Frades Franciscanos da Imaculada. A clausura para Padre Manelli se tornou ainda mais severa. Um decreto do Papa.

Por Marco Tosatti, 2 de fevereiro de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com: Há alguns dias, nós escrevemos sobre o novo decreto de comissariamento para o ramo feminino dos Franciscanos da Imaculada. Um decreto emitido com uma assinatura não apelável do Pontífice, justamente para evitar que um recurso junto ao Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica pudesse ter, como parece possível e provável, um desfecho feliz.
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Pe. Stefano Manelli. 

A Congregação para os Religiosos, presidida pelo cardeal brasileiro Braz de Aviz e pelo secretário franciscano Carballo, quer encerrar o capítulo do comissariamento dentro de um ano, convocando um capítulo logo após o verão. Mas há dificuldades.

Há forte resistência por parte de muitos religiosos contra o comissariamento que tem sido visto como uma forma de violência. Até hoje, da parte da Congregação não foram reveladas as razões e motivos para que a Ordem – uma das mais fecundas em termos de vocações – tenha sido decapitada e seu fundador, o padre Stefano Manelli, de 83 anos, obrigado a viver em uma espécie de clausura imposta.
Assim, quase quatro anos após o início dessa saga verdadeiramente extraordinária (não houve tal severidade nem contra os Legionários de Cristo, cujo fundador tinha aprontado de tudo e mais um pouco) e em antecipação a um possível capítulo, os fautores do novo curso temem que os fiéis de Padre Manelli possam acabar elegendo um governo da sua mesma linha.
Assim, há alguns dias, Padre Manelli recebeu um documento acordado numa audiência dos chefes da Congregação para os Religiosos com o Papa, e que, com o seu consentimento, estabelece:

“O Padre Stefano Manelli está obrigado a emitir um comunicado no qual declara aceitar e cumprir todas as disposições da Santa Sé e exortar os frades Franciscanos e as irmãs Franciscanas da Imaculada a manterem o mesmo comportamento.

Padre Manelli não poderá fazer nenhuma outra declaração aos meios de comunicação e nem aparecer em público.

Ele não poderá participar em qualquer iniciativa ou encontro, pessoalmente ou através dos meios de comunicação social.

O Padre Manelli está obrigado a enviar dentro do limite de 15 dias do presente decreto, todo o patrimônio econômico administrado pelas associações civis e qualquer outra quantia à sua disposição em plena disponibilidade de cada um de seus institutos.

Fica proibido ao Padre Manelli e Padre G. Pellettieri ter quaisquer relações com os Frades Franciscanos da Imaculada, exceto com aquelas comunidades onde habitarão com a permissão deste Dicastério. Evitar também qualquer contato com as Irmãs Franciscanas da Imaculada”.

Só ficou faltando o instrumento de tortura e a máscara de ferro, para o catálogo ficar completo. Em pleno 2017, na Igreja da Misericórdia. Certamente, Manelli e aqueles leais a ele serão acusados de crimes horrendos, mas então por que não dizê-lo e não submetê-los a julgamento canônico? A falta de clareza nas acusações, se é que existem, dão a impressão de uma perseguição alimentada por outros tipos de interesses. Ideológica, ou talvez ainda mais. E em um país onde os assassinos rondam impunes, a gravidade das restrições desperta uma sensação de irrealidade.

O ponto particularmente interessante é o do dinheiro. E que é muito: alguns falam num patrimônio de trinta milhões de euros. Mas que não estão nas mãos de Padre Manelli, mas sim de várias associações de leigos: Associação “Missão da Imaculada”,  Associação “Missão do Imaculado Coração” e “Associação Casa Editora Mariana”. De fato, em julho de 2015, o Tribunal de Revisão de Avellino cancelou o sequestro dos bens de propriedade das associações de leigos com um valor de cerca de 30 milhões. Os bens haviam sido sequestrados pela Procuradoria de Avellino, que levantara suspeitas de crimes de fraude e falsidade ideológica nas batalhas legais que se seguiram ao Comissariamento.

Então, como julgar as exigências feitas a Padre Manelli, uma vez que a Congregação tem conhecimento da situação jurídica sancionada pela lei italiana? Eu não consigo pensar em qualquer outra coisa, senão que essa é uma forma de violência psicológica e moral contra o frade ancião.

É interessante notar que este passo, tão severo, segue outro movimento sem precedentes acontecido há pouco dias, e certamente único, ou seja, a pressão exercida sobre o Grão-Mestre da Ordem de Malta, Matthew Festing, para renunciar, feita pessoalmente pelo Pontífice. A Ordem de Malta não é pobre, muito pelo contrário. Evidentemente, o frio exalta os ânimos autoritários, para bem além dos muros.

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Leia também: Rejeitadas as acusações contra o fundador dos Franciscanos da Imaculada.

Rejeitadas as acusações contra o fundador dos Franciscanos da Imaculada.

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Maria Teresa Moretti – Adelante la Fe 1 | Tradução Frei Zaqueu 2: Após quase um ano de investigações, o Fiscal do Tribunal de Avellino, D. A. Del Bene, pediu a rejeição do processo contra o Padre Stefano Maria Manelli, fundador da Ordem dos Franciscanos da Imaculada, atualmente ainda sob o governo de um Comissário Pontifício, sem que, desde 2013, se tenha dado una motivação válida da parte da “Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica”.

Recentemente, o Padre Stefano Manelli foi objeto de uma campanha midiática particularmente virulenta, que em realidade parecia inspirada e orquestrada por alguém pertencente a sua própria Ordem religiosa. Acusações que buscavam produzir um forte impacto midiático, declarações escandalosas de ex-monjas, e mesmo a divulgação da suspeita de um assassinato. Na saga dos Franciscanos da Imaculada não se economizaram os recursos dignos de um folhetim de décima categoria, e nos meios de comunicação existe alguém que tem seguido com demasiado interesse, e sem muito espírito crítico, a onda mal intencionada de acusações.

Agora que a Justiça, com a petição de rejeição, faz de verdade justiça contra una campanha que poderíamos definir difamatória, emerge o fato de que o fundador do Instituto dos Frades Franciscanos da Imaculada foi injustamente acusado de haver prejudicado a integridade física e moral das monjas do convento de Frigento, maltratando-as e mesmo realizando atos de violência sexual.

As pessoas próximas ao Padre Manelli comentam que: “O êxito das investigações finalmente vem aclarando a falácia das hipóteses da acusação, restituindo justiça e dignidade ao Padre Stefano Manelli, há muito objeto de caluniosos e difamatórios ataques amplificados pelos órgãos da imprensa”.

Agora que a Magistratura disse, que ao que indica o Padre Manelli nunca violou, maltratou o assassinou a ninguém, torna-se urgente e necessária a formulação da pergunta à “Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica”: que fez Padre Manelli, e que fizeram os Franciscanos da Imaculada para ser tratados com tanta dureza?

Não sem ironia, a crônica tem querido que a notícia da rejeição chegasse justo ao final do Ano da Misericórdia…

Mas só Deus sabe se chega demasiado tarde, pois desde 8 de setembro de 2015, os “novos” Frades Franciscanos da Imaculada, alinhados com a igreja de Bergoglio:

– já não são os que fundaram o Padre Manelli junto com o Padre Pellettieri,

– já não são os que aprovou em 1990 a Santa Sé, reinando o Sumo Pontífice São João Paulo II,

– já não são os que obtiveram em 1998 o Direito Pontifício.

Os “novos” FFI já não professam o Voto Mariano, segundo a espiritualidade de São Maximiliano Kolbe, tampouco praticam o Voto de Pobreza de São Francisco de Assis nem seguem a ascética e mística autenticamente franciscanas, menos ainda celebram a Santa Missa segundo o Motu Proprio Summorum Pontificum.

De momento, a triste história da Ordem fundada pelo Padre Manelli parece um dos casos, talvez o mais clamoroso, da autodestruição da Igreja pós-conciliar, uma Igreja que devora seus filhos mais belos e fecundos. Acabado o Ano da Misericórdia, esperemos que comece o Ano da Justiça de Deus.

Maria Teresa Moretti

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Publicado originalmente: Adelante la Fe – Desestimadas las acusaciones contra el fundador de los Franciscanos de la Inmaculada 3

Links:

  1. http://adelantelafe.com/author/mariateresamoretti/
  2. http://www.sensusfidei.com.br/2016/11/24/rejeitada s-as-acusacoes-contra-o-fundador-dos-franciscanos- da-imaculada
  3. http://adelantelafe.com/desestimadas-las-acusacion es-padre-manelli-fundador-los-franciscanos-la-inma culada/

Acusam as Franciscanas da Imaculada por rezar em latim, viver a pobreza, ignorar a teologia de gênero e por seu voto mariano.

Segundo o que revelou Maria Virginia Oliveira de Gristelli à InfoCatólica, o ramo feminino dos Franciscanos da Imaculada tem sido objeto de peculiares acusações por parte dos atuais responsáveis da congregação, designados pela Santa Sé. Acusam as religiosas de não compreender o que rezam, pois rezam em latim, o tipo de pobreza que praticam, de não receber formação na “teologia do gênero” e seu voto mariano.

Por InfoCatólica | Tradução: Marcos Fleurer – Fratres in Unum.comEstas seriam as recentes acusações feitas contra as religiosas:

  • «as irmãs não compreendem o que rezam», referindo-se à escolha do rito tradicional para a oração do Ofício Divino, em latim.
  • «É inconveniente a prática da pobreza tal como as Irmãs vivem», ou seja, segundo a Regra original de S. Francisco – aprovada e louvada pela Tradição e reiterada pelo Magistério muitas vezes, renunciando absolutamente a toda posse, pois seus bens são daqueles que lhes acolhem (bispos e benfeitores). O argumento que se utilizou é que contribuem ao enriquecimento de familiares e amigos que deixam em seu favor.
  • «As irmãs são mantidas na ignorância», pois em sua formação não se inclui a “teologia do gênero”.
  • Formulou-se que é inadmissível seu «voto mariano» (quarto voto da Congregação), alegando a elas que «não se pode obedecer a Nossa Senhora, senão a Deus».

Esta última acusação é ligada ao surpreendente desgosto manifestado pela Ir. Fernanda Barbiero (ex-diretora do Inst. Pontifício Regina Mundi), a Comissária designada para as Franciscanas, que referindo-se à imagem da Imaculada Conceição que estava sobre a mesa para presidir uma de suas visitas, disse às Irmãs «por favor, tirem “Esta” da aqui» para começarmos a conversar…

Franciscanos da Imaculada : “Cuidado!” com os desertores.

Entre os bispos que participavam da sessão plenária da Conferência Episcopal italiana, circulava o padre Fidenzio Volpi, o Comissário do Vaticano para a Congregação dos Frades Franciscanos da Imaculada, e advertia então aos Bispos para que não acolhessem em suas dioceses os frades que queriam deixar a Congregação dos Franciscanos da Imaculada.

Por Marco Tosatti – La Stampa | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: Fomos informados, à parte dos trabalhos da assembleia dos bispos italianos em Assis, sobre um fato marginal, mas indicativo de uma atmosfera não exatamente idílica. O fato é o seguinte: entre os bispos que participavam da sessão plenária da Igreja italiana, circulava o padre Fidenzio Volpi, o Comissário do Vaticano para a Congregação dos Frades Franciscanos da Imaculada.

A razão para a presença do Comissário não foi por acaso. De acordo com o que foi relatado por fontes confiáveis, dignas da maior fé, o Comissário se aproximava ora de um bispo e ora de outro, a fim de dissuadi-los, por assim dizer, de acolher em suas dioceses aqueles frades da Imaculada que já não se reconhecem mais na nova gestão da Ordem, administrada pelo Comissário e, sobretudo, pelo Secretário e porta-voz, o padre Alfonso de Bruno.

Como já tinha sido observado neste espaço, que entre outras coisas, o comissariamento dos Franciscanos da Imaculada se destaca tanto pela imprecisão das razões – na verdade nunca disseram claramente por quais motivos concretos a Congregação para os Religiosos tomou tal medida, salvo uma acusação de cunho “cripto-lefebvrista” – tanto pelo grau de conflito interno que a teria provocado e a severidade da reação, da qual este último episódio é uma confirmação adicional.

Como um leigo, eu me pergunto por que um religioso que não se sente mais como membro de uma congregação deve ser quase obrigado a permanecer nela, ao invés de levar a sua contribuição como sacerdote a uma diocese, principalmente num momento em que as vocações não abundam. Brincando, poderíamos dizer que eles se tornaram como refugiados também… E por que o Comissário Pontifício viaja para Assis, só pra advertir: “Tenha cuidado…” a este ou aquele bispo… O que se pode dizer?

Parece que não é um clima muito agradável, o que se respira atualmente na Igreja.

Foto da semana.

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“Caterina Maria Sudrio era a mais nova de 10 filhos, nascida em Benevento, [Campania, Itália,] em 1º de junho de 2006.

Quando tinha apenas 4 anos, ela pediu ao Padre Pietro Luongo, FI, em tom de voz muito sério, para se confessar. Ela havia sido batizada pelo Padre Stefano Manelli, [fundador dos Franciscanos da Imaculada] e dele recebeu a Primeira Comunhão aos 5 anos e meio de idade, no Dia de Natal, em 2011, em uma Santa Missa celebrada no Rito  Tridentino [Rito Romano Tradicional ou Forma Extraordinária]. Toda noite, às 19h20mi, ela tinha que ir, custasse o que custasse, à Benção Eucarística no Santuário da Mãe do Bom Conselho. Conscientemente, ela oferecia a sua enfermidade pelo Padre Stefano Manelli e pelo instituto dos Franciscanos da Imaculada, Freis e Irmãs.

Ela sabia que não seria curada.

Seu filme favorito desde tenra idade era “Marcelino Pão e Vinho”.

Sua canção favorita: “Eu prefiro o Céu” [Preferisco il Paradiso], ouvida no filme sobre São Filipe Neri.

Ela nunca, repito nunca, reclamou sobre sua doença (pinealoblastoma). Quando indagada como estava passando, ela sempre respondia: “bem,” e com um sorriso.

Sempre repetia, desde o momento em que aprendeu a falar: “Jesus veio para trazer alegria”.

Posso dizer que o bom Deus a elevou para Si, e a levou no dia de Maria [sábado], na festa de Santa Ana e São Joaquim, 26 de julho de 2014, na idade de 8 anos.

Consummatum est!

O lema dela era: Quando não temos amor, crescemos com dificuldade!”

A carta acima foi escrita pela família da pequena Caterina; seus pais são da Terceira Ordem dos Franciscanos da Imaculada e três irmãs de Caterina são religiosas na obra, tão injustamente perseguida, do Padre Manelli. Caterina sofria de um raro tipo de tumor no cérebro e lutou contra a doença por dois anos.  Na foto, à direita, temos a linda Caterina no início de sua enfermidade, em setembro de 2012; à esquerda, em seu encontro com o Papa Francisco, em 23 de janeiro de 2014. Caterina, seu sacrifício, unido ao de Nosso Senhor, não foi em vão. Continue, do céu, rezando pelos Franciscanos da Imaculada e por todos nós.

Créditos: Chiesa e Post Concilio.

O Papa dialoga com os jovens Franciscanos da Imaculada.

O encontro, que durou uma hora e meia, ocorreu na terça-feira, 10 de junho, na capela de Santa Marta. Sobre o Concílio, Francisco disse que a hermenêutica correta é a proposta por Bento XVI.

Por Andrea Tornielli | Tradução: Fratres in Unum.com – O encontro ocorreu na manhã de 10 de junho, na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, apesar da indisposição do Papa que havia provocado o cancelamento de alguns compromissos no dia anterior. Francisco esteve durante uma hora e meia com cerca de sessenta frades Franciscanos da Imaculada. A Santa Sé nomeou, no ano passado, um comissário apostólico para resolver alguns problemas internos da ordem fundada pelo padre Stefano Manelli, relativos ao governo, administração, relação com o ramo feminino e uso quase exclusivo do missal antigo e a interpretação do Concílio. Na reunião, estiveram presentes cerca de quarenta seminaristas, noviços e estudantes de teologia e filosofia, junto com seus formadores e com o comissário pontifício, o pe. Fidenzio Volpi.

Os Franciscanos cantaram a Ave Maria de Fátima e renovaram, nas mãos do Papa, seus votos de total consagração à Imaculada. Depois, fizeram perguntas a Francisco sobre os temas mais espinhosos relacionados à vida interna do instituto. O Papa Bergolgio se mostrou informado de tudo, segue os acontecimentos de perto e demonstrou seu apreço em várias ocasiões pelo pe. Volpi, desmentindo, assim, que as ações do comissário e de seus colaboradores sejam feitas sem o seu conhecimento.

Depois da intervenção por parte da Santa Sé e a restrição do uso do missal antigo, que, contrariamente ao que prevê a norma do motu proprio “Summorum Pontificum”, no caso dos Franciscanos da Imaculada pode ser usado com solicitação de autorização prévia aos superiores, produziram-se deserções entre os frades e seminaristas. Dos 400 religiosos em todo o mundo, cerca de quarenta pediram dispensa dos votos, sendo quase metade deles seminaristas e, portanto, ainda estudantes que só haviam proferido os votos temporários.

Sobre o motu proprio, o Papa Francisco disse que não queria se separar da linha de Bento XVI, e insistiu em que também os Frades Franciscanos da Imaculada têm a liberdade de celebrar a missa antiga, embora no momento, haja vista a polêmica sobre o uso exclusivo daquele missal — elemento que não forma parte do carisma da fundação do instituto — é necessário “um discernimento” com o superior e, com o bispo, se se trata de celebrações em igrejas paroquiais, santuários e casas de formação. O Papa explicou que deve haver liberdade tanto para quem quer celebrar o rito antigo como para quem quer o rito novo, sem que o rito se conversa em uma bandeira ideológica.

Houve também uma pergunta sobre a interpretação do Concílio Vaticano II. Francisco voltou a expressar seu apreço pela obra do arcebispo Agostino Marchetto, definindo-o como o “melhor hermeneuta” do Concílio. E assim respondeu à objeção segundo a qual o Vaticano II seria um concílio pastoral que só provocou danos à Igreja. O Papa disse que apesar de ter sido pastoral, ele contém elementos doutrinais e é um concílio católico, reiterando a linha da hermenêutica da reforma na continuidade do único sujeito Igreja apresentada por Bento XVI no discurso à Cúria Romana em dezembro de 2005. Recordou que todos os concílios causaram ruídos e reações, porque o demônio “não quer que a Igreja se fortaleça”. E disse também que é necessário ir adiante com a hermenêutica teológica e não ideológica do Vaticano II.

Francisco disse que foi ele quem quis o fechamento do instituto teológico interno dos Franciscanos da Imaculada (STIM), para fazer com que os seminaristas estudem nas faculdades pontifícias teológicas romanas. Precisou depois que a ortodoxia está garantida pela Igreja através do sucessor de Pedro.

Não faltaram momentos em que Bergoglio citou recordações pessoais, falando do frei Anselmo, um frade da Imaculada de origem filipina que conheceu quando era cardeal, frequentando a igreja de Maria Santíssima Annunziata em Lungotevere, onde o encontrou pela primeira vez com um balde nas mãos enquanto fazia limpeza. O frade Anselmo hoje está na Nigéria. “Me ensinou a humildade, me fez muito bem”, disse Francisco.

Ao final do encontro, o Papa saudou pessoalmente a todos os presentes. Dois deles manifestaram sua perplexidade pelo tratamento que havia sido dado ao fundador, o padre Stefano Manelli. Um destes dois seminaristas, vários dias depois do encontro, anunciou sua decisão de deixar o noviciado porque era contrário ao Concílio Vaticano II.

Nota do Fratres: Tornielli, lamentavelmente, insinua uma associação entre defender o fundador e ser contrário ao Concílio. Primeiro, pe. Manelli nunca foi contrário ao Vaticano II e sequer impôs, como Tornielli mesmo faz questão de difundir, a Missa Tradicional como “quase exclusiva” aos Frades. Depois, porque o tratamento dado a ele é uma questão de ordem moral, de envergonhar até um não cristão pela indecência do ponto de vista meramente humano e natural. Não há nada relacionado a ser pró ou contra o Concílio Vaticano II.

Salus animarum suprema lex?

Por Roberto de Mattei | Tradução: Fratres in Unum.com – As últimas dúvidas, para os que ainda as tivessem, estão definitivamente dissipadas. Existe um plano para a destruição sistemática dos Franciscanos e das Franciscanas da Imaculada, os dois institutos religiosos fundados pelo padre Stefano Maria Manelli, varridos agora pela tempestade.

Na segunda-feira, 19 de maio de 2014, o Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, anunciou à Madre Geral das Franciscanas da Imaculada a nomeação, com efeito imediato, de uma “visitante” para o Instituto com poderes de férreo controle equivalentes de fato ao de uma “comissária”. Na casa geral de Frattocchie tomou posse, ipso facto, a irmã Fernanda Barbiero, do Instituto Suore Maestre di Santa Dorotea, uma religiosa “adulta” e atualizada, de tendência moderadamente feminista, defensora, com alguns anos de atraso, do “humanismo integral” maritainista.

As Irmãs Franciscanas da Imaculada são uma Ordem religiosa de direito pontifício que se destaca pela jovem idade média [de seus membros], o número de vocações e, especialmente, pelo rigor com que vivem o seu carisma, de acordo com a Regra redigida por São Francisco de Assis. Uma parte delas exerce um intenso apostolado missionário na África, no Brasil e nas Filipinas, enquanto a outra parte abraçou a vida contemplativa, em espírito de profunda austeridade e oração. As Irmãs, inspiradas pelo exemplo de São Maximiliano Maria Kolbe, administram editoras, rádio e revistas de grande difusão popular, como “O Semanário do Padre Pio”. Este apostolado de conquista, unido ao amor pela Tradição, é certamente uma das causas do ódio que se tem adensado sobre elas e seus irmãos Franciscanos.

Em 11 de julho de 2013, o cardeal Braz de Aviz confiou o governo dos Franciscanos da Imaculada a um “comissário apostólico”, que em menos de um ano conseguiu desagregar a Ordem, forçando os melhores Frades a pedir dispensa de seus votos, para sair de um Instituto agora reduzido a um campo de ruínas e poder viver de outro modo sua própria vocação.

O caso das Franciscanas que se abre agora é ainda mais grave do que o do Instituto masculino. O pretexto para a “visita” e depois para o comissariado dos Frades foi a presença de um pequeno e agressivo grupo de “dissidentes”, incentivados e alimentados a partir de fora. Nenhuma dissidência, no entanto, se manifestou entre as irmãs, que vivem em espírito de unidade e caridade fraterna. As Franciscanas e os Franciscanos da Imaculada deviam ser supressos sobretudo pela sua proximidade com a Tradição, ao contrário da prática da maioria dos Institutos de Vida Consagrada. Dissemos proximidade porque as duas congregações franciscanas nasceram e se situam fora do mundo “tradicionalista”.

Em face do colapso teológico e pastoral do pós-Concílio, eles manifestaram uma adesão à ortodoxia da Igreja que contrasta com a criatividade doutrinária e litúrgica que hoje impera. A Congregação para os Religiosos considera este sentire cum Ecclesia “tradicional” incompatível com o sentire cum Ecclesia “vaticanosecundista”.

A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada cometeu um flagrante abuso de poder quando pretendeu proibir os Franciscanos da Imaculada de celebrar a Missa segundo o antigo rito romano. E os Frades cometeram um outro evidente erro quando aceitaram renunciar à celebração da Missa tradicional. Eles justificaram a sua renúncia com base em dois motivos: a obediência e o bi-ritualismo. Mas o problema de fundo não é o mono ou o bi-ritualismo.

O fato é que a Missa tradicional nunca foi revogada e não pode ser revogada, pelo que todos os sacerdotes conservam o direito de celebrá-la. A pedra angular do Motu Proprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI, de 7 de julho de 200, está naquela passagem que concede a cada sacerdote o direito “celebrar o Sacrifício da Missa segundo a edição típica do Missal Romano, promulgada pelo Beato  João XXIII em 1962 e nunca ab-rogada, como forma extraordinária da Liturgia da Igreja”. Trata-se de uma lei universal da Igreja, que confirma a Bula Quo primum de São Pio V (1570). Nunca nenhum padre foi punido, ou poderá sê-lo, por ter celebrado a Missa tradicional. Nunca poderá ser imposto aos fiéis, leigos ou freiras, a renúncia ao bem que representa um Rito canonizado pelo uso de quase dois milênios de história da Igreja.

A obediência é uma virtude, talvez a mais alta. Mas o problema que se coloca hoje na Igreja é a quem e a que coisa se deve obedecer. Quando a obediência às autoridades humanas, em vez de aperfeiçoar a vida espiritual, a prejudica, colocando em risco a própria salvação, ela deve ser vigorosamente rejeitada, porque devemos obedecer antes a Deus do que aos homens (Atos 5: 29).

Talvez o cardeal Braz de Aviz queira empurrar as freiras a passarem em massa para a Sociedade São Pio X, a fim de demonstrar que não há espaço possível entre os tradicionalistas “cismáticos” e a Igreja “conciliar”. Porém, ele parece esquecer duas coisas: em primeiro lugar, que muitos bispos e até mesmo conferências episcopais estão hoje separados da fé da Igreja em medida muito maior do que aquilo que separa a Sociedade São Pio X das autoridades eclesiásticas; em segundo lugar, que o Direito Canônico permite às Irmãs e aos Irmãos de serem liberados de seus votos para se reorganizarem sob a forma de uma associação privada de fiéis, vivendo a sua vocação fora de qualquer imposição arbitrária (cânon 298-311).

A Congregação dos Religiosos recusaria às 400 irmãs a dispensa dos votos que deveriam pedir? Seria uma brutal violação da liberdade de consciência de que hoje tanto se fala, com frequência de modo desatinado. A doutrina tradicional da Igreja considera inviolável a liberdade de consciência no foro interno, porque ninguém pode ser forçado em suas escolhas, mas nega tal liberdade no âmbito público, ou no foro externo, porque só a verdade, e não o erro tem direitos. Os fanáticos do Concílio Vaticano II teorizam a liberdade religiosa no foro externo, reconhecendo direitos a todos os cultos e seitas, mas a negam no foro interno, julgando as intenções e invadindo o âmbito da consciência individual.

Mas é possível impor à força, a Irmãos e Irmãs, sua permanência dentro de um instituto religioso em que não se reconhecem, porque lhe foi destruída a identidade? O princípio de que salus animarum suprema lex [a salvação da alma é a lei suprema] é o fundamento não só do Direito Canônico, mas da vida espiritual de cada batizado, e deve ser tido como regra irrenunciável para conseguir a salvação da própria alma.

Se, nessa perspectiva, seguindo uma consciência reta, alguns quisessem resistir às ordens injustas, o que os aguardaria? Um abraço dialogante e misericordioso, ou a dura política da vara? Expulsões, censura, suspensões a divinis, excomunhão e interditos estão agora reservados somente a quem mantém a ortodoxia da fé?

Uma última pergunta está ainda sem resposta. A vara do cardeal Braz de Aviz: está em aberta contradição com a política de misericórdia do Papa Francisco, ou constitui uma expressão típica dela?

Miserando atque eligendo.

Precisamos de mais diálogo, porque não funciona mais o autoritarismo de tempos passados”

Palavras mais do que hipócritas de Dom João Braz de Avis, Cardeal Prefeito dos Religiosos, que determinou a intervenção na ordem dos FFI.

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Padre Stefano Manelli: o “presente” do Comissário Pe. Volpi em seu 81º aniversário.

Por ANSA | Tradução: Fratres in Unum.com – Napoli, 2 de maio – Religioso não pode visitar o túmulo do pai. Padre Manelli, fundador dos FFI, proibido pelo Comissário da Ordem. Ao fundador dos Frades Franciscanos da Imaculada, pe. Stefano Manelli, 81 anos, foi proibido pelo Comissário Apostólico da Ordem, Fidenzio Volpi, de ir a Frigento (Avellino), em 1º de maio, para visitar o túmulo de seus pais, reconhecidos pela Igreja como Servos de Deus, e de celebrar uma Missa. Afirmou-o o advogado Bruno Lucianelli. A proibição está provocando fortes reações. Alguns fiéis avaliam uma denúncia à Corte Europeia de Direitos do Homem.

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Comentário de Messa in Latino:

O aniversário do Pe. Stefano Maria Manelli, homem de grande Fé, sacerdote exemplar, inflamado de amor pela Imaculada, pela Santa Igreja e pelo Papa, ocorreu em 1º de maio, primeiro dia do mês mariano.

Muitos odeiam o Pe. Manelli e a Ordem dos Franciscanos da Imaculada, rica em vocações, porque seus Consagrados e Consagradas vivem de caridade, mirando apenas Àquele que foi pregado na Cruz para nossa salvação.

obstinada busca pela santificação, na simplicidade e na pobreza de outrora, pelos Frades e Irmãs Franciscanas da Imaculada que extraem sua elevada espiritualidade do Seráfico Pai São Francisco e de São Maximiliano Maria Kolbe, deixa enfurecido, com ódio quase diabólico, todos aqueles que querem arrastar os Consagrados ao abismo da estéril mundanidade, antecâmera da dissolução espiritual da Igreja através do habitual hiper-obséquio à modernidade feito de adaptações e aggiornamenti

Desprezando, assim, a moda efêmera e passageira, os Frades da Imaculada (como o povo simples ama chamá-los) são obedientes ao Magistério autêntico da Igreja de sempre, sem jamais cair na armadilha da espetacularização da vida religiosa.

Rezemos pelo ancião homem de Deus, Pe. Stefano Manelli, a fim de que o seu sofrimento, obedientemente aceito na mais absoluto discrição, receba a consolação da Senhora Santíssima Imaculada; neste mês mariano, temos o dever de rezar cristãmente também pelos perseguidores do Pe. Manelli, poucos e pequenos homens em busca de visibilidade, para que o Senhor Ressuscitado os faça redescobrir o verdadeiro caminho na alegria e na caridade do amor fraterno.

Foto: Um jovem estudante romano se dirigiu para homenagear Pe. Manelli no dia de seu aniversário. A.C. 

Intervenção nos Franciscanos da Imaculada: Papa encontra um casal inesperado e sugere fim da intervenção para breve.

Por Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com – No domingo, 6 de abril, o Papa Francisco celebrou uma missa na paróquia romana de San Gregorio Magno alla Magliana. O que ele não esperava era que o pároco lhe apresentasse um casal, último nome Manelli, do qual seis de seus nove filhos são membros dos Franciscanos da Imaculada (dois filhos) e Irmãs (quatro filhas) da Imaculada.

Sandro Magister relata:

Em uma conversa com o papa, o casal Pio e Annamaria [Manelli] – o pintor do ícone [de Salus Populi Romani, presenteado ao papa] –  lhe disse:

“Santo Padre, temos nove filhos, seis dos quais são consagrados dentre os Franciscanos da Imaculada. Imploramos que o senhor os tire da sepultura.”

Ao que o papa Francisco – que na homilia havia dito que Jesus remove não somente Lázaro, mas todos dos sepulcros – sorriu, um pouco surpreso, os acariciou e disse-lhes: “Breve, breve.”

Não se sabe ainda o que esse “breve” pode significar. Os mais otimistas esperam por um iminente e pacífico fim da intervenção.

Adesão opcional ao Vaticano II: Se ecumênico, por que negar? Se não, por que a coação seletiva?

Postagem de um leitor acadêmico de longa-data convidado

Por Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com – Como todos sabemos, Pe. Volpi, Comissário Apostólico para os Franciscanos da Imaculada, tem executado uma inquisição anti-criptolefebvrianos, a qual chamaremos “inquisitio hæreticæ pravitatis”…, e uma das medidas que ele impôs é a aceitação formal do Vaticano II de acordo com a autoridade a ele atribuído pelo Magistério. Alguém poderia, pois, perguntar “a Igreja considera o Vaticano II um Concílio Ecumênico? Qual é a autoridade a ele atribuída?.

O antigo Patriarca Melquita Máximo V certamente não o considera, como visto na 30Dias (n. 2, 1997). Máximo declarou “impensável” tratar os “Concílios da Igreja do Ocidente” (!) ocorridos no segundo milênio como condição de unidade com os ortodoxos [sic], “incluindo a infalibilidade papal” (!!). E: “… deve ser reconhecido que todos os Concílios depois do primeiro milênio, incluindo o Vaticano I e o II, não podem ser descritos como ecumênicos… As decisões tomadas nessas sessões não podem dizer respeito às Igrejas Orientais, as quais não tomaram parte nelas.” (Todo um conjunto de pressupostos teológicos, sem mencionar a falta de rigor histórico, jaz sob essas afirmações. O Patriarca de Constantinopla, o Metropolita de Kiev e cerca de 60 bispos gregos co-definiram o Filioque e o Primado Romano em Florença, em 1439. Veja-se o exaustivo tratdo em GILL, Joseph, SJ, do Pontifício Instituto Oriental. O Concílio de Florença. Cambridge, 1959).

Dum filão similar, mais de uma década depois, há o mundialmente renomado intelectual bizantino, Pe. Robert Taft, SJ, professor do Pontifício Instituto Oriental por mais de 38 anos, sugerindo que a Igreja Católica poderia “especificar mais claramente” quais concílios são ecumênicos. “Os concílios católicos romanos pós-cisma devem ser considerados concílios ecumênicos da Igreja Indivisa? Se sim, quem o diz?” (Entrevista, “Construindo Pontos entre Cristãos Católicos e Ortodoxos”, in Sophia, verão de 2013, p. 7-9.)

Pe. Taft resume a “nova” eclesiologia católica acerca das “Igrejas Irmãs” como uma “surpreendente revolução em como a Igreja Católica vê a si mesma: nós não somos mais a filha única da vizinhança, a Igreja de Cristo toda, mas uma Igreja Irmã entre outras”. Antigamente, a Igreja Católica se considerava a Igreja original e verdadeira da qual as outras se separaram, e “os católicos sustentavam, simplesmente, que a solução para a divisão da Cristandade consistia no retorno de todos os outros cristãos para o seio materno de Roma”. Nas linhas subsequentes, Taft qualifica a visão anterior de “historicamente ridícula, egocêntrica e auto-complacente”.

Que o Vaticano II foi um concílio ecumênico não é certamente estranho para as mentes dos franciscanos que assinarão o que o pe. Volpi colocar em sua frente em nome da Igreja e da obediência. E provavelmente muitos leitores deste blog obedeceriam um Comissário do Romano Pontífice, se fossem religiosos ou clérigos, porque firmemente sustentam aquilo que o pe. Taft e muitos letrados e clérigos católicos atuais repudiam como “ridículo”. Com fé divina e perplexidade humana, perguntamos ao Papa Francisco e aos inquisidores curiais sobre os Franciscanos da Imaculada: que tipo de comunhão com a Igreja é esta?

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