Peste do coronavírus marca o 7º ano do pontificado de Francisco.

Na solidão, com a Praça de São Pedro vazia, as igrejas fechadas, a Itália devastada pela peste, com um terço da população sob quarentena, e um número crescente de mortos pela Covid 19.   

Por Hermes Rodrigues Nery, 9 de maio de 2020

Na quarta-feira, 11 de março de 2020 (dois dias antes do 7º ano do pontificado de Francisco), quando já haviam sido confirmados 121.564 casos de covid 19, com 4.373 mortes,  em mais de 110 países, a Organização Mundial da Saúde decretou como pandemia a proliferação do novo coronavírus pelo mundo, afetando em escala global pessoas infectadas com o novo patogênico (o SARS-CoV2), apresentando sintomas da síndrome aguda respiratória.

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O pânico, o medo e a histeria tomaram conta, além de muita incerteza e desinformação sobre o que poderia estar realmente acontecendo, fomentados pelo que parecia ser um alarmismo amplificado pelos meios de comunicação, colocando governantes não apenas em estado de alerta, mas forçando-os a medidas drásticas de isolamento social, não apenas dos chamados grupos de risco (pessoas com doenças crônicas ou pré-existentes, com idade acima dos 60 anos, etc.). De imediato, os políticos se submeteram aos biocratas, que passaram a ditar o que deveria ser feito, numa situação em que pouco se sabia do que se tratava.

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Vaticano abre as portas para Fundação Rockefeller.

Por Hermes Rodrigues Nery

Depois de abrir as portas para vários agentes e organismos globalistas, especialmente a ONU, a Pontifícia Academia das Ciências (PAC) acolheu oficialmente pela primeira vez na história do Vaticano a Fundação Rockefeller, em uma parceria para um evento ocorrido entre 11 e 12 de novembro de 2019, nas dependências da PAC, para tratar do tema “Perda de Alimentos e Redução de Resíduos”.

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Roy Steiner vice-presidente sênior da Food Initiative da Fundação Rockefeller e diretor de desenvolvimento internacional da Fundação Bill & Melinda Gates, durante palestra feito na Pontifícia Academia das Ciências.

O representante da Fundação Rockefeller, Roy Steiner fez uso da palavra na 18ª sessão. Roy Steiner é vice-presidente sênior da Food Initiative da Fundação Rockefeller, comprometido em viabilizar a chamada “revolução verde” sustentável na África. Steiner também ocupou por quase uma década posições-chaves na Fundação Bill & Melinda Gates.

Faz parte da segunda “revolução verde”, a expansão das culturas geneticamente modificadas (GM), que Bill Gates vem há anos investindo, como também o Banco de Sementes construído no Polo Ártico (o Svalbard Global Seed Vault), que a Fundação Gates ajudou a financiar, em parceria com o governo norueguês e outros. “As culturas GM serão uma parte ‘essencial ‘ do aumento da produção na África, diz Calestous Juma, professor de Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard e diretor do Projeto Inovação Agrícola na África, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. ‘A médio e longo prazo, a engenharia genética se tornará inevitável’, diz ele”.

O tema de debate na Pontifícia Academia das Ciências “perda de alimentos e redução de resíduos” mais uma vez funciona como eufemismo, ou embalagem bonita, para ocultar ações para um projeto de poder global. Sabemos também que a filantropia destas grandes fundações (exigência legal para isenção de impostos) foi responsável, em muitos casos, para liquidar pequenos e médios produtores rurais.

O neomalthusianismo e o alarmismo do ambientalismo global justificam as ações da Fundação Gates e da Fundação Rockefeller, para o projeto de poder global, mutação cultural e reengenharia social que vem trabalhando há décadas. O controle da produção e distribuição de alimentos (com a justificativa de combater a pobreza e a fome no mundo) é parte também da conhecida estratégia de tais fundações, por um maior e efetivo controle populacional. Controle este – como sabemos – que inclui o aborto como meio. Por isso, o estranhamento e a perplexidade dos católicos, com a presença de Roy Steiner palestrando na Pontifícia Academia das Ciências. O Chanceler da referida Academia, Marcelo Sánchez Sorondo parece mesmo não se importar em escancarar as portas do Vaticano para os inimigos da Igreja, nem temer pelas conseqüências do “pacto faustiano” feito com aqueles que há muito tempo planejam e executam sombrias perspectivas para a humanidade, engendrando uma cultura global transhumana. Para quem conhece o histórico destas fundações, fica chocado como o Vaticano simplesmente parece ter capitulado, no atual pontificado, àquelas forças que até pouco tempo a Igreja Católica foi um dos maiores obstáculos, em que estas forças não conseguiam transpor. Mas agora, os tempos mudaram: Jeffrey Sachs, Ban Ki-moon, Paul Ehrlich, Roy Steiner e tantos outros transitam alegremente pelos corredores do Vaticano, trabalhando intensamente para acelerar a agenda 2030, que, em muitos aspectos, prepara um admirável mundo novo anticristão e desumano. Cardeais recebem com tapete vermelho esses senhores endinheirados, encantados com os elogios que eles fazem da Laudato Si. Endinheirados estes que não tem compromisso nenhum com a fé católica, pelo contrário, agem para corroê-la por dentro da instituição, em que os cardeais deveriam ser os primeiros guardiães da sã doutrina. Mas o que interessa aos endinheirados das fundações internacionais, é debilitar a fé católica, favorecendo uma agenda de controle mundial, com um novo paradigma ético e cultural, de relativismo moral, para fazer expandir o projeto de um paraíso artificial feito de frankensteins vegetais e humanos.

Hermes Rodrigues Nery é Coordenador do Movimento Legislação e Vida. Email: prof.hermesnery@gmail.com

O sentido da política para Joseph Ratzinger.

Por Hermes Rodrigues Nery

Joseph Ratzinger tem um pensamento político muito claro, muito preciso, que ele expressou em vários documentos, em vários escritos, principalmente no tempo em que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, de 1981 a 2005. Basicamente, destacaria aqui quatro documentos do então Cardeal Ratzinger, que, enquanto católicos, a gente precisa ler, entender, para que possa compreender o que está acontecendo hoje no mundo, no campo político.

São quatro documentos:

1º) “Cristianismo e Democracia Pluralista”, que Ratzinger apresentou em abril de 1984, em um congresso, em Munique; 2º) “Igreja, Ecumenismo e Política” (1987), 3º) “Política e Salvação”; 4º) “Europa, Política e Religião”, documento este apresentando em uma conferência em Berlim, em 2000, publicada na revista Communio, em 2001.

O que eu quero chamar a atenção aqui, desses quatro documentos, que tem muito a ver com o que a gente está vivendo hoje, é a visão que o Ratzinger tem sobre a crise das democracias, principalmente depois das duas grandes guerras mundiais, e as consequências dessa crise no campo político, em todas as instâncias, envolvendo aí política e cultura, comportamento, sociedade e tudo mais.

A questão é: qual é a causa, qual é a raiz da crise das democracias, que vai resultar no que nós estamos vivendo hoje, da debilidade das instituições, dos partidos políticos, em todos os níveis, da fragilização e banalização da vida humana, da crise mesmo do sentido da vida, das nossas relações, da falta da representatividade, de expectativas não correspondidas, dos poderes públicos, etc., etc., etc., que ele tão bem delineou as características do que estava por emergir no começo do século 21, mesmo ainda quando as tecnologias da comunicação não estavam influindo tanto como hoje, para dar no que estamos vendo: a demagogia, da intransigência o sentimentalismo e até mesmo o cerceamento da liberdade que campeia hoje nas redes sociais, aonde não é mais possível você manifestar o que realmente pensa, sem se expor assim ao linchamento virtual, aos sentenciamentos precipitados, onde todos querem ter opinião de tudo e ninguém admite o menor contraditório, agindo com as vísceras e não mais com a razão, e por aí afora. Como fica a questão da representatividade nisso tudo, como agregar as pessoas em torno de ideias, princípios e valores, sem manipular, principalmente as emoções humanas? Como entender esse fenômeno?

Ratzinger vai dizer então, nesses quatro documentos, que o que acontece é o seguinte: o que ocorreu depois das duas grandes guerras mundiais foi uma espécie de dissolução das bases morais do cristianismo, e a falta dessas bases morais acaba criando o ambiente político propício para a barbárie, agravada hoje ainda mais em suas novas expressões, intensificadas pelas tecnologias de comunicação, barbárie esta que tende a ser agravar se as bases morais do cristianismo forem solapadas de vez, que é o que ele estava vendo lá pelos anos 80, e que hoje aí estamos vendo os resultados, e de como tais bases morais estão sendo derruídas, de diversas formas, e com muito mais celeridade, por ação das tecnologias de comunicação. Com isso as pessoas perdem o chão da realidade, e optam por todos os escapismos e evasões.

Ratzinger diz: “onde o húmus cristão desaparece completamente, mais nada permanece em pé”. E quando faltam essas bases morais, quando não há mais vigência na sociedade, o que vai acontecer, concretamente? Uma parte importante, expressiva, significativa da população, principalmente os jovens, vai ficar vulnerável a todos os escapismos, e vão adotar posturas anárquicas, daí o libertarianismo, o anarquismo, e também com simpatias a regimes fechados e totalitários, e a barbárie, em suas diversas e novas formas de expressão.

A Política então – para Ratzinger – só terá sentido e será garantia da liberdade (no conceito cristão de liberdade) se for capaz de deter a barbárie, se for capaz de evitar justamente o solapamento dessas bases morais.

Hermes Rodrigues Nery é coordenador do Movimento Legislação e Vida. Email: prof.hermesnery@gmail.com

Relativismo moral e ecologismo gestados pela UNESCO: “o engano com astúcia que tende levar ao erro”.

Por Hermes Rodrigues Nery
 
Em 1989, estava em Paris, pouco antes da queda do muro de Berlim, quando alguém me dissera: “Está começando o século 21”. Na ocasião, eu havia estado com o então presidente da UNESCO, Jean d’Ormesson,  na sede da UNESCO, em Paris, com os amigos Daniel Mèrigoux e Marcelo Yamamoto. Tomei conhecimento então de um projeto da UNESCO, no campo educacional, que visava uma radical reengenharia social anticristã e gestar para isso uma nova política global para o século 21. Não tinha como compreender, na época, do que se tratava, porque optou-se por uma revolução semântica para isso, alterando o significado das palavras para enganar os desinformados. Nesse sentido foram concebidas as grandes conferências internacionais promovidas pela ONU, nos anos 90. O primeiro passo para esse projeto totalitário de poder global foi dado pouco depois, em fevereiro de 1991, cujas premissas ideológicas e diretrizes para um novo ordenamento global emergiu no documento “Diez Problemas Prospectivos de Población – Documento de Trabajo, Caracas, Febrero,1991″, mencionado por Juan Cláudio Sanahuja, em seu livro “Poder Global e Religião Universal”: “Para realizar o projeto de poder global com um pensamento único, modificando a cultura e a religião dos povos e colonizando as consciências para formar cidadãos dóceis à Nova Ordem Mundial, em 1991, a UNESCO trabalhava com dois projetos: o de uma ética universal de valores relativos (…) e o de uma ética universal de desenvolvimento sustentável“. 

O relativismo moral (com termos e conceitos cada vez mais ambíguos nos documentos de OnGs e instituições governamentais) e o desenvolvimento sustentável (fomentado pelo alarmismo dos ativistas ecológicos) servirão de base ideológica para moldar uma nova cultura, que em nome da tolerância religiosa e da preservação da natureza, buscou dissolver as convicções e identidades culturais e religiosas, especialmente a identidade católica. Uma década e meia depois do intenso trabalho de disseminação dessas duas éticas universais e artificiais, já se sentiam os efeitos devastadores principalmente dentro da Igreja Católica. Foi o que levou o então Cardeal Joseph Ratzinger, em 18 de abril de 2005, na missa Pro Eligendo Romano Pontífice, a afirmar sua clássica constatação do fenômeno: 
 
 
“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modas do pensamento… A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada por estas ondas lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, ao coletivismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Cada dia surgem novas seitas e realiza-se quanto diz São Paulo acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar “aqui e além por qualquer vento de doutrina”, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades.” [http://www.vatican.va/gpII/documents/homily-pro-eligendo-pontifice_20050418_po.html]
 
Além da ética universal dos valores relativos, a UNESCO se empenhou mais intensamente para a difusão da ética do desenvolvimento sustentável, tanto uma quanto outra com premissas equivocadas: o engano com astúcia “que tende levar ao erro”. O ecologismo onusiano, bastante sedutor, em muitos aspectos, contradiz o ensinamento da Igreja sobre a “ordem da Criação”, que deve ser respeitada a partir do “cuidado da natureza humana”, pois a ordem da Criação não supõe o equívoco do igualitarismo (erro esse já manifestado nas utopias políticas revolucionárias dos tempos modernos).
 
Afirmou Bento XVI, em dezembro de 2008, que a Igreja tem também responsabilidade pela criação, dizendo: “deve defender não só a terra, a água e o ar como dons da criação que pertencem a todos. Deve proteger também o homem contra a destruição de si mesmo (…) Quando a Igreja fala da natureza do ser humano como homem e mulher e pede que se respeite esta ordem da criação, não está expondo uma metafísica superada”. Por isso, faz parte do projeto de poder global da ONU esvaziar a fé católica de seu real significado, para introduzir com eufemismos uma outra concepção de natureza (que visa, sim, superar a metafísica católica), daí a estratégia de aliar ecologismo e sincretismo panteísta, para alcançar os fins de manipulação das consciências. Isso sim, uma “colonização ideológica” das consciências, para que também os católicos (desinformados desse processo de engano e astúcia) sejam levados a aceitar docilmente o novo paradigma cultural relativista da Nova Ordem Mundial. Daí a decisão chocante de se buscar introduzir o conceito de “pecado ecológico” no Catecismo da Igreja Católica, tendo em vista esse contexto.
 
Até o pontificado de Bento XVI, a agenda gestada nas conferências internacionais da ONU, foi criticada e rejeitada pela Igreja Católica. Mas após a sua renúncia, e com a ascensão de Francisco, o Vaticano, através da Pontifícia Academia das Ciências, abriu escancaradamente as portas para tal projeto, causando indignação e perplexidade entre os católicos, e também confusão no seio da Igreja. Os bispos, em massa, acataram tal engano (“a astúcia que tende a levar ao erro”), e em vez de defenderem a fé católica de tão grande ameaça, instrumentalizam a Igreja para tais fins, deixando os católicos atônitos, sem saber o que fazer e como lidar com essa situação. Infelizmente, é preciso reconhecer que “o engano com astúcia que tende a levar ao erro” foi introduzido não apenas na encíclica ecológica Laudato Si (a ética universal do desenvolvimento sustentável), como também em outros documentos, como em Amoris Laetitia (com aspectos da ética universal dos valores relativos). Com o Sínodo da Amazônia ficou evidente a determinação de colocar em execução tal projeto, com um desvio de propósito da missão da Igreja, sem precedentes na História, com esta proporção.
 
Francisco afirmou que pretende introduzir o conceito de “pecado ecológico” no Catecismo da Igreja Católica. Tudo isso tem causado angústia e aflição entre os católicos. É um erro isso, alguém tem que dizer isso: é um erro. Muitos bispos e cardeais deixam assim de serem baluartes da defesa da fé católica e se tornam reféns da agenda da ONU, gestada pela UNESCO, nos anos 90. A pergunta que se faz: o que fazer? Como dizer alto e em bom som que trata-se de um erro? Essas duas éticas impregnadas nos documentos do atual pontificado, agem como dissolvedoras da são doutrina católica. Em maio de 2020, Francisco anunciou um encontro de líderes mundiais por um “Pacto Global pela Educação”, com as premissas ideológicas alinhadas com a UNESCO.  Os Cardeais que acompanham tudo isso, sem requererem a correção de rota, pecam gravemente por omissão e conivência, por não defenderem a fé católica de ameaças tão graves. Enquanto católico apostólico romano, indagamos: a quem recorrer se o próprio papa Francisco é o primeiro a abraçar com entusiasmo tal equívoco?
Sim, pela fé temos a resposta: somente Deus, Todo Poderoso – como professamos no Credo – poderá agir pela nossa salvação, pois Nosso Senhor Jesus Cristo nos prometeu: “As portas do inferno não irão prevalecer” (Mt 16,18).
 
Hermes Rodrigues Nery é Coordenador do Movimento Legislação e Vida. Email: prof.hermesnery@gmail.com

Il volto amazzonico del Documento Finale del Sinodo Un volto boffiano.

Di Hermes Rodrigues Nery | Traduzione: Calogero Cammarata – Il Documento Finale (DF) del Sinodo pan-amazzonico è molto, molto più grave di quanto immaginavamo. Chi conosce il contesto, ne intende la gravità.

È la Chiesa voluta da Leonardo Boff (da quando ha scritto “E la Chiesa è diventata popolo” nel 1985), strutturata in modo da poter applicare il progetto del potere globale, ancorato nelle premesse della Carta della Terra, con postulati anticristiani.

In tale DF si usano retorica ed eufemismi per ingannare gli ignari, e si prevede che tutte le strutture della Chiesa siano obbligate ad accettare questo progetto, creando anche un fondo globale per esso. Gravissimo!

Il volto amazzonico è un eufemismo per l’applicazione di un’agenda ecologica globale, che altera il vero significato dell’evangelizzazione. È un volto boffiano. Basta leggere il libro di Boff: “E la Chiesa è diventata un popolo”; tutto ciò che è contenuto nel DF del Sinodo lo si ritrova lì.

Il tema che più appare nel testo è l’urgenza della CONVERSIONE culturale ed ecologica. Conversione è il termine calcolato per promuovere la riprogettazione sociale all’interno stesso della Chiesa, affinché i cattolici assimilino senza protestare l’agenda dell’ambientalismo globale concepito dall’ONU, e accettino docilmente la nuova etica dei valori relativi e dello sviluppo sostenibile, come se fossero princípi della dottrina sociale della Chiesa.

Il termine “conversione” ha il suo significato perverso e diventa così un eufemismo per una deviazione degli scopi.

Vale la pena ricordare gli obiettivi del Rapporto Kissinger (1974): alterare i modelli culturali e le credenze religiose. Da qui la perversione dei significati originari, fino ad arrivare alla CONVERSIONE culturale ed ecologica, che include un significato rivoluzionario. Vi si trova anche il PECCATO ECOLOGICO, che vogliono introdurre per gli stessi scopi.

Il DF è contrassegnato dal “NUOVO PARADIGMA” dell’ecologia integrale, dalla cura della “casa comune” e dalla difesa dell’Amazzonia, che si basano su tali interessi.

Il DF ricorre a molte retoriche: difendere la vita, difendere la terra, difendere la cultura dei popoli indigeni, ecc. Il problema sono le premesse, la diagnosi fatta e le soluzioni proposte. Ecco cosa dice Juan Cláudio Sanahuja: “Difendere una realtà con argomentazioni e ragioni non corrette e inadeguate è il modo migliore per lasciare quella realtà completamente indifesa, e sostenerla su basi sbagliate è il modo più diretto per lasciarla senza sostegno”.

Con il DF, la Chiesa diventa vulnerabile alle sabbie mobili dell’ambientalismo globale. Saranno diffusi pastori ecologici in parrocchie, università e spazi ecclesiali in tutto il mondo; e si creerà anche una “Università Cattolica Amazzonica”, con materiale didattico che dia priorità alla “cultura indigena”. Tutto all’unisono per difendere l’agenda ecologica dell’ONU; e chi non è in sintonia con tale agenda commetterà un “peccato ecologico”.

Ci sarà anche una formazione (anche online) per i sacerdoti, di modo che facciano proprio il volto boffiano della Chiesa, con le seguenti discipline accademiche: ecologia integrale, ecoteologia, teologia della creazione, teologie indigene, spiritualità ecologica, storia della Chiesa in Amazzonia e antropologia culturale dell’Amazzonia. (DF, 108) Infine, in questa formazione ci sarà un’overdose di ecologia integrale.

Ban Ki-moon e Jeffrey Sachs sono felicissimi. Non è mai stato più facile agire all’interno della Chiesa come agenti di sovversione della fede, con un’agenda e un progetto di potere contro i poveri, con la retorica della difesa dei poveri, strumentalizzando la Chiesa per i loro scopi.

Per Vaclav Klaus, in verità l’economia verde è insostenibile e mira ad evitare che i poveri escano dalla povertà. Pertanto, la decisione politica di Jorge Mário Bergoglio di fare dell’ambientalismo globale la priorità del suo pontificato è forse il suo più grande errore.

Il DF difende il diritto dei popoli indigeni alle loro pratiche religiose ancestrali, e la Chiesa dovrebbe imparare da loro. Esige anche che non si faccia proselitismo. Le popolazioni indigene, con le loro pratiche religiose ancestrali (pratiche pagane), hanno la priorità. I preti devono essere lì in condizioni di ascolto. In questo senso, il DF crea diversi ostacoli all’evangelizzazione, facilitando così la diffusione del paganesimo. E’ ovvio che esso facilita e rende il prete vittima e ostaggio di quest’ultimo. La domanda è: i preti, come evangelizzeranno con questa “camicia di forza” culturale che il DF vuole far loro indossare?

Il testo dei vescovi sinodali è chiaro: niente proselitismo. La catechesi deve mettersi all’ascolto delle pratiche delle popolazioni indigene; imparare da esse. Ci deve essere una teologia inculturata. Non ci deve essere colonizzazione ideologica, arbitrarietà, imposizioni, nessuna lettura anacronistica della realtà.

Qualcuno può spiegare come questo possa funzionare nella pratica? Per esempio: in seno ad una cultura poligama e ad una cultura che accetta infanticidio, incesto, ecc. Come evangelizzare, se il DF dice che sono tali culture ad avere la priorità? Qualcuno con la coscienza sana può spiegarlo? In pratica, funzionerà?

Il fatto è – come sottolinea Sanahuja -, che: “Far finta che gli indigeni tornino alle loro pratiche religiose ancestrali è un modo per cancellare e prevenire l’evangelizzazione”.
E’ di questo che si tratta.

Il DF ribadisce quello che già aveva causato stupore nell’“Instrumentum Laboris”: che nelle culture pagane ci sarebbero i “semi del Verbo”.

“Il mondo indigeno, con i suoi miti, racconti, riti, canti, danze ed espressioni spirituali, arricchisce l’incontro interculturale. Puebla (1) riconosce già che ‘le culture non sono terre vuote, senza valori autentici. L’evangelizzazione della Chiesa non è un processo di distruzione, ma di consolidamento e rafforzamento di questi valori; un contributo alla crescita dei ‘semi del Verbo’ (Documento di Puebla, 401, cfr. GS 57) presenti nelle culture”. (DF, 54).

E in più: “rifiutiamo un’evangelizzazione in stile colonialista. Annunciare la Buona Novella di Gesù significa riconoscere i semi della Parola presenti nelle culture” (DF, 55).
In questo senso, secondo il DF, l’evangelizzazione è quella che accetta e promuove la cultura indigena, la cultura pagana.

E il DF va ancora oltre: “Dobbiamo dare una risposta veramente cattolica alla richiesta delle comunità amazzoniche di ADATTARE LA LITURGIA, valorizzando la visione del mondo, le tradizioni, i simboli e i riti originali che includono dimensioni trascendenti, comunitarie ed ecologiche” (DF, 116). Sarà inoltre elaborato “un rito amazzonico che esprima il patrimonio liturgico, teologico, disciplinare e spirituale dell’Amazzonia” (DF, 119).

Ora capisco perché a molti vescovi non gliene importa niente delle nostre richieste di preservare l’identità cattolica. Da tempo il clero stesso sta lavorando alacremente per svuotare la Chiesa della sua identità cattolica, in nome di un’inculturazione che indebolisce ogni giorno il vigore della fede cattolica nella sua ricchezza civilizzatrice.
Il progetto che essi presentano nel DF si discosta dal realismo cristiano. Ovunque esso fa eco a Rousseau.

Leonardo Boff e Frate Betto stanno festeggiando. È la Rivoluzione francese sognata da Carlo Maria Martini all’interno della Chiesa, finalmente realizzata. Sono stati anni di attesa, di lotta, di astuzia. Si è trattato di rinnovare il patto delle catacombe. Questo è ciò che voleva Frate Betto: “Faremo un papa latinoamericano e imporremo la rivoluzione dall’alto verso il basso”.

I vescovi sinodali non hanno avuto la decenza di divulgare i loro nomi: cioè come ognuno ha votato. Quello che importava erano i risultati: con la richiesta di avere sacerdoti sposati è stata approvata la fine graduale del celibato; è stata presentata  la richiesta di avanzare negli studi per il diaconato femminile, ecc. Al punto 111 è detto che alcuni chiedevano la graduale fine del celibato non solo in Amazzonia, e che “alcuni sostenevano un approccio universale al problema”.

Oltre al consumo della carne, vogliono limitare anche quello del pesce. E molto altro ancora.

Nel DF prevale il “buon selvaggio” (come sognava Rousseau), che sa vivere con le sue culture pagane ancestrali. Ripeto: è una visione che si discosta dal realismo cristiano. Aperta la breccia per la graduale fine del celibato, Boff si vanta di se stesso, pensa di essere un genio della strategia. Tanti auspicavano che Helder Câmara fosse ancora vivo per vedere i progressi compiuti. Pensano che sia fantastico essere dei demolitori e festeggiano il fatto di esserlo.

Il DF strumentalizza la Chiesa per dare sostegno politico alle popolazioni indigene nei loro diritti di autodeterminazione, promuovendo la balcanizzazione della regione, ostacolando l’azione dello Stato brasiliano nell’investire per promuovere uno sviluppo responsabile nella regione, e creando tutte le condizioni politiche per una futura internazionalizzazione dell’Amazzonia. “E’ urgente superare i confini imposti dalla geografia” (DF 112), proponendo così la creazione di una rete ecclesiale panamazzonica (e perfino una propria Conferenza Episcopale), anticipandone così l’internazionalizzazione.

I punti 46 e 47 sono chiari al riguardo. Si appoggia pienamente la risoluzione 169 dell’OIL (Organizzazione Internazionale del Lavoro) che garantisce le vaste riserve indigene, creando territori autonomi e sottosviluppati. Ci sono stati dell’Amazzonia la cui metà sono riserve indigene che favoriscono le ONG che ci sono, ecc. Tutto ciò costituisce una grave minaccia alla sovranità nazionale e all’integrità territoriale brasiliana.

I movimenti sociali popolari (quasi tutti di sinistra) utilizzeranno la Chiesa ancora di più per i loro scopi, contrariamente allo sviluppo responsabile della regione.

I DF acutizza così la tensione nella regione, aggravando ulteriormente l’instabilità, l’insicurezza e i conflitti in Amazzonia. Le iniziative proposte dal DF sono una dichiarazione di guerra al Brasile: e mettono a rischio la nostra sovranità nazionale. Al punto 73, c’è l’affermazione: ”Vogliamo sostenere una cultura di pace e rispetto – non violenza e abusi”. Ma le proposte presentate vanno nella direzione opposta.

Quando inizieranno a mettere in atto il progetto presentato dal DF, la confusione che si creerà in Amazzonia sarà sconsiderata. Si inasprirà la tensione sociale, perfino col rischio di una guerra.

Purtroppo, come cattolico apostolico romano, devo riconoscere che le proposte rousseiane che vengono avanzate non portano alla “cultura della pace” che proclamano a parole. Il volto boffiano che propongono è un errore. La loro strategia è quella di creare un dipartimento della Curia romana per “costringere” le altre diocesi del mondo ad assumere il volto boffiano della Chiesa, imponendo questa chiesa circolare e orizzontale dall’alto verso il basso.

Predomina lo spirito di insurrezione, di ribellione contro l’identità cattolica, e perfino contro l’istituzione del Papato, per difendere il decentramento, per orizzontalizzare tutto, in una chiesa circolare, in una chiesa a mosaico, che dialoga e interagisce con il paganesimo, ecc.

Non mi sorprende che Boff sia un ammiratore di Lutero. Nel libro “E la Chiesa si è fatta popolo”, egli dedica un intero capitolo per parlare di Lutero, che per lui è stato un liberatore. Lui stesso si sente un Lutero, un liberatore. La strategia dei Teologi della Liberazione nel costituire un “laboratorio” della loro chiesa in Amazzonia può mettere a rischio la credibilità della Chiesa nel mondo intero. Si tratta di un’avventura dalle conseguenze imprevedibili, con contraddizioni e incoerenze inaccettabili.

Quello che Mons. Lorenzo Baldisseri ha detto all’inizio del Sinodo, che “anche se si riferisce ad una determinata area geografica, è sempre un Sinodo che riguarda la Chiesa universale”, manifesta il desiderio di estendere il volto boffiano a tutta la Chiesa.

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Oggi è un giorno di lacrime e dolore. L’impressione che rimane è che sia stato tutto vano quello per cui abbiamo combattuto per tutti questi anni. Ma sono confortato da ciò che ha detto Nostro Signore Gesù Cristo: “Beati coloro che piangono, perché saranno consolati”.

Nel giorno del Giudizio, spero di poter dire al Signore: “Ho fatto tutto il possibile per essere fedele a Te!”

Hermes Rodrigues Nery é Coordinatore del Movimento Legislazione e Vita.
Email: prof.hermesnery@gmail.com

NOTA

1 – Nota nostra – Si tratta del «Messaggio ai popoli dell’America Latina», con il quale si apre il documento finale, approvato il 13 febbraio 1979, della III Conferenza generale dell’Episcopato latinoamericano, tenutasi a Puebla, Messico, dal 28 gennaio al 13 febbraio 1979, alla presenza di Giovanni Paolo II.

O rosto amazônico do Documento Final – um rosto boffiano.

Por Hermes Rodrigues Nery

O Documento Final do Sínodo Pan-Amazônico é muito, mas muito mais grave do que imaginamos. Para quem sabe do contexto, entende a gravidade. É a Igreja de Leonardo Boff que ele quis (desde quando escreveu “E a Igreja se fez Povo”, em 1985), estruturada para aplicar o projeto de poder global, ancorado nas premissas da Carta da Terra, com postulados anticristãos. Eles se utilizam da retórica e dos eufemismos para enganar os desavisados, propõem que todas as estruturas da Igreja sejam obrigadas a acatar esse projeto, criando inclusive um fundo global para isso. Gravíssimo! O rosto amazônico é eufemismo para aplicação de uma agenda ecológica global, que desvia o verdadeiro sentido da evangelização. É rosto boffiano mesmo. É só ler o livro dele “E a Igreja se fez Povo”. Está tudo lá o que está contido no Documento Final.

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O termo que mais aparece no texto é a urgência de CONVERSÃO cultural e ecológica. Conversão é o termo calculado para promover a reengenharia social dentro da própria Igreja, para que os católicos assimilem a agenda do ambientalismo global gestado pela ONU, sem protestos, e acatem docilmente as novas éticas (dos valores relativos, do desenvolvimento sustentável), como se fossem princípios da doutrina social da Igreja. O termo “conversão” tem o seu significado pervertido e se torna assim um eufemismo para um desvio de propósitos.

Cabe lembrar os objetivos do Relatório Kissinger (1974): alterar os padrões culturais e crenças religiosas. Daí a perversão do sentido original, que passa agora a ser CONVERSÃO cultural e ecológica, com sentido inclusive revolucionário. E há também o PECADO ECOLÓGICO que querem introduzir, para os mesmos fins. O Documento Final é marcado pelo”NOVO PARADIGMA” da ecologia integral, do cuidado da ‘casa comum’ e da defesa da Amazônia, defesa esta a partir de tais interesses. O Documento Final recorre a muitas retóricas: defender a vida, defender a terra ,defender a cultura dos povos indígenas, etc. O problema são as premissas, o diagnóstico feito e as soluções propostas. É o que diz Juan Cláudio Sanahuja: “Defender uma realidade com argumentos e razões que não são corretos e adequados é a melhor maneira de deixar esta realidade completamente indefesa, e que afirmá-la com base errônea é a maneira mais direta de deixá-la sem apoio”. Com o Documento Final, a Igreja torna-se vulnerável à areia movediça do ambientalismo global. Pastorais ecológicas serão difundidas em paróquias, universidades e espaços eclesiais do mundo todo. E ainda a criação de uma “Universidade Católica Amazônica, com material didático que priorize a cultura indígena”. Todos em uníssono defendendo a agenda ecológica da ONU. E quem não estiver afinado com a agenda, estará cometendo “pecado ecológico”. Haverá treinamento (inclusive on line) para os padres assumirem o rosto boffiano de Igreja, com as seguintes disciplinas acadêmicas: “ecologia integral, eco-teologia, teologia da criação, teologias indianas, espiritualidade ecológica, a história da Igreja na Amazônia e antropologia cultural da Amazônia”. (DF, 108) Enfim, uma overdose de ecologia integral na formação dos padres. 

Ban Ki-moon e Jeffrey Sachs estão satisfeitíssimos. Nunca foi tão fácil agir por dentro da Igreja como agentes da subversão da fé, com uma agenda e um projeto de poder contra os pobres, com a retórica de defesa dos pobres, instrumentalizando a Igreja para tais fins. Para Vaclav Klaus, a economia verde, na verdade, é insustentável, e visa impedir os pobres de saírem da pobreza. Por isso, a decisão política de Jorge Mário Bergoglio em fazer do ambientalismo global a prioridade do seu pontificado seja talvez o seu maior equívoco.   

O Documento Final defende o direito dos indígenas às suas práticas religiosas ancestrais, e a Igreja é quem deve aprender com eles. Também exige que não se faça proselitismo. Os indígenas, com suas práticas religiosas ancestrais (práticas pagãs) é quem tem prioridade. Os padres devem estar lá em estado de escuta. Nesse sentido, o Documento Final cria vários obstáculos à evangelização, facilitando assim a disseminação do paganismo. É óbvio que facilita, e torna o padre vítima e refém disso. A pergunta que se faz: como os padres irão evangelizar com essa”camisa de força” cultural que o Documento Final quer colocar? O texto dos bispos sinodais é claro: nada de proselitismo. A catequese deve estar à escuta das práticas dos indígenas. Aprender com eles. Tem que haver uma teologia inculturada. Nada de colonização ideológica, de arbitrariedades, de imposições, numa leitura anacrônica da realidade. Alguém consegue explicar como isso pode funcionar, na prática? Por exemplo: numa cultura polígama, ou até mesmo a que aceita o infanticídio, o incesto, etc. Como evangelizar, se o Documento Final diz que eles é quem tem a prioridade? Alguém em sã consciência pode explicar isso? Na prática, isso vai funcionar? O fato é – como destaca Sanahuja: “Pretender que os indígenas retornem às suas práticas religiosas ancestrais  é uma maneira de apagar e impedir a evangelização”. É disso que se trata. 

O Documento Final retoma o que já havia causado estranhamento no Instrumentum Laboris, reconhecendo que há “sementes do Verbo” nas culturas pagãs”:

“O mundo indígena, com seus mitos, narrativas, ritos, canções, dança e expressões espirituais, enriquece o encontro intercultural. Puebla já reconhece que ‘as culturas não são terras vazias, sem valores autênticos. A evangelização da Igreja não é um processo de destruição, mas de consolidação e fortalecimento desses valores; uma contribuição para o crescimento dos ‘germes do verbo’ (DP 401, cf. GS 57) presente em culturas”. (DF, 54) E mais: “rejeitamos uma evangelização no estilo colonialista. Anunciar as Boas Novas de Jesus implica reconhecer os germes da Palavra presentes nas culturas” (DF 55). Nesse sentido, para o Documento, evangelização é aquela que aceita e promove a cultura indígena, a cultura pagã.

E o Documento Final avança ainda mais: “Devemos dar uma resposta verdadeiramente católica ao pedido das comunidades amazônicas para ADAPTAR A LITURGIA, valorizando a visão de mundo, tradições, símbolos e ritos originais que incluem dimensões transcendentes, comunitárias e ecológicas”. (DF, 116). Será elaborado também “um rito amazônico que expressa a herança litúrgica, teológica, disciplinar e espiritual da Amazônia” (DF, 119). Agora entendo porque muitos bispos não estavam nem aí para os nossos pleitos de preservação da identidade católica. Há muito tempo que o próprio clero vem trabalhando, com afinco, para esvaziar a Igreja de sua identidade católica, em nome de uma inculturação que debilita a cada dia, o vigor da fé católica, em sua riqueza civilizacional. O projeto que eles apresentam no Documento Final destoa do realismo cristão. Ecoa Rousseau por toda a parte.  Leonardo Boff e Frei Betto estão em festa. É a Revolução Francesa sonhada por Carlo Maria Martini, dentro da Igreja, enfim, realizada. Foram anos de espera, de luta, de astúcia. Fizeram questão de renovar o pacto das catacumbas. Foi o que quis Frei Betto: “Faremos um papa latino-americano e imporemos a revolução de cima para baixo”. Os bispos sinodais não tiveram a decência de divulgar os seus nomes, de como cada um votou. O que importa foram os resultados: aprovou-se o fim gradual do celibato, com o pedido para que haja padres casados, solicitou-se ainda para avançar nos estudos para o diaconato feminino, etc. No item 111, eles disseram que alguns pediram o fim gradual do cleibato não apenas na Amazônia, mas disseram que “alguns defenderam uma abordagem universal ao problema”. 

E ainda: Além da carne, querem restringir até o consumo de peixes. E muito mais. Prevalece o tom no DF de que o “bom selvagem” (como sonhou Rousseau) é que sabe viver, com suas culturas pagãs ancestrais.Repito: É uma visão que destoa do realismo cristão. Aprovada a brecha para o fim gradual do celibato, Boff se vangloria, se acha um gênio da estratégia. Queriam que Helder Câmara estivesse vivo para ver os avanços que fizeram. Se acham o máximo por serem demolidores. Festejam por serem demolidores.

O Documento Final instrumentaliza a Igreja para dar apoio político aos indígenas em seus direitos de autodeterminação, fomentando a balcanização da região, dificultando a ação do Estado brasileiro em investir para promover o desenvolvimento responsável na região, e criando todas as condições políticas para uma futura internacionalização da Amazônia. “É urgente superar as fronteiras impostas pela geografia” (DF 112), com isso propõe a criação de uma a rede eclesial panamazônica (até mesmo uma conferência episcopal própria), antecipando assim a sua internacionalização. Os ítens 46 e 47 são claros em relação a isso. Dá apoio total à resolução 169 da OIT que garante as enormes reservas indígenas, criando territórios autônomos e subdesenvolvidos. Há estados na Amazônia em que metade são reservas indígenas que favorecem as OnGs que lá estão, etc. Tudo isso é uma séria ameaça à soberania nacional e á integridade territorial brasileira. Os movimentos sociais populares (quase todos de esquerda) utilizarão ainda mais a Igreja para seus fins, contrários ao desenvolvimento responsável da região. O Documento Final, com isso, agudiza a tensão na região, agravando ainda mais a instabilidade, a insegurança e os conflitos na Amazônia. As iniciativas propostas pelo Documento Final é uma declaração de guerra ao Brasil. Coloca em risco a nossa soberania nacional. No ítem 73, temos a afirmação: “Queremos sustentar uma cultura de paz e respeito – não violência e abuso”. Mas as propostas que apresentam vão no sentido contrário.  

A confusão que eles irão criar na Amazônia quando começarem a por em execução o projeto apresentado no Documento Final é temerária. Eles irão agravar a tensão social, há risco inclusive de guerra. Infelizmente, como católico apostólico romano, tenho que reconhecer que as propostas rousseunianas que eles propõem não conduzem à “cultura da paz” que eles apregoam. É um equívoco o rosto boffiano que eles propõem. A estratégia deles é criar um departamento na cúria romana para “obrigar” as outras dioceses do mundo a assumirem o rosto boffiano de Igreja, impondo de cima para baixo, essa igreja circular e horizontal. Prevalece o espírito da insurgência, da rebelião contra a identidade católica, contra até mesmo a instituição do papado, por defenderem a descentralização, para horizontalizar tudo, na igreja circular, na igreja mosaico, que dialoga e interage com o paganismo, etc. Não é a toa que Boff é admirador de Lutero. No livro “E a Igreja se fez Povo” ele dedica um capítulo inteiro para falar de Lutero, que para ele, foi um libertador. Ele próprio se sente um Lutero, o libertador. A estratégia dos Teólogos da Libertação em fazer um “laboratório” da Igreja deles na Amazônia pode colocar em risco a credibilidade da Igreja no mundo todo. É uma aventura com conseqüências imprevisíveis, com contradições e incoerências inaceitáveis. Aquilo que D.Lorenzo Baldisseri falou no início do Sínodo,de que “mesmo que se refira a uma área geográfica específica, é sempre um Sínodo que se refere á Igreja universal”, expressa o afã de estender o rosto boffiano para toda a Igreja.

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Hoje é um dia de lágrimas e de dor. A impressão que fica é de que foi tudo em vão o que lutamos esses anos todos. Mas me conforta o que disse Nosso Senhor Jesus Cristo: “Bem-Aventurados os que choram, porque serão consolados”. Espero, no dia Juízo, dizer ao Senhor: “Fiz tudo o que estava ao meu alcance para ser fiel a Vós!”

Hermes Rodrigues Nery é Coordenador do Movimento Legislação e Vida. Email: prof.hermesnery@gmail.com

Basílica de São Pedro profanada com exaltação de divindade pagã Pacha Mamma.

O fato terrível ocorreu no dia de Nossa Senhora do Rosário, em que os católicos celebram a vitória na Batalha de Lepanto.

Por Hermes Rodrigues Nery, 8 de outubro de 2019

Na sexta-feira, 4 de outubro de 2019, o primeiro evento que marcou o início das atividades do Sínodo da Amazônia foi um ritual pagão nos jardins do Vaticano, que chocou os católicos do mundo inteiro. No mesmo dia, caiu parte do teto da Basílica de São Pedro, durante a celebração de uma missa para a ordenação de quatro novos bispos.

Durante a cerimônia sincretista, com danças, imagens pagãs estavam distribuídas no meio de um tapete em formato de mandala, dentre elas, a de Pacha Mamma, a Mãe Terra, e uma imagem fálica, de um indígena deitado sobre o tapete. Tudo isso na presença de clérigos e do próprio Francisco. A imagem fálica do ritual pagão lembra o curupira, que é um sátiro indígena, chamado por São José de Anchieta de “demônio da floresta”. E o pior é que eles fizeram aquele ritual pagão para homenagear São Francisco de Assis, no seu dia.

No domingo, na missa de abertura do Sínodo, Francisco utilizou uma expressão: “dar vida a uma fogueira”, para explicar o sentido de reacender o dom que está em nós.  Não há uma única passagem nas parábolas de Jesus em que se faça menção à fogueira (uma referência pagã). Mas, na homilia, há esta menção. Outra expressão utilizada na homilia, duas vezes, foi “prudência audaciosa”. Pois é óbvio que existe uma agenda a ser discutida e proposta pelo Sínodo, com brechas a ampliar ainda mais as fissuras no edifício católico.

Na segunda-feira, 7 de outubro, a imagem pagã de Pacha Mamma foi levada para o interior da Basílica de São Pedro, onde foi erguida numa canoa de madeira, com a presença de Francisco e os bispos sinodais, próximos ao altar, de onde saíram em procissão,  atravessaram a Praça de São Pedro e se dirigiram – todos a pé – até o auditório em que se realizam os trabalhos sinodais. Francisco estava à porta do auditório quando chegou a  imagem pagã. Enfim, o sonho de Leonardo Boff se realizou. Eles chegaram lá. Há anos que ele defende o culto à Pacha Mamma. Francisco lhe é gratíssimo. Sabemos também o que está por trás : Pacha Mamma diverge da concepção cristã da Virgem Maria. Os indígenas têm instituições pré-conjugais, que anulam o valor da virgindade. Tudo isso foi muito chocante, no dia em que os católicos celebram a vitória Nossa Senhora do Rosário, pela vitória na Batalha de Lepanto. A Virgem Maria Santíssima foi ultrajada nesse dia. Em seu lugar, foi exaltada a Pacha Mamma, a Mãe Terra. Meu Deus!

É óbvio que tudo aquilo aconteceu com a anuência de Francisco, que caminhou junto com a procissão e acolheu a imagem no auditório, com os demais bispos sinodais. O fato é que o maior e o principal templo católico foi profanado. Sabemos das consequências terríveis disso!

“Portas e portões de bronze para os inimigos não conseguirem invadir, e agora o inimigo entra no ombro dos bispos”, afirmou um comentário recebido pelo Whatsapp.

O que dizer daqueles tantos cristãos e santos, que não foram poucos, que morreram mártires por não aceitarem o paganismo? “Não servirá a dois senhores!” Mas foi assim, com tais fatos, que se iniciou o Sínodo da Amazônia.

Prof. Hermes Nery em entrevista a jornal italiano – Para católicos brasileiros, Vaticano não deve fazer ingerência que favoreça a internacionalização da Amazônia.

Íntegra da entrevista com Hermes Rodrigues Nery, Coordenador do Movimento Legislação e Vida, concedida ao jornalista Lorenzo Bertocchi, do jornal La Veritá, de Milão, 6 de setembro de 2019.

hermes verita

Gostaria de mais informações sobre a Fundação Gaia: qual ideologia a suporta?

A ideologia da The Gaia Foudation está nas premissas filosóficas e objetivos políticos engendrados na ECO-92, de onde saiu a “Carta da Terra” e a Agenda 21, hoje ampliados nos objetivos da Agenda 2030. O viés malthusiano contido no conceito de “desenvolvimento sustentável” já vem desde o relatório “Os limites do crescimento”, de 1972, do Clube de Roma. Para entender bem tal ideologia, recomendo a leitura do artigo “The hoax behind the 1992 Earth Summit”, publicado pela Executive Intelligence Review (Volume 18, Number 37, September 27, 1991), link do documento: (https://larouchepub.com/eiw/public/1991/eirv18n37-19910927/eirv18n37-19910927_028-the_hoax_behind_the_1992_earth_s.pdf].

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Encaminhado pedido para que Senado Federal exija explicações do Vaticano sobre proposta de Martín Von Hildebrand.

Caberá a D. Cláudio Hummes e a D. Marcelo Sánchez Sorondo dar explicações ao povo brasileiro sobre até que ponto o Vaticano está ou não comprometido em apoiar o projeto de Martín von Hildebrand.

Por Hermes Rodrigues Nery, 7 de agosto de 2019

Em 17 de setembro de 2017, Helena Calle publicou uma reportagem no El Espectador com a foto do globalista Martín von Hildebrand (fundador da OnG Gaia Amazonas e membro da Gaia Foudation, com sede no Reino Unido) apresentando o seu projeto de integração do oceano Atlântico, da Amazônia e dos Andes, o chamado “Corredor Triplo A” ou “Caminho da Anaconda”, ao chanceler da Pontifícia Academia de Ciências, o argentino D. Marcelo Sánchez Sorondo.

Martin von Hildebrand explicando o Corredor AAA ao chanceler da Academia de Ciências do Vaticano, Mons. Marcelo Sánchez Sorondo

E explica: “O corredor teria um terço de um dos territórios mais importantes para o meio ambiente global. Atravessaria oito países sul-americanos e envolveria 385 comunidades indígenas e 30 milhões de pessoas.” E mais: “O Corredor Tríplice A é uma ideia que vem sendo fomentada há menos 30 anos e que somente agora, após o compromisso dos países latino-americanos (exceto Equador e Chile) na Cúpula de Paris para reduzir o desmatamento da Amazônia a zero, tem um compromisso político internacional importante”. Em 16 de fevereiro de 2015, o então presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelo seu acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC), acordo este apoiado pelo papa Francisco, mas rechaçado pela população colombiana em plebiscito, disse que iria propor o corredor ecológico ao Brasil e a Venezuela, entusiasta da proposta de Martín von Hildebrand.

Segundo o professor visitante de Engenharia Hidráulica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rogério Maestri, “se efetuado, o Triplo A seria composto em 62% por território brasileiro, 34% por território colombiano e 4% por território venezuelano. Ou seja, a gestão do ‘corredor’ teria que ser tripartite, o que, de acordo com Maestri, facilitaria a dominação estrangeira da região amazônica, especialmente porque o projeto da Gaia Foundation envolve o conceito de autogestão dos povos indígenas”. Para Maestri, o fato da Gaia Foudation estar envolvida com o corredor AAA sinaliza que há “uma direção em termos de ocupação de espaço por outros países”. E acrescenta: “Se se olha a tradição europeia, vê-se que eles enxergam muito longe… Não é, por exemplo, como o americano, que é um pouco mais intempestivo, que tenta invadir no momento. Os ingleses, europeus, em geral, têm um raciocínio mais em longo prazo. Então eles vão implantando essas pequenas coisas, esse tal corredor ecológico, que pra mim não é um corredor, é uma verdadeira ocupação”. A área coberta pelo corredor Triplo A possui grandes reservas de riquezas naturais (“água, mineiros e biodiversidade”), sendo que “o corredor abarcaria a região acima do Rio Amazonas – partes mais altas que, sendo mais secas, seriam mais aproveitáveis para atividades lucrativas, como a criação do gado”. A proposta do corredor triplo A foi rechaçada pelo Gen. Villas Boas, em twitter, de setembro de 2018, e também pelo presidente Bolsonaro. “Os estados de Amapá, Pará e Roraima seriam dos mais atingidos pelo Corredor”, lembra Luis Dufaur, destacando ainda “a ele pertence 46 % da Amazônia e quase a metade do território a ser absorvido pela futura entidade místico-tribal-ecológica pan-amazônica”. Trata-se do maior corredor ambiental do mundo, que na verdade, significa o primeiro passo para a antiga pretensão de muitos pela internacionalização da Amazônia, unificando as áreas indígenas (as AATIs – Associations of Indigenous Tradicional Authorities), cuja autogestão dos povos indígenas seguiriam as diretrizes da Gaia Foudation, e outros organismos internacionais, dos quais os indígenas seriam reféns de seus interesses políticos.

O fato é que o Corredor Triplo A, defendido com afã por Martín von Hildebrand, é um atentado à soberania nacional e integridade territorial brasileira. Mas D. Marcelo Sánchez Sorondo, assim como D. Cláudio Hummes, abriram as portas do Vaticano para que Hildebrand participasse de eventos dando palestras, em atitudes de acolhida. Estariam com isso endossando tal iniciativa?

Por isso, estamos encaminhando ao Senado Federal um dossiê, com amplas informações sobre como diversos organismos internacionais tem agido para buscar o apoio do Vaticano para tais fins. Nesse sentido, caberá a D. Cláudio Hummes e a D. Marcelo Sánchez Sorondo dar explicações ao povo brasileiro sobre até que ponto o Vaticano está ou não comprometido em apoiar o projeto de Martín von Hildebrand. Se não estiver, que façam uma declaração pública inequívoca, para que não paire dúvidas. Apoiar o Corredor Triplo A é fomentar a instabilidade e conflitos na região, com graves conseqüências, que nada tem a ver com a evangelização.

Hermes Rodrigues Nery é Coordenador do Movimento Legislação e Vida. Email: prof.hermesnery@gmail.com

Lobby gay visa atingir o celibato.

Por Hermes Rodrigues Nery – FratresInUnum.com, 4 de setembro de 2018

Quando estive pela segunda vez em Roma, em 1998, deparei-me com padres que não eram apenas tolerantes com gays, que já naquela época usavam a retórica da misericórdia para justificar apelos velados, sutis, a uma prática que destoava claramente do ensinamento do Catecismo da Igreja Católica. Um deles chegou a insinuar que o Catecismo estava “fora da realidade”, e fez apologia a “avanços da ciência” buscando imprimir um relativismo para a aceitação do abominável, pois relatos de crianças abusadas por padres e bispos, crianças em sua vulnerabilidade (inclusive social), muitas delas com idade muito tenra, foram vítimas de abusos físicos, e isso é mesmo abominável. Quem está mais exposto à essa violência são as crianças, e atualmente a situação está mais grave do que na década de 90.

Quanto mais os padres relativizavam a dimensão moral da sexualidade humana, e quanto mais silêncio faziam de casos conhecidos (ad intra), mais o lobby gay se disseminava, visando evidentemente chegar ao estupor geral da sociedade (como o que estamos vivenciando agora), com as condições políticas criadas pelos promotores do gay power para justificar o ataque ao celibato clerical. Não é a toa que os novos escândalos emergem poucos meses antes do Sínodo PanAmazônico (2019), quando muitos querem colocar o celibato em discussão (muitos fazem campanha aberta contra o celibato), para que os bispos decidam por uma flexibilização que dê respaldo a decisões que esperam que o papa tome, em relação a isso. O lobby gay criou a crise, agudizou-a, e preparou o terreno para não apenas desmoralizar a Igreja, mas extenuá-la a tal ponto, para que os cardeais acabem dando anuência à “falsa solução” do fim do celibato. E mais: à total “transgressão deliberada”, como quis Michel Foucault.

As pressões também se intensificam, visando atingir ainda o sacramento da confissão, pois já há exigência pelo fim do sigilo dos confessionários. O alvo são os sacramentos. E cada vez mais os católicos se angustiam, atônitos, sem saber o que fazer diante de uma avalanche tão sofisticada de ataques visando destituir a Igreja de sua bimilenar identidade católica.

O caso Viganò é ponta do iceberg de uma convulsão que assola a Igreja, há décadas, sem que os católicos saibam o que fazer diante de tudo isso. O lobby gay tem sido uma das forças (entre muitas) visando a descatolização da Igreja: atingir o celibato e os sacramentos faz parte desse processo de corrosão da fé católica.

Com a internet, o lobby gay avançou mais célere. As tecnologias da comunicação ajudaram a disseminar o relativismo, e foi se perdendo o sentido do pecado. O pecado capital da luxúria passou não apenas a não ser mais visto como capital, mas até mesmo como pecado, pois membros do alto clero não se acanharam mais em fazer declarações em público sobre a necessidade da Igreja mudar sua visão sobre a homossexualidade, etc., até a controversa declaração de Jorge Mario Bergoglio: “quem sou eu para julgar?”

Para o bem da Igreja, apoio D. Viganò. Aplaudo a sua coragem e compromisso com a verdade. Aplaudo também os cardeais do “Dubia” (que até hoje ficaram sem resposta), aplaudo também os leigos os que perseveram na fé, em meio a mais dura tempestade jamais vista na história da Igreja, pois sabemos e cremos firmemente que temos Jesus Cristo, Nosso Senhor e Nosso Salvador, a quem São Pedro declarou: “A quem iremos Senhor? Somente tu tens palavras de vida eterna!”

* * *

Incrível como o processo de descatolização ocorreu muito rapidamente. Não esperávamos que a crise interna da Igreja (de segmentos que atuavam por dentro dela, nos intestinos da instituição) fosse capaz de produzir estragos tão incontáveis, com sacerdotes que não exerciam mais um pastoreio convincente, e o rebanho católico foi se dispersando cada vez mais.

Muitos fiéis esperavam de seus sacerdotes a defesa da solidez da doutrina católica, mas muitos adotavam o tom cada vez mais relativista, suscitando dúvidas, interrogações, questionamentos até, que deixavam os católicos atônitos e chocados. Parecia que uma “outra Igreja” emergia de dentro da Igreja, se impondo com mais força, acuando os católicos a aceitar posições e atitudes que destoavam de tudo aquilo que a Igreja ensinou durante dois mil anos. E ninguém sabia o que estava acontecendo. O fato é que do choque inicial, foi havendo uma certa acomodação, medo de se expor, até chegar a uma certa indiferença. Muitos dos que se chocaram foram embora, evadiram-se para outros grupos religiosos ou mesmo ficaram alheios. Os que permaneciam, em busca dos sacramentos, especialmente o da Eucaristia, sofriam cada vez mais o desconforto de não mais se reconhecerem irmãos da mesma fé, porque se tornava visível a cada dia o apagamento de sinais, de símbolos, de ritos, de tudo o que dava significado e sentido à vivência da fé católica. O que antes havia sentido de pertença, começou a haver um certo estranhamento. Os que queriam perseverar, sofriam cada vez mais uma nova espécie de perseguição, de martírio, de incompreensão, justamente por aqueles que se diziam católicos, que passavam a ocupar postos de decisão dentro da Igreja, e que acabavam por solapar (inicialmente de modo sofisticado, depois escancaradamente) a identidade católica. Parecia que o organismo da Igreja (o corpo da Igreja) havia sido tomado por algo estranho, por algo que havia dominado suas entranhas e que não era da sua essência e identidade, daí o estranhamento, principalmente após a renúncia do papa Bento XVI, dos fatos que sucederam. Tornou-se às vezes até perigoso evangelizar, aonde não havia mais comunidade (pois não se é cristão sozinho), e a atomização da sociedade trouxe perigos e vulnerabilidades, não havia mais elan e nem elo, quando um pouco mais de entusiasmo era tido por falta de realismo. E havia também quem tirasse proveitos da fragilidade de muitos, que com boa vontade, queriam dar o melhor de si.

O relativismo e as dissimulações ajudaram muito a esvaziar o sentido do Evangelho, à luz da fé católica, a desviar inclusive do que realmente propõe, a buscar uma ressignificação que parecia indicar uma “outra Igreja” mais palatável aos apelos da sociedade midiática, cada vez mais plural e atomizada. A catolicidade parecia estar reduzida a alguns guetos, mas a vocação do catolicismo é a universalidade, e não é da identidade católica manter-se em guetos. Mas o que estaria havendo nas paróquias e dioceses, com seus conselhos que mais pareciam células de uma organização política, conselhos ideologizados, impregnados de teologia da libertação e tantos outras influências estranhas à catolicidade? 

 

Muitas e muitas vezes, nos perguntamos: o que estará acontecendo? 

 

É evidente que havia sacerdotes e leigos, religiosas também, que buscavam dar o bom testemunho em fidelidade ao Evangelho, mas alguma coisa acontecia indicando que a Igreja do Catecismo não era aquela que víamos, no dia-a-dia, em meio a situações chocantes. “Menos dogma e mais pastoral”, diziam muitos. 

 

Não havia mais o ambiente cristão. Um bom sacerdote, que tinha bom zelo doutrinal, bom gosto, atendendo com solicitude e caridade a todos os que o procuravam, com muita bondade de coração, etc., deu-me de presente uma imagem muito bonita de São Miguel Arcanjo, defensor da vida, ao qual mantenho até hoje em meu escritório. Com tristeza eu soube do bispo emérito, que me ligou outro dia, dizendo, entre outros assuntos, que ele havia deixado o sacerdócio. E muitos haviam tombado, extenuados, eu mesmo, muitas vezes, sem saber o que estava acontecendo com a Igreja dos grandes santos, que o próprio Jesus prometera a São Pedro, de que as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.

(Trecho do livro “Um Raio na Basílica” – Apontamentos sobre a renúncia de Bento XVI, 3ª parte, de Hermes Rodrigues Nery).