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Selo 500 anos de Lutero

Por La Nuova Bussola Quotidiana | Tradução: FratresInUnum.com – “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.” (Jo 19, 25-27)

Este é um dos mais importantes momentos da Vida de Jesus, o ápice de Sua missão redentora. Maria está lá e ao Seu lado está João. Daquele momento em diante, Maria é Mãe de todos aqueles que virão a pertencer à Igreja: Mater Ecclesiae, como Paulo VI a chamou no encerramento do Concílio Vaticano II.

Todavia, a Santa Madre Igreja, para comemorar o evento das 95 teses afixadas por Martinho Lutero na grande porte da Igreja de Wittenberg há 500 anos, considerou oportuno divulgar um selo, através do Departamento Filatélico do Vaticano. Ele é descrito dessa forma, em sua apresentação oficial:

“Em primeiro plano, Jesus crucificado, tendo ao fundo um céu dourado sobre a cidade de Wittenberg. Em uma atitude penitencial, de joelhos, respectivamente da esquerda para a direita, Martinho Lutero segura a Bíblia, fonte e propósito de sua doutrina, enquanto seu amigo e teólogo, Filippe Melâncton, um dos mais importantes protagonistas da Reforma, segura a Confissão de Augsburgo, Confessio Augustuana, a primeira exposição dos princípios do Protestantismo redigida por ele”.

É verdade que estamos vivendo um clima de “distensão” entre Católicos e Luteranos; é verdade que um bispo católico [Mons. Galantino, secretário da Conferência Episcopal Italiana] chegou ao ponto de dizer que “A Reforma começou com Martinho Lutero há 5 séculos como um evento do Espírito Santo”, mas um selo lançado pela Santa Sé é realmente incomum.

A Santa Madre Igreja, da qual a Virgem Maria é símbolo e modelo, divulgar um selo com um mosaico criado por August von Kloeber em 1851 é um sinal dos tempos. Aqueles dois senhores, que iniciaram o movimento protestante, aos pés da Cruz, definiam a Mariologia como “a soma de todas as heresias”.

Créditos: Rorate-Caeli

Lutero: reformador?…

Por Pe. Élcio Murucci | FratresInUnum.com

Textos e comentários extraídos do livro “A Igreja, a Reforma e a Civilização”, livro escrito pelo célebre, seguro e erudito Padre Leonel Franca, S. J.

“Não é meu intuito humilhar aqui os protestantes. Quisera tão somente iluminá-los. Verdades que amargam são muitas vezes verdades que salvam.

LuteroLutero inaugura a sua missão com o gravíssimo pecado do sacrilégio e da apostasia. Jovem, era livre. Um dia, enamorado do ideal evangélico de perfeição, desejoso de seguir de perto a Cristo, estende espontaneamente a mão sobre o altar e pronuncia os votos religiosos de pobreza, obediência e castidade. Passam os anos (dois). Raia o dia do seu sacerdócio. Ainda uma vez, quando o crisma sagrado lhe ungia as mãos, o neo-levita renova a consagração do religioso. Mais tarde, que faz Lutero de todas estas promessas firmadas com a santidade inviolável do juramento? Quebra a fé empenhada, rasga os seus compromissos, atira o burel do religioso às urtigas e enxovalha a candura da estola sacerdotal no lodo de um casamento duplamente sacrílego!

O orgulho fizera o fedífrago, o orgulho cegou o doutor. Na sua autossuficiência, dir-se-ia que esqueceu não só a humildade evangélica, mas as reservas da modéstia mais elementar. Até ao aparecimento do seu Evangelho, ninguém soubera quem era Cristo, que eram sacramentos, que era a fé, quem era Deus e a sua Igreja. Os Santos Padres, os Apóstolos, os Concílios, a Igreja toda errou! Sua doutrina é a única verdadeira. “Muito embora, escreve Lutero, a Igreja, Agostinho e os outros doutores, Pedro e Apolo e até um anjo do céu ensinem o contrário, minha doutrina é tal que só ela engrandece a graça e a glória de Deus e condena a justiça de todos os homens na sua sabedoria”. (Cf. Weimar, XL, 1 Abt., 132). Que demência de soberba!

Mais ao vivo ainda se revela o frenesi desta inteligência decaída, nestas palavras que não têm semelhantes nos fastos do despotismo e do orgulho humano: “Quem não crê como eu, escreve Lutero, é destinado ao inferno. Minha doutrina e a doutrina de Deus são a mesma coisa. Meu juízo é o juízo de Deus”. (Cf. Weimar, X, 2 Abt., 107). “Tenho certeza que meus dogmas vêem do céu… eles hão de prevalecer e o Papa há de cair a despeito de todas a portas do inferno, a despeito de todos os poderes dos ares, da terra e do mar” (Cf. Weimar, X, 2 Abt., 184). “Não devemos ceder aos ímpios papistas… Nossa soberba contra o Papa é necessária… Não havemos de ceder nem a todos os anjos do céu, nem a Pedro, nem a Paulo, nem a cem imperadores, nem a mil papas, nem a todo o mundo… a ninguém, “cedo nulli”. (Cf. Weimar, XV, 1Abt., 180-1). “Este Lutero nos vos parece um homem extravagante? Quanto a mim penso que ele é Deus. Senão, como teriam os seus escritos e o seu nome a potência de transformar mendigos em senhores, asnos em doutores, falsários em santos, lodo em pérolas”. (Cf. Ed. Wittemb. 1551, t. IV, pág. 378). Orgia de orgulho satânico ou caso de patologia mental?

Não é, pois, de maravilhar que este homem assim enfatuado de sua ciência, depois de haver negado a infalibilidade do Papa e proclamado a liberdade de exame para legitimar os próprios excessos, se tenha arvorado em cátedra inerrante de fé, constrangendo os seus sequazes a curvarem submissos a fronte ante os arestos inapeláveis de suas decisões infalíveis. Não houve tirania mais insuportável nem arrogância mais impetuosa que a deste pregador do livre exame. Todos os seus correligionários gemem sob o peso de seu jugo de ferro. Münzer dizia: “há dois papas: o de Roma e Lutero, e esse mais duro”. Ao seu confidente Bulinger escrevia Calvino: “já não é possível suportar os arrebatamentos de Lutero; cega-o a tal extremo o amor próprio que não vê os próprios defeitos nem tolera que o contradigam”; e a Melanchton dizia Calvino: “com que impetuosidade fulmina o vosso Pericles! Singular exemplo deixamos à posteridade quando preferimos abrir mão de nossa liberdade a irritar com a menor ofensa um homem só! Dizem que é de gênio arrebatado, de movimentos impetuosos, como se esta violência não se exaltasse com lhe comprazerem os outros em tudo. Ousemos ao menos soltar um gemido livre”. (Calvini Opera, XII, 99). “Vivo na escravidão, como no antro de Cyclope”, murmura por sua vez Melanchton. (Bossuet, Hist, des variations, 1. 5, n. 15 e16). Contra Carlostadt, seu antigo mestre, que em tirar as conclusões da nova doutrina foi além do que pretendia o reformador, obteve o decreto de expulsão da Saxônia e não o readmitiu senão com a promessa de “não defender em público, por palavra ou por escrito, suas opiniões contrárias às de Lutero”. (Weimar, XVIII, 86 sgs). A Münzer, por motivo análogo, cassou a liberdade de palavra apesar do “verbum Dei non est alligatum”, que ele tantas vezes invocara contra a Igreja Católica. Assim entendia Lutero o livre exame!

Ao ver esta prepotência com que o chefe da Reforma impunha despoticamente as suas opiniões, crê toda a gente sensata que nada mais firme, nada mais assentado e maduramente refletido que a nova doutrina. Erro. O inculcado emissário divino que modestamente se prefere a todos os doutores do céu e da terra, que blasona de inspirado do Espírito Santo, que recebeu “os seus dogmas do céu”, hesita, retrata-se, contradiz-se, assenta e destrói dogmas pelos motivos mais fúteis, muda de opinião como um ator de roupa.

NB.: Entre os inúmeros exemplos apresentados pelo Padre Leonel Franca, cingir-me-ei apenas a alguns, para não cansar meus caríssimos leitores.

“Quanto à origem e legitimidade de sua missão, em pouco mais de 15 anos, Lutero mudou pelo menos 14 vezes de parecer. (Cf. Döllinger, Die Reformation, III, 205 ss.)

Em 1519, Lutero escreve: “Confesso plenamente o supremo poder da Igreja Romana; fora de Jesus Cristo, Senhor Nosso, nada no céu e na terra se lhe deve preferir”. (Cf. De Wette, I, 234). “Esta Igreja é a predileta de Deus; não pode haver razão alguma, por mais grave, que autorize a quem quer que seja a apartar-se dela e, com o cisma, separar-se da sua unidade”. (Cf. Weimar, II, 72.). Em 1520, na sua Epístola Luterana tece os mais rasgados encômios a Leão X, louva-lhe a vida intemerata superior a qualquer ataque. (De Wette, I, 498). Nesse mesmo ano já, Leão X é o Anticristo e a igreja romana “uma licenciosa espelunca de ladrões, o mais impudente dos lupanares, o reino do pecado, da morte e do inferno” ( De Wette, I, 498).

… Em 1523 escrevia: “Se acontecesse que um, dois, mil ou mais concílios decidissem que os eclesiásticos pudessem contrair matrimônio, preferiria, confiado na graça de Deus, perdoar a quem, por toda a vida, tivesse uma, duas ou três meretrizes, do que, consoante à decisão conciliar, tomasse mulher legítima e sem tal decisão não a pudesse tomar”. (Cf. Weimar, XII, 237).

A obra do autor mais citado pelo Padre Leonel Franca é: “D. Martin Luthers, Werke. Kritische Gesmtausgabe, 1883 ss. Desta Edição crítica, que até 1914 contava 50 volumes, é que o Pe. Leonel Franca mais freqüentemente se serviu.

Hereges de Itaquera, seguros da impunidade. Será?

Por FratresInUnum.com – Apesar de toda a celeuma provocada pelo folheto pró-gay de sua autoria, Pe. Paulo Sérgio Bezerra diz que “não voltamos mais atrás”.

Ao “Jornal da Cidade”, chegou a revelar: “são poucos os padres com coragem de tocar nesses assuntos. Sempre fui assim, mas, com esse papa, sinto mais tranquilidade de que não serei punido”.

Mas, será?…

Reprodução: facebook do Padre Paulo Sérgio Bezerra.
Reprodução: facebook do Padre Paulo Sérgio Bezerra.

Vamos recordar alguns fatos mais ou menos recentes…

A Diocese de Bauru declarou a excomunhão do conhecido Pe. Beto. Na época, dizia-se que o Papa Francisco revogaria a pena canônica. Mas, ao contrário, a excomunhão de Pe. Beto foi confirmada pela Santa Sé.

Do mesmo modo, o Pe. Greg Reynolds, da Austrália, conhecido apoiador da causa gay, também foi excomungado pelo Papa Francisco.

Igualmente, Francisco excomungou Martha Heizer, líder do Movimento “Nós Somos Igreja”, que defende abertamente a agenda homossexual.

PORTANTO, é certo que, caso o bispo de São Miguel Paulista, Dom Manuel Parrado Carral, tenha a correta atitude de declarar a excomunhão automática do Pe. Paulo Sérgio Bezerra e de suprimir a dita Associação “Igreja, Povo de Deus em Movimento”, a Santa Sé confirmará o seu parecer.

Esta gente está alvoroçada e, francamente, passou dos limites!

Não nos desencorajemos. Continuemos a protestar contra os hereges de Itaquera.

O senhor não volta atrás, Padre Paulo Bezerra? Pois bem, nós também não! 

Excomungado o senhor já é, falta apenas que o bispo declare e a Santa Sé ratifique!

A nova religião de Padre Beto.

Missa de padre expulso reúne 500

UOL – Na primeira missa alternativa que realizou, anteontem, em Bauru (340 km de São Paulo), Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, reuniu 500 pessoas e substituiu as canções tradicionais religiosas por músicas populares como “Tempos Modernos” e “Toda Forma de Amor”, de Lulu Santos; “A Paz”, de Gilberto Gil; e “Eu quero apenas”, de Roberto Carlos.

A comunhão foi ao som de “Imagine”, de John Lennon.

A missa alternativa seguiu o roteiro da celebração tradicional da Igreja Católica, mas deixou de fora alguns ritos que só existem na celebração católica: a leitura do salmo responsorial e a profissão de fé, por exemplo.

Ao final da celebração, Beto disse que não pretende fundar uma nova religião, mas reafirmou que irá continuar a realizar as missas alternativas aos domingos.

* * *

A diocese de Bauru divulgou em seu site, no último dia 25, um comunicado sobre o triste fim de Pe. Beto. Vale a leitura.

“Ordenada” a primeira “bispa” anglicana.

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Triste Inglaterra. Hoje foi “ordenada” a primeira “bispa” anglicana, Sra. Libby Lane, 48 anos, casada e mãe de dois filhos. No momento em que foi chamada pelo “bispo” para ser “ordenada”, uma voz corajosamente se levantou em meio à assembleia exclamando: “Não, não está na bíblia — disse um clérigo dissidente, Paul Williamson –, respeitosamente, Excelência, peço para falar sobre esse impedimento absoluto, por favor”. O vídeo pode ser visto aqui.

Rezemos pela conversão dos hereges e cismáticos.

Defendendo Messori contra os falsos dogmas de Boff.

Por Monsenhor Antonio Livi* | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: As considerações que Vittorio Messori publicou no Corriere della Sera a respeito do pontificado do Papa Bergoglio, em 24 de dezembro (republicado pelo La Nuova Bussula Quotidiana do dia 28 de dezembro) têm suscitado, como se esperava, muitas reações diferentes. Muitos manifestaram o seu acordo, outros o criticaram duramente. Não vou entrar no mérito daquelas avaliações, que, em todo caso, considero como legítimas. Trata-se de um jornalista sério, um historiador bem documentado e, especialmente, de um Católico de fé sincera e esclarecida. Há muitos anos que eu o conheço pessoalmente, li todos os seus livros, começando com o primeiro e mais famoso, “Hipótese sobre Jesus”, que dava espaço demais para uma interpretação fideísta de Pascal, mas, ainda assim fez uma apologética eficaz e notável. Nos últimos tempos, sempre li com interesse e prazer sua coluna no jornal Il Timone. Quem dera houvesse mais jornalistas católicos assim! Lamentável, eu sempre disse, que não tenham mais permitido que ele continuasse a escrever no Avvenire [ndr: publicação da Conferência Episcopal italiana]… Teria sido um bem para o “jornal da Igreja Católica” (e também para mim, que também fui literalmente excluído daquele jornal).

Mas, repito, não entro no mérito de suas considerações sobre o pontificado do Papa Bergoglio, porque sou da opinião de que em relação aos acontecimentos dentro da Igreja, os jornalistas deveriam se limitar à informação, que é o seu trabalho e sua missão específica, sem tentar influenciar a opinião pública com suas opiniões pessoais, inevitavelmente parciais, no sentido de que eles conseguem descrever apenas uma parte da realidade eclesial e expressar sobre ela o ponto de vista de apenas uma parte do povo de Deus.

Como eu já escrevi, também aqui na Bússola, eu prefiro que a atualidade da Igreja seja tratada do ponto de vista competente e autenticamente teológico ou do ponto de vista exclusivamente pastoral. Eu mesmo, preocupado, como sacerdote, com a grande desorientação doutrinária que percebo entre os fiéis, intervim muitas vezes sobre a “questão Bergoglio”, exortando os católicos a ignorar aquilo que é o pão de cada dia dos “vaticanistas” (as frases e gestos que sugerem “abertura “ou” fechamento”, nomeações e destituições de altos prelados) e, ao invés, interessar-se mais, de forma inteligente, por tudo aquilo que é propriamente o Magistério da Igreja. Ali, nos documentos do Magistério da Igreja (que em certos pontos-chave são imutáveis e eternos e em outros procedem historicamente com as oportunas “reformas na continuidade”) os católicos, hoje como sempre, encontram o guia seguro de sua consciência, a orientação segura para professar e viver a sua fé em suas vidas diárias.

Mas, agora resolvi intervir na questão Messori, não para aprovar ou desaprovar o que ele escreveu, mas para defendê-lo (como se deve) das críticas violentas e equivocadas de um certo religioso que se apresenta como teólogo e acusa o jornalista de má-fé ou ignorância em matéria teológica. Trata-se de Leonardo Boff. Sua crítica a Messori representa, por assim dizer, a soma de todos os disparates que os ideólogos da “teologia da libertação” já escreveram tanto antes como após a condenação pela Santa Sé, de sua mensagem sobre o Evangelho e a ação da Igreja no mundo.

Boff acusa Messori de desconhecer o papel do “Espírito” que, segundo ele, agiria também e ainda melhor fora da Igreja Católica, a qual não sabe “aprender com os outros.” Com este propósito, Boff, arvorando-se em defensor do ofício daquele que ele chama de Espírito Santo, começa a escrever: “significa blasfemar contra o Espírito Santo pensar que os outros pensam só de modo errado. Por isso é extremamente importante uma Igreja aberta como a quer Francisco de Roma. É necessário que seja aberta às irrupções do Espírito chamado por alguns teólogos de ‘a fantasia de Deus’, por causa de sua criatividade e novidade, na sociedade, no mundo, na história dos povos, nos indivíduos, igrejas e até mesmo na Igreja Católica”, a qual antes de Francisco, teria sido muito ligada a Cristo, “cristocêntrica” demais.

Segundo o ex-franciscano, que quando lhe é conveniente posa de amante da doutrina (a sua), Vittorio Messori é terrivelmente deficiente em matéria de teologia: ele “incorre no erro teológico de cristomonismo, ou seja, somente Cristo conta. Não há realmente um lugar para o Espírito Santo. Tudo na Igreja é resolvido só com Cristo, algo que o Jesus dos Evangelhos exatamente não quer”.

Então, voltando a vestir os panos do anti-dogmático, acrescenta: “sem o Espírito Santo, a Igreja torna-se um instituição pesada, chata, sem graça, sem criatividade e, a um certo ponto, não tem nada a dizer ao mundo que não seja doutrina sobre de doutrina, sem suscitar esperança e alegria de viver”.  O pobre Messori também seria um ignorante em matéria de sociologia religiosa, pois não teria ainda compreendido que a América Latina é o verdadeiro centro da Igreja Católica de hoje, apesar do número de latino-americanos que se declaram católicos estar diminuindo exatamente por causa do proselitismo generalizado das seitas protestantes (na verdade, talvez seja exatamente por isso que Boff acredita que a América Latina está na vanguarda).

O cristianismo e a teologia teriam feito grandes progressos na América Latina (no Brasil, que é a pátria de Leonardo Boff, no Peru, que é a pátria de Gustavo Gutiérrez, e na Argentina, que é a pátria de Jorge Mario Bergoglio) pelo fato de terem dado ouvidos ao “Espírito”, graças também à cultura nativa (pré-colombiana) que teria libertado a Igreja da abstração doutrinal da teologia européia, a alemã em particular (o alvo polêmico é sempre Bento XVI, lembrado com carinho por Messori), por saber interpretar o Evangelho em sintonia com os ideais de libertação das massas populares. Convém dizer, a propósito, embora não seja muito importante aqui, que o mito da teologia indígena latino-americana é imediatamente desmentido, sem querer, pelo próprio Boff, quando ele cita como única autoridade teológica seu mestre Johan Baptist Metz, precursor na Alemanha daquela “teologia política” da qual derivam os teólogos da libertação latino-americanos, que foram todos formados na Bélgica, França e Alemanha, começando pelo peruano Gustavo Gutiérrez. E não é justamente do centro da Europa, precisamente da Alemanha, que saiu Karl Marx, o principal inspirador da “teologia da libertação”?

Mas isso que eu disse é apenas um parêntese sarcástico. O discurso sério é o teológico. Em primeiro lugar, porque a abordagem teológica é a única que me interessa quando se fala de atualidade eclesial e de possíveis mudanças na doutrina da Igreja e, depois, porque o tema principal do discurso de Boff é precisamente a “voz do Espírito “, que o Papa Bergoglio teria ouvido humildemente enquanto seus predecessores, particularmente Bento XVI, teriam ignorado por estarem fechados no “cristocentrismo” que para Boff significa dogmatismo, legalismo, tradicionalismo, o centralismo do Vaticano.

Ora, eu me pergunto: que sentido há, teologicamente falando, em arrogar-se exclusividade na interpretação “do que o Espírito diz às igrejas”? E ainda, que sentido há, teologicamente falando, em contrapor à doutrina dogmática e moral da Igreja a sua própria interpretação dos desígnios do Espírito Santo? Discursos dessa natureza são compreensíveis, ainda que ilógicos, na boca dos hereges e cismáticos, na boca dos propagandistas de algumas das muitas seitas que invadiram o Ocidente cristão, vagamente relacionadas com o cristianismo ou diretamente inspiradas pelo budismo, mas não na boca de quem se apresenta como católico e ainda mais como um teólogo católico.

A norma fundamental de um discurso autenticamente teológico, como deixei claro no meu tratado sobre a verdadeira e a falsa teologia (onde Leonardo Boff não é mencionado, mas são citados os seus mestres) é a intenção de explicar racionalmente a verdade revelada por Deus em Cristo Jesus, o qual confiou a interpretação autêntica do seu Evangelho à sua Igreja, isto é, aos Apóstolos e seus legítimos sucessores, os bispos em comunhão com o Papa, o qual goza individualmente do carisma da infalibilidade.

Em termos práticos, isto significa que alguém como Boff, que despreza os dogmas e atribui a si mesmo aquela infalibilidade que não reconhece no Magistério da Igreja, não fala como teólogo. Claro, eu reconheço o seu direito de ter suas idéias, ainda que sejam as mais loucas sobre o cristianismo, mas, se ele fala em público, dirigindo-se aos católicos, eu tenho o dever de alertar aos fiéis de que ele não possui a autoridade que compete a um teólogo da Igreja Católica. Como eu sempre digo nesses casos, trata-se de um falso profeta ou um mau mestre. E isso eu já disse várias vezes sobre Vito Mancuso e Enzo Bianchi, e não hesitei em dizer o mesmo também sobre Bruno Forte e Gianfranco Ravasi, que ocupam postos de destaque na hierarquia da igreja [ndr: o primeiro, secretário do Sínodo para a Família nomeado pessoalmente por Francisco e rejeitado, recentemente, pelos bispos italianos em eleição para vice-presidente da Conferência Episcopal; o segundo, Cardeal presidente do Pontifício Conselho para a Cultura]. Quem quiser dar ouvidos às suas teorias, que saibam pelo menos que o fazem por sua própria conta e risco (da alma, é claro). E disso eu adverti a todos que eu podia.

Para terminar com Boff, eu pergunto:  o que um cristão sabe do Espírito Santo, que como Deus é absolutamente transcendente? Sua Pessoa, no seio da “Trindade imanente”, é particularmente inacessível ao conhecimento humano, tanto assim que ele é chamado de “o Deus desconhecido”, e também a sua ação no mundo (a chamada economia trinitária) é totalmente invisível, senão por revelação pública. Mas a revelação pública é aquela do Filho de Deus, o Verbo Encarnado, Emmanuel, “Deus conosco”.

Aquilo que podemos saber dos mistérios de Deus é apenas o que Cristo revelou. Como é possível que alguém queira contrapor sua própria pretensão de conhecimento da ação do Espírito ao que o mesmíssimo Espírito nos revelou em Cristo? E Cristo nos revelou que o Espírito Santo foi enviado diretamente por Ele e pelo Pai no dia de Pentecostes, para tornar eficaz em todo o mundo, por todo o tempo da história, a ação salvífica da Igreja de Cristo, mediante o anúncio do Evangelho e da graça dos sacramentos. Isto é o que nós sabemos do Espírito Santo e apenas isso pode ser dito teologicamente, ou seja, com seriedade, com a pretensão de ser ouvido pelos fiéis.

O verdadeiro teólogo explica e aplica ao seu tempo e às pessoas a quem se dirige a verdade contida na revelação pública, ou seja, na doutrina da Igreja. O verdadeiro teólogo não pretende, como fazem os gnósticos, saber mais do que se pode saber sobre os mistérios de Deus. Ele é como qualquer outro fiel, uma pessoa que em um tempo qualquer acolheu com fé sincera a revelação divina. O verdadeiro teólogo, acima de tudo, não substitui a verdade divina por suas próprias conjecturas pessoais e arbitrárias, seja lá qual for a sinceridade com a qual essas sejam propostas ao povo (pior ainda se mentem deliberadamente sabendo que mentem, então esses falsos profetas não seriam apenas uns iludidos, mas verdadeiros “enganadores”, como o Anticristo do qual nos fala as Escrituras).

* Antonio Livi, ex-aluno de Étienne Gilson e professor da Universidade Lateranense de Roma, é sacerdote e filósofo.

Dilma + Boff + Betto = “As bruxas de Eastwick”.

Do post do blog de Reinaldo Azevedo, que merece ser lido na íntegra:

Ai, ai… Lá vamos nós. A presidente Dilma Rousseff decidiu receber nesta quarta dois representantes do próprio hospício mental para tratar, segundo entendi, de tema nenhum, numa evidência de que a suprema mandatária pode andar meio desocupada. Leonardo Boff, suspeito de ser teólogo, e Betto, suspeito de ser frei, estiveram com a governanta. O encontro acontece um dia depois de a dupla ter assinado um dito “manifesto de intelectuais petistas” contra a indicação de Joaquim Levy e Kátia Abreu para, respectivamente, os ministérios da Fazenda e da Agricultura. Hein? […]

Dilma decidiu dar trela a essa gente. É bem provável que não tenha se aproximado da janela em nenhum momento, né? Não custa ser precavido. Ah, sim: Boff, o audacioso, disse não ter debatido nomes de ministros com a presidente. Que bom, né? Afinal, ninguém o elegeu para isso. Ainda que essas duas personagens tenham um apelo, digamos, momesco, ao recebê-las com certa solenidade, Dilma exibe sinais preocupantes, como se estivesse a purgar os pecados do realismo, ajoelhando-se no altar de heresias delirantes.

Sobre um templo desnecessário…

De que adianta construir um Templo para um Deus que não o quer mais.
De que adianta trazer pedras de israel, quando a pedra angular é, mais uma vez, rejeitada pelos construtores.
De que adiantam estas mesmas pedras se outra pedra de Israel, Pedro, é recusada como fundamento da Igreja.
De que adianta importar oliveiras, se ali o sofrimento do Horto é temido e exorcizado mais que os demônios.
De que adiante um Templo cujo nome não é do rei sábio, Salomão, mas do rei tirano, Herodes.
De que adiantam tantas menorás, tantas luzes, se falta a única necessária, a do Sacrário, que indica, sozinha, a presença do Deus vivo.
De que adianta um Templo sem a verdadeira Arca da Aliança, Maria.
De que adianta um Templo com Sala do Tesouro, mas sem o verdadeiro Santo dos Santos, a Capela do Santíssimo,
De que adianta tudo isso, se se esquece da cruz e do véu que ela rasgou de cima a baixo.
Assim, resta-nos mais uma vez cantar as nossas lamentações, pela infidelidade do povo. Desta vez, não mais junto aos rios da Babilônia ou diante das ruínas do Templo há pouco destruído. Mas diante de um templo que jamais deveria ter sido erguido.

Rudy Albino de Assunção

Roma excomunga responsável por movimento “Nós somos a Igreja”.

Por La Vie | Tradução: Fratres in Unum.com – Esse é o epílogo de um longo impasse entre o movimento Wir sind Kirche (“Nós somos a Igreja”) e o Vaticano. Segundo as informações do Tiroler Tageszeitung (em alemão), Martha Heizer, a responsável austríaca pelo movimento leigo muito crítica em relação a Roma, acaba de ser excomungada pelo Papa Francisco. Seu marido, Gert Heizer, foi igualmente atingido pela medida. De acordo com o diário alemão Die Welt (em alemão), a informação é confirmada “por círculos católicos”.

Martha Heizer

O bispo de Innsbruck, Dom Manfred Scheuer, “apresentou pessoalmente o decreto ao casal na quarta-feira, 21 de maio, à noite”, afirmou a rádio ORF Tirol (em alemão). O bispo leu o conteúdo do decreto aos dois envolvidos, que, em seguida, recusaram o documento. “Nós não aceitamos porque questionamos a integridade de todo o processo”, disse Martha Heizer à rádio austríaca.

Nesta manhã de quinta-feira, ela declara, em um comunicado (em alemão), estar “profundamente chocada ao se encontrar na mesma categoria que os padres pedófilos”. Na sua opinião, “esse procedimento mostra como a que ponto a Igreja Católica precisa de renovação”.

Eucaristias privadas

O motivo das duas excomunhões? Missas privadas celebradas sem padre na residência do casal. Há vários anos, Martha Heizer não esconde que ela e seu marido acolhem em sua casa essas celebrações, às quais alguns fiéis participam regularmente. Simulações de missas que constituem “delicta graviora” (delitos graves) aos olhos da Igreja Católica.

“O caso causou polêmica em 2011”, explica o Tiroler Tageszeitung, com a intervenção do bispo local. A Congregação para a Doutrina da Fé, em seguida, anunciou a criação de uma comissão.

Martha Heizer encabeça o movimento reformista desde 7 de abril passado — um movimento fundado na Áustria em 1995, da qual é uma das fundadoras. Aos 67 anos, Martha Heizer é conhecida por suas posições favoráveis à ordenação de mulheres e a “uma renovação da Igreja através dos leigos”, diz o Die Welt. Desde 2012, ela dirige o International Movement We Are Church (IMWAC), “Movimento Internacional Nós Somos Igreja”.

Com esta decisão, Dom Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, mantém-se fiel à sua posição anterior: em 2009, então chefe da diocese de Regensburg, o prelado alemão havia suspendido Paul Winckler, o responsável alemão da Wir sind Kirche .

Cardeal Walter Kasper relata palavras do Papa Francisco sobre críticas a seu livro: “Isso entra por um ouvido e sai pelo outro”.

Cardeal Kasper, o “teólogo do Papa”, suaviza as críticas do Vaticano às religiosas americanas

IHU – O cardeal alemão que vem sendo chamado “o teólogo do papa” disse que a crítica aberta do Vaticano às religiosas americanas é típica da visão “mais estreita” que funcionários da Cúria Romana tendem a ter, e falou que as católicas estadunidenses não devem se preocupar excessivamente com o caso.

Cardeal Walter Kasper
Cardeal Walter Kasper

“Eu também sou considerado suspeito”, disse o cardeal Walter Kasper com uma risada durante evento ocorrido segunda-feira na Universidade de Fordham, EUA. “E não posso ajudá-las”, acrescentou, referindo-se aos críticos das irmãs em Roma.

A reportagem é de David Gibson, publicada por Religion News Service, 06-05-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Kasper, de 81 anos, atuou como o líder ecumênico do Vaticano sob os papas João Paulo II e Bento XVI. É considerado um aliado próximo do Papa Francisco. Quando este convocou os bispos para uma cúpula de dois dias a fim de tratar alguns temas relacionados com a família em fevereiro passado, pediu a Kasper para fazer uma fala de abertura dando o tom ao encontro.

Kasper pode refletir melhor a visão do atual papa do que as medidas duras aplicadas às religiosas americanas pelo escritório doutrinal. Assim como Francisco suavizou o foco dado às regras e a questões polêmicas num esforço para ampliar o apelo da Igreja, também Kasper sublinhou a importância da flexibilidade pastoral e do realismo para com os membros da Igreja, em suas vidas imperfeitas.

Kasper encontra-se nos Estados Unidos para divulgar seu livro intitulado “Mercy: The Essence of the Gospel and the Key to Christian Life” [Misericórdia: A essência do Evangelho e a chave para a vida cristã]. Nele há um pequeno texto escrito pelo Papa Francisco, quem fez da misericórdia a pedra angular de seu ministério desde que foi eleito no ano passado.

Na segunda-feira, Kasper disse ao público que após Francisco tê-lo enaltecido poucos dias depois de sua eleição [ndr: e o fez também no consistório, após um discurso polêmico de Kasper sobre a comunhão a “recasados”, a despeito da oposição de grande número de cardeais], “um experiente cardeal se aproximou dele [do papa] e falou: ‘Santo Padre, o senhor não pode fazer isso! Há heresias neste livro’”.

Quando Francisco contou a história ao próprio Kasper, declarou ele, o pontífice sorriu e acrescentou: “Isso entra por um ouvido e sai pelo outro”.

Esta foi a forma de Kasper contextualizar a notícia de que o czar doutrinal do Vaticano, o cardeal Gerhard Müller, tinha criticado duramente as líderes de mais de 40 mil irmãs americanas por desobediência a Roma e por “erros fundamentais” em suas crenças.

A Congregação para a Doutrina da Fé liderada por Müller vem tentando controlar as irmãs americanas há dois anos. Acreditava-se que as conversações estavam indo bem, sobretudo após a eleição do Papa Francisco. Mas as críticas de Müller e a dura advertência de que elas precisam levar em conta suas exigências pareceram constituir um grande revés às esperanças.

Kasper disse ter esperanças de que o confronto entre o Vaticano e a Conferência de Liderança das Religiosas (Leadership Conference for Women Religious – LCWR) seja superado.

“Se tivermos algum problema com a liderança das ordens femininas, então teremos que ter uma conversa com elas. Precisamos dialogar com elas, ter uma troca de ideias”, disse. “Talvez elas precisem mudar alguma coisa. Talvez também a Congregação (para a Doutrina da Fé) precise mudar um pouco a sua maneira de ver as coisas. Esta é a maneira normal de se fazer as coisas na Igreja. Estou aqui para o diálogo. O diálogo pressupõe posições diferentes. A Igreja não é uma unidade monolítica”.

“Devemos estar em comunhão”, continuou Kasper, “o que também significa [estar] em diálogo com o outro. Espero que toda esta controvérsia termine com um bom, pacífico e significativo diálogo”.

Censurada pela Conferência Episcopal dos EUA, Johnson, teóloga, foi premiada pela LCWR e louvada por Kasper.
Censurada pela Conferência Episcopal dos EUA, Johnson, teóloga, foi premiada pela LCWR e louvada por Kasper.

Na Universidade de Fordham, Kasper também elogiou uma teóloga feminista americana, a Irmã Elizabeth Johnson, que deverá ser homenageada pelas irmãs americanas e a quem Müller escolheu para criticar.

Müller chamou a atenção da LCWR por decidir homenagear Johnson sem, antes, buscar a aprovação de Roma. Johnson, famosa teóloga que leciona na Fordham, foi repreendida pela comissão doutrinal dos bispos americanos em 2011 devido aos debates que ela propôs em seu livro para o público geral intitulado “Quest for the Living God” [A busca pelo Deus Vivo].

Quando perguntado sobre Johnson e uma outra teóloga feminista, Elisabeth Schussler Fiorenza, cujas opiniões também foram contestadas pela hierarquia da Igreja, Kasper falou que as conhece há anos e acrescentou: “Eu estimo as duas”.

Kasper – companheiro de confiança de seu colega alemão, o cardeal teólogo Joseph Ratzinger, que depois se tornaria Bento XVI – disse que as críticas fazem parte do discurso acadêmico, porém, acrescentou, a congregação doutrinal “vê, às vezes, algumas coisas de uma forma um pouco estreita”.

Disse que a crítica a Johnson “não é uma tragédia e que iremos superar”. Observou que São Tomás de Aquino, o teólogo da Idade Média hoje considerado um dos maiores pensadores da Igreja, foi condenado pelo seu bispo, tendo que viver à sombra durante anos.

“Então ela está em boa companhia”, Kasper disse a respeito de Johnson.