a da Doutrina da Fé. Afinal, a missa tradicional foi reconhecida como uma forma do Rito Romano e, consequentemente, está em vigor em toda a Igreja; portanto, nada mais apropriado que ficar sob tutela da Congregação para o Culto Divino (cujo Prefeito lhe é muito favorável). E reconhecidas as “questões abertas” com a Fraternidade, é evidente que as conversações devem se dar com a Congregação para a Doutrina da Fé.
Estando as normas do motu proprio Ecclesia Dei quanto à celebração do Rito de São Pio V ab-rogadas por Summorum Pontificum; tendo vários institutos já sido reconhecidos canonicamente pela Santa Sé (e alguns deles não pela Ecclesia Dei, mas pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada); as excomunhões dos bispos da FSSPX tendo sido levantadas pelo Papa e restando apenas as discussões doutrinais, a Comissão Ecclesia Dei praticamente perderia sua razão de ser. Ainda mais considerando a ineficiência da Comissão em impor-se ante as afrontas do episcopado — causado fundamentalmente por seu pequeno “porte”, já que o motu proprio “Ecclesia Dei” não lhe concede poderes para se sobrepor aos caprichos dos bispos –, coisa que só poderia ser combatida pelas Congregações “ordinárias” como uma matéria comum na vida da Igreja.
O art. 11 de Summorum Pontificum diz que a “Pontifícia Comissão ‘Ecclesia Dei’, erigida por João Paulo II em 1988, segue exercitando sua missão. Esta Comissão deve ter a forma, e cumprir as tarefas e as normas que o Romano Pontífice queira atribuir-lhe“. Veremos num futuro próximo quais serão estas disposições do Santo Padre.
Outro pequeno detalhe: amanhã é dia de São Gregório Magno.
Atualização [11/03/2009, às 09:34] – Mais detalhes via Andrea Tornielli:
O Papa lamenta, em seguida, o fato de que o mesmo levantamento da excomunhão, “o alcance e os limites da medida”, não foram “elucidados de modo suficientemente claro no momento da sua publicação”. E precisa que a excomunhão afeta pessoas, não instituições: a revogação é um ato disciplinar, que permanece bem distinto do âmbito doutrinal: “O fato de que a Fraternidade São Pio X não possui uma posição canônica na Igreja não se baseia em última instância sobre razões disciplinares, mas doutrinais” e seus ministros, mesmo que ” tenham sido liberados da punição eclesiástica, não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja”.
Continuando sobre este tema, o Papa anuncia a intenção de unir a comissão Ecclesia Dei, que lida com os lefebvrianos, à Congregação para a Doutrina da Fé. E falando do propósito disse: “Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962 – isso deve ser bem claro para a Fraternidade. Mas alguns daqueles que se mostram como defensores do Concílio também devem ser recordar à memória que o Vaticano II traz consigo toda a história da doutrina da Igreja. Quem quer ser obediente ao Concílio deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes das quais a árvore vive”.
Bento XVI – e é a parte mais comovente da carta – em seguida responde à pergunta crítica que muitos lhe reviraram nestas semanas: o levantamento da excomunhão era necessário? Era realmente uma prioridade? O Papa respondeu que a sua prioridade como pastor universal “é tornar Deus presente neste mundo e de abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos …em Jesus crucificado e ressuscitado”. No momento em que Deus desaparece do horizonte dos homens, é necessário “ter ao coração a unidade dos crentes”, porque a sua discórdia e confronto “põe em dúvida a credibilidade do seu falar sobre Deus”. Mesmo “reconciliações pequenas e médias” fazem, portanto, parte da prioridade para a Igreja. O “calmo gesto de uma mão estendida”, em vez, deu origem a um grande barulho, transformando-se assim “no contrário de uma reconciliação.”
[…] Bento XVI não esconde que da Fraternidade por um longo tempo chegaram “muitas coisas conflituosas – soberba, arrogância, unilateralismo, etc. Por amor à verdade devo acrescentar que também recebi uma série de depoimentos comoventes de gratidão, nos quais ficavam perceptíveis uma abertura do coração”.
De Rorate-Caeli:
Uma carta do Papa Bento XVI a todos os Bispos do mundo sobre o levantamento das excomunhões dos Bispos da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX/SSPX) e sobre todos os aspectos envolvendo os problemas subsequentes relacionados ao Bispo Richard Williamson será publicada amanhã (quinta-feira). Várias fontes de notícias Italianas fornecem alguns excertos da carta esta manhã, e forneceremos uma tradução o mais rápido possível.
Excertos (Atualizado):
A carta anunciará que a Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei” será colocada sob a autoridade da Congregação para a Doutrina da Fé (embora, por este momento, não seja claro se apenas em matérias doutrinais). O Papa deixa claro aos Tradicionalistas que não é possível “congelar” a autoridade Magisterial da Igreja em 1962 — mas ele também reprovará aqueles que se proclamam a si mesmos como “grandes defensores do Concílio” mas não querem compreender que o Vaticano II continua com a “história doutrinal inteira da Igreja”.
O Papa é franco com aqueles que proclamam o ecumenismo, mas não querem seguir através dele com a Fraternidade: “Podemos nós lançar à absoluta indiferença uma comunidade na qual existem 491 padres, 215 seminaristas,… 117 irmãos, 164 irmãs, e milhares de fiéis? Devemos nós verdadeiramente deixá-los se dispersarem da Igreja? Nos é permitido simplesmente excluí-los, como representantes de um grupo radical e marginal, da busca pela unidade e reconciliação?”
…
“Um contratempo imprevisível para mim foi o fato de que o caso Williamson foi colocado acima da remissão das excomunhões. O discreto gesto de misericórdia em direção dos quatro bispos, ordenados válida mas ilicitamente, apareceu inesperadamente como uma matéria completamente diferente: como uma negação da reconciliação de Cristãos e Judeus, e então como uma revogação daquilo que o Concílio esclareceu como o caminho da Igreja a respeito desta matéria”.
“Estou entristecido pelo fato de que mesmo os Católicos, que no final deveriam saber melhor como as coisas se colocam, consideraram ter de me atingir com uma hostilidade pronta para o ataque. Por isso, eu agradeço ainda mais os amigos Judeus que me ajudaram a prontamente remover o mal entendimento e reestabelecer uma atmosfera de amizade e confiança”.
Algumas das palavras conclusivas são fortes: “A impressão é comumente dada de que nossa sociedade sente a necessidade de ao menos um grupo ao qual nenhuma tolerância é concedida; que se possa perfeitamente abusar com ódio. E se alguém ousa aproximar-se deles, ele também perde seu direito à tolerância e também pode ser tratado com ódio, sem medo ou reservas”.
Declaração de Mons. Williamson: “A todas as almas que ficaram honestamente escandalizadas pelo que eu disse, ante Deus, peço perdão”.
O Santo Padre e meu superior, bispo Bernard Fellay, pediram que eu reconsidere as declarações que fiz num canal de televisão da Suécia há quatro meses, pois suas conseqüências foram muito fortes.
Observando estas conseqüências, posso dizer verdadeiramente que lamento ter feito estas declarações, e que se tivesse sabido com antecedência todo o dano e as feridas que provocaram, especialmente à Igreja, mas também aos sobreviventes e entes queridos das vítimas de injustiça sob o Terceiro Reich, não as teria feito.
Na televisão sueca só dei uma opinião (“Creio que…”, “Creio que…”) de uma pessoa que não é historiador, uma opinião formada há vinte anos em virtude dos dados que então estavam disponíveis, e que desde então havia expressado raramente em público. De todo modo, os eventos das últimas semanas e o conselho de membros da Fraternidade São Pio X me persuadiram de minha responsabilidade por tanta angústia causada. A todas as almas que ficaram honestamente escandalizadas pelo que eu disse, ante Deus, peço perdão.
Como disse o Santo Padre, todo ato de injusta violência contra um homem fere todo o gênero humano.
+Richard Williamson,
Londres, 26 de fevereiro de 2009.
Dom Williamson teria partido para Londres.
Segundo Publico.pt, reproduzindo informação recebida pela AFP de fontes do aeroporto de Buenos Aires, Dom Williamson teria partido para Londres em um vôo da British Airways. “Esperamos que com a partida de Williamson tudo isso tenha um pouco de calma”, comentou o Superior da FSSPX na América do Sul, Padre Christian Bouchacourt.
Abaixo, a próxima polêmica, em novo ato destemperado e inoportuno de Sua Excelência, a ser exaustivamente aproveitada pela mídia: “Ele ameaçou dar um soco no repórter da Reuters que o viu. Ele levantou sua mão cerrada e então o empurrou“.