FratresInUnum.com, 10 anos.

O Fratres hoje completa 10 anos de existência. Uma década de muitas lutas, grandes vitórias, muitas tristezas, mas sempre esperando que “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará”.

 

No que o blog lhe foi útil nesses dez anos? Qual post foi mais marcante? E no que podemos melhorar ou nos corrigir?

Contamos com a oração de todos para que possamos prosseguir com nosso trabalho, apenas enquanto for útil à Santa Igreja.

Santo Antônio, martelo dos hereges, rogai por nós!

São João Fisher, mártir do  sacramento do matrimônio e padroeiro do Fratres, rogai por nós!

 

Editorial – O papa ditador.

Por FratresInUnum.com – 29 de novembro de 2017

Tirânico. Este é o único adjetivo que pode definir com clareza o estilo de governo bergogliano ou, melhor, a própria personalidade do pontífice reinante.

O fato já não é mais reservado aos cochichos eclesiásticos. Aliás, o nosso próprio blog não se cansa de documentar, quase à exaustão, os atos arbitrários que caracterizam este pontificado.

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Contudo, acaba de ser lançado em italiano o e-book de Marcantonio Colonna, Il papa dittatore, que recolhe testemunhos de fontes primárias acerca da atitude extremamente autoritária do papa reinante.

A resenha do livro afirma que:

“Jorge Bergoglio foi eleito papa em 2013 como um liberal e um reformador. Na realidade, era já conhecido há tempos em sua terra natal, a Argentina, como um político manipulador e um hábil promotor de si mesmo. Por trás da máscara de homem do povo, Papa Francisco consolidou a sua posição de ditador que governa com o medo e estreitou alianças com os elementos mais corruptos do Vaticano para esconjurar e inverter as reformas que se esperavam dele. Marcantonio Colonna è formado na Universidade de Oxford e possui uma profunda experiência no âmbito da pesquisa história e em outros campos. Mora em Roma desde o início do pontificado de Francisco e o seu livro é fruto de estritos contatos com muitas pessoas que trabalham no Vaticano, entre os quais alguns cardeais e outros personagens principais citados no curso da narração”.

Quando adolescente, Jorge Bergoglio teve uma namorada, Amália. “Se não me casar com você, vou virar padre”, disse-lhe, quando tinham apenas 12 anos, segundo a própria. Os pais da menina se lhe opuseram.

Entrou para a Companhia de Jesus em 1958, emitiu os votos, foi ordenado sacerdote em 1969 e nomeado superior provincial em 1973 (apenas quatro anos depois, o que revela sua grande capacidade política na ordem). Em 1992 é nomeado bispo por João Paulo II, em 1998 se torna arcebispo de Buenos Aires, em 2001 é escolhido cardeal, em 2005 o elegem como Presidente da Conferência Episcopal, cargo que ocupa até 2011. Em março de 2013 é eleito Papa da Igreja Católica.

Acontece, porém, que a história da Companhia de Jesus nos revela um detalhe surpreendente.

O prestígio de que gozava a recém fundada Ordem Jesuíta era tão imenso que, em 1546, apenas seis anos após a fundação da Companhia, o Rei Fernando I pediu que o Padre Le Jay assumisse o bispado de Trieste, que ficara vacante. O mesmo recusou prontamente. A recusa só aumentou a convicção do rei, que, por sua vez, escreveu ao Papa Paulo III, solicitand0-lhe a nomeação episcopal do jesuíta. Padre Le Jay escreveu a Santo Inácio, que apelou a Margaret de Áustria – Arquiduquesa da Áustria, princesa das Astúrias, Duquesa de Saboia e Governadora dos Países Baixos – a qual obteve da Santa Sé o adiamento da nomeação.

Neste ínterim, Santo Inácio escreveu diretamente ao rei Fernando, explicando-lhe que “ao mesmo tempo que vos tributamos humildes ações de graças pelos favores com que nos encheis, ousamos dizer que nos não podeis fazer um maior que o de ajudar-nos a caminhar pela senda de nosso Instituto. As dignidades eclesiásticas estão de tal modo em oposição a ele que, segundo as ideias que tenho, nada é mais capaz de alterá-lo e destruí-lo. (…) É uma verdade comprovada que as ordens religiosas só merecem tal nome enquanto conservam o seu espírito primitivo. E como poderia sustentar-se a Sociedade (de Jesus) caso perdesse o seu?” (Cretineau-Joli, Historia religiosa, política e literária de la Compañía de Jesús, Tomo I, Librería religiosa, Barcelona: 1853, pp. 213-214).

O rei Fernando se deu por vencido, a instâncias de Santo Inácio. Mas este não se deu por satisfeito e resolveu escrever ao próprio Papa:

“Santíssimo Padre, considero as demais ordens religiosas como esquadrões de soldados que permanecem no posto assinalado pela honra, que estreitam suas filas e que fazem frente ao inimigo, conservando sempre a mesma ordem de batalha e a mesma maneira de servir-se de suas armas; nós, porém, somos os que vamos à descoberta, os que nos alarmes e nas surpresas noturnas devem se achar prontos sem cessar a vencer ou morrer. Devemos atacar, defender e, segundo as circunstâncias, andar por todas as partes e ter em todas o inimigo em contínuo alerta” (Cretineau-Joli, op. cit., p. 215).

O Papa prometeu que a Santa Sé nunca obrigaria um jesuíta a aceitar nomeações episcopais e disse que esta era a primeira vez que um pedido como este era feito a um Sumo Pontífice.

Tendo obtido essa graça do Papa, Santo Inácio mandou que todos os jesuítas cantassem um Te Deum em ação de graças (cf. Daurignac, History od the Society of Jesus, p. 60).

Por fim, Santo Inácio estabeleceu, nas próprias Constituições da Companhia de Jesus, que nenhum jesuíta aceitasse jamais cargos e dignidades eclesiásticas, e que denunciasse os confrades que o desejassem, nem consentissem em sua eleição para qualquer um desses cargos, a não ser que fossem forçados por estrita obediência e sob pena de pecado (Cf. Inácio de Loyola, S., Constituciones de la Compañía de Jesús, 10:817).

Ora, como Santo Inácio deixou claro em sua carta a Paulo III, a recusa às dignidades eclesiásticas por parte dos jesuítas se devia não a um motivo de humildade, mas à própria estrutura de sua fundação e daqueles que teriam vocação para esta: a Companhia de Jesus estava constituída como um exército à serviço da Igreja, mas a Igreja não tem, em si mesma, a estrutura militar, antes, é uma grande família espiritual, uma família de famílias.

Assim como a sociedade civil não pode ser governada como um exército (São Tomás o deixa claríssimo, distinguindo a prudência de governo e a prudência política da prudência militar. Vide: Suma Teológica, IIa-IIæ, q. 50), a Igreja também não pode ser governada deste modo.

Bergoglio foi preparado para ser o superior dos jesuítas, mas não entendeu que a Igreja não é a Companhia de Jesus.

Por isso, simplesmente não tem a maleabilidade política dos pontífices anteriores: não sabe conviver com o contraditório, não admite chegar a consensos a não ser em torno de suas ideias, recusa a dignidade cardinalícia para os arcebispos que teriam tradicionalmente o costume de recebê-las e as confere para eclesiásticos sem a mínima expressividade… e os exemplos se poderiam multiplicar indefinidamente.

O estilo de governo deste papa está causando uma rachadura na Igreja, exatamente porque produz dois efeitos: para fora (ad extra), Bergoglio assume a máscara de um governante populista, que diz aquilo que o establishment e a mídia querem, deixando a Igreja totalmente exposta às opiniões vagantes; e, para dentro (ad intra), destrói todos os protagonismos e deixa a Igreja inteira numa perplexidade absoluta, em torno dele, obediente, submissa. Não existe mais ninguém na Igreja, nenhuma personalidade. Há apenas o papa!

Francisco precisa renunciar ao pontificado e, isso, para o bem a Igreja. Precisa voltar à sua vida privada. De fato, ele não foi formado para ser papa, mas para ser um general e, como pontífice, não tem condições senão a de ser um tirano: il papa dittatore!

Editorial: Ano do laicato. Mas…, que laicato?

Por FratresInUnum.com – 21 de novembro de 2017

No próximo dia 26 de novembro, festa de Cristo Rei no calendário reformado, a CNBB dará início ao Ano Nacional do laicato, convocado para favorecer o protagonismo dos leigos na pastoral da Igreja.

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“Logo” do Ana do Laicato.

O episcopado brasileiro dedica um ano para celebrar os leigos, mas… que leigos? Os senhores bispos estão, de fato, comprometidos com os leigos de suas igrejas?

 

Experimente ser leigo e solicitar ao seu bispo uma missa na forma extraordinária do Rito Romano em sua paróquia ou diocese… O que você encontrará? Portas abertas? Acolhida espontânea?… Recentemente, um militante católico pró-vida pediu para ser recebido por seu bispo por conta de um seminário LGBT que aconteceria em sua universidade dita católica e obteve – nada mais, nada menos que – portas fechadas, negação, recusa. É a mesma resposta que muitos católicos têm quando escrevem aos seus bispos reclamando de padres sacrílegos, blasfemos ou prevaricadores, que, no entanto, não cessam de ganhar cargos em suas dioceses, títulos e posições intocáveis.

Na maior parte das dioceses brasileiras, os bispos se voltam contra suas próprias ovelhas, censurando a sua devoção, seus usos e costumes, como, por exemplo, a piedosa utilização do véu por mulheres ou mesmo a consagração total a Nossa Senhora segundo o método de São Luiz Maria Montfort.

Este não será o Ano do laicato, mas o Ano de certo tipo de laicato. Recusando-se ter “cheiro de ovelhas”, o episcopado celebrará o laicato que tem cheiro de bispos, cheiro de CNBB, cheiro da naftalina do seu progressismo decadente. O pontificado do Papa Francisco retirou as múmias, embalsamadas para perenizar uma eterna década de 60, de seus sarcófagos, a fim promover um laicato composto de ex-padres e membros da PJ militantes do PT encastelados nas PUCs.

Já o Papa Paulo VI denunciava existir na Igreja um processo de “clericalização dos leigos e laicização do clero”. Hoje, o fato consumado é a existência de um tipo legítimo de laicato católico, com pleno direito de cidadania, não os fieis da Igreja, mas o partido criado para substitui-los, aqueles que se identificam com a ideologia naturalista, humanista e socialista, vigente na mens do episcopado atual.

Obviamente, o descolamento dos pastores em relação ao resto do povo é já evidente. Trata-se de duas realidades paralelas. De um lado, o clero, com um discurso vazio e cheio de obviedades ocas, e, de outro, o povo, com sua religiosidade de matriz católica, desorientado, sem nenhum ponto de conexão com a sua Igreja.

No meio deste hiato, uma parte do clero e do laicato trafega, ora na direção do povo, por parte dos padres, ora na direção do clero, por parte dos leigos.

É esta ínfima categoria do laicato que será comemorada pelos bispos e, consequentemente, será totalmente ignorada por toda a população católica, pelo verdadeiro laicato, que eles não renunciam desprezar.

Aproveitemos, portanto, para organizar este povo não representado, cujas ânsias permanecem sem nenhuma repercussão no establishment eclesiástico brasileiro.

Se os padres verdadeiramente católicos quiserem, poderão ser os verdadeiros líderes deste seu povo, das ovelhas que precisam escutar a sua voz. Agora é a hora de se multiplicarem os grupos de leigos que fomentam a espiritualidade tradicional católica, o ensino da doutrina e da liturgia de sempre.

O Pe. Ignace de la Potterie, exegeta jesuíta internacionalmente renomado e amigo pessoal do Papa Bento XVI, em uma entrevista publicada no jornal Avvenire, da Conferência Episcopal Italiana, no ano de 1996, disse: “Tem mesmo razão Nossa Senhora de Fátima: ‘os leigos salvarão a Igreja dos sacerdotes e dos bispos’” (note-se que esta afirmação não aparece em nenhum documento sobre Fátima publicado até agora).

É isso que Nossa Senhora espera de nós, leigos: que permaneçamos fieis, sem desejar o reconhecimento dos homens, e, por amor aos nossos pastores, mostremos-lhes o caminho do retorno. A Providência divina conta conosco e nos dá todas as graças para cumprirmos com exatidão a nossa missão.

Editorial – Um único pecado: corrigir Papa Francisco.

Por FratresInUnum.com – 5 de novembro de 2017 

Que miséria! A única pátria que restou aos cães-de-guarda do atual pontificado foi um falso argumento de autoridade, na verdade, uma falácia catalogada entre os argumentos ad hominem, chamada de apelo à autoridade.

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Ora, os outros papas eram menos papas que Francisco? Criticar João Paulo II e Bento XVI foi o ofício dessa gente. Agora, fingem devoção papal, chegam a delírios de fervor, unicamente porque ele diz exatamente aquilo que eles querem ouvir.

Pois bem, o problema é que o argumento de autoridade não é o problema. Ao contrário, é bastante legítimo, desde que seja usado legitimamente, inspirando confiança e retidão.

Durante o Concílio de Trento, o Padre Diogo Laynez — que, depois, foi o primeiro sucessor de Santo Inácio de Loyola na condução da Companhia de Jesus —, que a convite do Papa Paulo III foi teólogo perito do Concílio, fez a seguinte afirmação, digna de nota:

“Como os dogmas da fé só podem ser definidos pelas Sagradas Escrituras e pelos escritos dos Santos Padres da Igreja, eu declaro que não irei citar, em suporte da minha opinião, nenhum texto de nenhum Padre ou Doutor da Igreja, do qual eu não tenha lido as obras completas ou que não tenha extraído todas as passagens que dão provas evidentes de que esta realmente é a opinião do autor” (Daurignac, History of the society of Jesus, Cincinnati, 1865, p. 98).

Isto é um argumento de verdadeira autoridade! Em outras palavras, o argumentador está de tal forma interessado em descobrir a verdade da fé que rastreia nas Sagradas Escrituras e nos escritos dos Padres e Doutores da Igreja aquela coerência verdadeira que debela a dúvida e estabelece, define a verdade!

Ora, isso é exatamente o contrário do que está fazendo Francisco. Ele desautoriza toda a tradição da Igreja para estabelecer o que ele quer. Este não é um uso legítimo da autoridade, mas um autêntico abuso da mesma.

Quando os fieis manifestam a sua perplexidade e mencionam essa postura autorreferencial e autoritária não estão desafiando a autoridade do pontífice, mas apenas o estão convidando a exercê-la autenticamente. Afinal de contas, o seu ofício não é criticar a fé, mas ser um custódio da mesma, o seu garante e guarda intransigente.

Esse criterioso trabalho de investigação da verdade da fé foi o que fez o Concílio de Trento demorar tanto tempo. Cada proposição devia ser analisada no contexto de toda a tradição anterior, para que não houvesse alteração no sagrado depósito.

Os protestantes romperam com este critério. Passaram a ler as Escrituras não a partir do patrimônio do cristianismo, mas de suas próprias invenções e achismos. Francisco transformou este modus operandi na estrutura mesma de seu pontificado, e colocou a sua autoridade totalmente a serviço deste programa.

Os progressistas sempre relativizaram a verdade e a autoridade; agora, se escondem por trás da autoridade para destruí-la por completo. De fato, Francisco está auto-afirmando a sua autoridade para esvaziá-la de sua função mais específica: a de ser defensor fidei, defensor da fé.

Contudo, contrariamente aos progressistas que, através da sua teoria crítica, submetem a realidade inteirinha à relativização mediante uma crítica metódica e implacável, nós não apontamos esses erros com prazer ou por esporte.

De fato, trata-se de um dever de caridade para com Francisco e de um dever de justiça para com a Igreja!

É um dever de caridade porque, com efeito, não sabemos se Francisco age por ignorância, malícia ou fragilidade. Em todo o caso, está fazendo mal à sua própria alma e às dos outros, escandalizando a muitos com sua atitude obstinada. É verdade que muitos, em sua acusação, acabam se destemperando e partindo para a agressão verbal mais grosseira. Não é possível admitirmos uma revolução contra a autoridade. Podemos apontar o erro, mas sempre com o devido respeito e amor, em vista do bem da Igreja e de sua unidade, contra qualquer cisma ou defecção.

Neste ponto, precisamos nos firmar numa objetividade lógica muito rigorosa, pois é comum na atual retórica ostensivamente apologista a este papa o deslocamento do debate para o âmbito pessoal. Querem reduzir a posição católica a uma mera questão de antipatia por Bergoglio ou ampliá-la para uma posição de crítica perpétua, projetando sobre nós aquilo que eles mesmos sempre fizeram.

Lembramos, também, que os apologetas de Francisco, sempre apressados em demonstrar-lhe total subserviência, pouco têm de caridosos ou mesmo virtuosos. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, “deve-se proscrever qualquer palavra ou atitude que, por bajulação, adulação ou complacência, encoraje e confirme o outro na malícia de seus atos e na perversidade de sua conduta. A adulação é uma falta grave quando cúmplice de vícios ou de pecados graves. O desejo de prestar serviço ou a amizade não justificam duplicidade na linguagem” (n. 2480).

E, neste caso, vale lembrar aos cleaners que de pouco serve cobrir a nudez de quem rasga continuamente os lençóis com que é coberto e tampouco serve fingir que nada acontece, para continuar apenas pregando a doutrina, quando o próprio Papa se coloca a desmontar a arquitetura mesma da Igreja e a sua constituição divina, o que é flagrantemente não somente contra a doutrina, mas, acima de tudo, impossibilita completamente a sua conservação, visto que o ministério petrino serve justamente para isso.

Além disso, corrigí-lo é um dever de justiça para com a Igreja. Em meio às ambiguidades do seu magistério, é evidente uma direcionalidade muito coerente. Bergoglio não é um papa que fala através das palavras, mas sobretudo através da direção para a qual encaminha a Igreja: de católica, ele a está tornando luterana.

Os progressistas sempre criticaram todos os papas, mas não apenas. Criticam as Sagradas Escrituras, os Santos Padres, os Doutores da Igreja e até eles mesmos. A crítica metódica dos progressistas é implacável. Mas, para que continuem a criticar, precisam demolir todas as autoridades enquanto eles mesmos se imunizam contra a crítica, escondendo-se por trás da autoridade papal de Francisco, à qual apelam como num refrão contínuo.
Para os progressistas, não existe moral objetiva, nem lei, nem pecado. Mas, para isso, eles precisam criar um único pecado, o pecado original do progressismo bergogliano: corrigir Papa Francisco, até no que ele tem de escandalosamente corrigível.

Editorial – Descentralização: o golpe mortal de Francisco no papado.

Por FratresInUnum.com – 27 de outubro de 2017

Voltemos a Cesaréia de Filipe. Ali, na Cidade de César, considerado deus do império romano, pergunta Nosso Senhor a seus discípulos o que pensam os homens dEle e, para eles, quem Ele é. Num ímpeto, São Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16).

Essa é a primeira passagem do Evangelho de São Mateus em que Cristo é proclamado não “Filho de Deus”, mas “O Filho de Deus”.

A reação de Nosso Senhor foi imediata: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. Por isso, eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,17-18).

Simão foi o primeiro a crer e, por isso, se transforma em Pedro. Aquilo que o faz Pedra é a sua profissão de fé, a fé que a graça de Deus faz explodir em seu coração.

Sem fé, não temos acesso a Cristo. “Sem fé, é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6), pois Cristo habita em nossos corações pela fé (cf. Ef 3,17). “Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é ‘o’ Filho de Deus?” (1Jo 5,5).

O ofício de Pedro consiste exatamente nisso: “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos joeirar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22,31-32).

Papa Francisco, porém, caminha no sentido apontado por Nosso Senhor?

No relato da confissão de Pedro, no Evangelho de São Mateus, pouco depois, o apóstolo tenta demover Cristo da Cruz. “Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!” (Mateus 16,23). Ele tinha deixado de pensar como Deus, para pensar como César.

Quem é o César dos nossos dias? Não é justamente o politicamente correto, a nova ética da elite globalista que domina a mídia e as fundações internacionais? Não é o progressismo meta-capitalista de George Soros e companhia, que subsidiam a esquerda internacional para destruir a sociedade e, junto com ela, a Igreja?

Pois bem, em sua carta ao Cardeal Sarah, Papa Francisco, ao confirmar toda a radicalidade de seu ato de descentralização promulgado em Magnum Principium, parece cometer explicitamente um atentado ao papado, à natureza do ofício petrino e, portanto, à constituição divina da Igreja.

O Cardeal africano tentou ainda atenuar a gravidade da situação, dizendo que “reconhecimento” e “confirmação” seriam, na prática, a mesma coisa e estariam a cargo da Sé Apostólica. Francisco desmentiu publicamente, mandou que se publicasse a carta nos mesmos sites e encaminhasse às conferências episcopais de todo o mundo, num ato de urgência em fazer clareza impressionante. Enquanto isso, os dubia

Doravante, às Conferências Episcopais se confere o poder de “confirmar” as suas próprias traduções dos livros litúrgicos, acrescentando, inclusive, as alterações que acharem oportunas. A Santa Sé apenas reconhecerá aquilo que for estabelecido por elas.

Aqui, porém, cabe uma pergunta: e se alguma Conferência Episcopal apresentar uma tradução que contenha alguma heresia?

De fato, Francisco estaria abdicando o ofício de Pedro e se nega a confirmar seus irmãos na fé, que é o maior serviço, o serviço essencial de sua missão como Pastor da Igreja Universal.

Não se trata, aqui, de uma mera nuance administrativa. A Igreja Católica está fundada sobre a rocha fundamental da fé conservada por Pedro, mas Francisco parece renunciar a cumprir o seu papel e mais: fê-lo de modo formal, por escrito e sem deixar dúvidas.

É a fé! É a fé que importa! O ofício petrino é um serviço à fé. É por causa da fé que existe o Papa e não para simplesmente coordenar institucionalmente a Igreja. Aprovando a tradução dos missais, a Santa Sé não estava se impondo ou retirando autonomia dos bispos ou das Conferências dos mesmos, mas apenas servindo-os em benefício da fé. Agindo deste modo, Francisco está se retirando da posição de alicerce da Igreja e, quando se remove um alicerce, o prédio cai!

Qual é nosso papel nessa hora tão dramática? Precisamos fazer como São Paulo, na epístola aos Gálatas: “quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe francamente, porque era censurável” (Gl 2,11).

Precisamos resistir e conservar a nossa fé integralmente, a despeito de toda a leviandade em matérias tão fundamentais e sérias. Pelo que geralmente se entende das palavras e gestos de Francisco, ele expressa uma concepção de fé fundamentalmente luterana: uma confiança vaga em Deus que gera um amor naturalista, tão somente filantrópico. Dizendo que não quer transformar a Igreja numa ONG, é exatamente nisso que ele a está transformando, transformando seu ofício numa mera coordenação de ações programadas.

Resistamos! Resistamos com coragem! Conservemos nossa Fé Católica e não nos desencorajemos por causa dessa pública traição, desse adultério contra a sacralidade da Igreja.

Nosso Senhor olhará a nossa fidelidade e a premiará, concedendo-nos, pelas Mãos Imaculadas de Maria, um Pastor fiel, e não alguém que se engraçou com os lobos e que passou a dispersar o seu próprio rebanho, ao invés de congregá-lo.

Editorial: Tradicionalistas na mira. O bullying da CNBB.

Por FratresInUnum.com – 18 de outubro de 2017.

Notícias correm de que está para explodir uma ofensiva do episcopado brasileiro para enfrentar a onda de tradicionalismo que percorre toda a nação.

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Projeto faraônico na nova sede da CNBB: “Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”.

Uma reedição libertadora da inquisição? Uma caça às bruxas? Uma versão tupiniquim da Ku Klux Klan? Nada disso! Apenas a velha presunção cnbbista de se achar o centro do universo.

Não percebem os senhores bispos que se reduziram a um gueto grotesco, autorreferencial e inexpressivo.

Quem se importa com as posições da CNBB?

O povo brasileiro sequer toma conhecimento daquilo que diz e pensa o referido sindicato e, solenemente, segue o caminho oposto. Os fiascos dos últimos anos o comprovam retumbantemente.

O máximo que as excelências conseguirão é promover um bullying aos católicos tradicionais, como se os mesmos já não estivessem há décadas a suportar heroicamente o vexame de um desrespeito que produziu neles o calo de uma insensibilidade soberana, que ridicularização alguma poderá sensibilizar.

Em sua total irrelevância e incapacidade de incidir sobre quem quer que seja, os bispos brasileiros apenas encorajarão mais ainda aqueles que pensam combater. Os tradicionalistas se multiplicarão por todos os lados, exponencialmente, e serão o pesadelo de todas as suas noites. Expulsarão seminaristas considerados conservadores sem perceberem que estão ordenando outros que, fingindo-se de modernos, são mais tradicionais que os primeiros.

Arquidiocese de Niterói: “A Igreja nunca esteve tão bem”, por isso não há mais nada com o que se preocupar. Fiéis agora aguardam notas pedindo fidelidade também ao Concílio de Trento e Vaticano I.

A doença do episcopado nacional é endêmica e chama-se complexo de superioridade. Tais quais faraós superexaltados, acham-se eles tão acima de todos que se dão ao luxo de não trafegarem entre seu clero e seus seminaristas. Ordenam desconhecidos que continuarão a serem desconhecidos e as surpresas não cessarão de aparecer.

O cúmulo da contradição é que eles, em sua fobia contra véus, batinas e similares, se dão a perseguir os verdadeiros católicos enquanto clérigos apodrecem no concubinato, na homossexualidade (para não falar dos casos de transexualidade mal-disfarçada) e no roubo.

O povo não é tão estúpido quanto pôde ter sido um dia e não se dobrará a esses caprichos da hipocrisia episcopal brasileira. O desprestígio da CNBB é irreversível, pois a mediocridade de seus sindicalizados não cessa de o corroborar com um sublinhado incessantemente repetido.

A impressão que os senhores bispos têm de sua própria legitimidade está nos aplausos que trocam entre si, exatamente como nos bandos de bullying, em que a mútua confirmação referenda a sensação de vitória e superioridade. Nada tão pouco convincente.

Enquanto não chegam dias melhores para a pobre Igreja de Deus, resistamos, superando a cada dia este tempo de prova. E não nos impressionemos com o bullying. Coloquemos ante eles um espelho para que percebam sua própria comicidade.

Editorial: No sétimo dia do Cardeal Carlo Caffarra.

Por FratresInUnum.com – 12 de setembro de 2017

“Nós não compartilhamos em absoluto aquela posição de quantos consideram que a Sede de Pedro está vacante”. Foram estas as marcantes palavras do arcebispo emérito de Bolonha, há sete dias falecido, o Cardeal Carlo Caffarra, em sua última carta pública ao Papa Francisco, carta em que pedia uma audiência, audiência que foi negada.

wp-image-540957462A frase é, em si mesma, muito misteriosa, considerando-se o fato de que Caffarra foi um dos eleitores do último conclave. Como assim? Existe alguém que tenha participado daquele conclave e que cogita a possibilidade de uma eleição ilegítima? Intrigante!

Sua carta revela a lealdade de quem fala com clareza ao seu superior, sem bajulações descabidas nem desrespeitos levianos.

Contudo, não deixa de causar espanto que, em apenas dois meses, dois dos quatro signatários dos dubia tenham morrido.

Aqui, obviamente, não queremos conjecturar nenhuma hipótese criminal, tal como o envenenamento ou outro tipo de homicídio discreto. Afinal de contas, esses usos deixaram de ser adotados, digamos, há algumas décadas, excetuando-se, talvez, o caso de João Paulo I. A propósito, diz-se que, quando tornou-se emérito, o Cardeal Medina transferiu-se imediatamente para o Chile, alegando que se sentia mais seguro lá que em Roma. Mas, enfim, são métodos ultrapassados!

Também não queremos apelar ao argumento ad macumbam, ainda que o recurso à feitiçaria fosse bastante recorrente por parte de certos hierarcas da antiguidade, sobretudo durante do Renascimento. Mesmo que o diabo ande às soltas, esse tipo de premissa preternatural não seria tão facilmente demonstrável.

Preferimos pensar tratar-se de desgosto, mesmo! Como dizem os italianos, o velho crepacuore. Desgosto por ter dado a vida inteira pela defesa da santidade do matrimônio e da sacralidade da vida e ver estas duas colunas sendo continuamente profanadas durante o pontificado atual, desgosto por ver a doutrina moral católica totalmente refém do relativismo de um magistério dialético, tão monstruoso como um dragão de sete cabeças, desgosto por ser desprezado na idade anciã, justo por um papa que considera que um dos piores males dos tempos atuais é o abandono dos idosos.

A morte do Cardeal Caffarra silencia a voz de um confessor da fé, talvez do principal dentre os quatro que se levantaram para, com toda a franqueza e abertura que Francisco vive protestando dever existir na Igreja, apresentar-lhe a perplexidade de fieis católicos do mundo inteiro que se sentem desorientados com a atual confusão. Por isso, é natural que alguém se pergunte se o seu falecimento não significaria o fim dos dubia e a completa derrota da posição católica.

Nossa opinião é um estrondoso “não!”, pois, embora a púrpura cardinalícia tenha alguma força, mais forte que ela é o poder da verdade, poder que constrangeu Francisco ao silêncio!

Francisco não pode responder aos cinco dubia. Ele não passa pela prova evangélica do “sim, sim; não, não”. Ele renunciou conscientemente à nitidez da verdade e aderiu, também conscientemente, aos tons de cinza do antagonismo doutrinal.

Esse pontificado acabou. Francisco renunciou tacitamente a ser magister, mestre da Igreja Católica. Seu compromisso não é com suas ovelhas, Ele “não pensa como Deus, mas como os homens”. Não à toa, o Cardeal Müller afirmou que no Vaticano “hoje, a diplomacia e as questões de poder têm prioridade” em relação à verdade.

O silêncio de Francisco é a vitória dos quatro cardeais. Podem todos morrer, mas a eloquência do silêncio de suas vozes jamais sobrepujará o ensurdecedor grito do silêncio de Francisco.

“Nós não compartilhamos em absoluto aquela posição de quantos consideram que a Sede de Pedro está vacante”, dizia o Cardeal Caffarra. De fato, há alguém ali sentado: Francisco não renunciou ao seu ofício, mas renunciou exercê-lo.

Caffara, embora morto, vive. Francisco, embora vivo, escolheu morrer!

Editorial: “Igreja em saída” ou “Igreja de saída”?

Por FratresInUnum.com – 5 de setembro de 2017

Desde que foi eleito, Papa Francisco se propôs a dar uma guinada radical nas direções pastorais da Igreja, um “giro copernicano” que se poderia muito bem resumir naquele que tem sido o horizonte mesmo da missão jesuítica a partir do Pe. Pedro Arrupe: não mais salvar as almas, mas salvar o planeta, salvar o mundo, numa verdadeira inversão – da transcendência para a imanência.

Praca Sao Pedro
À esquerda, Jornada pela Vida na Praça de São Pedro, em 2007. À direita, a Jornada de 2017.

Essa nova dinâmica pastoral foi bem sintetizada por Francisco naquela expressão paradigmática que passou a ser reverberada por toda a hierarquia: agora nós somos uma “Igreja em saída”.

Mas, perguntamo-nos, saída para onde?

O Papa reinante quer levar a cabo as suas reformas, mas, para isso, conta com um clero apático. E esta apatia foi gerada – nada mais, nada menos que – pelas mesmas reformas que ele deseja implementar.

Não fossem essas ideologias progressistas, os padres católicos estariam, como há tempos, ocupados com a salvação das almas. Mas, se não há mundo a ser salvo e, ao contrário, há uma Igreja que precisa se adaptar à moral vigente no ocidente em franca decadência, não há mais sentido em consagrar a própria vida para fazer o mesmo que qualquer ONG pode fazer.

Olhando para a realidade do clero, o que vemos? Padres estressadíssimos por causa de uma agenda diocesana repleta de reuniões inúteis, nervosos por causa das pressões dos bispos sempre atentos às exorbitantes taxas econômicas com as quais enriquecem as suas cúrias e ciosos de sua própria autoridade episcopal, pressionados pelas elites de urubus que compõem o laicato apegado aos seus cargos em paróquias e pastorais, doentes, que acabam desenvolvendo problemas psiquiátricos como a depressão, obesos ou mesmo vítimas de outros vícios, motivados pela ansiedade não tratada, chegando, em números nunca divulgados, aos extremos do enlouquecimento e do suicídio…

De fato, estamos em saída para onde? Para o cemitério? Para as clínicas psiquiátricas?…

Quem serão os missionários que levarão adiante a caricatura de misericórdia às periferias do mundo? Esses professores dos institutos de teologia, que defendem a “opção preferencial pelos pobres”, mas cuja única opção preferencial é retirar seu ordenado no fim do mês para gastá-lo em restaurantes luxuosos, em férias no exterior ou em diversões, digamos, pouco ortodoxas? Esses padres modernistas não se sacrificam, não se imolam, não aguentam sequer ouvir confissões… Como suportarão saírem de seu conforto para irem aos últimos dos últimos?

Essa “igreja pobre e para os pobres” de Francisco é apenas um slogan e permanecerá assim para sempre. Os pioneiros da Teologia da Libertação, pelo menos, eram pastores formados segundo uma mentalidade antiga, tinham uma paternidade entranhada na alma. Eram incrédulos, mas atraíam os outros e se doavam. Eram incrédulos sinceros. Já os progressistas atuais são a pior vergonha do progressismo. Os que defendem Francisco são a expressão mais acabada do fracasso de um modelo de Igreja que não deu certo e não dará.

Querem dar os sacramentos para quem os despreza. A “Igreja em saída”, em seus discursos e em sua atuação, em sua autoaniquilação e esfacelamento, é o oposto de uma “Igreja em entrada”.

Acordem, senhores. Este delírio é perigoso! Alguém tem notícias de um surto de conversões na Europa ou em algum outro lugar do mundo? Suas Igrejas estão mais cheias e com fieis mais fervorosos desde que entronizaram este papa?

“Padre, o Sr. pode me atender?”. “Não, querido. Estou de saída”. Quem nunca ouviu essa desculpa?… E é assim que a Igreja de Francisco, de “Igreja em saída” se tornou e sempre será uma “Igreja de saída”.

Editorial: Um ataque brutal às mulheres Católicas.

Não há acordo: eles creem na “Mãe Terra”, nós cremos na Mãe de Deus.

Por FratresInUnum.com

Por todos os lados, chegam-nos notícias de uma crescente propaganda de bispos contra – pasmem! – a “Consagração a Nossa Senhora” segundo o método de São Luiz Maria Montfort, o uso de cadeias, de véus e de saias por parte de mulheres, e tudo por causa de uma alegada “onda de conservadorismo” que, como surto, teria tomado a Igreja no Brasil.

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Eles querem salvar o planeta, nós queremos salvar as almas.

Mas… Por que um pano na cabeça incomoda tanto os bispos? Por que uma saia abaixo do joelho ou uma pulseira gera tanto desconforto? Por que os bispos não criticam o véu das muçulmanas ou as suas burcas? Por que apenas as Católicas os incomodam? Não parece desproporcional a ofensiva, diante de uma minoria de mulheres que adere aos usos mais tradicionais?

Notem a contradição. Enquanto esses senhores se encorajam mutuamente, respaldados pelo estímulo progressista deste pontificado, voltam-se com fúria contra tudo que representa o mínimo vínculo com a antiga religião Católica, cujos resquícios precisam ser definitivamente apagados, para que não reste a mínima lembrança de uma tradição cuja força de atração é capaz de suplantar a nova religião que eles querem trazer à luz. É uma “coragem” contra aquilo que eles “temem”. É uma ofensiva que se demonstra mais do que tudo defensiva. É uma força que se mostra como ostensiva fraqueza.

Nesta hora de impasse, é necessário que as mulheres compreendam que a Providência Divina pôs em suas mãos uma força impressionante! Em cada mulher de véu, de saia, de cadeia no pulso, há uma guerreira, há uma afronta a Satanás, justamente naquilo que ele mais detesta: a lembrança nítida de Maria Santíssima.

As provocações desses senhores só aumentarão, e por um motivo: são eles que se sentem afetados, provocados, insultados pela devoção e piedade daquilo que há de mais delicado e doce, justamente a feminilidade das mulheres Católicas, seu amor reverente a Deus, sua modesta dedicação à Igreja.

Entre os modos toscos com que tratam as coisas sacras e a delicadeza das novas donzelas da Virgem Santíssima há um abismo. Elas são a acusação silenciosa de uma apostasia que eles precisam disfarçar, são uma clarinada de Deus para despertar as suas consciências mortas, são a pregação simbólica de uma santidade que se quer voluntariamente esquecer.

Além disso, são estas mulheres marianas a rejeição de uma nova mariologia que sucumbiu à podridão do que há de pior no feminismo radical. Trocaram a Virgem Puríssima pela “Maria do povo”, um protótipo de militante comunista, engajada em movimentos sociais e lavadeira subversiva… Querem interceptar a devoção a Nossa Senhora Aparecida com esta falsificação brutal, induzindo as pessoas a uma compreensão mariana deformada.

Esta “Maria” inexistente é a do empoderamento feminista, que exige o sacerdócio das mulheres, o destronamento do Verbo que se fez homem. Não é a serva do Senhor. Ela não é serva de ninguém e não tem servos, é libertadora. Por isso, são insuportáveis as correntes, as pulseiras, as cadeias.

Eles querem nos impor a “Maria da Terra”, mas nós cremos em “Maria, Porta do céu”. Eles querem salvar o planeta, nós queremos salvar as almas. Eles querem o mundo, nós queremos a eternidade. Eles pretendem que as mulheres da Igreja sejam um reflexo das mulheres do mundo; enquanto as mulheres da Igreja pretendem ser um reflexo das mulheres do céu, das santas e, sobretudo, da Virgem Santa Maria. Por isso, não há acordo: eles creem na “Mãe Terra”, nós cremos na Mãe de Deus.

Não há motivos para temer. A crise passará e, como disse há cem anos a Virgem de Fátima, “por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”! As filhas de Maria continuarão com esta procissão humilde e devota, enfrentarão hostilidades e condenações, não terão afeto de seus padres e prelados, mas prevalecerão.

Repetimos: a Providência Divina colocou nas mãos das mulheres um poder do qual precisam se tornar conscientes. Coragem! Continuem firmes. A vitória é certa e quem permanecer ao lado de Nossa Senhora, seguramente, com Ela triunfará.

Editorial: Crise irreversível do progressismo católico. Análise e pistas de ação.

Por FratresInUnum.com

Não é simples descrever a realidade. Necessitamos de símbolos, imagens que condensem os dados difusos na desordem dos acontecimentos. E este é o nosso maior drama.

Como explicar o que está acontecendo na Igreja, aquilo que está se adensando no pontificado do Papa Francisco?… A maior parte dos fieis e mesmo da hierarquia simplesmente não entende o que se passa. Estão todos aprisionados em cacoetes mentais, com o olhar distorcido por lentes propositalmente construídas para inverter as percepções.

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Os bezerros de ouro da Teologia da Libertação reunidos no Congresso “Teológico” na Unisinos, de 7 a 11 de outubro de 2012.

O resultado dessa desconexão entre a percepção e a realidade é o delírio: a psicótica construção de um mundo falso, em que a imaginação fantasia um ideal para sobreviver no meio do caos e do insuportável. A psicose, no caso, vai desde a euforia histérica de quem celebra uma primavera em meio a um rigoroso inverno até a de quem se deprime por não encontrar nenhuma saída no encurralamento.

Mas, o que está sendo falsificado? E que saída existe tanto para a falsificação quanto para os seus resultados nefastos?

O que está sendo falsificado, em suma, é o Evangelho. O que Papa Francisco está a fazer não é o desenvolvimento de uma Teologia da Libertação, como pensam os mais apressados. Ele mesmo o negaria, caso alguém lhe perguntasse. Na verdade, é algo bem pior, muito mais letal: trata-se de uma mente que assimilou os princípios desse tipo de abordagem teológica.

O próprio Gustavo Gutiérrez, em seu livro “Teologia de la Liberación” apregoa, antes de tudo, uma Teologia crítica, que reinterpreta toda a teologia cristã a partir de um novo paradigma: não existe mais a história da salvação, esta seria a própria história dos homens; não há um mundo a ser salvo, há uma Igreja a ser convertida ao mundo. É a perversão do sal que perdeu o sabor, o esvaziamento do Evangelho naquilo que o secularismo ocidental erigiu como quadro de novos valores. Reinterpreta-se tudo a partir de um referencial politicamente correto e a própria máquina eclesial se declina como instrumento para incutir essa mentalidade essencialmente antropoteísta.

O “evangelho” pregado por Papa Bergoglio tem gosto de jornal, não da boa-nova de Jesus Cristo; tem como interlocutores não seus fieis, mas os patrocinadores de todas as ideologias que, como vendaval impetuoso, sacodem agressivamente a barca da Igreja. Ao invés de escolher ser pastor, Bergoglio escolheu ser o bom-menino de George Soros e de toda a elite global, reduzindo sua Igreja à subserviência desses senhores.

É evidente que seu discurso é aplaudido pela mídia, cujos donos são seus mesmos inspiradores; mas também é óbvio que nada tem a acrescentar, que padece de total falta de originalidade. O progressismo atingiu as raias de seu poder de convencimento e não tem mais futuro, envelhece com seus defensores.

A estrutura hierárquica da Igreja se coloca ao serviço dessa desconstrução de si mesma. Obviamente, o sucesso deste progressismo voraz construiu-se graças a uma meticulosa deformação intelectual, instilada como veneno na mente mesma dos seminaristas de todo o mundo, décadas a fio, bons moços que, por seu próprio servilismo, foram sendo promovidos, e hoje são bispos, cardeais e papa.

Por todos os lados, ouvem-se rumores de padres e fieis recriminados por seus prelados. Os véus começam a ser proibidos, comunhões de joelhos censuradas, hábitos eclesiásticos ridicularizados; vêem-se por todos os lados os velhos bispos de orientação libertadora reestreiando suas camisas laicais e seus chinelos grotescos.

Não contam estes senhores, em seu delírio, com o fato de que não cessa de crescer o seu descolamento do corpo da Igreja. Francisco é uma figura com a qual os fieis se sentem simpatizados, mas cujo discurso não chega ao seu coração; ninguém sabe o que ele pensa nem o que está fazendo e, quando as pessoas se dão conta disso, assustam-se e decaem na autodefesa psíquica da negação. Os bispos não dizem absolutamente nada significativo ao seu povo, são figuras completamente inexpressivas, incapacitaram-se para a reprodução de suas próprias ideias: estão se suicidando em sua incredulidade ostensiva.

Enquanto os seminários e congregações progressistas não cessam de sucumbir, aqueles conservadores não param de crescer. E quanto mais são perseguidos, mais crescem em força, duma forma criativa, subterrânea. Nas faculdades de teologia, os professores vivem a criar mártires, cujo heroísmo é reforçado pelos vexames que são obrigados a suportar diuturnamente. Quanto mais cresce a violência progressista, mais aumenta a resistência conservadora; e quanto mais esta é desarticulada e esparsa, tanto mais é incontrolável e inexoravelmente fadada a prevalecer. Ela é um gigante que cresce com os golpes de seus algozes.

Numa Igreja suicida, é óbvio que a resistência pacífica e silenciosa de um clero não vendido aumenta seu poder de difusão. Só a autenticidade convence. A politicagem interesseira e carreirista enoja seus próprios atores e os divide, pois, em busca de poder, acabam por se aniquilar. Qualquer estrategista minimamente preparado sabe que quanto mais se obriga alguém a dissimular suas convicções, mais retro-estimula essas mesmas convicções nos mais fortes, pois os obriga a encontrar argumentos mentais que os fortifiquem em sua interioridade, constrangida a representar um personagem ingratamente assumido.

Não estamos diante de uma primavera. Este inverno da Igreja é inédito, e não temos imagens que o possam descrever. Mas certo é que o progressismo não tem forças de reprodução e está condenado, a despeito do seu marketing. O futuro da Igreja não está em sua paradoxal senilidade progressista, mas na jovialidade conservadora. No fim das contas, Bergoglio representa um passado entusiasmado, mas teimoso em não morrer.

Admitamos. É frustrante ter dado a vida para matar aquilo que as novas gerações alegremente ressuscitam. Mas este espírito de ressurreição – de restauração, como dizem eles – não vem senão do poder criativo do próprio Deus. Num mundo que precisa de uma Igreja com voz firme, pois se entrega insanamente às garras de um fundamentalismo irresponsável exatamente porque se sente órfão, a Igreja progressista escolheu emudecer-se. E a sua mudez é fatal!

Nossa esperança está nessas comunidades pequenas, firmes, resistentes, vivas, na alegria que muitos padres e bispos continuam mantendo, conservando a doutrina tradicional, a missa de sempre e os costumes perenes da Igreja. É aí que está a nossa força. E aqueles senhores simplesmente não têm capacidade de convencimento. São incrédulos. Apodrecerão em suas dúvidas e, entre os escombros da Igreja, ressurgirá gloriosa a vinha do Senhor, a eterna e Santa Igreja Católica.